Suicídio e autocastigo



Suicídio, não pense nisso

Nem mesmo por brincadeira...

Um ato desses resulta

Na dor de uma vida inteira.


Por paixão, Quím afogou-se

Num poço de Guararema.

Renasceu em provação

Atolado no enfisema.


Matou-se com tiro certo

A menina Dilermanda.

Voltou em corpo doente,

Não fala, não vê nem anda.


Pôs fogo nas próprias vestes

Dona Cesária da Estiva...

Está de novo na Terra

Num corpo que é chaga viva.


Suicidou-se à formicida

Maricota da Trindade...

Voltou... Mas morreu de câncer

Aos quatro meses de idade.


Enforcou-se o Columbano

Para mostrar rebeldia...

De volta, trouxe a doença

Chamada paraplegia.


Queimou-se com gasolina

Dona Lília Dagele.

Noutro corpo sofre sarna

Lembrando fogo na pele.


Tolera com paciência

Qualquer problema ou pesar;

Não adianta morrer,

Adianta é se melhorar.


(Cornélio Pires)


* * *


Deus não castiga o suicida, pois é o próprio suicida quem se castiga. A noção do castigo divino é profundamente modificada pelo ensino espírita. Considerando-se que o Universo é uma estrutura de leis, uma dinâmica de ações e reações em cadeia, não podemos pensar em punições de tipo mitológico após a morte. Mergulhado nessa rede de causas e efeitos, mas dotado do livre arbítrio que a razão lhe confere, o homem é semelhante ao nadador que enfrenta o fatalismo das correntes de água, dispondo de meios para dominá-las.


Ninguém é levado na corrente da vida pela força exclusiva das circunstâncias. A consciência humana é soberana e dispõe da razão e da vontade para controlar-se e dirigir-se. Além disso, o homem está sempre amparado pelas forças espirituais que governam o fluxo das coisas. Daí a recomendação de Jesus: “Orai e vigiai”. A oração é o pensamento elevado aos planos superiores – a ligação do escafandrista da carne com os seus companheiros da superfície – e a vigilância é o controle das circunstâncias que ele deve exercer no mergulho material da existência.


O suicida é o nadador apavorado que se atira contra o rochedo ou se abandona à voragem das águas, renunciando ao seu dever de vencerias pela força dos seus braços e o poder da sua coragem, sob a proteção espiritual de que todos dispomos.


A vida material é um exercício para o desenvolvimento dos poderes do espírito. Quem abandona o exercício por vontade própria está renunciando ao seu desenvolvimento e sofre as consequências naturais dessa opção negativa. Nova oportunidade lhe será concedida, mas já então ao peso do fracasso anterior.


Cornélio Pires, o poeta caipira de Tietê, responde à pergunta do amigo através de exemplos concretos que falam mais do que os argumentos. Cada uma de nossas ações provoca uma real, o da vida. A arte de viver consiste no controle das nossas ações (mentais, emocionais ou físicas) de maneira que nós mesmos nos castigamos ou nos premiamos. Mas mesmo no autocastigo não somos abandonados por Deus que vela por nós em nossa consciência.


(Irmão Saulo)


Textos retirados do livro “Astronautas do Além”, de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires - Espíritos diversos.



A história de Júlio (Parte 2)


Na minha encarnação anterior tive por pais os mesmos espíritos que o foram nesta última.


Eles formavam uma família feliz. Meus pais, casados há anos, viviam harmoniosamente, tinham duas filhas casadas e netos, quando mamãe engravidou. Embora surpresos, achando-se velhos, me receberam como presente de Deus. Foram excelentes pais, me amaram, cuidaram de mim, me educaram, dando ótimos exemplos. Cresci forte, sadio e inteligente.


Espírito inquieto, não dei valor a nada que recebia. Achava meus pais velhos, “caretas” e me envergonhava deles. Era respondão, às vezes bruto com eles. Achava que me enchiam.


Estudava numa universidade e comecei a consumir drogas. Não tinha motivos como desculpas. Não existem motivos para entrar no vício, mas alguns viciados arriscam algum fator para se justificar. Quis sensações novas e achei que nunca ia me tornar dependente delas. Das leves às pesadas, me viciei, porém achava que as largaria quando quisesse. Comecei a gastar mais dinheiro e mentia aos meus pais, dizendo que era para o estudo. Não desconfiavam e me davam, privando-se até de remédios.


Foi então que ocorreu o acidente. Numa viagem de fim de semana, meus pais desencarnaram juntos num acidente de trem.


Senti a falta deles, mais ainda do que eles faziam por mim. Não quis morar com minhas irmãs, fiquei sozinho na nossa casa. Formei-me dois meses depois e arrumei um emprego. Mas passei a me drogar cada vez mais. E agora não escondia e as usava em casa.


- Júlio, por favor, pare com isso! Pense em nossos pais! — diziam minhas irmãs, preocupadas.


- Não sou um viciado! Uso-as porque quero e paro quando quiser — respondia rudemente.


Minhas irmãs, cunhados e até sobrinhos, ao saberem, tentaram me ajudar. Passei a ser violento, não aceitei a intromissão deles.


Não produzia no trabalho e, como faltava muito, fui demitido e passei a consumir cada vez mais tóxicos; me tornei um farrapo humano. Fui vendendo tudo o que era de valor em casa, não comprei mais alimentos, minhas irmãs que os traziam, como também passaram a pagar as despesas da casa e alguns débitos meus. Mesmo assim, não gostava dos meus familiares, não queria vê-los, os evitava e quando vinham em casa os expulsava violentamente. Senti que eles planejavam me internar. Então, achando que a vida estava insuportável, resolvi me suicidar. Tomei uma overdose. Mas não morri, passei mal. Quando melhorei, levantei-me; estava deitado no tapete da sala. A casa estava uma anarquia. Tomei remédios, todos que encontrei, o resto de heroína e uma bebida alcoólica, deitei de novo, certo de que dessa vez ia morrer.


Desencarnei logo, mas era de noite. No outro dia minha irmã veio com a ambulância para me levar e acharam meu corpo morto.


