Coragem e responsabilidade


Quando o ser humano descobre o Espiritismo é tomado por especial alegria de viver, passando a compreender as razões lógicas da sua existência, os mecanismos que trabalham em favor da felicidade, experimentando grande euforia emocional.


Quando o Espiritismo penetra na mente e no sentimento do ser humano, opera-se-lhe uma natural transformação intelecto-moral para melhor, propondo-lhe radical alteração no comportamento que enseja a conquista de metas elevadas e libertadoras.


Quando o indivíduo mantém os primeiros contatos com a Doutrina Espírita, vê-se diante de um mundo maravilhoso, rico de bênçãos que pretende fruir, deixando-se fascinar pelas propostas iluminativas de que é objeto.


Quando o Espiritismo encontra guarida no indivíduo, logo se lhe despertam os conceitos de responsabilidade, coragem e fidelidade à nova conquista.


Nem todos, porém, alteram a conduta convencional a que se acostumaram. Ao entusiasmo exagerado sucede o convencionalismo do conhecimento sem a sua vivência diária, aguardando recolher conveniências e soluções para os problemas afligentes, sem maior esforço pela transformação moral. Não se afeiçoando ao estudo correto dos postulados espíritas e neles reflexionando, detêm-se nas exterioridades das informações que recolhem, nem sempre verdadeiras, tornando-se apenas beneficiários dos milagres que esperam lhes aconteçam a partir do momento da sua adesão.


Com o tempo e a frequência às reuniões, acomodam-se ao novo ritualismo da participação sem realizações edificantes, ou entregam-se à parte da assistência social, procurando negociar com Deus o futuro espiritual em razão do bem e da caridade que acreditam estar realizando.


O conhecimento do Espiritismo de forma natural e consciente desperta os valores enobrecidos da responsabilidade e da coragem indispensáveis à existência ditosa.


Todo conhecimento nobre liberta o ser humano da ignorância, apresentando-lhe a realidade desvestida dos formalismos e das ilusões, na sua fase mais bela e significativa, por ensejar a conquista dos valores legítimos que devem ser cultivados.


O homem livre da superstição e dos complexos mecanismos da tradição da fé imposta redescobre-se e exulta por compreender que é o autor de todas as ocorrências que lhe sucedem, exceção ao nascimento e à desencarnação, e mesmo essa, dependendo muito do seu comportamento durante a vilegiatura física, podendo antecipá-la ou postergá-la.


Adquire a responsabilidade moral pelos atos, não mais se apoiando nas bengalas psicológicas de transferir para os outros a razão dos insucessos que lhe ocorrem, dando lugar aos sofrimentos e suas inevitáveis consequências.


Compreende que uma excelente filosofia não basta para proporcionar uma existência feliz, mas sim a vivência dos seus ensinamentos, que se tornam responsáveis pelo que venha a ocorrer-lhe na área do seu comportamento moral.


É comum a esses adeptos precipitados, passado algum tempo, apresentarem-se decepcionados e tristes, informando que esperavam muito mais do Espiritismo e que encontraram pessoas confusas e perversas, insensatas e desequilibradas no seu Movimento.


Da alegria exagerada passam à crítica contumaz, à maledicência, ao azedume.


Afinal, essa responsabilidade não é do Espiritismo, mas daqueles que o visitam levianamente e não incorporam à vida espiritual os ensinamentos excepcionais de que se constitui a sã doutrina.


De igual maneira que esses neófitos não se preocuparam em conseguir a autoiluminação o mesmo sucedeu com outros adeptos que os precederam, acostumados que estavam ao ócio espiritual, à leviandade religiosa, aguardando sempre receber sem a menor preocupação em contribuir.


O Movimento Espírita não é o Espiritismo. O primeiro é constituído pelos indivíduos, bons e maus, conhecedores e ignorantes das verdades do mundo espiritual, ativos ou ociosos, que se deveriam integrar de corpo e alma ao serviço de renovação interior e da divulgação pelo exemplo. No entanto, para esse cometimento é necessária a coragem da fé, essa robustez de ânimo que enfrenta as dificuldades de maneira lúcida e clara, com destemor e espírito de ação, para remover-lhes os obstáculos e alcançar os patamares mais elevados de harmonia e de bem-estar.


