Comportamento Espírita


O espiritista, para evoluir na Doutrina, necessita estudar e meditar por si mesmo, ou será suficiente frequentar as organizações doutrinárias, esperando a palavra dos guias?


Emmanuel - É indispensável a cada um o esforço próprio no estudo, meditação, cultivo e aplicação da Doutrina, em toda a intimidade de sua vida.


A frequência às sessões ou o fato de presenciar esse ou aquele fenômeno, aceitando-lhe a veracidade, não traduz aquisição de conhecimentos.


Um guia espiritual pode ser um bom amigo, mas nunca poderá desempenhar os vossos deveres próprios, nem vos arrancar das provas e das experiências imprescindíveis à vossa iluminação.


Daí surge a necessidade de vos preparardes individualmente, na Doutrina, para viverdes tais experiências com dignidade espiritual, no instante oportuno.


Como deverá agir o espírita sincero, quando se encontre perante certas extravagâncias doutrinárias?


Emmanuel - À luz da fraternidade pura, jamais neguemos o concurso da boa palavra e da contribuição direta, sempre que oportuno, em benefício do esclarecimento de todos, guardando, todavia, o cuidado de nunca transigir com os verdadeiros princípios evangélicos, sem, contudo ferir os sentimentos das pessoas. E se as pessoas perseverarem na incompreensão, cuide cada trabalhador da sua tarefa, porque Jesus afirmou que o trigo cresceria ao lado do joio, em sua seara santa, mas Ele, o Cultivador da Verdade Divina, saberia escolher o bom grão na época da ceifa.


É justo que, a propósito de tudo, busque o espiritista tanger os assuntos do Espiritismo nas suas conversações comuns?


Emmanuel - O crente sincero precisa compenetrar-se da oportunidade, no tempo e no ambiente, com relação aos assuntos doutrinários, porquanto, qualquer inconsideração nesse particular, pode conduzir a fanatismo detestável, sem nenhum caráter construtivo.


Poderemos receber um novo ensino sobre os deveres que competem aos espiritistas?


Emmanuel - Não devemos especificar os deveres do espiritista cristão, porque palavra alguma poderá superar a exemplificação do Cristo, que todo discípulo deve tomar como roteiro da sua vida.


Que o espiritista, nas suas atividades comuns, dispense o máximo de indulgência para com os seus semelhantes, sem nenhuma para consigo mesmo, porque, antes de cogitar da iluminação dos outros, deverá buscar a iluminação de si mesmo, no cumprimento de suas obrigações.


(Do livro “O Consolador” - Pelo Espírito Emmanuel - Psicografia: Francisco Cândido Xavier)

Preconceito contra o Espiritismo



Ainda existe, em maior escala do que se pensa, o medo do Espiritismo. Há pouco, fomos procurados por uma pessoa que, sentindo evidentes perturbações de origem mediúnica, e tendo percorrido os consultórios de psiquiatria, vira-se obrigada a recorrer aos “recursos espirituais”, segundo dizia. Quando soube que não estava tratando com um “espiritualista”, mas com um espírita, assustou-se de tal maneira, que viu-se forçada a confessar o seu medo. “Se eu soubesse que o senhor era espírita - declarou - não o teria procurado.”


A verdade é que, apesar disso, acabou se convencendo de que o Espiritismo poderia ajudá-la, e mais tarde tornou-se espírita. Mas não foi muito fácil arrancar-lhe da mente o pavor doentio que lhe haviam infundido. Sacerdotes, pessoas da família, amigos e médicos, todos haviam contribuído para que o medo se enraizasse em sua alma. Terrível medo, que a desviava da única solução possível para o seu problema.


E o que é mais curioso, a maior contribuição para esse estado de temor foi dado por certas publicações espiritualistas, que apesar de admitirem a reencarnação e a lei de causa e efeito, condenam a mediunidade, pintando-a com as mais negras pinceladas.


O preconceito anti-espírita assemelha-se muito à prevenção contra o Cristianismo, no mundo antigo. As pessoas que temem o Espiritismo não conhecem a doutrina, dão ao termo aplicações indevidas, perdem-se num cipoal de lendas e suposições a respeito das sessões espíritas. Em geral nos acusam de endemoniados, necromantes, feiticeiros e coisas do mesmo teor, como faziam gregos e romanos com os cristãos primitivos. E essas deturpações do Espiritismo não são apenas orais, correndo entre pessoas simples. Figuram também em publicações eruditas, revistas, jornais, livros de ensaios e estudos, com signatários cultos.


