– Como deverá agir o estudioso para identificar as entidades que se comunicam?
Emmanuel - Os Espíritos que se revelam, através das organizações mediúnicas, devem ser identificados por suas ideias e pela essência espiritual de suas palavras.
Determinados médiuns, com tarefa especializada, podem ser auxiliares preciosos à identificação pessoal, seja no fenômeno literário, nas equações da ciência, ou satisfazendo a certos requisitos da investigação; todavia, essa não é a regra geral, salientando-se que as entidades espirituais, muitas vezes, não encontram senão um material deficiente que as obriga tão-só ao indispensável, no que se refere à comunicação.
Devemos entender, contudo, que a linguagem do Espírito é universal, pelos fios invisíveis do pensamento, o que, aliás, não invalida a necessidade de um estudo atento acerca de todas as ideias lançadas nas mensagens, guardando-se muito cuidado no capítulo dos nomes ilustres que porventura as subscrevam.
Nas manifestações de toda natureza, porém, o crente ou o estudioso do problema da identificação, não pode dispensar aquele sentido espiritual de observação que lhe falará sempre no imo da consciência.
– É justo que o espiritista, depois de sofrer pela morte a separação de um ente amado, provoque a comunicação dele nas sessões medianímicas?
Emmanuel - O espiritista sincero deve buscar o conforto moral, em tais casos, na própria fé que lhe deve edificar intimamente o coração.
Não é justo provocar ou forçar a comunicação com esse ou aquele desencarnado. Além de não conhecerdes as possibilidades de sua nova condição na esfera espiritual, deveis atender ao problema dos vossos méritos.
O homem pode desejar isso ou aquilo, mas há uma Providência que dispõe no assunto, examinando o mérito de quem pede e a utilidade da concessão.
Qualquer comunicado com o Invisível deve ser espontâneo, e o espiritista cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano, ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e esperando a sua palavra direta, quando e como julguem os mentores espirituais conveniente e oportuno.
– Há estudiosos da Doutrina que se afastam das reuniões, quando as mesmas não apresentam fenômenos. Como se deve proceder para com eles?
Emmanuel - Os que assim procedem testemunham, por si mesmo, plena inabilitação para o verdadeiro trabalho do Espiritismo sincero. Se preferem as emoções transitórias dos nervos ao serviço da auto-iluminação, é melhor que se afastem temporariamente dos estudos sérios da Doutrina, antes de assumirem qualquer compromisso. A compreensão do Espiritismo ainda não está bastante desenvolvida em seu mundo interior, e é justo que prossigam em experiências para alcançá-la.
O êxito dos esforços do plano espiritual, em favor do Cristianismo redivivo, não depende da quantidade de homens que o busquem, mas da qualidade dos trabalhadores que militam em suas fileiras.
– Devem ser intensificadas no Espiritismo as sessões de fenômenos mediúnicos?
Emmanuel - São muito poucos ainda, os núcleos espiritistas que se podem entregar à prática mediúnica com plena consciência do serviço que têm em mãos; motivo por que é aconselhável a intensificação das reuniões de leitura, meditação e comentário geral para as ilações morais imprescindíveis no aparelhamento doutrinário, a fim de que numerosos centros bem-intencionados não venham a cair no desânimo ou na incompreensão, por causa de um prematuro comércio com as energias do plano invisível.
– Considerando que numerosos agrupamentos espíritas se formam apenas para doutrinação das entidades perturbadas, do plano invisível, quais os mais necessitados de luz: os encarnados ou os desencarnados?
Emmanuel - Tal necessidade é comum a uns e outros. É justo que se preste auxílio fraterno aos seres perturbados e sofredores, das esferas mais próximas da Terra; entretanto, é preciso convir que os Espíritos encarnados carecem de maior porcentagem de iluminação evangélica que os invisíveis, mesmo porque, sem ela, que auxílio poderão prestar ao irmão ignorante e infeliz? A lição do Senhor não nos fala do absurdo de um cego a conduzir outros cegos?
Por essa razão é que toda reunião de estudos sinceros, dentro da Doutrina, é um elemento precioso para estabelecer o roteiro espiritual a quantos deseje o bom caminho.
A missão da luz é revelar com verdade serena. O coração iluminado não necessita de muitos recursos da palavra, porque na oficina da fraternidade bastará o seu sentimento esclarecido no Evangelho. A grande maravilha do amor é o seu profundo e divino contágio. Por esse motivo, o Espírito encarnado, para regenerar os seus irmãos da sombra, necessita iluminar-se primeiro.
Pelo Espírito 'Emmanuel'
Do livro "O Consolador" - Ed. FEB
Psicografia de Francisco Cândido Xavier