Flagelos Destruidores


Imagem: Deslizamentos de terra causados pela chuva. Rio de Janeiro/Brasil. Abril/2010.


Com que fim Deus castiga a Humanidade com flagelos destruidores?

Resposta dos Espíritos — Para fazê-la avançar mais depressa. Não dissemos que a destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem em cada nova existência um novo grau de perfeição? E necessário ver o fim para apreciaras resultados. Só julgais essas coisas do vosso ponto de vista pessoal, e as chamais de flagelos por causa dos prejuízos que vos causam; mas esses transtornos são frequentemente necessários para fazer com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos.

Deus não poderia empregar, para melhorar a Humanidade, outros meios que não os flagelos destruidores?

Resposta dos Espíritos — Sim, e diariamente os emprega, pois deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. E o homem que não os aproveita; então, é necessário castigá-lo em seu orgulho e fazê-lo sentir a própria fraqueza.

Nesses flagelos, porém, o homem de bem sucumbe como os perversos; isso é justo?

Resposta dos Espíritos — Durante a vida, o homem relaciona tudo a seu corpo, mas, após a morte, pensa de outra maneira. Como já dissemos, a vida do corpo é um quase nada; um século de vosso mundo é um relâmpago na Eternidade. Os sofrimentos que duram alguns dos vossos meses ou dias, nada são. Apenas um ensinamento que vos servirá no futuro. Os Espíritos que preexistem e sobrevivem a tudo, eis o mundo real. São eles os filhos de Deus e o objeto de sua solicitude. Os corpos não são mais que disfarces sob os quais aparecem no mundo. Nas grandes calamidades que dizimam os homens, eles são como um exército que, durante a guerra, vê os seus uniformes estragados, rotos ou perdidos. O general tem mais cuidado com os soldados do que com as vestes.

Mas as vítimas desses flagelos, apesar disso, não são vítimas?

Resposta dos Espíritos — Se considerássemos a vida no que ela é, e quanto é insignificante em relação ao infinito, menos importância lhe daríamos. Essas vítimas terão noutra existência uma larga compensação para os seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem lamentar.


Comentário de Allan Kardec: Quer a morte se verifique por um flagelo ou por uma causa ordinária, não se pode escapar a ela quando soa a hora da partida: a única diferença é que no primeiro caso parte um grande número ao mesmo tempo. Se pudéssemos elevar-nos pelo pensamento de maneira a abranger toda a Humanidade numa visão única, esses flagelos tão terríveis não nos pareceriam mais do que tempestades passageiras no destino do mundo.


Esses flagelos destruidores têm utilidade do ponto de vista físico, malgrado os males que ocasionam?

Resposta dos Espíritos — Sim, eles modificam algumas vezes o estado de uma região; mas o bem que deles resulta só é geralmente sentido pelas gerações futuras.


Os flagelos não seriam igualmente provas morais para o homem, pondo-o às voltas com necessidades mais duras?

Resposta dos Espíritos — Os flagelos são provas que proporcionam ao homem a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar a sua paciência e a sua resignação ante a vontade de Deus, ao mesmo tempo que lhe permitem desenvolver os sentimentos de abnegação, de desinteresse próprio e de amor ao próximo, se ele não for dominado pelo egoísmo.


É dado ao homem conjurar os flagelos que o afligem?

Resposta dos Espíritos — Sim, em parte, mas não como geralmente se pensa. Muitos flagelos são as consequências de sua própria imprevidência. Á medida que ele adquire conhecimentos e experiências, pode conjurá-los, quer dizer, preveni-los, se souber pesquisar-lhes as causas. Mas entre os males que afligem a Humanidade, há os que são de natureza geral e pertencem aos desígnios da Providência. Desses, cada indivíduo recebe, em menor ou maior proporção, a parte que lhe cabe, não lhe sendo possível opor nada mais que a resignação à vontade de Deus. Mas ainda esses males são geralmente agravados pela indolência do homem.


Comentário de Allan Kardec: Entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados em primeira linha a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais à produção da terra. Mas o homem não achou na Ciência, nos trabalhos de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, os meios de neutralizar ou pelo menos de atenuar tantos desastres? Algumas regiões antigamente devastadas por terríveis flagelos não estão hoje resguardadas? Que não fará o homem, portanto, pelo seu bem-estar material, quando souber aproveitar todos os recursos da sua inteligência e quando, ao cuidado da sua preservação pessoal, souber aliar o sentimento de uma verdadeira caridade para com os semelhantes?


Fonte: Livro do Espíritos (Allan Kardec)

Livro Terceiro – As Leis Morais

Cap. 6 – Lei de Destruição

Item II – Flagelos Destruidores


- Leia mais sobre "Tragédias Coletivas" – CLIQUE AQUI.