Perturbei-me extremamente. Quando saí do torpor, senti-me preso, no escuro, com cheiro insuportável. Meu corpo estava enterrado e eu ligado a ele. Somos espíritos revestidos do perispírito e encarnados no corpo físico. Quando o corpo carnal morre, o deixamos e este parece somente uma roupa usada. Continuamos a viver espiritualmente revestidos com o corpo perispiritual. Isso é o que normalmente acontece. Mas há os que abusam e imprudentemente, como eu, danificam o corpo físico, a abençoada roupa que nos é dada para nos manifestarmos no campo material. Não fui desligado e fiquei junto ao corpo, sofrendo atrozmente.


Lembrei-me dos meus pais, do amor deles por mim e chorei; chamei por eles:


Mamãe! Papai! Acudam-me!”


Senti-me tirado dali, parecia que fiquei ali séculos e não meses.


Não consegui me recuperar. Internado num hospital para suicidas, estava perturbado demais. Não tinha desculpa e não quis me perdoar. Que havia feito do meu corpo perfeito? Danifiquei-o com as drogas. Não merecia outro perfeito.


Faço uma ressalva, esta é minha história, que ocorreu comigo. Isso não acontece com todos que foram viciados nem com todos os suicidas. Mas normalmente estes sofrem muito, se os encarnados tivessem consciência disso, não se drogariam nem se suicidariam.


Meus pais preocuparam-se comigo. Amavam-nos muito, a mim e a todos os familiares.


Tiveram uma desencarnação violenta num acidente brutal. Foram socorridos pelos seus merecimentos. Sentiram que eu estava mal, então souberam que era viciado. Tentaram me ajudar, porém essa ajuda é restrita ao livre-arbítrio do necessitado. Pediram auxílio mentalmente às outras filhas, elas tentaram, ignoraram as ofensas e tudo fizeram, até se sacrificaram financeiramente, venderam bens para pagar meus débitos e para ter dinheiro para me internar.


Meus pais viram tristemente meu suicídio. Só quando me comovi ao lembrar deles é que puderam desligar-me da matéria podre e me socorrer.


Entenderam que só melhoraria na matéria. Estava tão perturbado, me desorganizei tanto que só me recuperaria no corpo físico. Com o esquecimento, me organizaria, encarnado recuperaria o que por livre vontade desordenei, danifiquei.


Meus pais reencarnaram unidos por um carinho profundo, casaram novamente e me receberam alegremente por filho.


Do livro “Deficiente mental, porque fui um?” (Cap. 2) - Ditado por diversos espíritos - Psicografia de Vera Lúcia Marinzeck Carvalho - Editora Petit



O suicídio de um ateu (Parte 2)



...CONTINUAÇÃO



O resultado dessas duas evocações, sendo transmitido à pessoa que nos pedira para fazê-las, recebemos dela a resposta seguinte:


Não podeis crer, senhor, o grande bem produzido pela evocação de meu sogro e de meu tio. Reconhecemo-los perfeitamente; sobretudo a escrita do primeiro tem uma analogia marcante com aquela que tinha quando vivo, tanto melhor que, durante os últimos meses que passou conosco, ela era brusca e indecifrável; nela se encontra a mesma forma das pernas das letras do parágrafo e de certas letras, principalmente os d, f, o, p, q, t.


Quanto às palavras, às expressões e ao estilo, é ainda mais surpreendente; para nós a analogia é perfeita, senão que está mais esclarecido sobre Deus, a alma e a eternidade que negava tão formalmente outrora.


Estamos perfeitamente convencidos de sua identidade; Deus nisso será glorificado pela vossa crença mais firme no Espiritismo e nossos irmãos, Espíritos ou viventes, com isso se tornarão melhores. A identidade de seu irmão não é menos evidente; com a diferença imensa do ateu ao crente, reconhecemos o seu caráter, o seu estilo, as suas formas de frases; uma palavra sobretudo nos surpreendeu, é a de panacéia; era a sua palavra habitual; ele a dizia e repetia a todos e a cada instante.


Comuniquei essas duas evocações a várias pessoas que se surpreenderam com a sua veracidade; mas os incrédulos, aqueles que partilham as opiniões de meus dois parentes, gostariam de respostas ainda mais categóricas; que o Sr. D..., por exemplo, precisasse o lugar onde foi enterrado, aquele onde se afogou, de qual maneira fez isso etc.


Para satisfazê-los e convencê-los, não poderíeis evocá-lo de novo, e, nesse caso, poderíeis dirigir-lhe as perguntas seguintes: Onde e quando se cumpriu o seu suicídio? Quanto tempo ele permaneceu sob a água? - Em que lugar seu corpo foi encontrado? - Em que lugar foi enterrado? – De que maneira, civil e religiosa, foi procedida a sua inumação? Etc.


Consenti, eu vos peço, senhor, fazer responder categoricamente a estas perguntas que são essenciais para aqueles que ainda duvidam; estou persuadido do bem imenso que isso produzirá. Espero que a minha carta vos chegue amanhã, sexta-feira, a fim de que possais fazer essa evocação na sessão da Sociedade que deve ocorrer nesse dia... etc.”


Reproduzimos esta carta, por causa de um fato de identidade que ela constata; a ela juntamos a resposta que demos, para a instrução de pessoas que não estão familiarizadas com as comunicações de além-túmulo:


... As perguntas que pedis para serem dirigidas de novo ao Espírito de vosso sogro, são, sem dúvida, ditadas por uma louvável intenção, a de convencer incrédulos; porque, em vós não se mistura nenhum sentimento de dúvida e de curiosidade; mas, um mais perfeito conhecimento da ciência espírita vos faria compreender que elas são supérfluas.


Primeiro, pedindo-me para responder categoricamente ao senhor vosso padrasto, ignorais sem dúvida que não se governa os Espíritos à vontade; eles respondem quando querem, como querem, e, freqüentemente, como podem; a sua liberdade de ação é ainda maior do que quando vivos, e têm mais meios para escaparem ao constrangimento moral do que se poderia exercer sobre eles.


