O reflexo de Deus




Se o homem soubesse recolher-se e estudar a si próprio, se sua alma desviasse toda a sombra que as paixões acumulam, se, rasgando o espesso véu em que o envolvem os preconceitos, a ignorância, os sofismas, descesse ao fundo da sua consciência e da sua razão, acharia aí o princípio de uma vida interior oposta inteiramente à vida externa.


Poderia, então, entrar em relação com a Natureza inteira, com o Universo e Deus, e essa vida lhe daria um antegozo daquela que lhe reservam o futuro de além-túmulo e os mundos superiores. Aí também está o registro misterioso em que todos os seus atos, bons ou maus, ficam inscritos, em que todos os fatos de sua vida se gravam em caracteres indeléveis, para reaparecerem à hora da morte, como brilhante clarão.


Sim, há em cada um de nós fontes ocultas de onde podem brotar ondas de vida e de amor, virtudes, potências inumeráveis. É aí, é nesse santuário íntimo que cumpre procurar Deus.


Deus está em nós, ou, pelo menos, há em nós um reflexo d’Ele. Ora, o que não existe não poderia ser refletido. As almas refletem Deus como as gotas do orvalho da manhã refletem os fogos do Sol, cada qual segundo o seu brilho e grau de pureza.


Texto retirado do livro “Depois da Morte” - Léon Denis


Questões sobre a espiritualidade dos animais


1. Nos livros de André Luis e Chico Xavier e outros autores há citações sobre a presença de animais no mundo espiritual. Onde há na codificação o ponto que fala sobre os animais no mundo espiritual?


R: Leia o capitulo “Os Animais e o Homem”, que é todo sobre este assunto. A codificação espírita não diz que não existem animais no mundo espiritual. O que há é apenas a citação de que não há espíritos errantes de animais na erraticidade. Aqui neste enunciado é que se cria a confusão, pois a palavra erraticidade serve para designar a vida do espírito liberto do corpo físico, enquanto a palavra errante é apenas sinônima de nômade. Não deveria haver esta confusão, pois são termos completamente independentes. Um espírito pode estar na erraticidade e ser errante ou pode estar na erraticidade e NÃO ser errante, isto é ter a liberdade de ir para onde quiser naquela dimensão. Kardec pergunta ao Espírito de Verdade se os animais, tendo em vista sua inteligência e liberdade de ação, possuem alma. A resposta positiva não deixa dúvida de que os animais têm alma e complementa dizendo que em cada ser há apenas uma única alma. Kardec pergunta se a alma dos animais conserva sua individualidade ao chegarem à espiritualidade e a resposta novamente é positiva. Portanto na Codificação encontramos a concordância sobre a literatura espírita sobre a existência de espíritos de animais no mundo espiritual.


2. As obras de Chico Xavier (André Luiz), que falam da existência de animais no mundo espiritual estariam em contradição com a Codificação?


R: Não. Não há contradição, há apenas falta de compreensão de nossa parte, pois além da confirmação do espírito da verdade de que há espíritos de animais na espiritualidade, a própria ciência já demonstrou isso, bem como os relatos espontâneos de pessoas que viram espíritos de animais. (Ver Revista Espírita – 1865)


3. Depois de desencarnarem, as almas dos animais vivem no mesmo plano espiritual que os espíritos humanos?


R: No Universo somente existem os planos espiritual e físico. Ou estamos em um ou estamos em outro. Como diz o Espírito de Verdade sobre o espírito dos animais, estando desligados dos corpos físicos, eles se encontram na erraticidade, isto é no plano espiritual. Ao serem colocados (“utilizados”) para reencarnarem, retornam ao plano físico. Portanto a morada dos espíritos é a morada de todos os espíritos, não importando se de animais, vegetais, minerais ou humanos. Todos somos espíritos.


4. Por que se verifica que alguns animais têm mais sorte que outros. Enquanto uns sofrem outros tem vidas tranquilas? Os animais têm Carma?


R: Não. Os animais não têm carma ou dívidas morais com o passado. As alegrias e dificuldades porque passam os animais são para o seu aprendizado. Os espíritos desta fase se revezam em situações difíceis e alegres. Em um momento podem ter uma vida boa (feliz), noutra cheias de amarguras e tristezas para aprenderem sobre alegrias e tristezas e não para resgatarem algum mal feito no passado.


OBS.: O Capítulo “Os Animais e o Homem”, citado na resposta à pergunta 1, faz parte do Livro dos Espíritos, Livro 2, Cap. 11.

Fonte: Blog Marcel Benedeti



Fatos espíritas, mediunidade e espiritismo


Os fatos espíritas e a mediunidade não são exclusividade do Espiritismo...


As antecipações religiosas e filosóficas do Espiritismo se estendem ao longo de todo o passado humano. Kardec referiu-se a Sócrates e Platão como a uma poderosa fonte histórica, de que podia servir-se para reforçar a sua afirmação de que o Espiritismo provém da mais remota antiguidade. De outras vezes, porém, como vemos no Livro dos Espíritos, em artigos publicados na Revista Espírita, e em vários trechos de outros livros da codificação, Kardec lembra as ligações do Espiritismo com os mistérios mitológicos dos gregos, as religiões do Egito e da índia, e particularmente com o Druidismo celta, nas Gálias. Por toda parte, em todas as épocas, como acentua o codificador, “encontramos as marcas do Espiritismo”.