Acidente aéreo - Regaste inevitável




Não raro estamos nos deparando com uma série de acidentes rodoviários, marítimos, fluviais e aéreos no Brasil e no mundo.


Pela extensão da tragédia, o tema é discutido diariamente pela mídia. Muitas especulações que não levam a nada são lançadas frequentemente, julgando-se pessoas, empresas e instituições públicas sem fundamento investigatório final, de forma precipitada.


Acima de tudo, pergunta-se: todo acidente pode ser evitado?


Como elemento credenciado em prevenção de acidentes, afirmo que sim, pois dentre os princípios filosóficos que norteiam a árdua tarefa de prevenção de acidentes do Sistema de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – SIPAER –, há dois que merecem atenção especial. São eles: “Todo acidente pode e deve ser evitado” e “Todo acidente tem um precedente”. De acordo com esses princípios, nenhum acidente ocorre por “fatalidade”, pois se origina sempre de deficiências enquadradas nos fatores humano, material e operacional. Uma vez analisados os fatores participantes nos acidentes, podem-se adotar medidas enquadradas à neutralização de tais fatores. E se acidentes similares já ocorreram, os fatores contribuintes serão basicamente os mesmos em sua essência, variando apenas a forma como se apresentam.


Como espíritas, afirmamos que nem todo acidente pode ser evitado, pois além do fator humano, material e operacional, deve-se considerar também o fator espiritual, já que a influência dos espíritos é maior do que supomos e muito frequentemente eles que nos dirigem.1


Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec questiona aos espíritos se há fatalidade nos acontecimentos da vida. Os espíritos afirmam: “A fatalidade não existe senão para a escolha feita pelo espírito, ao se encarnar, de sofrer esta ou aquela prova; ao encolhê-la, ele traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria consequência da posição em que se encontra. Falo ainda das provas de natureza física...”2


Os espíritos afirmam também que qualquer que seja o perigo que nos ameace, não morreremos, se a nossa hora não chegar. “Mas, quando chegar a hora de partir, nada nos livrará. Deus sabe com antecedência qual o gênero de morte por que partiremos daqui, e freqüentemente o espírito encarnado o sabe, pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência”.3


O espírito Emmanuel afirma: “na provação coletiva verifica-se a convocação dos espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona então, espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os irmãos na dívida do pretérito para os resgates em comum, razão por que, muitas vezes, intitulais ‘doloroso acaso’ às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhe ocasiona a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos individuais”.4


Portanto, considerando apenas o fator humano, material e operacional, todos os acidentes podem ser evitados. Acrescentando a isso o fator espiritual é de se concluir que há acidentes inevitáveis, pois são planejados antes mesmo da reencarnação do espírito e que somente a misericórdia de Deus poderia evitar.


Continuemos nós a crer na Justiça Divina, a orar aos que partiram de forma tão lamentável, dizendo a cada um deles: “Brilhe a luz pra os teus olhos, irmão que vens de deixar a Terra! Que os bons espíritos de ti se aproximem, te cerquem e ajudem a romper as cadeias terrenas! Compreende e vê a grandeza do nosso Senhor: submete-te, sem queixumes, à sua justiça, porém, não desesperes nunca da sua misericórdia. Irmão! que um sério retrospecto do vosso passado te abra as portas do futuro, fazendo-te perceber as faltas que deixas para trás e o trabalho cuja execução te incumbe para as reparares! Que Deus te perdoe e que os bons espíritos te amparem e animem. Por ti orarão os teus irmãos da Terra e pedem que por eles ores”.5


Por Reginaldo de Oliveira Reis - Jornal Palavra Espírita


Citações:


1. “O Livro dos Espíritos”, item 459.

2. “O Livro dos Espíritos”, item 851.

3. “O Livro dos Espíritos”, item 853-a.

4. “O Consolador”, 2ª parte, questão 250.

5. “O Evangelho segundo o Espiritismo”, capítulo 28, item 61.


* * *


Para saber mais:

Leia os textos do blog referentes ao tema Tragédias Coletivas.

Leia o texto do blog Ideia Espírita: Tragédia Coletiva: por quê?


Considerações sobre as Mortes Coletivas

Falar de qualquer acidente de grandes proporções requer de nós bom senso e muita responsabilidade, especialmente em respeito aos familiares. Normalmente, diante de eventos como os recentes acidentes aéreos no Brasil, somos levados à idéia simplista do “pagar os débitos do passado”. Muitos chegam a acreditar que a Espiritualidade é quem promove as circunstâncias para que tais acidentes aconteçam, esquecendo-se que eles têm como causa a falta ou o erro humano. As catástrofes e tragédias não devem ser consideradas um “castigo de Deus”, mas a necessidade dos Espíritos, em sua jornada evolutiva, reparar individual ou coletivamente alguns erros do passado.