Pitágoras já dizia que a Terra é a morada da opinião. E como a opinião é a coisa mais frívola que existe, a mais incerta e a mais irresponsável, não é de admirar que tanta gente opine sobre o que não conhece. Mesmo entre os letrados, a opinião é um hábito enraizado. Mas é evidente que, quando se trata de uma doutrina espiritual, esposada por tantos homens de projeção no mundo das ciências e do pensamento, em todo o mundo, as pessoas de cultura, ou mesmo de mediana cultura, deviam ter mais cautela ao se manifestarem a respeito. Porque se é livre o direito de opinar, não é menos livre o direito de se julgar o senso de responsabilidade de quem opina.


O maior motivo de temer do Espiritismo é o próprio temor. Ou seja: é a covardia humana, essa terrível covardia que faz os homens estremecerem de horror diante do perigo de mudarem de posição diante da vida e do mundo. O Espiritismo, entretanto, não exige outra mudança, senão a da concepção estreita de uma vida utilitarista e falsa, para a ampla concepção de uma vida espiritual, profunda e verdadeira.


Quanto ao problema das relações com o mundo invisível, o Espiritismo não estabelece essas ligações, que existem na vida de todas as criaturas, mas apenas as explica e orienta, dando-lhes o verdadeiro sentido no processo da existência.


Temer o Espiritismo é temer a verdade, que os seus princípios nos revelam, apesar de todos os que lutam para deturpá-los.


Do livro “O Homem Novo” - Herculano Pires


* * *

De todas as forças que oprimem o Espiritismo, a que mais o tem prejudicado é a “força do preconceito”. (...) A força do preconceito, para muitos, tem mais poder que a verdade. É este um dos motivos que impede a marcha ascensional do Espiritismo entre nós. (Cairbar Schutel, no livro “Os Fatos Espíritas e as Forças X” - 1926)


Oração a Jesus


Senhor Jesus,
Permanente inspiração de nossos caminhos,
Abre-nos, por misericórdia,
Como sempre,
As portas excelsas
De tua providência incomensurável...

Doador da Vida,
Acorda-nos a consciência
Para semearmos ressurreição
Nos vales sombrios da morte;

Distribuidor do Sumo Bem,
Ajuda-nos a combater o mal
Com as armas do espírito;

Príncipe da Paz,
Não nos deixes indiferentes
À discórdia
Que vergasta o coração
De nossos companheiros sofredores;

Mestre da Sabedoria
Afugenta para longe de nós
A sensação de cansaço
À frente dos serviços
Que devemos prestar
Aos nossos irmãos ignorantes;

Emissário do Amor Divino,
Não nos concedas paz
Enquanto não vencermos
Os monstros da guerra e do ódio,
Cooperando contigo,
Em tua augusta obra terrestre;

Pastor da Luz Imortal,
Fortalece-nos,
Para que nunca nos intimidemos
Perante as angústias e desesperos das trevas;

Distribuidor da Riqueza Infinita,
Supre-nos as mãos
Com teus recursos ilimitados,
Para que sejamos úteis
A todos os seres do caminho,
Que ainda se sentem minguados
De teus dons imperecíveis;

Embaixador Angélico,
Não nos abandones ao desejo
De repousar indebitamente,
E converte-nos
Em teus servidores humildes,
Onde estivermos;

Mensageiro da Boa Nova,
Não permitas
Que nossos ouvidos adormeçam
Ao coro dos soluços
Dos que clamam por socorro
Nos círculos do sofrimento;

Companheiro da Eternidade,
Abençoa-nos as responsabilidades e deveres;
Não nos relegues à imperfeição
De que ainda somos portadores!

Dá-nos, amado Jesus, o favor de servir-Te
E que o Supremo Senhor do Universo Te glorifique
Para sempre.
Assim seja!...


(Prece de Cipriana - Do livro “No Mundo Maior” - André Luiz / Chico Xavier)



Invictus


Amigos, hoje quero compartilhar algo com vocês que não é propriamente espírita, mas que considero muito bonito e inspirador, por isso creio que mereça ser divulgado. Trata-se do poema britânico “Invictus”, de William Ernest Henley. Aproveito para dar uma dica de filme também...