Segundo a denominação de Allan Kardec, “fatos espíritas” são todos os fenômenos causados pela intervenção de inteligências desencarnadas, ou seja, por espíritos. Kardec já havia esclarecido que os fatos espíritas são de todos os tempos, uma vez que a mediunidade é uma condição natural da espécie humana. Somente com o Espiritismo a mediunidade se define como uma condição natural da espécie humana, recebe a designação precisa de mediunidade e passa a ser tratada de maneira racional e científica.


Convém deixar bem clara a distinção entre fatos espíritas e doutrina espírita, para compreendermos o que Kardec dizia, ao afirmar que o Espiritismo está presente em todas as fases da história humana. Os fatos espíritas — assim chamados os fenômenos ou as manifestações mediúnicas — são de todos os tempos. As práticas mágicas ou religiosas, baseadas nessas manifestações, constituem o Mediunismo, pois são práticas mediúnicas. A doutrina espírita é uma interpretação racional das manifestações mediúnicas. Doutrina ao mesmo tempo científica, filosófica e religiosa, pois nenhum desses aspectos pode ser esquecido quando tratamos de fenômenos que se relacionam com a vida do homem na terra e sua sobrevivência após a morte, sua vida e seu destino espiritual.


É enorme a confusão feita pelos sociólogos neste assunto, seguindo de maneira desprevenida a confusão proposital feita pelos adversários do Espiritismo. Os estudos sociológicos do mediunismo referem-se sempre ao espiritismo. Entretanto, a palavra Espiritismo, criada por Allan Kardec, em 1857, e por ele bem explicada na introdução de O Livro dos Espíritos, designa uma doutrina por ele elaborada, com base na análise dos fenômenos mediúnicos e graças aos esclarecimentos que os Espíritos lhe forneceram, a respeito dos problemas da vida e da morte. As práticas do chamado “sincretismo religioso afro-brasileiro”, por exemplo, não são espíritas. O sincretismo religioso é um fenômeno sociológico natural. O Espiritismo é uma doutrina.


Defrontamo-nos, neste ponto, com uma complexidade que também tem dado margem a confusões. Os fatos mediúnicos são fatos espíritas, assim chamados pelo próprio Kardec, mas não são Espiritismo. Porque o Espiritismo se serve dos fatos mediúnicos como de uma matéria-prima, para a elaboração de seus princípios, ou como de uma força natural, que aproveita de maneira racional. Exatamente como a hidráulica se serve das quedas d'água ou do curso dos rios para a produção de energia.


Lembremos ainda, para evitar confusões, que os Espíritos não falavam a Kardec por meio de visões ou de outras formas místicas de revelação. Quando dizemos que os Espíritos Superiores ajudaram Kardec a elaborar O Livro dos Espíritos, os chamados “homens cultos” costumam torcer o nariz, lembrando que também a Bíblia, os Evangelhos e o Alcorão foram ditados por Deus ou por Espíritos. Acontece, porém, que as antigas escrituras pertencem às fases do mediunismo empírico, enquanto a codificação espírita pertence à fase da mediunidade positiva. Os Espíritos Superiores (superiores em conhecimento e refinamento espiritual, precisamente como os homens superiores), conversavam com Kardec e o auxiliavam através da prática mediúnica. Quer dizer: através de comunicações mediúnicas sujeitas a controle, e não de revelações místicas, aceitas de maneira emotiva.


Por outro lado, quando acentuamos a natureza racional do Espiritismo, não negamos o valor do sentimento. O velho debate filosófico entre razão e sentimento, traduzido no plano religioso pelo dualismo de razão e fé, encontra no Espiritismo a sua solução natural, pelo equilíbrio de ambos, na fórmula clássica de Kardec: “a fé raciocinada”. O Espiritismo representa o momento em que o Espiritualismo, superando as fases mágicas do seu desenvolvimento, atinge o plano da razão, define-se num esquema cartesiano de “idéias claras e distintas”.


Edição de textos do livro “O Espírito e o Tempo” - Herculano Pires


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Se consultamos as obras dos mais eminentes antropólogos e sociólogos, notamos que todos concordam em reconhecer que a crença na sobrevivência do espírito humano se mostra universal. Ernesto Bozzano


Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Jesus - João 16: 12.


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Para saber mais, leia “Fatos Espíritas”, por William Crookes.

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A Jornada da Vida




A vida não cessa.


A vida é fonte eterna e a morte é o jogo escuro das ilusões.


O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso.


Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria.


Cerrar os olhos carnais constitui operação demasiadamente simples.


Permutar a roupagem física não decide o problema fundamental da iluminação, como a troca de vestidos nada tem que ver com as soluções profundas do destino e do ser.


Oh! Caminhos das almas, misteriosos caminhos do coração!


É mister percorrer-vos, antes de tentar a suprema equação da Vida Eterna!


É indispensável viver o vosso drama, conhecer-vos detalhe a detalhe, no longo processo do aperfeiçoamento espiritual!...