Em muitos, que permanecem na irresponsabilidade do comportamento e na falta de coragem para arrostar as consequências da sua conversão ao Espiritismo, demorando-se na dubiedade, nas incertezas que procuram não esclarecer, receando os impositivos da fidelidade pessoal à doutrina, instalam-se as justificativas infantis para prosseguirem sem alteração, esperando que os Espíritos realizem as tarefas que lhes dizem respeito.


Outros ainda, viciados na conduta da inutilidade, esperam ter resolvido todos os problemas de saúde, família, economia, surpreendendo-se, quando convocados aos fenômenos existenciais das enfermidades, dos desafios domésticos e financeiros, sociais e profissionais, que desejavam não lhes ocorressem em decorrência da sua adesão ao Espiritismo...


Só mesmo a mente insensata pode elaborar conceito dessa magnetiude: a adesão a uma doutrina feliz basta para que tudo lhe ocorra a partir de entãso, de maneira especial e magnífica!


O Espiritismo enseja a compreensão dos fatores existenciais, dos compromissos que a cada qual dizem respeito, do esforço que deve ser envidado em favor da construção do próprio futuro. Elucida as situações dolorosas, explicando as suas causas e oferecendo os instrumentos para a sua erradicação, com a consequente construção dos dias felizes do porvir.


Eis por que se impõe, logo após a adesão aos seus postulados, de par com a responsabilidade da conduta, a coragem para as mudanças interiores que devem acontecer ao largo do tempo, com a vigilância indispensável à produção de fatores elevados para o desenvolvimento intelecto-moral que aguarda o candidato às suas fileiras.


Tomando como modelar a conduta de Jesus, o Espiritismo trá-Lo de volta, desmistificado das fábulas com que O envolveram através dos tempos, real e companheiro de todos os momentos, ensinando sempre pelo exemplo de que as Suas palavras se revestem.


O espírita sincero, que se redescobre através do conhecimento doutrinário, transforma-se em verdadeiro cristão, conforme os padrões estabelecidos pelo Mestre galileu.


Não se permite justificativas infantis após os insucessos, levanta-se dos erros e recomeça as atividades tantas vezes quantas ocorram, tem a coragem para o autoenfrentamento libertando-se dos inimigos de fora para vencer aqueles de natureza interna, sempre disposto a servir e a amar.


Evocando os mártires do Cristianismo primitivo, enfrenta hoje valores decadentes da ética e da moral, graves problemas sociais e morais, que lhe exigem sacrifício para uma existência honorável sem os conchavos com a indignidade, a traição e o furto legalizado.


Torna-se alguém intitulado como portador de comportamento excêntrico, porque tem a coragem de manter a vida saudável, mantendo-se digno em todas as circunstâncias, responsável pelos pensamentos, palavras e atos, incompreendido e, não poucas vezes, perseguido, mesmo nos locais em que labora doutrinariamente, em face da conduta doentia dos acostumados à leviandade e ao ócio.


Sem qualquer dúvida, a adesão ao Espiritismo impõe a consciência de responsabilidade e de coragem, para tornar-se verdadeiramente espírita todo aquele que lhe sinta a sublime atração.


Vianna de Carvalho

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 10 de agosto de 2009, na cidade do Rio de Janeiro, RJ.

Retirado do site http://www.divaldofranco.com/

Situação do espírita após a morte




Muitos espíritas estão desencarnando em situações deploráveis, recebendo socorro em sanatórios no Plano Maior da Vida em virtude das péssimas condições morais e psíquicas em que se encontram.


Este quadro é descrito com muita propriedade no livro Tormentos da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Pereira Franco, que traz informações edificantes para nós, espíritas, sobre a importância de um bom desempenho de nossas funções, assumidas ainda no Mundo Espiritual.


O Espírito Manoel Philomeno de Miranda ressalta que as experiências narradas no livro permitem compreender que a crença é muito importante, no entanto, a vivência dos postulados exarados na Codificação tem regime de urgência e não pode nem deve ser postergada. E Bezerra de Menezes, logo no início da obra, lembra que Jesus acentuou que mais se pedirá àquele a quem mais se deu, considerando-se o grau de responsabilidade pessoal, em razão dos fatores predisponentes e preponderantes para a conduta.