O filme


Esse final de semana fui assistir o novo filme do sempre ótimo Clint Eastwood: Invictus. É um filme baseado no livro “Conquistando o Inimigo”, do jornalista britânico John Carlin. Mostra rapidamente o período em que Nelson Mandela (interpretado maravilhosamente por Morgan Freeman) sai da prisão em 1990 e torna-se presidente em 1994 e fixa em uma passagem ocorrida em 1995, quando, em uma tentativa de diminuir a segregação racial na África do Sul, o rugby foi utilizado por Mandela para tentar amenizar o enorme fosso entre negros e brancos, fomentado por quase 40 anos. Mandela quis aproximar brancos e negros através do jogo, fazendo com que os negros torcessem por seu próprio time na copa do mundo (Springboks, seleção sul-africana de rugby e até então símbolo da supremacia branca, por isso mesmo hostilizado pelos negros). O jogador François Pienaar (Matt Damon), como capitão do time, foi o principal parceiro de Mandela nessa empreitada. É essa a história que o filme conta. Um ótimo exemplo que Madiba (como Mandela é chamado por seus conterrâneos - nome que recebeu no clã negro do qual é oriundo) nos deixou, mostrando que, para reerguer uma nação das cinzas do separatismo, não é necessário apenas populismo, mas sim muita estratégia, inteligência, sensibilidade e, principalmente, humanidade.


O poema

O poema britânico “Invictus” foi escrito em 1875 por William Ernest Henley e apresenta palavras fortes. Um século depois de escrito, tornou-se o companheiro mais constante de um histórico prisioneiro inocente: Nelson Mandela, que, aprisionado em Robben Island (por quase 30 anos), cumprindo pena de trabalhos forçados, lia e relia o texto de Henley para manter a esperança e a sanidade. O poema é citado algumas vezes no filme. Abaixo, enfim, o poema inspirador:


Invictus

William Ernest Henley


Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.


Invictus

(Tradução: André Masini)


Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o capitão de minha alma.


* * *

Bom, espero que tenham gostado do post e do poema, fica aqui mais uma dica de filme (e livro) para todos. Uma ótima oportunidade de conhecer um pedaço da história de Nelson Mandela e da África do Sul. :)


Vejam o trailer CLIQUE AQUI.

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Mandela - O exemplo


Esse ano (em fevereiro) comemora-se 20 anos da libertação de Nelson Mandela, bacharel em direito, famoso por lutar contra o Apartheid (regime de segregação racial, que negava aos negros direitos políticos, sociais e econômicos). Após sua libertação, Mandela foi o primeiro presidente eleito da África do Sul, que governou de 1994 a 1999. Prêmio Nobel da paz em 1993 (dividido com Frederik de Klerk), Mandela atualmente está com 91 anos e encontra-se afastado da vida pública, mas sempre é bom conhcecer um pouco mais sobre a sua história e aprender com seu exemplo de vida (simplicidade, força, coragem, não-violência, humanismo, perdão).


Conheçam a Fundação Nelson Mandela – CLIQUE AQUI.



No carnaval...

Era fevereiro. Um bloco carnavalesco avançava pelas ruas da cidade. Cerca de cem integrantes fantasiados cantavam, dançavam, sorriam. O bloco de desencarnados, porém, era muito maior. Aproximadamente quinhentos espíritos acompanhavam o grupo, numa perfeita simbiose.


Em comum entre encarnados e desencarnados, havia o desconhecimento sobre onde acaba a alegria e começa o abuso. Contagiante, o bloco de “vivos” e “mortos” prosseguia.


Um jovem, na casa dos dezesseis anos, observa a folia sentado na sarjeta. Embora nascido em berço de ouro, era desnudo de afeto e subnutrido de educação. Atendendo a ordem de espíritos zombeteiros, um dos integrantes do bloco convida o adolescente a dançar. Oferece-lhe um cigarro recheado com erva alucinógena.


Dança, canta e ri. Não sabe que, mais tarde, seu vício sustentará traficantes, enquanto aproveitadores desencarnados o atirarão em perturbações de consequências imprevisíveis.


Mais adiante, outra jovem assiste a turba. Na véspera, havia sofrido terrível desilusão amorosa, que Ihe destruíra os mais singelos planos de felicidade. Abatida, atira-se ao bloco, numa atitude mais de desespero do que de alegria. Dança, canta e ri. Retorna ao lar e, embriagada e deprimida, põe fim à vida cortando os pulsos.