Isso ainda acontece porque nos encontramos em um Planeta de Provas e Expiações. A Terra recebe Espíritos em dívida com as Leis Divinas, e os acidentes de hoje podem representar valiosa oportunidade de colher os frutos dos atos desastrosos plantados no passado.


Porém, nem todos os acontecimentos são colheitas do pretérito. O Espírito pode escolher provas para galgar novos horizontes espirituais, e os momentos de dor e sofrimento acabam resultando em novas conquistas tecnológicas, científicas e/ou morais, que impulsionarão o progresso das coletividades.


Nas palavras dos Espíritos Superiores a Allan Kardec, na resposta à questão 740 de O Livro dos Espíritos, os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo.


Também esclarecem, na questão 737, que Deus permite tais situações para fazer a humanidade progredir mais depressa. Em cada nova existência, os Espíritos sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento, e a destruição é uma necessidade para a regeneração moral destes Espíritos. “Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados”. Costumamos apreciar estas tragédias apenas do nosso ponto de vista pessoal, classificando-as considerando apenas o prejuízo que nos causam. No entanto, “essas subversões são freqüentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos”.


Lei de Causa e Efeito X Carma


Antes de aprofundarmos o tema, dois esclarecimentos se fazem necessários. Primeiro, o fato de tantas desencarnações ocorrerem no mesmo evento não significa que todos os Espíritos envolvidos erraram juntos em outras existências, mas pode ser que cometeram erros semelhantes.


Ainda neste ponto, esclarece o Espírito Clélia Duplantier, em Obras Póstumas, que não podemos esquecer da possibilidade de ocorrer a “a expiação simultânea das faltas individuais”. Ou seja, num acidente de grandes proporções, podem desencarnar inúmeras pessoas, mas cada qual com seus compromissos nos Tribunais da Justiça Divina, até mesmo sem relação entre eles.


Segundo, existem diferenças significativas entre a Lei de Causa e Efeito e a idéia de Carma. Os dois conceitos têm por base a mesma idéia. O Carma, na concepção das religiões orientais, guarda uma relação muito estreita com o “olho por olho, dente por dente”, sugerindo que o indivíduo deve sofrer conforme fez sofrer, passar pelas situações penosas que submeteu os outros. Já para a Doutrina Espírita, o entendimento da Lei de Causa e Efeito amplia muito a noção do Carma, ao considerar que não somente pela dor, mas também pelo amor, o Espírito pode reparar-se frente à Lei Divina. As consciências endividadas podem melhorar seus créditos com os Tribunais Divinos todos os dias, através do trabalho em favor do próximo e do amor fraterno aos deserdados do mundo. Gerando novas causas com o bem praticado hoje, o Espírito interfere nas causas do mal praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando o equilíbrio. Há, imperiosamente, a necessidade de reparação, mas não de punição. Nas palavras de Pedro, “o amor cobre a multidão de pecados”.


Com essa compreensão, informa-nos o Instrutor Silas no livro “Ação e Reação” de André Luiz, que as conquistas morais permitem ao Espírito escolher o gênero de provação durante a existência terrena. Assim, estes Espíritos, que outrora atiraram irmãos indefesos do cimo de torres altíssimas, cometeram hediondos crimes sobre o dorso do mar ou foram suicidas que se despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes, optam por tarefas no campo da Aeronáutica, a cuja evolução oferecem suas vidas.


Porém, cumpre ressaltar que nem todos dispõem do direito de selecionar o gênero de luta que saldarão suas contas com a Justiça Divina. A maioria, por força dos débitos contraídos e dos apelos da própria consciência, não alcança semelhante prerrogativa, cabendo-lhe aceitar sem discutir amargas provas, na infância, na mocidade ou na velhice, através de acidentes diversos, desde a mutilação primária até a morte, de modo a redimir-se de faltas graves.


Em verdade, ao homem estaria facultado evitar o sofrimento dos flagelos se fosse mais cuidadoso nas suas escolhas. Deus, em sua infinita bondade, oferece-nos inúmeros instrumentos de progresso, através do conhecimento do bem e do mal, mas, como seres imperfeitos que ainda somos, constantemente optamos por seguir os caminhos mais ásperos e tortuosos da vida. O homem que não se aproveita dessas oportunidades acaba sendo castigado em seu orgulho, para o despertar necessário.