Em adição, em No Mundo de Chico Xavier, consta informação interessante do Espírito Romeu do Amaral Camargo, tempos depois de sua desencarnação, comentando acerca da situação dos espíritas ao adentrar no Mundo Espiritual. Conta Chico Xavier que Romeu do Amaral prosseguia trabalhando ativamente em organizações espíritas-cristãs do Plano Superior e que nós, os espíritas, carregamos enormes responsabilidades nos ombros, porque recebemos o conhecimento libertador de que as leis de Deus funcionam na consciência de cada um. E o Espírito complementa que “não havia visto dentre os companheiros já desencarnados com os quais convivia, um só que não se queixasse de condições deficitárias para com a Doutrina Espírita. Tão grandes eram as bênçãos recolhidas, que todos admitiam terem saído da experiência física reconhecendo-se endividados para com o Espiritismo Cristão, pelo qual, segundo opinião deles mesmos, deviam ter trabalhado mais.


Portanto, percebemos dos ensinamentos dos Espíritos que, embora façam referência mais detida às experiências dos espíritas após a morte, a condição de felicidade ou sofrimento destes guarda estreita relação com a vivência dos ensinamentos morais, e por isso, trata-se de possibilidade que acomete qualquer um que, de posse do conhecimento dos valores da Vida Eterna, estagna-se na marcha do progresso, independente de sua religião.


Neste sentido, Eurípedes Barsanulfo, em palestra educativa narrada por Manoel Philomeno de Miranda, alerta que “todo conhecimento superior que se adquire visa ao desenvolvimento moral e espiritual do ser. No que diz respeito às conquistas imortais, a responsabilidade cresce na razão direta daquilo que se assimila. Ninguém tem o direito de acender uma candeia e ocultá-la sob o alqueire, quando há o predomínio de sombras solicitando claridade (Capítulo 22 do livro Tormentos da Obsessão).


A culpa e os pesares da consciência são maiores quanto melhor o homem sabe o que faz. Kardec conclui primorosamente este ensinamento, afirmando que a responsabilidade é proporcional aos meios de que ele [o homem] dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos (questão 637 de O Livro dos Espíritos).


Por fim, fiquemos com a exortação de Bezerra de Menezes, orientando para que “cuidemos-nos, todos nós, de nos preservar do mal, suplicando o divino socorro, conforme propôs o incomparável Mestre, na Sua oração dominical, buscando-Lhe o amparo e a inspiração, a fim de podermos transitar com equilíbrio pelos difíceis caminhos da ascensão espiritual (Capítulo 1 do livro Tormentos da Obsessão).


Fonte: Site OSGEFIC


Ser Espírita



Filhos, ser espírita é oportunidade de vivenciar o Evangelho em espírito e verdade.


O seguidor da Doutrina é alguém que caminha sobre o mundo, mais consciente de seus erros que de seus acertos. Por este motivo - pela impossibilidade de conformar os interesses do homem velho com os anseios do homem novo, ele quase sempre deduz que professar a fé espírita não é tarefa fácil.


Toda mudança de hábito, principalmente daquele que lhe esteja mais arraigado, impõe à criatura encarnada sacrifícios inomináveis.


O rompimento com o “eu” é um parto laborioso, em que, não raro, sem experimentar inúmeras recaídas, o espírito não vem à luz...


O importante é que não vos deixeis desalentar. Recordai que, para o trabalho inicial do Evangelho, Jesus requisitou o concurso de doze homens e não de doze anjos.


Talvez o problema maior para os companheiros de ideal que se permitem desanimar, ante as fragilidades morais que evidenciam, seja o fato de suporem ser o que ainda não o são.


Sem dúvida, os que vivem ignorando as próprias necessidades, aparentemente vivem em maior serenidade de quantos delas já tomaram consciência; não olvideis, contudo, que a apiração do melhor é intrínseca à sua natureza - o homem sempre há de querer ser mais...


Na condição, pois, de esclarecidos seguidores da Doutrina Espírita, nunca espereis vos acomodar, desfrutando da paz ilusória dos que não se aprofundam no conhecimento da Verdade que liberta.


Onde estiverdes, estareis sempre inquietos pelo amanhã.


A aflição que Jesus bem-aventurou, é aquela que experimenta quem se põe a caminho e não descansa antes de concluir a jornada.


Filhos, apesar dos percalços externos e de vossos conflitos íntimos, aceitai no Espiritismo a vossa melhor chance de redenção espiritual, e isto desde o começo de vossas experiências reencarnatórias. Valorizai o ensejo bendito e não culpeis a Doutrina pelas vossas mazelas.


Por: Bezerra de Menezes

Livro: A Coragem da Fé

Psicografia: Carlos Bacelli


Comportamento Espírita


O espiritista, para evoluir na Doutrina, necessita estudar e meditar por si mesmo, ou será suficiente frequentar as organizações doutrinárias, esperando a palavra dos guias?


