Redenção



Pergunta: Para que nos purifiquemos, será suficiente acomodar-nos à tristeza e a soledade, por que nos reclamem serviço demasiado à felicidade dos outros?

Emmanuel - Quase sempre exigimos o máximo dos outros na construção da nossa felicidade, sem lhes darmos de nós o máximo na preservação da própria segurança. Entretanto, em apoio de nosso burilamento, urge sustentar atividades e encargos de sacrifício.


Pergunta: Ainda para isso será suficiente que padeçamos o assédio da injúria?

Emmanuel - Caluniam-nos freqüentemente, no entanto, só pelo fato de sermos apontados pelo dedo da injúria, isso não adianta ao aperfeiçoamento espiritual. Impreterível usar compaixão e bondade, à frente daqueles que nos perseguem.


Pergunta: Para que obtenhamos quitação, ante o pretérito culposo, bastará experimentar agruras e provações no reduto doméstico, de ânimo sistematicamente recolhido à rixa e ao mau humor?

Emmanuel - Em muitas circunstâncias, o lar é o cárcere dos nossos sonhos, contudo, é útil recordar que vastas fileiras de criaturas se encontram na mesma situação, agravando padecimentos e lutas pelo abandono das responsabilidades que lhes competem. A regeneração pela qual ansiamos espera por nossa felicidade aos compromissos assumidos, com a nossa disposição de arquivar planos de ventura para quando a Divina Sabedoria nos proclame a libertação.


Pergunta: A fim de que nos aperfeiçoamos, chegará viver sempre sob inquietações aflitivas?

Emmanuel - Vergamo-nos sob o fardo de inquietações opressivas, mas, para que essas inquietações nos sirvam ao reajuste da alma, cabe-nos a obrigação de transformá-las em testemunhos de fé e serviço ao próximo.


Pergunta: Em favor do aprimoramento próprio, será suficiente arrepender-nos dos erros e faltas cometidas?

Emmanuel - Convém notar que o reconhecimento dos próprios erros, perpetrados nesse ou naquele setor da existência, é o primeiro passo da reabilitação, mas, esse começo é empreendimento nulo se não resolvemos corrigir-nos com humildade e paciência, na execução dos deveres que a vida nos recomenda.


Pergunta: Bastará apenas sofrer para que resgatemos os compromissos adquiridos nas existências passadas?

Emmanuel - Se temos o coração aberto em feridas profundas, isso não basta; é preciso transubstanciar as próprias dores em esperanças e ensinamentos.


Pergunta: Basta apenas chorar para realizarmos o expurgo do coração?

Emmanuel - Às vezes, trazemos o semblante lavado de lágrimas, no entanto, o desespero e a inconformação desmancham-se igualmente em pranto amargo; para expurgar o mundo íntimo é mister valermo-nos da provação como recurso de trabalho, para converter a tribulação em alegria e a dificuldade em lição.


Pergunta: Basta apenas bendizer as mãos que nos ferem?

Emmanuel - Bendigamos as mãos que nos ferem. Imperioso, porém, nos dediquemos a fazer algo a fim de que se renovem para o entendimento e para a prática do bem, sob a inspiração dos bons exemplos que lhes pudermos ofertar.


Pergunta: Basta apenas acreditar na verdade, sofrendo o escárnio dos que a recusam?

Emmanuel - Dizemos a verdade e, não raro, riem de nós muitas vezes, só porque isso aconteça, julgam-nos dispensados de trabalhar pela expansão de novas luzes, quando a verdade reclama continuísmo de abnegação para que triunfe a benefício de todos.


Pergunta: Basta apenas recolher pedras de ingratidão?

Emmanuel - Recolher pedras de ingratidão por pétalas de carinho é heroísmo de muitos. Multidões respiram nesse câmbio, estranho de padecimentos morais, preferindo acomodar-se à hipnose da queixa. A ingratidão é sempre resultado da ignorância e para que a ingratidão alheia produza bênçãos redentoras em nós, é necessário prosseguir plantando entendimento e fraternidade na terra seca da incompreensão, de que muitos outros já desertaram.


Pergunta: É lícito contarmos com o auxílio dos Espíritos Superiores grandes missionários da evolução moral na Terra para que nos apóiem no trabalho da própria regeneração?

Emmanuel - Sim, vezes inúmeras, costumamos refletir nas grandes façanhas dos Espíritos valorosos que transformaram a Terra... Acolheram-se à filosofia e criaram novas formas de pensamento; abraçaram a ciência e exalçaram o progresso; elevaram-se na cultura e engrandeceram a arte; agigantaram-se no trabalho e aperfeiçoaram a vida; entretanto, reencarnaram-se entre os homens, lavrando o solo, mecanizando atividades, burilando palavras, renovando costumes, aprimorando leis, desbravando caminhos... Todos eles, cada qual a seu modo, entregaram-nos as chaves da evolução, melhorando a vida por fora. No íntimo, porém, seja nas horas tranqüilas da existência ou nas crises de aflição que nos supliciem a alma, é forçoso lembrar que a redenção verdadeira nasce dentro de nós.


Pergunta: Quando redimiremos espiritualmente a nós mesmos?

Emmanuel - Redimiremos a nós mesmos, quando compreendermos, conscientemente, ao preço do próprio raciocínio, que todos os sofrimentos decorrem das leis de amor que governam a vida. Para isso, é indispensável entendamos que todos vivemos subordinados ao princípio inelutável da reencarnação e que nos reencarnaremos, na Terra ou em outros mundos, tantas vezes quantas se fizeram necessárias, para que se nos edifique o aperfeiçoamento espiritual, seja diante dos imperativos da evolução, que nos traçam inevitáveis labores educativos, ou à frente dos encargos expiatórios que nos apontam graves tarefas de recapitulação e corrigenda, para o expurgo da consciência culpada.