Portanto, como a Justiça Divina alcança a todos indistintamente, as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas aos lares onde se encontram aqueles com quem se acumpliciaram em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente. Ainda, renascem na tutela dos pais que faliram junto dos filhos em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável, o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família. Deste modo, a dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mútuas.


Tipos de Morte Coletiva


Diante de tantas tragédias porque passa a humanidade, a Doutrina Espírita nos esclarece que há dois tipos de mortes coletivas a considerar: as naturais e as provocadas pelo homem. Naturais são aquelas causadas pela natureza, como por exemplo a peste, a fome, as inundações, os terremotos, os vendavais, entre outros, e haverão de cessar quando a Terra deixar de ser mundo expiatório. Já as tragédias provocadas pelo homem revelam predominância da matéria sobre o Espírito e representam uma grave infração à Lei de Deus. De todos os flagelos destruidores provocados pelo homem, a guerra é o mais doloroso. Mas, à medida que o homem progride, menos freqüentes se tornam os flagelos, por que ele lhe evita as causas.


Remédio


No Item 7, Capítulo III, do livro A Gênese, Kardec nos deixa uma valiosa explicação: “Entretanto, Deus, todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, os constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais da sua existência”.


Esta, pois, é uma explicação para a ocorrência das tragédias que parecem surgir do nada a abatem indivíduos e a coletividade. A Doutrina Espírita compreende esses sofrimentos como parte da programação reencarnatória dos Espíritos, representando, em última análise, medidas de reajuste perante a Lei de Deus.


Nada ocorre sem a permissão de Deus. Confiemos na sua Vontade, que é representação de seu Amor, Justiça e Bondade para com as criaturas. Nesse ponto, reflitamos sobre o exposto no Item 6, Cap. V, de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “...por virtude do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa. Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente. Por outro lado, não podendo Deus punir alguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez, se somos punidos, é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida, tê-lo-emos feito noutra. É uma alternativa a que ninguém pode fugir e em que a lógica decide de que parte se acha a justiça de Deus”.


Retirado do site OSGEFIC

As Expiações Coletivas



Pergunta – O Espiritismo nos explica perfeitamente a causa dos sofrimentos individuais, como conseqüência imediata das faltas cometidas na existência precedente, ou como expiação do passado; mas, uma vez que cada só é responsável pelas suas próprias faltas, não se explicam satisfatoriamente as infelicidades coletivas que atingem as aglomerações de indivíduos, por vezes, toda uma família, toda uma cidade, toda uma nação ou toda uma raça, e que atingem tanto os bons quanto os maus, os inocentes ou os culpados.


Resposta – Todas as leis que regem o Universo, quer sejam físicas ou morais, materiais ou intelectuais, foram descobertas, estudadas, compreendidas, procedendo do estudo da individualidade, e do da família para o de todo o conjunto, generalizando-as gradualmente, e constatando-lhe a universalidade dos resultados.


Ocorre o mesmo hoje com relação às leis que o estudo do Espiritismo dá a conhecer. Podem aplicar-se, sem medo de errar, as leis que regem o indivíduo à família, à nação, às raças, ao conjunto dos habitantes dos mundos, os quais formam individualidades coletivas. As faltas dos indivíduos, as da família, as da nação, cada uma, qualquer que seja o seu caráter, se expiam em virtude da mesma lei. O carrasco expia relativamente à sua vítima, quer indo encontrar-se em sua presença no espaço, quer vivendo em contato com ela numa ou em várias existências sucessivas, até à reparação de todo o mal cometido. Ocorre o mesmo quando se trata de crimes cometidos solidariamente, por um certo número de pessoas. As expiações também são solidárias, o que não aniquila a expiação simultânea das faltas individuais.


Em todo homem há três caracteres: o do indivíduo, do ser em si mesmo; o de membro de família, e, finalmente, o de cidadão. Sob cada uma dessas três faces ele pode ser criminoso e virtuoso, quer dizer, pode ser virtuoso como pai de família, e ao mesmo tempo ser criminoso como cidadão, e reciprocamente; daí as situações especiais que lhe são dadas em suas existências sucessivas.


Salvo alguma exceção, pode-se admitir como regra geral que todos aqueles que, reunidos numa existência, têm uma tarefa comum, já viveram juntos para trabalhar com o mesmo objetivo, e se acharão reunidos ainda no futuro, até que tenham alcançado o objetivo, isto é, expiado o passado, ou cumprido a missão aceita por eles.


Graças ao Espiritismo, compreendeis agora a justiça das provas que não resultam de atos da vida presente, porque já vos foi dito que elas são a quitação de dívidas do passado. Por que não ocorreria o mesmo com relação às provas coletivas?