Emmanuel - É indispensável a cada um o esforço próprio no estudo, meditação, cultivo e aplicação da Doutrina, em toda a intimidade de sua vida.


A frequência às sessões ou o fato de presenciar esse ou aquele fenômeno, aceitando-lhe a veracidade, não traduz aquisição de conhecimentos.


Um guia espiritual pode ser um bom amigo, mas nunca poderá desempenhar os vossos deveres próprios, nem vos arrancar das provas e das experiências imprescindíveis à vossa iluminação.


Daí surge a necessidade de vos preparardes individualmente, na Doutrina, para viverdes tais experiências com dignidade espiritual, no instante oportuno.


Como deverá agir o espírita sincero, quando se encontre perante certas extravagâncias doutrinárias?


Emmanuel - À luz da fraternidade pura, jamais neguemos o concurso da boa palavra e da contribuição direta, sempre que oportuno, em benefício do esclarecimento de todos, guardando, todavia, o cuidado de nunca transigir com os verdadeiros princípios evangélicos, sem, contudo ferir os sentimentos das pessoas. E se as pessoas perseverarem na incompreensão, cuide cada trabalhador da sua tarefa, porque Jesus afirmou que o trigo cresceria ao lado do joio, em sua seara santa, mas Ele, o Cultivador da Verdade Divina, saberia escolher o bom grão na época da ceifa.


É justo que, a propósito de tudo, busque o espiritista tanger os assuntos do Espiritismo nas suas conversações comuns?


Emmanuel - O crente sincero precisa compenetrar-se da oportunidade, no tempo e no ambiente, com relação aos assuntos doutrinários, porquanto, qualquer inconsideração nesse particular, pode conduzir a fanatismo detestável, sem nenhum caráter construtivo.


Poderemos receber um novo ensino sobre os deveres que competem aos espiritistas?


Emmanuel - Não devemos especificar os deveres do espiritista cristão, porque palavra alguma poderá superar a exemplificação do Cristo, que todo discípulo deve tomar como roteiro da sua vida.


Que o espiritista, nas suas atividades comuns, dispense o máximo de indulgência para com os seus semelhantes, sem nenhuma para consigo mesmo, porque, antes de cogitar da iluminação dos outros, deverá buscar a iluminação de si mesmo, no cumprimento de suas obrigações.


(Do livro “O Consolador” - Pelo Espírito Emmanuel - Psicografia: Francisco Cândido Xavier)

Mensagem aos caravaneiros



Meus amigos, muita paz.

Jesus é o centro divino da verdade e do amor, em torno do qual gravitamos e progredimos.

Por se guardarem leais em torno d’Ele, unidos, não só nas plataformas verbalísticas, mas também na fraternidade real e no espírito de sacrifício, os cristãos da epopéia evangélica inicial, sofreram, lutaram e amaram, durante trezentos anos, esperando a renovação do mundo.

Hoje, o espetáculo é diferente. Não mais tronos de tirania na governança dos povos, e não mais os circos de lama e sangue, exigindo a renúncia extrema nas angústias da sombra e da morte, mas, prevalecem dentro de nós, as forças escuras da perturbação e da desordem, reclamando o exercício de toda a nossa capacidade de trabalho restaurador do mundo de nós mesmos.

Há uma terra diferente, aguardando-nos os corações e as mãos na restauração da Vida. E o Espiritismo Cristão, pelos espiritistas, é a Luz que deve resplandecer para os tempos novos.

Daí, o imperativo de nossa unificação nos alicerces do serviço. Claro que a sintonia absoluta de todas as interpretações doutrinárias num foco único de visão e realização, é impraticável e, por agora, impossível. Cada criatura contempla a natureza e o horizonte do ângulo em que se coloca. O semeador do vale não verá o mesmo jogo de luz no Céu, suscetível de ser identificado pelo observador do firmamento situado no monte.

Que os trabalhadores do bem sejam honrados na posição digna em que se colocam. O jovem é irmão do mais velho, e aquele que ampara o alienado, é companheiro do missionário que escreve um texto consolador.

A Doutrina Redentora dos Espíritos é um edifício divino na Terra, e o servidor que traça paisagem simbólica e sublime no altar mais íntimo desse domicílio sagrado de fé, não pode ironizar o cooperador que empunha a picareta, nas bases da casa para sustentar-lhe a higiene, a segurança e a beleza, muitas vezes, com suor e lágrimas.