Seria extremamente infantil a crença de que o simples “baixar do pano” resolvesse transcendentes questões do Infinito.


Uma existência é um ato.


Um corpo - uma veste.


Um século - um dia.


Um serviço - uma experiência.


Um triunfo - uma aquisição.


Uma morte - um sopro renovador.


Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?


E o letrado em filosofia religiosa fala de deliberações finais e posições definitivas!


Ai! Por toda parte, os cultos em doutrina e os analfabetos do espírito!


É preciso muito esforço do homem para ingressar na academia do Evangelho do Cristo, ingresso que se verifica, quase sempre, de estranha maneira - ele só, na companhia do Mestre, efetuando o curso difícil, recebendo lições sem cátedras visíveis e ouvindo vastas dissertações sem palavras articuladas.


Muito longa, portanto, nossa jornada laboriosa.


(Do livro “Nosso Lar” - Pelo espírito André Luiz – Psicografia: Chico Xavier)


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É assim que tudo serve, tudo se encadeia na natureza, do átomo ao arcanjo, que também começou pelo átomo. (O Livro dos Espíritos - Pergunta 540)



A Esmola da Compaixão


De portas abertas ao serviço da caridade, a casa dos Apóstolos em Jerusalém vivia repleta, em rumoroso tumulto. Eram doentes desiludidos que vinham rogar esperança, velhinhos sem consolo que suplicavam abrigo. Mulheres de lívido semblante traziam nos braços crianças aleijadas, que o duro guante do sofrimento mutilara ao nascer, e, de quando em quando, grupos de irmãos generosos chegavam da via pública, acompanhando alienados mentais para que ali recolhessem o benefício da prece.


Numa sala pequena, Simão Pedro atendia, prestimoso. Fosse, porém, pelo cansaço físico ou pelas desilusões hauridas ao contato com as hipocrisias do mundo, o antigo pescador acusava irritação e fadiga, a se expressarem nas exclamações de amargura que não mais podia conter.


- Observa aquele homem que vem lá, de braços secos e distendidos? - gritava para Zenon, o companheiro humilde que lhe prestava concurso - aquele é Roboão, o miserável que espancou a própria mãe, numa noite de embriaguez... Não é justo sofra, agora, as consequências?


E pedia para que o enfermo não lhe ocupasse a atenção.


Logo após, indicando feridenta mulher que se arrasava, buscando-o, exclamou, encolerizado:


- Que procuras, infeliz? Gozaste no orgulho e na crueldade, durante longos anos... Muitas vezes, ouvi-te o riso imundo à frente dos escravos agonizantes que espancavas até à morte... Fora daqui! Fora daqui!...


E a desmandar-se nas indisposições de que se via tocado, em seguida bradou para um velho paralítico que lhe implorava socorro:


- Como não te envergonhas de comparecer no pouso do Senhor, quando sempre devoraste o ceitil das viúvas e dos órfãos? Tuas arcas transbordam de maldições e de lágrimas... O pranto das vítimas é grilhão nos teus pés...


E, por muitas horas, fustigou as desventuras alheias, colocando à mostra, com palavras candentes e incisivas, as deficiências e os erros de quantos lhe vinham suplicar reconforto.


Todavia, quando o Sol desaparecera distante e a névoa crepuscular invadira o suave refúgio, modesto viajante penetrou o estreito cenáculo, exibindo nas mãos largas nódoas sanguinolentas. No compartimento, agora vazio, apenas o velho pescador se dispunha à retirada, suarento e abatido. O recém-vindo, silencioso, aproximou-se, sutil, e tocou-o docemente. O conturbado discípulo do Evangelho só assim lhe deu atenção, clamando, porém, impulsivo:


- Quem és tu, que chegas a estas horas, quando o dia de trabalho já terminou?


E porque o desconhecido não respondesse, insistiu com inflexão de censura:


- Avia-te sem demora! Dize depressa a que vens...


Nesse instante, porém, deteve-se a contemplar as rosas de sangue que desabotoavam naquelas mãos belas e finas. Fitou os pés descalços, dos quais transpareciam, ainda vivos, os rubros sinais dos cravos da cruz e, ansioso, encontrou no estranho peregrino o olhar que refletia o fulgor das estrelas...


Perplexo e desfalecente, compreendeu que se achava diante do Mestre, e, ajoelhando-se, em lágrimas, gemeu, aflito:


- Senhor! Senhor! Que pretendes de teu servo?


Foi então que Jesus redivivo afagou-lhe a atormentada cabeça e falou em voz triste:


- Pedro, lembra-te de que não fomos chamados para socorrer as almas puras... Venho rogar-te a caridade do silêncio quando não possas auxiliar! Suplico-te para os filhos de minha esperança a esmola da compaixão...


O rude, mas amoroso pescador de Cafarnaum, mergulhou a face nas mãos calosas para enxugar o pranto copioso e sincero, e quando ergueu, de novo, os olhos para abraçar o visitante querido, no aposento isolado somente havia a sombra da noite que avançava de leve...


Da obra: ‘Contos e Apólogos’. Ditada pelo Espírito ‘Irmão X’, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.


Amizade




A amizade é o sentimento que imanta as almas umas às outras, gerando alegria e bem-estar.