As melhores provas de identidade são aquelas que eles dão espontaneamente, por sua própria vontade, ou que nascem de circunstâncias, e é, na maioria do tempo, em vão que se procure provocá-los. Vosso parente provou a sua identidade de maneira irrecusável, segundo vós; é, pois, mais que provável que recusaria responder a perguntas que, com razão, pode olhar como supérfluas e tendo em vista satisfazer a curiosidade de pessoas que lhe são indiferentes.


Ele poderia responder, como freqüentemente fazem outros Espíritos em semelhante caso: “Por que me perguntar coisas que sabeis?” Acrescentarei mesmo que o estado de perturbação e de sofrimento, em que se encontra, deve lhe tornar mais penosas as procuras desse gênero; é absolutamente como se se quisesse constranger um enfermo que pode com dificuldade pensar e falar, a contar detalhes de sua vida; isso seria, seguramente, faltar à consideração que se deve em sua posição.


Quanto ao resultado que esperais, seria nulo, estejais disto persuadido. As provas de identidade que foram fornecidas têm um valor bem maior, por isso mesmo que são espontâneas e que nada podia colocar sobre o caminho; se os incrédulos com elas não estão satisfeitos, não o estariam mais, talvez menos ainda, por perguntas previstas e que poderiam suspeitar de conivência.


Há pessoas a quem nada pode convencer; elas veriam com seus olhos o Sr. vosso sogro em pessoa, e se diriam um joguete de alucinação. O que há de melhor a fazer com eles é deixá-los tranqüilos e não perder seu tempo com discursos supérfluos; não há senão que lamentá-los, porque não aprenderão senão muito depressa, às suas custas, o que custa por ter recusado a luz que Deus lhes enviava; é contra estes, sobretudo, que Deus faz manifestar-se a severidade.


Duas palavras ainda, senhor, sobre o pedido que me fazeis de fazer essa evocação, no mesmo dia em que recebesse a vossa carta. As evocações não se fazem assim com uma varinha; os Espíritos não respondem sempre ao nosso chamado; é necessário, para isso, que possam ou que queiram; é necessário, além do mais, um médium que lhes convenha e que tenha aptidão especial necessária; que esse médium esteja disponível no momento dado; que o meio seja simpático ao Espírito etc. Todas as circunstâncias pelas quais não se pode nunca responder, e que importa de conhecer quando se quer fazer a coisa seriamente.”


Fonte: Revista Espírita (Fevereiro de 1861) – Allan Kardec

(Conversas familiares de além-túmulo)


O suicídio de um ateu (Parte 1)



O Sr. J. B. D., evocado a pedido de um de seus pais, era um homem instruído, mas imbuído ao último grau de idéias materialistas, não crendo nem em sua alma nem em Deus. Afogou-se voluntariamente há dois anos.


1. Evocação.


R. Eu sofro! Sou condenado.


2. Fomos rogados a vos chamar, da parte de um de vossos parentes, que deseja conhecer a vossa sorte; quereis nos dizer se a nossa evocação vos é agradável ou penosa?


R. Penosa.


3. A vossa morte foi voluntária?


R. Sim.


Nota: O Espírito escreveu com extrema dificuldade; a escrita era muito grande, irregular, convulsiva e quase ilegível. No seu início, mostra cólera, quebra um lápis e rasga o papel.


4. Tende mais calma; todos nós rogamos a Deus por vós.


R. Eu sou forçado em acreditar em Deus.


5. Que motivo pôde vos levar a vos destruir?


R. Aborrecimento da vida sem esperança.


Nota: Concebe-se o suicídio quando a vida é sem esperança; quer-se escapar da infelicidade a todo preço; com o Espiritismo, o futuro se abre e a esperança se legitima; o suicida não tem, pois, mais objetivo: bem mais, reconhece-se que, por esse meio, não se escapa de um mal senão para cair em um outro que é cem vezes pior. Eis porque o Espiritismo já arrancou tantas vítimas à morte involuntária. Estão, pois, errados, e são sonhadores aqueles que procuram, antes de tudo, o fim moral e filosófico? São culpáveis aqueles que se esforçam em acreditar por sofismas científicos, e supostamente em nome da razão, essa idéia desesperadora, fonte de tantos males e de crimes, que tudo acaba com a vida! Serão responsáveis, não só pelos seus próprios erros, mas de todos os males dos quais tiverem sido a causa.


6. Quisestes escapar às vicissitudes da vida; com isso ganhastes alguma coisa? Sois mais feliz agora?


R. Por que o nada não existe?


7. Quereis ser bastante bom para nos descrever a vossa situação, o melhor que puderdes.


R. Eu sofro por estar obrigado a crer em tudo o que negava. A minha alma está como num braseiro; ela está horrivelmente atormentada.


8. De onde vos vieram as idéias materialistas que tínheis quando vivo?


R. Numa outra existência, eu fui mau, e o meu Espírito estava condenado a sofrer os tormentos da dúvida durante a minha vida; também me matei.


Nota: Há aqui toda uma ordem de idéias. Pergunta-se, freqüentemente, como pode haver materialista, uma vez que tendo já passado pelo mundo espírita dever-se-ia ter dele a intuição; ora, é precisamente essa intuição que é recusada, como castigo a certos Espíritos que conservaram o seu orgulho, e não se arrependeram de suas faltas. A Terra, é preciso que não se esqueça, é um lugar de expiação; eis porque ela encerra tantos maus Espíritos encarnados.


9. Quando vos afogastes, que pensáveis que vos adviria? Que reflexões fizestes naquele momento?


R. Nenhuma; era o nada para mim. Vi depois que não tendo cumprido a minha pena, sofri toda a minha condenação, e a irei ainda muito sofrer.


10. Agora estais bem convencido da existência de Deus, da alma e da vida futura?


R. Ai de mim! Não sou senão muito atormentado por isso!


11. Tornastes a ver a vossa mulher e o vosso irmão?


R. Oh! Não.


12. Por que isso?


R. Por que reunir os nossos tormentos? Exila-se na infelicidade, não se reúne senão na felicidade; ai de mim!


13. Ficaríeis satisfeito em rever o vosso irmão, que poderíamos chamar aqui, ao vosso lado?


R. Não, não; eu estou muito baixo.


14. Por que não quereis que o chamemos?


R. É que ele não é feliz, ele não mais do eu.


15. Temeis a sua visão; entretanto, isso poderia vos fazer bem?


R. Não; mais tarde.


16. Vosso parente me pede para vos perguntar se assististes ao vosso enterro, e se ficastes satisfeito com o que ele fez nessa ocasião?