Dissestes que as infelicidades gerais atingem tanto o inocente como o culpado; mas sabeis que o inocente de hoje pode ter sido o culpado de ontem? Quer ele tenha sido atingido individual ou coletivamente, é que o mereceu. E depois, como já dissemos, há as faltas do indivíduo e as do cidadão; a expiação de uma falta não livra da expiação da outra, porque é necessário que toda a dívida seja paga até o último centavo.


As virtudes da vida privada diferem das da vida pública. Um, que é excelente cidadão, pode ser péssimo pai de família; outro, que é bom pai de família, probo e honesto em seus negócios, pode ser um mau cidadão, ter soprado o fogo da discórdia, oprimido o fraco, manchado as mãos em crimes de lesa-sociedade.


São essas as faltas coletivas que são expiadas coletivamente pelos indivíduos que para elas concorreram, os quais se reencontram para sofrerem juntos a pena de talião, ou ter a ocasião de repararem o mal que praticaram, provando o seu devotamento à causa pública, socorrendo e assistindo aqueles que outrora maltrataram. Assim, o que é incompreensível e inconciliável com a justiça de Deus, sem o conceito da preexistência da alma, se torna claro e lógico pelo conhecimento dessa lei.


A solidariedade, que é o verdadeiro laço social, não está, pois, apenas para o presente; ela se estende ao passado e ao futuro, uma vez que as mesmas individualidades se reuniram, reúnem e reunirão, para subirem juntas a escala do progresso, auxiliando-se mutuamente. Eis aí o que o Espiritismo faz compreensível, por meio da eqüitativa lei da reencarnação e da continuidade das relações entre os mesmos seres.


Clélie Duplantier



Fonte: Livro “Obras Póstumas” – Allan Kardec


Tragédias coletivas




A dolorosa ocorrência do dia 11 de Setembro de 2001, que causou a morte de milhares de pessoas, traz novamente, de forma mais intensa e angustiosa a pergunta: por quê? Por que acontecem essas tragédias coletivas? Outras indagações acorrem à mente: por que alguns foram salvos, desistindo ir trabalhar naquele dia ou chegando atrasado? Por que alguns foram poupados e outros não?


Somente o Espiritismo tem as respostas lógicas, profundas e claras que explicam, esclarecem e, por via de conseqüência, consolam os corações humanos. Para a imensa maioria das criaturas essas provas coletivas constituem um enigma insolúvel, pois desconhecem os mecanismos da Justiça Divina, que traz no seu âmago a lei de causa e efeito. Ante tragédias como essa mais recente, ou como outras de triste memória; diante desses dramáticos episódios a fé arrefece, torna-se vacilante e, não raro, surge a revolta, o desespero, a descrença. Menciona-se que Deus castiga violentamente ou que pouco se importa com os sofrimentos da Humanidade. Chega-se ao ponto de comparar-se o Criador a um pai terreno e, nesse confronto, este sair ganhando, pois zela pelos seus filhos e quer o melhor para eles, enquanto que Deus...


Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, interrogou os Espíritos Superiores quanto às provas coletivas, no item intitulado Flagelos Destruidores, conforme vemos em "O Livro dos Espíritos", nas questões 737 a 741. Nos últimos tempos a Espiritualidade Amiga tem-se pronunciado a respeito das provações coletivas, conforme comentaremos a seguir, com alguns exemplos.


Exatamente no dia 17 de dezembro de 1961, em Niterói (RJ), ocorre espantosa tragédia em um circo apinhado de crianças e adultos que procuravam passar uma tarde alegre, envolvidos pela magia dos palhaços, trapezistas, malabaristas e domadores com os animais. Subitamente irrompe um incêndio que atinge proporções devastadoras em poucos minutos, ferindo e matando centenas de pessoas, queimadas, asfixiadas pela fumaça ou pisoteadas pela multidão em desespero. Essa dramática ocorrência, que comoveu o povo brasileiro, motivou a Espiritualidade Maior a trazer minucioso esclarecimento, conforme narrativa do Espírito Humberto de Campos, inserida no livro "Cartas e Crônicas" (ed. FEB), cap. 6.