A amizade é suave expressão do ser humano que necessita intercambiar as forças da emoção sob os estímulos do entendimento fraternal.


Inspiradora de coragem e de abnegação, a amizade enfloresce as almas, abençoando-as com resistências para as lutas.


Há, no mundo moderno, muita falta de amizade!


O egoísmo afasta as pessoas e as isola.


A amizade as aproxima e irmana.


O medo agride as almas e infelicita.


A amizade apazigua e alegra os indivíduos.


A desconfiança desarmoniza as vidas e a amizade equilibra as mentes, dulcificando os corações.


Na área dos amores de profundidade, a presença da amizade é fundamental.


Ela nasce de uma expressão de simpatia, e firma-se com as raízes do afeto seguro, fincadas nas terras da alma.


Quando outras emoções se estiolam no vaivém dos choques, a amizade perdura, companheira devotada dos homens que se estimam.


Se a amizade fugisse da Terra, a vida espiritual dos seres se esfacelaria.


Ela é meiga e paciente, vigilante e ativa.


Discreta, apaga-se, para que brilhe aquele a quem se afeiçoa.


Sustenta na fraqueza e liberta nos momentos de dor.


A amizade é fácil de ser vitalizada.


Cultivá-la, constitui um dever de todo aquele que pensa e aspira, porquanto, ninguém logra êxito, se avança com aridez na alam ou indiferente ao elevo da sua fluidez.


Quando os impulsos sexuais do amor, nos nubentes, passam, a amizade fica.


Quando a desilusão apaga o fogo dos desejos nos grandes romances, se existe amizade, não se rompem os liames da união.


A amizade de Jesus pelos discípulos e pelas multidões dá-nos, até hoje, a dimensão do que é o amor na sua essência mais pura, demonstrando que ela é o passo inicial para essa conquista superior que é meta de todas as vidas e mandamento maior da Lei Divina.


Joanna de Ângelis.

(In: Momentos de Esperança - Divaldo Pereira Franco)



Todos são caminhos



...Por que essa porta tão estreita, que é dada ao menor número transpor, se a sorte da alma está lixada para sempre depois da morte? É assim que, com a unicidade da existência, se está incessantemente em contradição consigo mesmo e com a justiça de Deus. Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se amplia... (Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 18, item 5.)


Também os caminhos inadequados que tomamos ao longo da vida são parte essencial de nossa educação. A cada tropeço é preciso aprender, levantar novamente e retornar à marcha.


Tudo o que sabemos hoje aprendemos com os acertos e erros do passado, e cada vez que desistimos de alguma coisa por medo de errar estamos nos privando da possibilidade de evoluir e viver.


A estrada por onde transitamos hoje é nossa via de crescimento espiritual e nos levará a entender melhor a vida, no contato com as múltiplas situações que contribuirão com o nosso potencial de progresso.


Devemos, no entanto, indagar de nós mesmos: “Será este realmente meu melhor caminho?”


Porventura é correta a senda por onde transito?”


É justa a observação e têm propósito nossas dúvidas; por isso, raciocinemos juntos:


Se Deus, perfeição suprema, nos criou com a probabilidade do engano, modelando-nos de tal forma que pudéssemos encontrar um dia a perfeição, é porque contava com nossos encontros e desencontros na jornada existencial.


Se nos gerou falíveis, não poderá exigir-nos comportamentos sempre irrepreensíveis, pois conhece nossas potencialidades e limites.


Se criaturas como nós aceitamos as falhas dos outros, por que o Criador em sua infinita compreensão não nos aceitaria como somos?


Pessoas não condenam seus bebês por eles não saber comer, falar e andar corretamente; por que espíritos ainda imaturos pagariam por atos e pensamentos que ainda não aprenderam a usar convenientemente, pela sua própria falta de madureza espiritual?


O que pensar da Bondade Divina, que permite que as almas escolham seu roteiro, de acordo com o livre-arbítrio, e depois cobrasse aquilo que elas ainda não adquiriram?


A Divindade é “Puro Amor” e sabe muito bem de nossos mananciais espirituais, mentais, psicológicos e físicos, ou seja, de nossa idade evolutiva, pois habita em nosso interior e sempre suaviza nossos caminhos.


Na justa sucessão de espaço e tempo, condizente com o nosso grau de visão espiritual, recebemos, por meio do fluxo divino, a onipresença, a onisciência e a onipotência do Criador em forma de “senso de rumo certo”, para trilharmos as rotas necessárias à ampliação de nossos sentimentos e conhecimentos.


Diz a máxima: “Não se colhem figos dos espinheiros”(1); ora, como impor metas sem levar em conta a capacidade de escolha e de discernimento dos indivíduos?


Efetivamente, nosso caminho é o melhor que podíamos escolher, porque em verdade optamos por ele, na época, segundo nosso nível de compreensão e de adiantamento.


Se, porém, achamos hoje que ele não é o mais adequado, não nos culpemos; simplesmente mudemos de direção, selecionando novas veredas.


A trilha que denominamos “errada” é aquela que nos possibilitou aprendizagem e o sentido do nosso “melhor”, pois sem o erro provavelmente não aprenderíamos com segurança a lição.