R. Sim.


17. Desejais lhe dizer alguma coisa?


R. Que se ore um pouco por mim.


18. Parece que na sociedade que freqüentáveis, algumas pessoas partilham as opiniões que tínheis quando vivo; teríeis alguma coisa a lhes dizer a esse respeito?


R. Ah! Os infelizes! Possam crer em uma outra vida! É o que posso desejar-lhes de mais feliz; poderiam compreender a minha triste posição, isso os faria refletir muito.


Evocação do irmão do precedente, professando as mesmas idéias, mas que não se suicidou. Embora infeliz, é mais calmo; sua escrita é limpa e legível.


19. Evocação.


R. Possa o quadro de nossos sofrimentos vos ser uma lição útil, e vos persuadir de que existe uma outra vida, onde se expiam as suas faltas, a sua incredulidade!


20. Vós e o vosso irmão que acabamos de chamar vos vedes reciprocamente?


R. Não, ele me foge.


21. Estais mais calmo do que ele; poderíeis nos dar uma descrição mais precisa dos vossos sofrimentos?


R. Sobre a Terra não sofreis em vosso amor-próprio, em vosso orgulho, quando sois obrigado a convir com os vossos erros? O vosso Espírito não se revolta ao pensamento de vos humilhar diante daquele que vos demonstrou que estais no erro? Pois bem! O que credes que sofre o Espírito que, durante toda uma existência, persuadiu-se de que nada existe depois dele, que ele tem razão contra todos? Quando de repente se encontra em face da estrondosa verdade, ele é aniquilado, humilhado. A isso vem se juntar o remorso por ter podido, por tanto tempo, esquecer a existência de um Deus tão bom, tão indulgente. Seu estado é insuportável; não encontra nem calma, nem repouso; não reencontrará um pouco de tranqüilidade senão no momento em que a graça santa, quer dizer, o amor de Deus, o tocar, porque o orgulho se apodera de tal modo do nosso Espírito, que o envolve inteiramente, e é preciso ainda muito tempo para se desfazer dessa vestimenta fatal; o que não é senão as preces de nossos irmãos que pode nos ajudar a dele nos desembaraçarmos.


22. Quereis falar dos vossos irmãos vivos ou em Espírito?


R. De uns e de outros.


23. Enquanto conversávamos com o vosso irmão, uma pessoa aqui presente orou por ele; essa prece lhe foi útil?


R. Ela não estará perdida. Se ele recusa a graça agora, isso lhe virá, quando estiver em estado de recorrer a esta divina panacéia.


Fonte: Revista Espírita (Fevereiro de 1861) – Allan Kardec

(Conversas familiares de além-túmulo)


CONTINUA...

Aos quase suicidas





Sim. É a dor fulminante, a dor largamente suportada aquela que se te acumulou no coração, qual represa de fogo e fel, e aquela outra que sempre temeste e que chegou, por fim, à maneira de tempestade, arrasando-te as forças.


São elas, essas agonias indizíveis, para as quais os dicionários humanos não te fornecem palavras adequadas à necessária definição, que, muitas vezes, te fazem desejar a morte, antes do momento em que a morte apareça a cada criatura terrestre, à feição de anjo libertador.


Ainda assim, compreendendo-te os ápices de angústia, em nome de todos aqueles que te amam, aquém das fronteiras de cinza, dos quais te despediste na grande separação, rogamos-te paciência e coragem.


Ergue-te, acima de todos os escombros das próprias ilusões, e contempla os caminhos novos que a Infinita Bondade te reserva.


Se amarguras te azedaram os sonhos, espera pelo tempo cujos filtros não funcionam debalde; se desenganos te buscaram, observa que ensinamentos te trazem; se dificuldades repontaram da estrada, estuda com elas qual a melhor solução aos teus problemas de paz e de segurança; se provações surgiram, atribulando-te as horas, enumera as lições de que se façam portadoras, em teu benefício; se prejuízo te dilapidaram a existência, recorda que o trabalho nunca nos cerra as portas; e se alguém te deixou a alma vazia de afeição, pensa no amor infinito que sustenta o Universo, na certeza de que outras almas te virão ao encontro, abençoando-te o dom de amar e de servir.


Nunca esmoreças, ante as esperanças que te guiam para a vanguarda.


Quando estiveres a ponto de ceder à pior rendição de todas - aquela de recusar o dom da vida - detém-te a refletir em Deus que te criou para a Sabedoria e para o Amor.


E Ele, cujo poder arranca a erva da semente sepultada no chão para a glória solar, te arrebatará igualmente a qualquer transe de sofrimento, a fim de que sobrepaires além de todos os fracassos e de todas as crises do Mundo, de modo a que brilhes e caminhes adiante, aprendendo e trabalhando, servindo e amando, em plenitude de Vida Eterna.



Emmanuel

Extraído da revista “Informação”

Psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier


Conseqüências de um Suicídio



Na noite de 24 para 25 de Maio de 2008 manifestou-se psicofonicamente um amigo suicida que nos contou sua história e seus sofrimentos.


Disse-nos sua identidade que, por razões óbvias, não revelamos.


Antes de se manifestar psicofonicamente, este companheiro espiritual gemia de sofrimento...





Doutrinador: Podeis dizer o que sentis?


Espírito: ...O meu corpo... está todo partido.


Doutrinador: Como aconteceu isso amigo?


Espírito: Deitei-me debaixo de um comboio. Fiquei todo estraçalhado.


Doutrinador: Caíste sem querer?


Espírito: Não. Atirei-me no desespero.


Doutrinador: Olha, meu amigo, vamos rogar a Deus nosso Pai e a Jesus Nosso Mestre, a ajuda.


Espírito: Não tenho feito outra coisa... Já me disseram. Estive muito tempo louco.