EMMANUEL

(Dos livros “Plantão De Respostas” e “Leis do Amor” – Chico Xavier)

Redenção - Filme


Amigos, hoje eu gostaria de fazer um comentário a respeito de um filme que eu assisti recentemente e que me impressionou muito. Não pelo filme em si, que na verdade achei bem simples e, na minha modesta opinião, poderia ter focado outros pontos da história; o que chama a atenção na verdade é a história que é contada, ainda que em parte, principalmente por que é baseada em fatos reais.


Não é exatamente um filme novo, mas eu só pude conhecer agora, e acho que talvez muita gente ainda não conheça. Foi um filme feito para a TV americana e aqui no Brasil foi lançado diretamente em vídeo. Acho que vale a pena dar uma conferida.



Trata-se do filme “Redenção”. Ele conta a história de Stanley "Tookie" Williams (interpretado pelo excelente Jamie Foxx, ganhador do Oscar em 2005 por "Ray"). “Tookie” foi o fundador de uma gangue de rua de Los Angeles, talvez a mais temida e famosa, conhecida como Crisps. O início do filme mostra sua condenação por quádruplo homicídio e a partir daí foca a sua permanência na prisão na prisão de San Quentin (no “corredor da morte”) enquanto espera que a data da sua execução seja marcada.


Os primeiros anos de sua prisão ainda foram marcados pela violência. Por isso ele passou vários anos em uma área de isolamento (“solitária”) por causa de brigas com outros presos.


Doze anos após sua prisão, ele conhece a escritora Barbara Becnel (interpretada por Lynn Whitfield), que o procura com a intenção de obter seu depoimento, em meio às pesquisas que vem realizando para a produção do seu próximo livro. Passando boa parte do tempo na solitária, ele começa a lembrar-se de como foi sua vida até ali e passa a perceber os grandes erros que cometeu. Então, agora longe das ruas e perplexo com a realidade da violência e com a proporção que ela tomava, seu comportamento muda radicalmente e ele começa a escrever uma série de livros infantis, nos quais mostra o aspecto negativo da violência e estimula as crianças a evitarem as gangues e os crimes.


Inicia assim um trabalho para promover a não-violência, juntamente com a escritora Becnel, que no início encontra forte resistência por parte dos editores, mas por fim consegue publicar os livros.


Os livros então são lançados e tornam-se um sucesso mundial de tal magnitude, visto o trabalho de conscientização que realizam, que Stan “Tookie” Williams acaba sendo indicado ao Prêmio Nobel da Paz, por mais de uma vez, bem como ao Premio Nobel de Literatura.


Como já falei, em relação ao filme, acho que ele deixa muito a desejar, acho que poderia ter explorado mais certos fatos, mas acho que pela mensagem que deixa já vale ser visto.


Bom, referindo-se ao tema que rege este blog, o filme não possui temática espírita, mas apresenta inúmeros temas que podem (e a meu ver, devem) ser analisados à luz do espiritismo, como violência, vingança, pena de morte, preconceito, perdão, arrependimento etc. Meu intuito neste post não é de discutir esses temas, mas apenas sugerir o filme, espero que cada um possa vê-lo e tirar suas próprias conclusões. Entre outras coisas acho que nós podemos, a partir do filme, lembrar que toda ação gera invariavelmente uma reação e que somos responsáveis pelas escolhas que fazemos. Isso também nos leva a refletir sobre o que estamos fazendo para corrigir nossos erros anteriores e para melhorar o mundo em que vivemos. Afinal, que tipo de seres humanos nós somos? Fica a pergunta...


Achei interessante ver como um ex-líder de gangue, violento e assassino, pôde se modificar, alcançando a redenção, que dá título ao filme, e sendo capaz de nos mostrar uma lição tão magnífica. É interessante perceber também como o exemplo de apenas um homem pode modificar as atitudes de várias pessoas.


Isso também me fez pensar sobre a questão da pena de morte... É óbvio que a justiça dos homens faz-se necessária, algo tem de existir para garantir a ordem. Será que, se o “Tookie” jamais tivesse sido preso, ele teria parado para pensar sobre sua vida, ou teria continuado a fazer o que sempre fez nas gangues violentas? Será que foi necessária a sua prisão e os anos na solitária para que ele refletisse e resolvesse algo para tentar corrigir os erros cometidos? Talvez sim. Mas aí temos que pensar: até onde pode ir a justiça dos homens? Será que podemos decidir quem vive ou quem morre? E ainda: podemos julgar se essa ou aquela pessoa “merece” viver? Confesso a vocês que um dia eu já fui a favor da pena de morte e do aborto, mas hoje, graças a Deus, mudei minha percepção a respeito desses assuntos. Ah, como eu desejo que um dia todo mundo tenha o conhecimento do espiritismo e possa entender que nós não temos o direito de decidir sobre a vida de ninguém, que todos nós merecemos uma chance...


Para finalizar, gostaria de ressaltar que, em virtude do trabalho realizado por “Tookie”, foi criada uma campanha pedindo clemência, gerando inclusive organizações como a “Save Tookie”, mas apesar disso, Stan “Tookie” Williams foi executado, por injeção letal, ao cumprir a pena de morte imposta pelo estado americano da Califórnia, em 13/12/2005, inclusive após o filme que relato aqui ter sido produzido.



Sobre a execução de Tookie, o blog Marco Negro” fez um post chamado “Stan Tookie Williams – Uma voz calada por Schwarzenegger”.


Bom, fica aí a minha dica, espero que gostem!

Abraços a todos! Muita paz e luz!

Adriana


Para saber mais: http://www.tookie.com/