Narra o querido cronista espiritual que no ano de 177, em Lião, no sopé de uma encosta, mais tarde conhecida como colina de Fourvière, improvisara-se grande circo, com altas paliçadas em torno de enorme arena. Era a época do imperador Marco Aurélio, que se omitia quanto às perseguições que eram infligidas aos cristãos. Por isto a matança destes era constante e terrível. Já não bastava que fossem os adeptos do Nazareno jogados às feras para serem estraçalhados. Inventavam-se novos suplícios. Mais de vinte mil pessoas haviam sido mortas. Anunciava-se para o dia seguinte a chegada de Lúcio Galo, famoso cabo de guerra, que desfrutava atenções especiais do Imperador. As comemorações para recebê-lo deveriam, portanto, exceder a tudo o que já se vira. Foi providenciada uma reunião para programação dos festejos. Gladiadores, dançarinas, jograis, lutadores e atletas diversos estariam presentes. Foi quando uma voz lembrou: - "Cristãos às feras!" Todos aplaudiram a idéia, mas logo surgiram comentários de que isto já não era novidade. Em consideração ao visitante era preciso algo diferente. Assim, foi planejado que a arena seria molhada com resinas e cercada de farpas embebidas em óleo, sendo reunidas ali cerca de mil crianças e mulheres cristãs. Seriam ainda colocados velhos cavalos e ateado fogo. Todos gargalhavam imaginando a cena. O plano foi posto em ação. E no dia seguinte, conforme narra Humberto de Campos, ao sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, encontraram a morte, queimadas ou pisoteadas pelos cavalos em correria. Afirma o cronista espiritual que quase dezoito séculos depois, a Justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou os responsáveis em dolorosa expiação na tragédia do circo, em Niterói.


Uma outra tragédia também mereceu dos Benfeitores Espirituais vários esclarecimentos. Por ocasião do incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, ocorrido no dia lº de fevereiro de 1974, o médium Francisco Cândido Xavier, em seu lar, em Uberaba (MG), ouvindo a notícia pelo rádio, reuniu-se em prece com quatro amigos, solicitando auxílio dos Benfeitores Espirituais para as vítimas. Atendendo ao apelo apresenta-se o Mentor Espiritual Emmanuel e escreve, através do médium, comovedora prece inserida no livro "Diálogo dos Vivos".


Dias depois, em reunião pública, na qual estavam presentes alguns familiares de vítimas do incêndio do Joelma, os poetas Cyro Costa e Cornélio Pires (Espíritos) manifestaram-se pela psicografia, ditando ao médium sonetos referentes à tragédia. O soneto de Cyro Costa traz uma dedicatória e transcrevemos, tal como está, no citado livro "Diálogo dos Vivos" (cap. 26, pág. 150):


“Deus não castiga ninguém. Admitindo que já vivemos antes, fica mais fácil compreender. Não ensinou o Cristo que quem com ferro fere, com ferro será ferido? Que todo homem será punido naquilo em que pecar? Dentro desse raciocínio legitimamente cristão, quem, em conjunto com outras pessoas, agrediu o próximo não teria que pagar em conjunto?”


É esse o chamado “carma coletivo”. Toda ação que praticamos, boa ou má, recebemos de volta. Nosso passado determina nosso presente, não existindo, pois, favoritismos, predestinações ou arbítrios divinos. O homem é o árbitro do seu destino, subordinado ao determinismo cósmico, essencialmente complacente e progressivo, transcendendo o espaço e o tempo.


Na provação coletiva, morte de muitos, em situações iguais, verifica-se a convocação dos espíritos encarnados, participantes do mesmo débito relacionado ao passado delituoso e obscuro. A história da civilização é um relato de crimes, violências e absurdos e lá estivemos juntos, “aprontando”... As Cruzadas, a inquisição, as injustiças de todas as guerras... Só se livra das dívidas, quitando-as. Quem não deve não paga. É por isso que muitos perdem o avião que se acidentaria dali a pouco, enquanto outros nele viajam inesperadamente. É lógico que quem escapou não fazia parte do grupo de devedores. E, como o espírito é imortal, deixando o corpo, ele parte para novas experiências, no aprendizado em direção à felicidade verdadeira e definitiva.


FATALIDADE E DESTINO



UMA LIGEIRA REFLEXÃO SOBRE A LEI DE CAUSA E EFEITO




Na vida humana, tudo tem uma razão de ser, nada ocorre por acaso, ainda mesmo quando as situações se nos afigurem trágicas. O recente acidente aéreo, ocorrido com o Airbus da TAM, que se chocou contra um prédio da empresa, ao lado do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, no dia 17 de julho de 2007, parece-nos um evidente episódio de resgate coletivo.


Muitos desses acertos de contas são demonstrados pelos Espíritos, em diversas obras da literatura espírita. André Luiz narra um desastre aéreo, em que o piloto, confuso pelo denso nevoeiro, não pôde evitar o choque da grande aeronave, espatifando-se contra a montanha. Neste caso, um instrutor espiritual comenta que “as vítimas certamente cometeram faltas em outras épocas, atirando irmãos indefesos da parte superior de torres altíssimas para que seus corpos se espatifassem no chão; suicidas que lançaram-se de altos picos ou edifícios, que por enquanto só encontraram recursos em tão angustiante episódio para transformarem a própria situação”. (1)


Quanto aos parentes mais próximos das vítimas, como inseri-los no contexto dos fatos? Pela lógica da vida, eles (os parentes, sobretudo os pais), muitas vezes, foram cúmplices de delitos lamentáveis no passado, e, por isso, necessitam passar por essas penas, entronizando-se, aqui, a idéia de que o acaso não existe na concepção espírita.