Já me disseram que estou um bocadinho melhor. Mas as dores ainda são muitas.


E vim aqui hoje ouvir as vossas lições e servir ... servir de exemplo, ao mesmo tempo que venho recuperar forças aqui.


Já me explicaram... Venho buscar entrar noutro corpo para receber... poder reconstruir o meu corpo e servir de exemplo... para que nenhum de vós façais o mesmo um dia algo de semelhante àquilo que eu fiz, porque ninguém tem o direito de tirar a própria vida e sofre-se muito, muito mais do que antes desse acto, quando julgávamos que a vida era uma escuridão, que não havia saída.


Sofre-se muito... muito... não tem comparação com o sofrimento que se experimenta depois durante muitos e muitos anos... muitos e muitos anos. Eu não sei explicar, mas o corpo que já não temos continua conosco no nosso íntimo. Sentimos cada músculo, cada osso estraçalhado, tudo como se fossemos vivos. Pior, porque destruímos tudo o que tínhamos... e isso é justo, segundo percebi.


Não há outra maneira de recuperar senão o tempo e a mudança dos pensamentos. Não sabemos porquê, só mudam com muito sofrimento e depois de muito tempo passado. Ainda me dói muito, muito, muito e já lá vai muito tempo...


Doutrinador: Recordas-te há quantos anos, querido irmão?


Espírito: Vai fazer 100 anos. Só agora, há pouco é que fui socorrido. Embora sem o saber tenha sido sempre ajudado por Deus, que nunca me abandonou, e por outros seus enviados que eu nunca vi, mas que ficavam perto. Eu só via o meu corpo.


Enlouquecido de dor como se ainda fosse vivo e de desespero pelo que tinha feito, revivendo a toda e hora o acto que cometi.


Uma vez e outra via-me atirando para debaixo do comboio e via o meu corpo sendo todo desfeito.


Julgando que ia encontrar o esquecimento, encontrei a loucura e a dor que ninguém pode explicar senão vivendo... Ai...


Doutrinador: Rogamos a Deus, meu amigo, ajuda para ti. E neste momento estais sendo auxiliado por mensageiros de Jesus, Nosso Mestre.


Espírito: Estou, estou. Eu bem sinto um alívio muito grande às minhas imensas dores. Só mais uns tempos me ajudarão a recuperar, embora eu tenha boa vontade. São coisas muito demoradas...


Doutrinador: Mas vais conseguir, amigo... vais conseguir.


Espírito: Neste lado da vida, onde julgamos que se encontram os mortos, temos todo o tempo do mundo para, porque aqui não há tempo e nós, com a ajuda de todos e com a esperança e fé em Deus vamos conseguindo.


Este é mais um socorro que recebi hoje, um grande alívio para as minhas dores.


Doutrinador: E sabes, amigo, como vieste aqui ter, quem aqui te trouxe?


Espírito: Trouxe-me um auxiliar. Daqueles anjos que nos recolhem da lama, sem pedir nada em troca. Que nos acolhem e tratam da nossa loucura com medicamentos que eu não sei descrever, mas que são uma espécie dos medicamentos que na atualidade chamam homeopáticos... e muita oração em locais semelhantes a hospitais, insonorizados, higienizados, onde não entram vírus, semelhantes a pensamentos destrutivos.


Doutrinador: Muito bem, querido amigo. Temos a certeza que irás recuperar... Estamos solidários contigo...


Espírito: Sobretudo por muito má que a vida vos pareça, por maiores que sejam os golpes, afastai-vos dos pensamentos de destruição do maior bem que recebemos, que é a nosso vida, embora a nós não nos pertença. Só Deus pode decidir quando ela acaba.


Ninguém tem o direito de o fazer antes, porque receberá sempre as conseqüências.


Não que Deus nos castigue. Nós é que nos castigamos com esses atos de rebeldia, de orgulho e de insensatez.


Doutrinador: Tens razão, amigo. Certamente situações da tua última existência te levaram a esse ato desesperado...


Espírito: Mas que nunca seria justificado, porque atentei contra as leis divinas.


Doutrinador: Mas este tratamento e outros que irás receber irão ajudar a recuperar, a refletir sobre tua existência, sobre tua vida, sobre o futuro. E tenho a certeza que irás recuperar numa próxima existência, no plano físico.


Espírito: Com mais lutas ainda para mostrar que aprendi a lição e espero bem aprender!


Doutrinador: Todos nós temos sempre mais lutas...


Espírito: Mas é este ato um dos mais graves que a Humanidade pode cometer. Agora tão em voga, pois no meu tempo era condenado por todos, embora sancionado quando se tratava de lavar a honra das famílias.


Agora, por qualquer coisa se quer acabar com a vida, não dando importância às Leis de Deus, que estão fora de moda e nas quais já poucos acreditam e grandes desilusões sofrem deste lado e muito sofrimento os espera.


Daí que eu queira trabalhar quando recuperar, junto dos que permanecem vivos na Terra. Vivos de corpo, mas ainda não tendo nascido para a verdadeira vida, ignorantes como crianças que ainda não aprenderam.


É esse o meu desejo depois de curar-me. Divulgar por todos aquilo por que passei, para que registrem e evitem o ato de matar aquilo que Deus criou.


Doutrinador: Olha, querido amigo. Ainda te lembras de teu nome, de tua família, de tua cidade?


Espírito: Eu era A.B. e vivi em Braga. Vai fazer cem anos, embora tenha perdido um pouco essa noção do tempo, da sua contagem. É algo que me dizem os amigos que me rodeiam.


Doutrinador: Querido amigo, estamos solidários contigo. Estes momentos em que estás aqui conosco, certamente são boa terapia para o teu espírito. O nosso médico, que é Jesus, o médico das almas vai curar-te a ti e a nós todos através de mensageiros seus. Mas a reflexão que fizeste mostra bem como estás consciente de toda a tua situação.


Nós, aqui no plano físico, lemos relatos circunstanciados de amigos que estão na espiritualidade, que cometeram na última existência o ato do suicídio e relataram tudo o que viveram, o que sofreram, por que padeceram. E depois o reerguimento. Que é o que sucederá contigo. A fé em Deus Nosso Pai na Bondade Infinita e Jesus nosso Mestre...