Nós mesmos é que nos provamos; a cada passo experimentamos situações e pessoas, e delas retiramos vantagens e ampliamos nosso modo de ver e sentir, a fim de crescermos naturalmente, desenvolvendo nossa consciência.


Ninguém nos condena, nós é que cremos no castigo e por isso nos autopunimos, provocando padecimento com nossos gestos mentais.


Aceitemos sem condenação todas as sendas que percorremos. Todas são válidas se lhes aproveitarmos os elementos educativos, porque, assim somadas, nos darão sabedoria para outras caminhadas mais felizes.


Mesmo aquelas trilhas que anotamos como caminhos do mal, não são excursões negativas de perdição perante a vida, mas somente equivocadas opções do nosso livre-arbítrio, que não deixam de ser reeducativas e compensatórias a longo prazo.


Cada um percorre a estrada certa no momento exato, de conformidade com seu estado de evolução. Tudo está certo, porque todos estamos nas mãos de Deus.


(1) Lucas 6:44.


Do livro “Renovando Atitudes” (Cap. 42) - Pelo Espírito Hammed - Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto


Dias de Sombra

Coincidentemente, há dias que se caracterizam pela sucessão de ocorrências desagradáveis. Nada parece dar certo. Todas as atividades se confundem, e os fatos se apresentam deprimentes, perturbadores. A cada nova tentativa de ação, outros insucessos ocorrem, como se os fenômenos naturais transcorressem de forma contrária.


Nessas ocasiões, as contrariedades aumentam, e o pessimismo se instala nas mentes e na emoção, levando-as a lembranças negativas com presságios deprimentes.


Quem lhe padece a injunção tende ao desânimo, e refugia-se em padrões psicológicos de auto-aflição, de infelicidade, de desprezo por si mesmo. Sente-se sitiado por forças descomunais, contra as quais não pode lutar, deixando-se arrastar pelas correntes contrarias, envenenando-se com o mau humor.


São esses, dias de provas, e não para desencanto; de desafio, e não para a cessação do esforço.


Quando recrudescem as dificuldades, maior deve ser o investimento de energias, e mais cuidadosa a aplicação do valor moral da batalha.


Desistindo-se sem lutar, mais rápido se dá o fracasso, e quando se vai ao enfrentamento com idéias de perda, parte do labor já está perdido.


* * *

Nesses dias sombrios, que acontecem periodicamente, e às vezes se tornam contínuos, vigia mais e reflexiona com cuidado. Um insucesso é normal, ou mesmo mais de um, num campo de variadas atividades. Todavia, a intermina sucessão deles pode ter gênese em fatores espirituais perniciosos, cujas personagens se interessam em prejudicar-te, abrindo espaços mentais e emocionais para intercâmbio nefasto contigo, de caráter obsessivo.


Quanto mais te irritares e te entregares à depressão, mais forte se te fará o cerco e mais ocorrências infelizes tomarão forma. Não te debatas até a exaustão, nadando contra a correnteza. Vence-lhe o fluxo, contornando a direção das águas velozes.


Há mentes espirituais maldosas, que te acompanham, interessadas no teu fracasso. Reage-lhes a insídia mediante a oração, o pensamento otimista, a irrestrita confiança em DEUS.


Rompe o moto-contínuo dos desacertos, mudando de paisagem mental, de forma que não vitalizes o agente perturbador.


Ouve uma música enriquecedora, que te leve a reminicênscias agradáveis ou a planificações animadoras. Lê uma pagina edificante do Evangelho ou de outra obra de conteúdo nobre, a fim de te renovares emocionalmente.


Afasta-te do bulício e repousa; contempla uma região que te arranque do estado desanimador. Pensa no teu futuro ditoso, que te aguarda. Eleva-te a DEUS com unção e romperás as cadeias da aflição.


* * *

Há sempre Sol brilhando além das nuvens sombrias, e quando ele é colocado no mundo íntimo, nenhuma ameaça de trevas consegue apagar-lhe, ou sequer diminuir-lhe a intensidade da luz. Segue-lhe a claridade e vence o teu dia de insucessos, confiante e tranquilo.


Joanna de Ângelis

(Da obra “Momentos de Saúde” - Psicografia: Divaldo Franco)


Escravos...


Viviane iniciou a sua comunicação deixando transparecer, através de lágrimas, uma vida repleta de amarguras. Nascera com os braços mutilados. Seu pai a criara em um prostíbulo no qual trabalhavam suas irmãs no exercício ingrato de mercadejar os corpos. Ela, mesmo com os membros superiores atrofiados, mantida às escondidas em quarto nos fundos do bordel, era às vezes violentada por clientes bêbados, sob a aquiescência do pai, que parecia odiá-la.


Ela também o odiava, pois em suas bebedeiras abusava dela sexualmente, atitude incompreensível e imperdoável, segundo sua opinião de mulher ultrajada.


Diante de tanto sofrimento, adentrou o túmulo enlouquecida, sendo recolhida por amigos espirituais que, depois de demorado tratamento, a trouxeram para uma catarse.


- Você acredita que Deus é justo? - perguntei-lhe


- Acredito! Mas não entendo como a sua justiça age.