Num bar de esquina, mais um transeunte se interessa pela algazarra. Depois de alguns goles, atende ao chamado de entidades fanfarronas e junta-se ao bloco. Dança, canta e ri. De volta para casa, encontra a esposa chorando seu abandono. Mantém breve discussão com a companheira para, logo depois, deixar o lar, levado pelo efeito do álcool.


O bloco passa. Todos dançam, cantam e riem. Ninguém sabia, porém, que naquele dia, em menos de uma hora, a cidade ganhara uma suicida, um viciado e um lar destruído.


Do livro 'Vida e Renovação' - Clayton Levy (ditado por Espíritos diversos)


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Amigos, a Doutrina Espírita nada proíbe ou obriga. Apenas mostra o caminho, esclarecendo quais são as consequências dos nossos atos, mostrando aos homens o que o mal acarreta, mas respeitando o nosso livre-arbítrio.


O Espiritismo esclarece que o pensamento altera o meio, atrai pensamentos semelhantes.


Aos que gostam do Carnaval, busquem a diversão de forma sadia, sem abusos, tentando manter sempre a integridade psico-espiritual.


Lembremos que a desonestidade, a falsidade, a inveja, o perjúrio, a vingança, a perversidade, o crime, a cólera, o egoísmo, sempre serão nocivos, pois conduzem o homem a grandes sofrimentos, independente da época em que sejam praticados.


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Para ler mais textos sobre a visão espírita do carnaval – CLIQUE AQUI.


Notícia - Desencarne de Marcel Benedeti

No dia 1o de fevereiro de 2010, às 11 horas da manhã, Dr. Marcel Benedeti, médico veterinário, escritor e defensor dos animais, desencarnou, em São Paulo, aos 47 anos. Dr. Marcel Benedeti lutava contra um câncer de fígado.

Ele era vegetariano e dedicou a vida aos animais e à conscientização das pessoas sobre a necessidade de tratar todas as espécies com respeito e compaixão. Além de seu trabalho como médico veterinário, Dr. Marcel escreveu diversos livros sobre os animais na ótica espírita, bem como participava do programa “Nossos Irmãos Animais”, na Rádio Boa Nova.

No programa da Rádio Boa Nova, único no gênero, mostrava os animais como seres inteligentes e sensíveis, capazes de compreender as nossas ações sobre eles. Com o programa, Marcel Benedeti conseguiu mudar o ponto de vista de milhares de pessoas que se tornaram vegetarianas por simples demonstração de respeito aos animais. Milhares de pessoas que não davam importância aos seus animais passaram a respeitá-los e a tratá-los com a dignidade que merecem, tanto quanto nós.

Marcel, ainda na tentativa de ampliar a consciência nas pessoas, criou uma associação (ASSEAMA), que tem como objetivo educar por meio de cursos, que envolvem o aprendizado da ética no trato com os animais. Por intermédio da associação, Marcel conseguiu arrecadar rações e medicamentos, distribuídos aos animais carentes, contribuindo assim para salvar milhares de vidas animais.

Certo de que a educação é o caminho correto para uma vida melhor e mais digna aos animais e pessoas, Marcel Benedeti defendia que, ampliando o seu pequeno projeto de educação ética, se ampliariam os horizontes da dignidade humana para com os animais. Seu objetivo era ver os animais sendo tratados com dignidade e respeito, pois acreditava que um crime cometido contra um animal possui a mesma gravidade de um crime cometido contra uma pessoa.

Marcel Benedeti publicou os livros:

- Todos os Animais Merecem o Céu;

- Todos os Animais São Nossos Irmãos;

- Animais no Mundo Espiritual;

- A Espiritualidade dos Animais;

- Histórias Animais que as Pessoas Contam;

- Errar é Humano – Perdoar é Canino;

- Os Animais Conforme o Espiritismo.



Ele realizou um trabalho maravilhoso e deixa para nós um excelente exemplo, pois sempre mostrou que os animais são nossos irmãos, e merecem todo nosso respeito e consideração.


* * *

Amigos que acompanham o blog Espírita na Net, esta amiga que vos fala, como médica veterinária, amante dos animais e admiradora do trabalho do Dr. Marcel Benedeti, transmite com muito pesar a notícia do seu desencarne, mas também com a certeza que ele retorna à pátria espiritual no seu devido tempo e com a sua missão cumprida. Certamente ele estará muito bem acessorado pela Espiritualidade Amiga, devido ao seu merecimento, e continuará realizando seus trabalhos pelos nossos irmãos menores na espiritualidade. Que Jesus o ilumine e ampare também a sua família.