Espírito: Que tudo perdoa...


Doutrinador:...Te irão ajudar. Sei que não estás sozinho aqui. Provavelmente outros amigos como tu...


Espírito: Nunca estive sozinho embora eu julgasse que sim. E ninguém está sozinho. Por mais que não o veja não o ouça não o sinta... ninguém está sozinho.


Doutrinador: ... Mas digo eu. Provavelmente outros amigos na tua situação...


Espírito: Há alguns sim. Alguns estão aqui presentes. Por que nunca se desperdiça uma oportunidade que seja para auxílio a todos que o necessitam. Nunca se desperdiça estas oportunidades num só ser, porque muitos são os aflitos.


Doutrinador: A todos os companheiros presentes o nosso abraço e rogamos a Deus muita luz para todos.


Espírito: Um pedido apenas. Ficai uns minutos pedindo muita luz sobre este ambiente, porque ela ainda é necessária para alguns amigos que estão neste ambiente sem consciência da situação em que se encontram... e dispensai mais palavras pelo orientador dos trabalhos que transmite o seu pedido de desculpas por achar que nada mais há a dizer... e que todo o trabalho deve ser dirigido ao auxilio de todos os que aqui se encontram.


Mil obrigados. Eternamente serei reconhecido. Talvez um dia vos possa pagar... aquilo que me acabastes de fazer. Que Deus vos auxilie a todos e vos proteja com bons pensamentos.


Doutrinador: Obrigado, querido amigo. Que Deus esteja contigo. Um grande abraço. Da nossa parte vamos continuar em concentração, mentalizando muita luz, durante 10, 15 minutos... o tempo necessário.


Manuel
Núcleo Espírita ‘Amigo Amen’
Santa Maria – Portugal



Retirado do blog Idéia Espírita


Veja uma linda história de caridade => O Suicida do Trem


Amparadores Espirituais – Parte II




(Segunda parte da matéria, publicada na Revista Sexto Sentido N. 22 - Junho de 2001)

O especialista em projeção astral Wagner Borges conversou com a Revista Sexto Sentido sobre sua atuação como amparador espiritual, ajudando espíritos que encontram dificuldades para enfrentar a vida após a morte do corpo físico.



Você já presenciou alguns desencarnes?


- Sim. Eu já vi pessoas morrerem e servi como elemento de ajuda no desprendimento. Outro dia tive uma experiência. Vi um barco bem primitivo, cheio de africanos, que estava fugindo de alguma coisa. O barco virou e todos morreram afogados. Eu vi os espíritos saírem do corpo e, na hora, apareceu uma mulher hindu, desencarnada, que estendia as mãos e projetava luz, puxando os espíritos e enfiando-os dentro de um vórtice de energia. Eu já sabia que eles seriam recebidos do lado de lá. Mentalmente ela me disse que os seres humanos são cegos e não estão vendo esse amor, que os leva para o outro lado na hora certa. Que todo mundo recebe assistência.


Quem define a vinda desse ser, que chega para ajudar? Ele sabe o que vai acontecer com antecedência?


- Ela já sabe que vai acontecer. O processo de reencarnação não é aleatório. Existe uma organização extrafísica, com seres mais avançados que coordenam os processos daqueles que estão submetidos à roda reencarnatória. Vou dar um exemplo: quando você era pequeno, você não escolheu o colégio em que estudou - seu pai e sua mãe o levaram para lá. Depois, você cresceu e pôde escolher seu caminho. Quando uma consciência ainda não sabe o que é melhor para ela, seres mais avançados coordenam o processo até ela alcançar a maturidade para decidir o caminho. Então, esses seres fazem com que ela reencarne em países e situações adequados para aquela determinada alma aprender o que precisa. Às vezes, você vem para uma vida para aprender uma única característica que está faltando.


Nós temos livre-arbítrio e podemos, por exemplo, encurtar o tempo. O suicida é um exemplo disso. Ele vem com uma carga vital e acaba se suicidando. Vamos chamar a vida na Terra de ano letivo: o corpo é o uniforme, o planeta é a escola. Você é enviado para uma série, cada vida é uma série. Ao longo da vida certas coisas vão acontecer e não são livre-arbítrio, mas experiências que esses professores preparam para que a pessoa aprenda algo.


Mas existe o livre-arbítrio. Dentro da sala de aula, o aluno não escolhe o currículo que vai estudar, mas, por exemplo, pode escolher fazer amizade com o colega ao lado ou não. Ele pode estudar mais ou menos. Pode quebrar a carteira ou não. A postura do aluno dentro da sala de aula é livre arbítrio - o currículo que o aluno vai estudar é programado. Como o aluno reage a esse currículo é livre arbítrio.


E os ciclos familiares? Dizem que ficamos reencarnando junto com as mesmas pessoas de um determinado ciclo até as pendências entre todas serem resolvidas.


- Depende - isso também é relativo. Existem milhares que reencarnam ao longo dos séculos e acabam se encontrando ao longo das vidas, mas têm muitas pessoas que ainda estamos conhecendo, que não vêm de uma vida passada. Alguns se perguntam: se há reencarnação, por que a população da Terra continua aumentando? Porque vêm pessoas de outros planetas para cá. Existem milhares de humanidades semelhantes à nossa, espalhadas pela galáxia, na mesma evolução que nós. Existem milhares de outras bem superiores, e milhares bem inferiores.


O que ocorre quando existe uma grande catástrofe, como terremotos?