- Se você admite a existência de um Deus justo, deve acreditar que a causa do seu sofrimento é justa. Isso lhe parece lógico?


- Sim.


- Já lhe disseram que vivemos muitas existências sobre a Terra?


- Já me falaram sobre reencarnação, mas não tive coragem de saber o que fiz no passado.


- Pois bem! Se as causas do seu sofrimento não se encontram na existência em que se chamou Viviane, teremos que voltar no tempo a fim de encontrarmos o núcleo do seu problema.


- Não! Não quero! Tenho medo! Não quero saber o que fiz àquele homem ou o que fez a mim.


Viviane já tentara a regressão no plano espiritual e não conseguira. Encontrava-se na delicada faixa do sofrimento embrutecido, misto de mágoa e dor. Mais um pouco e resvalaria nos despenhadeiros do ódio. Então eu a desafiei tentando tirá-la dessa perigosa situação.


- Você me parece uma pessoa corajosa! Por que então, no lugar de se fazer de vítima, alimentando a autopiedade, não recorre à sua fibra de mulher e age? A regra da casa é: Estando caído, levanta-te! estando em pé, segue adiante!


Iniciei a magnetização advertindo-a de que seguisse mentalmente a música, sempre no ar durante toda a reunião. Haja o que houver, não a perca, pois ela a levará ao passado, insisti.


Viviane obedeceu e pouco a pouco pareceu despertar em outro cenário, longe daquele catre onde vivera.


- Escravo teimoso! Ele é meu! Sua função é satisfazer-me em minhas necessidades!


- Por que você julga que esse escravo lhe pertence?


- Porque o comprei! Tenho necessidades. Para isso ele serve.


- Como é o seu nome?


- Catarina.


- Em que país você mora?


- Por que você me faz tantas perguntas? Quem pergunta tanto só pode ser um espião!


- Sou seu amigo. Quero apenas entender a sua situação para poder ajudá-la.


- Moro na Inglaterra. Sou de família nobre. Obrigaram-me a casar com aquele velho para aumentar nossas riquezas. Por isso tenho esse escravo que me satisfaz.


- De onde veio o escravo?


- Da Índia. Não quero que ele se envolva com nenhuma outra mulher. Eu já o adverti. Se me desobedecer, ele morre.


- Vamos um pouco para adiante, Catarina. O que aconteceu com o escravo?


- Eu mandei castrá-lo e em seguida matá-lo. Ele teve o atrevimento de me desobedecer.


- E o seu marido?


- Era um fraco! Suicidou-se quando soube do ocorrido.


- E como foi a sua velhice?


- Só! Abandonada. Todos me abandonaram por causa dessa maldita doença (hanseníase).


- Muito bem Catarina! Lembre-se de tudo quanto reviveu e volte para o hoje.


Ainda chorosa, ela comentou:


- Quero esquecer! Quero esquecer! Por favor, faça-me esquecer!


- Agora você já sabe a verdade. A verdade, segundo Jesus, liberta o espírito das amarras da ignorância.


E ainda sob a ação dos acordes de Chopin, meu velho amigo Falcão aplicou-lhe um passe, no que ela foi mansamente adormecendo.


Tudo levava a crer que senhora e escravo haviam se reencontrado. Infelizmente, ambos mais escravos que libertos. O sofrimento continuaria a trabalhar suas almas até que a paz tivesse condições de quebrar-lhes, de vez, as algemas.


Da Obra: Doutrinação - Diálogos e Monólogos
Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro


Nem sempre a notícia vem...




Caros irmãos! Estou aqui para tentar esclarecer alguns pontos.


Muitos andam em busca de notícias dos entes amados que já não se encontram mais entre vós e sim entre nós. Muitos colocam toda a sua fé numa linha que seja e que os façam reconhecer o ser amado.


Mas, nem sempre ela vem. Nem sempre temos notícias de quem se foi. E isso depende muito de vários fatores. Depende de merecimento, de condições psíquicas, de condições de saber como lidar com esta notícia.


Muitos procuram sem jamais encontrá-la. Pois, por algum motivo que não nos é revelado, não nos é permitido acesso a tais revelações. Será que todos estaríamos em condições de saber a verdade ? Notícias que faramn bem a uns, não seriam bem interpretadas por outros.


Deus em sua grande misericórdia e bondade, sabe a quem e porque deveria uma mensagem chegar.


Já nos bastaria crer que há vida após a morte. Que a morte não existe, que tudo continua e que é chegada a hora da colheita de tudo o que foi semeado. Muitos só acreditam quando algo concreto lhes é apresentado.


Feliz daquele que crê sem ter visto, sem ter provas disto. Oremos e levemos o pensamento até o ser que sentimos saudades. Troquemos com este ente amor, carinho e afeto e isso já faz a ligação entre os dois mundos, entre as duas almas.


Nossas ligações durante o sono ou não deixam uma sensação de bem estar. Muitas vezes não temos notícias simplesmente porque nosso afeto já retornou (já reencarnou) e às vezes está mais próximo do que imaginamos. Os laços afetivos, as afinidades e o amor conquistados com o espírito nunca se rompem. São eternos. Todos os espíritos são irmãos antes de serem genitores, tios, avós ou a pessoa amada.