Como entender a magnanimidade da Bondade de Deus e o ensinamento do Cristo, ante as mortes coletivas, ocorridas em l961, naquele patético incêndio do “Gran Circus Norte-Americano”, em Niterói? Como compreender os óbitos registrados no terremoto que atingiu a cidade histórica de Bam, no Irã, no final de 2003? Como explicar o acidente com o Boeing da Flash Airlines, que ocorreu no Egito, provocando a morte de 148 pessoas que estavam a bordo daquela aeronave, em 3 de janeiro de 2004? Qual o significado dos que foram tragados pelas águas do Tsunami, tragédia, cujas dimensões deixaram o mundo inteiro consternado? O que pensar, ainda, sobre o naufrágio do Titanic, transatlântico que transportava cerca de 2.200 pessoas? O que dizer das quase 3.000 vítimas decorrentes do ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, a 11 de setembro de 2001? Como interpretar esses destinos?


Para as tragédias coletivas, somente o Espiritismo tem as respostas lógicas, profundas e claras, que explicam, esclarecem e, por via de conseqüência, consolam os corações humanos, perante os ressaibos amargosos dessas situações. O fato é que nós criamos a culpa, e nós mesmos formatamos os processos para extinguir os efeitos. Ante as situações trágicas da Terra, o ser humano adquire mais experiência e mais energias iluminativas no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar cada instante de sua vida. Com as verdades reveladas pelo Espiritismo, compreende-se, hoje, a justiça das provações, entendendo-as como sendo uma amortização de débitos de vidas pregressas.


Autores espirituais explicam, a respeito desse assunto, que indivíduos envolvidos em crimes violentos, no passado e, também, no presente, a lei os traz de volta, por terem descuidado da ética evangélica. Retornam e se agrupam em determinado tempo e local, sofrendo mortes acidentais de várias naturezas, inclusive nas calamidades naturais. Assim, antes de reencarnarmos, sob o peso de débitos coletivos, somos informados, no além-túmulo, dos riscos a que estamos sujeitos, das formas pelas quais podemos quitar a dívida, porém, o fato, por si só, não é determinístico, até, porque, dependem de circunstâncias várias em nossas vidas a sua consumação , uma vez que a lei cármica admite flexibilidade, quando o amor rege a vida e “o amor cobre uma multidão de pecados.” (2)


Nossos registros históricos pelas vias reencarnatórias, muitas vezes acusam o nosso envolvimento em tristes episódios, nos quais causamos dor e sofrimento ao nosso próximo. Muitas vezes, em nome do Cristo, ateamos fogo às pessoas, nos campos, nas embarcações e nas cidades, num processo cego de perseguição aos “infiéis”. Com o tempo, ante os açoites da consciência, deparando-nos com o remorso, rogamos o retorno à Terra pelo renascimento físico, com prévia programação, para a desencarnação coletiva, em dolorosas experiências de incêndios, afogamentos e outras tantas situações traumáticas para aliviar o tormento que nos comprime a mente.


Ao reencarnarmos, atraídos por uma força magnética (sintonia vibratória), conseqüente dos crimes praticados coletivamente, reunimo-nos circunstancialmente e, por meio de situações drásticas, colhemos o mesmo mal que perpetramos contra nossas vítimas indefesas de antanho. Portanto, as faltas coletivamente cometidas pelas pessoas (que retornam à vida física) são expiadas solidariamente, em razão dos vínculos espirituais entre elas existentes. Destarte, explica Emmanuel: “na provação coletiva verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona então espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os comparsas na dívida do pretérito para os resgates em comum, razão por que, muitas vezes, intitulais – doloroso acaso - às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos individuais.” (3)


Embora muitos acidentes nos comovam profundamente, seriam as tragédias suficientes para o resgate de crimes cruéis praticados no pretérito remoto? Estamos convencidos de que não, muito embora as situações - como essa vivenciada no dia 17 de julho de 2007 – nos levam a questionar, como, por exemplo: Por que esses acontecimentos funestos que despertam tanta compaixão? Seria uma Fatalidade? Coisa do destino? Que conceitos estão nos desenhos semânticos dessas palavras?