Dr. Marcel, receba esta singela homenagem em forma de agradecimento. Muita paz e luz.


* * *


Confiram as postagens antigas do blog Espírita na Net onde o trabalho do Dr. Marcel Benedeti teve destaque:

Todos os Animais Merecem o Céu

Tratamento Espiritual para Animais



O Vampirismo - Parte 4/4


A importância da doutrinação


O resultado desses trabalhos mediúnicos, quase sempre dolorosos, é o despertamento de homens e espíritos desencarnados para a necessidade e o valor de uma compreensão espiritual da vida.


A doutrinação de uma entidade perturbadora contagia muitas outras, as despertando para o sentimento de amor e dignidade humana.


Muitas pessoas entendem que o problema do vampirismo pertence aos Espíritos, não competindo aos homens cuidar desses casos. São criaturas comodistas, que só desejam participar de reuniões mediúnicas agradáveis, em que somente se manifestam Espíritos elevados.


Esquecem-se de que vivemos num mundo inferior, onde o mal predomina, como vemos ainda agora, com as atrocidades espantosas deste século de transição. Se voltassem os olhos para o passado, veriam que a História da Humanidade é suficiente para justificar todas as formas de obsessão e vampirismo que campeiam no planeta, desde as nações mais bárbaras às mais civilizadas.


Deus, que nos considera como filhos amados que amadurecem na carne para florirem no espírito, na integridade do ser, dando frutos de luz para os que sofrem nas trevas da ignorância, do crime e da ignomínia, espera de nós um pouco de boa-vontade em favor de nossos irmãos sofredores da população da Terra.


As sessões espíritas de desobsessão podem cansar e aborrecer os que só pensam em si mesmos, alegando dificuldades como as do vampirismo e do animismo, para justificarem sua preferência pelas sessões de elevada instrução espiritual.


Essa é ainda uma prova do nosso egoísmo, da nossa inferioridade e falta de compreensão da realidade terrena. Não temos o direito de suspirar por sessões angélicas, pois estamos muito distantes dos planos da Angelitude, característicos dos planos superiores, dos mundos felizes.


Temos ainda muito trabalho a enfrentar neste pequeno planeta que alvitamos ao invés de elevá-lo. E só pelo trabalho e a abnegação poderemos um dia merecer a nossa transferência para os mundos em que a Humanidade é realmente humana.


Basta olharmos de relance o noticiário dos jornais para vermos o que se passa em nosso mundo. Seremos tão tardos de raciocínio para não entendermos que somos os responsáveis por todas as calamidades que assolam o planeta?


O vampirismo nasceu e vive das nossas entranhas e das nossas mãos. No gigantesco processo da evolução dos milhões de seres que passaram pela Terra e ainda continuam passando, ao nosso lado, o papel que exercemos foi sempre o de vampiros. Os Espíritos que não mancharam suas mãos no crime de Caim há muito que deixaram o nosso mundo de provas e expiações.


Edição de trechos do livro “Vampirismo”, de José Herculano Pires


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O Vampirismo - Parte 3/4


Tratamento (Continuação)


Os estímulos espíritas agem com eficácia. E, ao mesmo tempo, as entidades interferentes e perturbadoras, que se ligaram a vítimas atraídas pela lei de afinidades espirituais, vão sendo esclarecidas e afastadas, aliviando a carga da vítima.


Mais do que estimulações morais, deve-se recorrer ao esclarecimento racional do problema. A criatura humana é sempre mais sensível às explicações lógicas do que às exortações puramente morais e geralmente piegas, desvalorizadas pela ação corrosiva da hipocrisia de pregadores que fazem o contrário do que ensinam.


A vítima de vampirismo e os seus algozes necessitam de estímulo racional, pois a prática vampiresca se funda sempre nos processos sensoriais e afetivos. São sempre criaturas que alegam carência de amor, de afetividade, como crianças mimadas que passam pelos traumatismos do abandono. Por isso mesmo são também inconstantes, inseguras, fugindo ao tratamento sempre que possível. Geralmente, quando os obsessores começam a deixá-las, inquietam-se e sofrem recaídas perigosas, nas quais pretendem reencontrar os afastados.