Não é errado querer saber de quem já não está entre nós, mas isso não pode ser levado como uma simples curiosidade. Se a notícia não trouxer nada que acrescente além de matar a curiosidade, de que ela servirá ?! Tudo na vida só tem um fundamento se acrescenta, se faz bem; caso contrário, melhor que continue no esquecimento.


Nem sempre somos merecedores, nem sempre o ente tem condições de dar notícias, nem sempre essa comunicação traz paz e conforto. Portanto, amigos, confiemos na bondade do Pai Maior e deixemos que seja feita a vontade Dele, pois esta não corre o risco jamais de estar errada... Nossas vontades, muitas vezes, se realizadas, nada de bom trariam ao coração.


Oremos, acreditemos e esperemos com resignação notícias de nossos irmãos amados, sem, contudo, atrapalhar-lhes a evolução e o trabalho a que se prestam deste outro lado. Deus Nosso Pai sabe da necessidade de cada um de nós e nos dá de acordo com nosso merecimento e para o nosso bem.


Se nos é permitido mandar notícias, mandamos; se sois merecedores, recebereis. Mas tudo na vida tem um porque. Nada se faz sem propósito. E peçamos a Deus entendimento necessário para a falta de notícias ou pela não realização de todas as nossas vontades, que, por certo, são para o nosso bem.


Fiquem em paz e que o Mestre Querido conforte vossos corações e abrande a saudade. Uma noite de muitas paz e um sono tranquilo a todos que, durante o sono, as saudades possam ser amenizadas.


Assinado: Irmão Otávio

Sorocaba, Outubro de 2007.

Médium: S.A.O.G.


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...a morte também faz parte do sentido da vida e as respostas das quais precisamos nem sempre estão disponíveis quando queremos; mas sim quando precisamos. Marcos Grignolli


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Retirado do blog Partida e Chegada



Sobre mensagens de espíritos familiares


A Doutrina Espírita, através de estudos experimentais, esclareceu a respeito da comunicabilidade entre o Mundo Material e o Mundo Espiritual, elucidando o quanto este fenômeno é comum e natural, demonstrando que o intercâmbio sempre aconteceu, em todas as épocas da humanidade e em todas as civilizações.


À época da Codificação, a evocação de Espíritos era uma prática muito frequente, sendo utilizada por Allan Kardec para estudos diversos. Em algumas oportunidades, antigos membros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas foram evocados e relataram sua situação no além-túmulo.

É bem verdade que diante da dor causada pela desencarnação de um ente querido, os Espíritos separados - encarnados e desencarnados - sentem saudade e a necessidade do reencontro, o que é plenamente possível.

Vejamos valiosa lição deixada por Chico Xavier neste sentido: Quando o seu trabalho de psicografia estava no auge, ele recebia inúmeros pedidos de parentes para receber mensagens dos entes queridos desencarnados. Chico, na sua humilde sabedoria, sempre evitou levar nomes para serem evocados para este fim e se justificava dizendo: “o telefone toca de lá para cá”.

No atual contexto do movimento espírita, a evocação dos espíritos está quase totalmente esquecida, dando-se preferência às manifestações espontâneas. Kardec informa, no capítulo XXV do Livro dos Médiuns, que devemos usar “as duas maneiras de agir” (evocações e espontaneidade), pois as duas “têm suas vantagens e só haveria inconveniente na exclusão de uma delas.”

No Livro dos Espíritos, a questão 935 explora este assunto. Na época, muitos consideravam que as comunicações de além-túmulo eram profanação. Os Espíritos da Codificação esclarecem que não há profanação nestas mensagens, desde que “haja recolhimento e quando a evocação seja praticada respeitosa e convenientemente.” Para reforçar esta opinião, os respondentes lembram dos Espíritos que acodem com prazer ao nosso chamado. Sentem-se felizes quando nos lembramos deles e por se comunicarem conosco.

Certamente este tipo de comunicação só deve ser praticada por grupos experientes, que tratam a questão com a seriedade devida. Caso contrário, permanecerão sob jugo de Espíritos enganadores e brincalhões, que existem por toda parte.

A Doutrina Espírita nos ensina que a possibilidade de comunicação vai depender da situação em que o Espírito se encontre. Alguns estão em estado de perturbação que não os permitem se comunicar, enquanto outros podem estar cumprindo tarefas importantes que os impedem de fazerem contato. Por isso devemos ter muita paciência e compreensão e aguardar o momento propício para que a comunicação aconteça. Os Espíritos que são desprendidos da matéria desde a vida terrena, tomam consciência de que estão fazendo parte da vida espírita bem cedo, porém aqueles que viveram preocupados apenas com seu lado material permanecem no estado de ignorância por longo tempo.

Emmanuel foi um grande defensor da espontaneidade em todas as comunicações com o invisível. Recomenda que o espírita-cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano, ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, esperando a sua palavra direta quando e como julguem os mentores espirituais conveniente e oportuno. Devemos pedir sem exigir, orar sem reclamar, observar sem pressa, considerando que a esfera espiritual nos conhece os méritos e retribuirá os nossos esforços de acordo com a necessidade de nossa posição evolutiva e segundo o merecimento de nosso coração.