- É uma espécie de carma coletivo. As pessoas são atraídas para o lugar. Por exemplo, se precisa passar pela experiência de morrer em um terremoto, você não vai nascer no Brasil, mas na Califórnia, nas Filipinas, no Japão, em países sujeitos aos terremotos. O pessoal que programa isso do lado de lá vai encaixar a pessoa num lugar em que ela passe por aquela experiência. Isso já é direcionado. Quando ocorre a tragédia coletiva, o pessoal do lado de lá já sabe com antecedência e todos se preparam bem antes. Do mesmo jeito que existem bancos de sangue nos hospitais, existem bancos de energia do lado de lá. Como esses espíritos são sutis e as pessoas que estão desencarnando, muitas delas, estão em condições bastante densas, vários meses antes eles começam a extrair energia de médiuns, de pessoas bondosas, de grupos ocultistas, espíritas, iogues. Eles captam essas energias sem ninguém saber e vão guardando dentro de aparelhos extrafísícos. Quando ocorre a tragédia, eles usam essa energia para romper os cordões de prata, porque são energias de seres humanos para seres humanos, mais compatíveis. Eu já vi isso do lado de lá. Esses seres espirituais que ajudam - os chamados amparadores, guias espirituais ou benfeitores - são pessoas, seres humanos desencarnados. Entre eles você vai encontrar desde gente quase igual a nós, do mesmo nível, pessoas bacanas, até aquele ser super-avançado que nem mais parece gente como nós, mas uma criatura totalmente de luz.


E como alguém é recrutado para essa função?


- Na verdade, nós somos agentes interdimensionais e já fazíamos parte dessa equipe do lado de lá. Apenas reencarnamos para servir de suporte aos outros. A maioria dos sensitivos que conheço é dessa turma, e é por isso que a comunicação que tenho com eles é natural. Eu não acho que eles são superiores a mim, eles são meus colegas. Agora, é claro que vai ter um colega mais ou menos igual, um mais complicado e um mais avançado, como qualquer grupo de amigos. Você vai ter um amigo que é gênio, um amigo que é chato e um que é igual a você. Espíritos são apenas seres humanos extrafísicos, eles não são divindades. Por exemplo, eu não faço preces para espíritos. Quando ergo a mente em agradecimento, penso num Todo, numa Consciência Cósmica, e se eu tiver de pensar em alguém, penso em alguém como Buda ou Jesus, não como foco religioso, mas como foco de inspiração, de exemplo.


Você tem um mentor?


- Tenho vários mentores. Existem sempre dois ou três que me acompanham há mais tempo. Um deles se chama Vyasa, um hindu, e é quem eu chamo de mentor de muitas coisas que escrevo. Esse é muito presente. Tem outro que aparece como um chinês. E, dependendo da atividade do momento, um ou outro é mais presente.


Tecnicamente falando, guia espiritual é qualquer um que ajude você em algum caminho. Até o ser humano ao seu lado pode ser seu guia, se ele abre caminho para você. Mas, por melhores que sejam os guias, nenhum deles pode caminhar por nós. O que eles podem fazer é apontar caminhos, sugerir idéias. E os guias também não tiram obstáculos do caminho, porque esses obstáculos nos fazem crescer. Isso equivale a uma prova na qual o professor não pode dar as respostas ao aluno.


O guia, que é um professor, um mestre extrafísico, não pode dar resposta de alguns dramas, porque você aprende mais na crise. Se o guia eliminasse a prova, a pessoa não desenvolveria aquela qualidade. A função do guia, então, é tentar inspirar, para que você agüente o tranco da prova, para que sua paciência seja grande, para que seu amor não decaia, para que sua luz continue acesa, mesmo que tudo esteja em trevas à sua volta.


E quando o guia vê, por exemplo, que uma pessoa vai cometer suicídio?


- Ele tenta o máximo possível jogar ondas mentais para ajudá-la. Só que a pessoa costuma estar tão fechada em suas próprias formas mentais, que fica impermeável. É a mesma coisa que tentar conversar com um bêbado. Ele não escuta. Eu costumo dizer que muitas pessoas estão embriagadas emocionalmente: elas não bebem álcool, mas bebem emoções pesadas, tão pesadas que a capacidade de discernimento desaparece. A pessoa é impermeável a tudo de bom que alguém tenta dizer para ela aqui mesmo, na Terra; imagine do lado de lá. Aí entram as leis de causa e efeito: a cada um segundo os seus pensamentos, os seus sentimentos e os seus atos. É a lei mais justa que conheço, na qual cada um recebe, lá na frente, aquilo que fez. Nós vamos semeando a pista em que iremos andar; alguns jogam pregos, e daqui a pouco começam a furar o pé nos pregos que jogaram. Mas existem pessoas que jogam flores.


Isso é causa e efeito, é carma, não tem nada a ver com punição. O umbral não é criação divina, é criação humana, porque esse plano é plasmado a partir das coisas trevosas que estão dentro de nós. Foi o ser humano trevoso que criou o plano astral pesado, da mesma forma que o ser humano avançado criou o plano astral avançado.


Existem idosos que desencarnam e seu espírito se manifesta para pessoas 20, 30 anos depois com a mesma aparência envelhecida. Outros parecem mais jovens. Por que?


- O corpo físico não reflete nosso estado íntimo. Por exemplo, eu posso estar mal, mas disfarçar e ficar rindo, e você não vai saber que estou mal. O corpo físico, o rosto, é uma máscara que não reflete o que pensamos, por isso, podemos enganar uns aos outros.


Quando você sai do corpo, o corpo espiritual reflete o que você pensa, de modo que não dá para enganar o seu estado íntimo. Até aqui, no plano físico, às vezes você vê um ancião e ele tem viço na expressão; outras vezes você vê um jovem e ele está apagado.


Quando a pessoa deixa o corpo, o espírito que estava dentro dele, independente da idade, pode remoçar, porque seu estado íntimo é jovem e o corpo espiritual plasma uma imagem remoçada. Aquele que estava mal pode aparecer envelhecido, carregado.


Se a pessoa deixa o corpo com uma doença, ela pode continuar com a doença no astral?


- Pode continuar até se desprender do condicionamento da doença. Por exemplo, muitos cegos passaram tantos anos sem enxergar que acham que não conseguem ver. Então, às vezes é feito um trabalho psicológico para a pessoa perceber que não está cega e que aquilo é um condicionamento. Uma vez eu vi um desencarnado que voava numa cadeira de rodas. Ele não saía da cadeira porque passou 50 anos sentado em uma. Essa cadeira não era mais física, virou psíquica, era o apoio dele. O homem desencarnou e carregou a forma mental da cadeira de rodas. Depois de um tempo ele vai se descondicionar e passar a voar normalmente, mas às vezes a morte não quebra um condicionamento.