A viciação, seja de que tipo for, amolece a vontade humana e só com a ajuda enérgica de doutrinadores habilidosos e vigilantes, insistentes na decisão de salvá-las, poderão retê-las no tratamento necessário.


Mas, por outro lado, o sentimento da dignidade humana que permanece vivo na consciência, o desejo natural de consideração e respeito na vida social e até mesmo a vaidade – que nesses casos se transforma em excelente auxiliar do reequilíbrio – são fatores favoráveis que socorrem o trabalho de recuperação.


Com esses elementos íntimos reforçamos a nossa posição, ajudando a vítima em sua recuperação. Estas são apenas algumas indicações do que se tem a fazer, pois no desenvolvimento dos trabalhos os dirigentes, médiuns e doutrinadores vão se capacitando cada vez mais e adquirindo uma habilidade especial no trato dos processos vampirescos.


Com a prece, o passe e as sessões de manifestações mediúnicas, dirigidas por pessoas esclarecidas e bem integradas na doutrina, o reerguimento da moral da vítima não tarda a se manifestar.


Do livro “Vampirismo”, de José Herculano Pires


O Vampirismo - Parte 2/4


Tratamento


As medicações estimulantes e os tratamentos psicológicos raramente produzem os efeitos desejados. Mas a conjugação desses recursos habituais com o tratamento espiritual para a expulsão do parasita, que representa no organismo da vítima uma forma de subvida consumidora, geralmente produz efeitos surpreendentes.


O espírito parasitário é uma criatura humana com os direitos comuns da espécie humana e deve ser sempre encarado como parceiro dos sofrimentos do parasitado. Nesses tratamentos não se deve desprezar o concurso médico, pois os efeitos negativos do parasitismo espiritual, depauperando o organismo da vítima, propiciam também a infiltração dos parasitas do meio físico, que devem ser combatidos com os medicamentos específicos.


Embora a ação espiritual das entidades protetoras possa também ajudar o reequilíbrio orgânico, a presença de um médico, se possível espírita, se faz necessária. Enganam-se os que se voltam contra a Medicina nessas ocasiões, pois as leis e os recursos do meio físico são mais apropriados nesses casos.


Os recursos espirituais são os passes espíritas, a frequência regular a reuniões mediúnicas, o estudo e a leitura dos livros espíritas básicos, a prática da prece individual diária pelo parasitado em favor do parasita ou parasitas.


Todas essas providências devem ser orientadas por pessoas conhecedoras do Espiritismo, despretensiosas e dotadas de bom-senso, o que permitirá o controle do processo de cura. Todas as práticas exorcistas, queima de ingredientes, queima de defumadores, aplicação ginástica de passes formalizados, uso de plantas supostamente milagrosas ou objetos de magia só poderá agravar a situação.


No vampirismo, graças à exageração das tendências negativas da vítima, podemos ver com mais clareza, como um microscópio de alta potência, o outro lado da personalidade humana, com suas nuvens negras ocultando deformidades e desequilíbrios.


Conhecendo o problema das relações telepáticas e o das captações paranormais em geral, dominamos facilmente o panorama das perturbações. Temos assim os dados necessários para conseguir o restabelecimento do equilíbrio do vampirizado, submetendo-o à técnica espírita da doutrinação, que poderá estimular as suas reações, praticamente bloqueadas pela vampirização.


No caso do parasitismo e do vampirismo todo rigor é pouco, pois os erros e os enganos de interpretação podem levar os trabalhos de cura a descaminhos perigosos.


Se não encararmos o parasitismo e o vampirismo em termos rigorosamente doutrinários, no devido respeito ao método kardeciano, estaremos sujeitos a ser enganados por espíritos mistificadores que passarão a nos vampirizar.


Por tudo isso, a cura do vampirismo não é mais do que um processo de separação dos implicados, de afastamento do vampiro da órbita de sua vítima. Mas não basta esse primeiro passo. É necessária a persuasão dos implicados pela doutrinação espírita. A doutrinação é a transmissão do conhecimento doutrinário às duas partes. Sem essa transmissão o processo não se completa e a cura será apenas uma suspensão do vampirismo por algum tempo.