Portanto, por todos estes fatores, embora seja possível se comunicar com entes queridos que já partiram, é importante que procuremos uma Casa Espírita onde os dirigentes sejam pessoas idôneas. Mesmo assim, é mais prudente tomarmos muito cuidado com as comunicações de parentes desencarnados, pois na maioria das vezes não há como identificar se ela é autêntica, principalmente se é dada por médiuns sem preparo para a tarefa. Frequentemente, Espíritos enganadores estão ligados a estes médiuns, brincando com a dor alheia ou então estimulando o ego do médium, emprestando a este uma importância que não tem.

No mais, lembremos que existe um meio muito comum de comunicação entre os dois planos da vida: através dos sonhos. Durante a emancipação provocada pelo sono, o Espírito encarnado tem ampliada sua sensibilidade e seus sentidos, podendo se encontrar e manter diálogos com os Espíritos desencarnados de sua afeição.


Edição de texto retirado do site OSGEFIC


"Meu tempo por aí terminou"...


Boa noite a todos, meu nome é Vitor.

Venho a pedido da minha mãe. Ela quer notícias minhas para, talvez, se sentir mais aliviada. Acho que ela, como toda mãe, se sente responsável pelo meu desencarne. Tive sérios problemas de respiração e, quando menos se esperava, as coisas pioraram e eu morri. Nem foi muito novidade para mim. Acho que eu até já esperava, apesar de ter apenas quinze anos. Mas meus pais (minha mãe) se desesperou. Fez perguntas, tentou saber o porquê, mas quem somos nós pra querer saber ou que Deus nos dê satisfação de seus atos, não é mesmo!?

Pois é... Eu morri, mas pra mim não foi difícil. Minha mãe tomou outros caminhos e graças a uma amiga, começou a ler e perceber que a morte não existe. Hoje ela é mais tranquila, mas ainda quer notícias pra ter certeza de que estou bem. Mamãe Elaine — ou Eliana (nota do transcrevente) —, eu estou bem e feliz. Meu tempo por aí terminou e talvez, o bom de tudo isso tenha sido você perceber que a vida continua.

Sei que pensa em mim e tenta não ficar me chamando. Que sente minha falta, mas agradece a Deus pelo tempo que estivemos juntos. Eu te amo e sempre te amei. Vou te esperar, porque nossa vida vem de outras... e meu amor por você não é pequeno, nem de agora. Sei que quando você ouve uma música que eu gostava se lembra e tenta não chorar. Não faça isso. Chore se tiver vontade. Só não blasfeme como muita gente faz.

Choro é normal naqueles que perdem um ente querido. Viva, dedique-se, ajude e tente compreender que estaremos juntos. Nosso senhor ensina que devemos praticar a caridade. Pratique e continue ajudando outras mães que não têm o mesmo conhecimento seu. Eu estou bem, estudo (como sempre gostei de fazer) e continuo fazendo tudo certinho como você sempre se orgulhou.

Minha vó me ajuda nas lições como você fazia, lembra! Aqui é lindo. Te amo muito e agradeço a oportunidade que me foi dada para conversar com você. Pena meu pai estar longe de você. Te amo. Que Deus permita minha visita a você sempre. Beijos.


Assinado: Vitor

Data: Maio de 2007.

Local: Sorocaba (SP).

Médium: S.A.O.G.


Retirado do Blog Partida e Chegada



Chaves Libertadoras



DESGOSTO

Qualquer contratempo aborrece.

No entanto, sem desgosto, a conquista de experiência é impraticável.


OBSTÁCULO

Todo empeço atrapalha.

Sem obstáculo, porém, nenhum de nós consegue efetuar a superação das próprias deficiências.


DECEPÇÃO

Qualquer desilusão incomoda.

Todavia, sem decepção, não chegamos a discernir o certo do errado.


ENFERMIDADE

Toda doença embaraça.

Sem a enfermidade, entretanto, é muito difícil consolidar a preservação consciente da própria saúde.


TENTAÇÃO

Qualquer desafio conturba.

Mas, sem tentação, nunca se mede a própria resistência.


PREJUÍZO

Todo o golpe fere.

Sem prejuízo, porém, é quase impossível construir segurança nas relações uns com os outros.


INGRATIDÃO

Qualquer insulto à confiança estraga a vida espiritual.

No entanto sem o concurso da ingratidão que nos visite, não saberemos formular equações verdadeiras nas contas de nosso tesouro afetivo.


DESENCARNAÇÃO

Toda morte traz dor.

Sem a desencarnação, porém, não atingiríamos a renovação precisa, largando processos menos felizes de vivência ou livrando-nos da caducidade no terreno das formas.


Compreendamos, à face disso, que não podemos louvar as dificuldades que nos rodeiam mas é imperioso reconhecer que, sem elas, eternizaríamos paixões, enganos, desequilibrios e desacertos, motivo pelo qual será justo interpretá-las por chaves libertadoras, que funcionam em nosso espírito, a fim de que nosso espírito se mude para o que deve ser, mudando em si tudo aquilo que lhe compete mudar.



André Luiz
Do livro “Paz e Renovação” - Francisco Cândido Xavier