Para o espírita “fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte” (4), pois, como disseram os Espíritos a Kardec : “quando é chegado o momento de retorno para o Plano Espiritual, nada “te livrará” e freqüentemente o Espírito também sabe o gênero de morte por que partirá da terra”, “pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência”. (5) Mais, ainda: “Graças à Lei de Ação e Reação e ao Livre-Arbítrio, o homem pode evitar acontecimentos que deveriam realizar-se, como também permitir outros que não estavam previstos”. (6) A fatalidade só existe como algo temporário, frente à nossa condição de imortais, com a finalidade de “retomada de rumo”. Fatalidade e destino inflexível não se coadunam com os preceitos kardecianos. Quem crê ser “vítima da fatalidade”, culpa somente o mundo exterior pelos seus erros e se recusa a admitir a conexão que existe entre eles.


O homem comum, nos seus interesses mesquinhos, não considera a dor senão como resgate e pagamento, desconhecendo o gozo de padecer por cooperar, sinceramente, na edificação do Reino do Cristo. Aquele que se compraz na caminhada pelos atalhos do mal, a própria Lei se incumbirá de trazê-lo de retorno às vias do bem. O passado, muitas vezes, determina o presente que, por sua vez, determina o futuro. "Quem com ferro fere, com ferro será ferido" (7), disse o Mestre. Porém , cabe uma ressalva, nem todo sofrimento é expiação. No item 9, cap. V, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec assinala: "Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma determinada falta: trata-se, freqüentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento".(8). São claras as palavras do Codificador.


Não estão corretos aqueles que generalizam e afirmam que todo sofrimento é resultado de erros praticados no passado. O desenvolvimento das potencialidades, a subida evolutiva, requer trabalho, esforço, superar desafios. Neste caso é a provação, e não, a expiação, ou seja, são as tarefas a que o Espírito se submete, a seu próprio pedido, com vistas ao seu progresso, à conquista de um futuro melhor.


Dentro do princípio de Causa e Efeito, quem, em conjunto com outras pessoas, agrediu o próximo não teria que ressarcir o débito em conjunto? É esse o chamado "carma coletivo". (9) Toda ação que praticamos, boa ou má, recebemos de volta. Nosso passado determina nosso presente não existindo, pois, favoritismos, predestinações ou arbítrios divinos. A doutrina espírita não prega o fatalismo e nem o conformismo cego diante das tragédias da vida, mesmo das chamadas tragédias coletivas. O que o Espiritismo ensina é que a lei é uma só: para cada ação que praticamos, colheremos a reação.


O importante para os que ficam por aqui, na Terra, para que tenham o avanço espiritual devido, é não falir pela lamentação, pela revolta, pois “as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus”. (10)


Diante do exposto, afirmamos que a função da dor é ampliar horizontes, para realmente vislumbrarmos os concretos caminhos amorosos do equilíbrio. Por isto, diante dos compromissos cármicos, em expiações coletivas ou individuais, lembremo-nos sempre de que a finalidade da Lei de Deus é a perfeição do Espírito, e que estamos, a cada dia, caminhando nesta destinação, onde o nosso esforço pessoal e a busca da paz estarão agindo a nosso favor, minimizando ao máximo o peso dos débitos do ontem.


Jorge Hessen
(29.07.07)
E-Mail: jorgehessen@gmail.com

Site: http://meuwebsite.com.br/jorgehessen


FONTES:


(1) Xavier, Francisco Cândido. Ação e Reação, Cap. XVIII, RJ: Ed FEB, 2005

(2) Cf. Primeira Epístola de Pedro Cap. 4:8

(3) Xavier, Francisco Cândido. O Consolado, RJ: Ed FEB, 2002, Perg 250

(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 1979, pergs. 851 a 867

(5) Idem

(6) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 1979, perg

(7) Cf. JOÃO. 18:11

(8) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, item 9, cap. V

(9) A palavra karma é oriunda da raiz sânscrita "kri", cujo significado é ação. Karma é portanto, Lei de Causa e Efeito, ou ainda, de acordo com a terceira lei de Newton, conhecida como o “princípio da ação-e-reação”, que diz: "a toda ação corresponde uma reação, com mesma intensidade, mesma direção, mas de sentido contrário". E o Cristo, ao recolocar a orelha do centurião romano, decepada pela espada de Pedro, sentenciou: "Pedro, embainha tua espada, pois quem com ferro fere, com ferro será ferido". Podemos notar, aí, dois enunciados da mesma Lei de Ação e Reação: um, de maneira científica e, outro, de modo místico. O vulgo diz : "Quem semeia vento, colhe tempestade".

(10) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed FEB, 1989, Cap.14.



Artigo retirado do site: http://jorgehessen.net/