Como ensinou Jesus (e vemos nos Evangelhos) podemos afastar os valentões que se apossaram da casa, limpá-la e arrumá-la. Mas se ela ficar vazia os valentões convidarão outros parceiros e a retomarão. Nesse caso, o estado da habitação será pior do que antes. Conforme o grau de compromissos e responsabilidades mútuas entre os vampiros e suas vítimas, o tratamento será mais ou menos prolongado.


Os vampiros são teimosos, insistentes, pois o vampirismo é para eles o meio de se manterem na rotina de seus vícios. A vítima, por sua vez, está sovada no vampirismo e acostumada na entrega de si mesma sem relutância. A frequência regular da vítima aos passes e às sessões mediúnicas é o único meio possível de fortalecê-la para resistência necessária. Não nos iludamos com as melhoras instantâneas. Os vampiros não largam facilmente as suas vítimas. Afastam-se estrategicamente e voltam com mais fúria na primeira oportunidade favorável.


Quando os obsessores começam a ceder, temos de tomar cuidado com as ciladas da astúcia, aumentando a nossa confiança nos espíritos protetores e na essência espiritual do homem.


É necessário que as vítimas curadas estejam convencidas disso e preparadas para repeli-los em suas investidas manhosas. Apesar dessas dificuldades, em trabalhos bem dirigidos conseguem-se não raro resultados relativamente rápidos, que permitem maiores possibilidades na consolidação da cura.


Do livro “Vampirismo”, de José Herculano Pires


O Vampirismo - Parte 1/4



O que é

Entre os vários elementos, coisas e seres que agem sobre o comportamento humano, o mais perturbador e o que mais profundamente ameaça as estruturas físicas e espirituais do ser humano é o vampirismo, porque é a atuação consciente de um ser sobre o outro, para deformar-lhe os sentimentos e as ideias, conturbar-lhe a mente e levá-lo a práticas e atitudes contrárias ao seu equilíbrio orgânico e psíquico.


O vampirismo é um fenômeno típico das relações interpessoais. Na vida material como na vida espiritual o vampirismo é um processo comum e universal do relacionamento afetivo e mental das criaturas.


É vampiro o sacerdote que fanatiza um crente e o submete às suas exigências para explorá-lo com a promessa do Céu, como é vampiro o demagogo político que fascina os adeptos de suas ideias e os leva ao sacrifício inútil e brutal da revolta e do terrorismo. É vampiro o espírita ou o médium que fascina os ingênuos com a falsificação de poderes que não possui, revelando-lhes supostas reencarnações deslumbrantes e conduzindo-os ao delírio das suas ambições de grandeza. É vampiro o negocista esperto que suga as economias de seus clientes com falsas promessas para um futuro improvável. É vampiro o galanteador donjuanesco que se apossa da afeição das mulheres inseguras para explorá-las. É vampiro o alcoólatra ou o toxicômano que semeia desgraça em seu redor. É vampiro o espírito sagaz ou vingativo que suga as energias das criaturas humanas e subjuga outros espíritos para agir na conquista e dominação de outras, e assim por diante, na imensa e variada pauta do vampirismo material e espiritual.


No parasitismo, mesmo no espiritual, há uma tendência de acomodação do parasita na vítima. A lei é a mesma do parasitismo vegetal e animal. A entidade espiritual parasitária procura ajustar-se ao parasitado, na posição de uma subpersonalidade afim.


Ambos vivem em sintonia, mas o parasita às custas das energias do parasitado, cujo desgaste naturalmente aumenta de maneira progressiva. Ambos ganham e perdem nessa conjugação nefasta. O parasitado sofre duplo desgaste de suas energias mentais e vitais e o parasita cai na sua dependência, perdendo a sua capacidade individual de sobrevivência e conservação.


A morte do parasitado afeta o parasita, que morre sugestivamente com ele, pois perdeu a capacidade de viver, sentir e pensar por si mesmo. Os casos de pessoas dependentes, excessivamente tímidas, desanimadas, inaptas para a vida normal, essas de que se diz “passaram pela vida, mas não viveram”, são tipicamente casos de parasitismo.


As próprias condições orgânicas dessas pessoas, que não reagem devidamente aos socorros medicamentosos, à alimentação e aos estímulos do meio, de práticas espirituais ou físicas, decorrem de deficiências orgânicas, mas também da sobrecarga invisível do parasitismo espiritual.


Causas


As causas dessa situação mórbida decorrem de processos kármicos originados por associações criminosas em vidas anteriores dos comparsas.


Do livro “Vampirismo”, de José Herculano Pires