Mesmo depois do espírito ter passado por um hospital extrafísico, onde seu cordão astral é rompido, ele passa por um tratamento para se adaptar à nova realidade de sua existência sem corpo?


- Muitas vezes. O tratamento nos hospitais é energético, mas quem pode mudar sua consciência? Pode-se tentar mudar a energia, deixar a pessoa mais leve, mas ela mesma pode fazer esse processo ficar arrastado, lento.


Sem falar daqueles que não aceitam ter morrido, devido a vários fatores. A pessoa se vê num corpo espiritual que reflete a aparência do físico; ela olha para si mesma e pensa que não morreu, porque está com o mesmo corpo, ou porque Jesus não apareceu como tinha sido prometido, ou porque achava que depois da morte ia ficar dormindo até o dia do Juízo Final. E, se perguntam a ela por que ninguém a vê, ela diz que estão todos cegos. A pessoa arranja mil e um motivos para não admitir o que aconteceu.


Imagine as pessoas que negam a morte a vida inteira - quando morrem elas não vão querer discutir isso e arranjam uma camuflagem psicológica, distorcendo a realidade. Uns falam que é um pesadelo, que vão acordar e descobrir que tudo aquilo não é verdade. Ou que os espíritos à sua volta são demônios, que estão torturando. A pessoa fica num estado de confusão e, às vezes, demora para melhorar.


Mas uma coisa eu garanto: toda pessoa que está bem por dentro tem um processo muito mais rápido do lado de lá. E uma coisa com a qual as pessoas não podem se enganar: uma excelente pessoa pode morrer violentamente, atropelada, ou assassinada. O fato do corpo dela ter ficado em picadinhos embaixo de um carro não significa que ela esteja mal. Um segundo depois ela pode estar bem do lado de lá. E o fato de alguém morrer na cama, dormindo, não garante que ela vá estar bem do outro lado. Tem muito pilantra que morre dormindo. As pessoas se iludem com a aparência do cadáver. O gênero de morte não determina a qualidade da consciência, porque o que determina essa qualidade não é a morte e sim o que se fez em vida.


Existem pessoas que, antes de deixar o corpo, começam a ver parentes já falecidos.


- Isso porque eles geralmente vêm ajudar, vêm puxar a pessoa para fora. Ainda mais alguém de idade, que já está adoentado, com os sentidos físicos amortecidos. Essa pessoa está tendo um adiantamento e, dias antes, já começa a ver o pessoal. Eu acho legal a pessoa se desprender consciente do processo, porque ela carrega essa certeza dentro dela e, nas próximas vidas, nasce encarando a questão da morte como algo natural.


Uma dica que eu dou para o leitor: se a pessoa porventura estiver saindo do corpo na hora da morte, e estiver consciente, ele vai ver seres a sua volta. Se vir algum vórtice energético, ela deve entrar, porque irá fazer uma passagem de dimensões tranqüila. Se ela não vir ninguém - porque, às vezes, devido à diferença vibracional nessa hora, o cordão de prata ainda não se rompeu; os seres estão ali, mas a pessoa não está vendo - um conselho que eu dou é estender as mãos para a frente e projetar luz no centro da testa. O que acontece? O padrão dimensional do corpo espiritual dela muda e ela vê todo mundo ao redor.


E o que acontece depois que alguém desencarna, passa por um hospital e já se encontra adaptada a sua dimensão?


- Nessas dimensões existem cidades extrafísicas plasmadas por seres avançados, nas quais vivem comunidades de espíritos. Quando a pessoa sai do corpo, vê o ambiente imediato, o quarto, a cama. A próxima dimensão é o umbral, o plano astral mais pesado. Passando por ele, estão os hospitais extrafísicos e, a seguir, as cidades astrais. A pessoa não precisa passar por uma dimensão inferior para chegar à outra, porque é uma questão de sintonia. Não é um deslocamento espacial, mas um deslocamento de consciência.


Essas cidades, que existem sobre os lugares físicos, lembram os ambientes imediatos de onde a pessoa saiu. Por exemplo, uma cidade extrafísica por cima de São Paulo reflete uma realidade igual à de São Paulo. Os espíritos mantêm uma realidade igual paralela para que a pessoa se sinta ambientada logo que desencarna.


Nessas cidades espirituais não existem problemas de dinheiro ou violência - é como se fosse a humanidade legal, projetada do lado de lá. É um ambiente humano, com nível igual ao nosso aqui, só que projetado do lado de lá. Então, as pessoas têm atividades de trabalho, lazer, como aqui, mas tudo simplificado e aprofundado. Ou seja, é o plano físico perfeito.


Depois dessas cidades extrafísicas - em que a pessoa recupera a lembrança de vidas passadas, reaprende a voar, retoma ao seu nível -, ela passa para outra freqüência, mais compatível com seu estado interno. São os chamados lugares de estudo e aprendizado. Todo mundo que está ali sabe que teve outras vidas, lembra de tudo, sabe mexer com energia e já ajuda os outros. Nesses ambientes você ainda vê a divisão homem e mulher. Espírito não tem sexo, mas eles mantêm a identidade.



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Para saber mais sobre os espíritos que assistem as pessoas na hora da morte e os hospitais no plano espiritual, veja os livros:


  • “Semeando e Colhendo” – Hercílio Maes (Ed. Freitas Bastos)

  • “Violetas na Janela” – Patrícia (Espírito) / Psicografado por Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho (Ed. Petit)

  • “Vivendo no Mundo dos Espíritos” – Patrícia (Espírito) / Psicografado por Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho (Ed. Petit)

  • “Nosso Lar” – André Luiz (Espírito) / Psicografado por Francisco Cândido Xavier (Ed. FEB)

  • “Obreiros da Vida Eterna” – André Luiz (Espírito) / Psicografado por Francisco Cândido Xavier (Ed. FEB)

  • “Três Arco-Íris / Uma Colônia de Luz” – Josué (Espírito) / Psicografado por Eurípedes Kühl (Ed. Petit)



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