Cultuemos, acima de tudo, a solidariedade legítima. Nossa união, portanto, há de começar na luz da boa vontade.

Guardemos boa vontade uns para com outros, aprendendo e servindo com o Senhor, e felicitando aos companheiros que se confiaram à tarefa sublime da confraternização, usando o próprio esforço.

Rogo ao Divino Mestre nos fortaleça e ajude a todos nós.


Emmanuel

(Mensagem recebida por intermédio de Francisco Cândido Xavier, em sessão no Centro Espírita Luís Gonzaga, em Pedro Leopoldo, em 11 de dezembro de 1950, e destinada aos caravaneiros presentes.)



Em nome do Evangelho



Para que todos sejam um” – Jesus (João, 17:22)


Reunindo-se aos discípulos, empreendeu Jesus a renovação do mundo.


Congregando-se com cegos e paralíticos, restituiu-lhes a visão e o movimento.


Misturando-se com a turba extenuada, multiplicou os pães para que lhe não faltasse alimento.


Ombreando-se com os pobres e os simples, ensinou-lhes as bem-aventuranças celestes.


Banqueteando-se com pecadores confessos, ensinou-lhes o retorno ao caminho de elevação.


Partilhando a fraternidade do cenáculo, prepara companheiros na direção dos testemunhos de fé viva.


Compelido a oferecer-se em espetáculo na cruz, junto à multidão, despede-se da massa, abençoando e amando, perdoando e servindo.


* * *


Compreendendo a responsabilidade da grande assembléia de colaboradores do espiritismo brasileiro, formulamos votos ardentes para que orientem no Evangelho quaisquer princípios de unificação, em torno dos quais entrelaçam esperanças.


Cremos que a experiência científica e a discussão filosófica representam preparação e adubo no campo doutrinário, porque a semente viva do progresso real, com o aperfeiçoamento do homem interior, permanece nos alicerces divinos da Nova Revelação.


Cultivar o espiritismo, sem esforço espiritualizante, é trocar notícias entre dois planos diferentes, sem significado substancial na redenção humana.


Lidar com assuntos do céu, sem vasos adequados à recepção da essência celestial, é ameaçar a obra salvacionista.


Aceitar a verdade, sem o desejo de irradiá-la, através do propósito individual de serviço aos semelhantes, é vaguear sem rumo.


O laboratório é respeitável.

A academia é nobre.

O templo é santo.

A ciência convence.

A filosofia estuda.

A fé converte o homem ao Bem Infinito.

Cérebro rico, sem diretrizes santificantes pode conduzir à discórdia.

Verbo primoroso, sem fundamentos de sublimação, não alivia, nem salva.

Sentimento educado e iluminado, contudo, melhora sempre.


Reunidos, assim, em grande conclave de fraternidade, que os irmãos do Brasil se compenetrem, cada vez mais, do espírito de serviço e renunciação, de solidariedade e bondade pura que Jesus nos legou.


O mundo conturbado pede, efetivamente, ação transformadora. Conscientes, porém, de que se faz impraticável a redenção do Todo, sem o burilamento das partes, unamo-nos no mesmo roteiro de amor, trabalho, auxílio, educação, solidariedade, valor e sacrifício que caracterizou a atitude do Cristo em comunhão com os homens, servindo e esperando o futuro, em seu exemplo de abnegação, para que todos sejamos um, em sintonia sublime com os desígnios do Supremo Senhor.



Pelo Espírito Emmanuel


(Mensagem recebida em 14 de setembro de 1948, pelo médium Francisco Cândido Xavier, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, destinada aos irmãos do Primeiro Congresso Nacional Espírita em São Paulo.)


Fonte: Anais do I Congresso Brasileiro de Unificação, realizado em São Paulo (SP), no período de 31 de outubro a 5 de novembro de 1948, p. 39-41.


Aos espíritas




Aos espíritas cumpre a grande tarefa de viver o amor.


Aos espíritas está destinada a grande tarefa de exemplificar o amor em atos, não em palavras.


Através da ação por intermédio da vivência, porque o mundo está cansado de ouvir, mas necessitado de estímulo que decorre do exemplo daqueles que vivem o que ensinam.


A união dá-nos o sinal de Jesus, fortalecendo os nossos sentimentos e a unificação dos espíritas.


Sejamos as forças morais e doutrinárias para expansão da mensagem libertadora.


Certamente enfrentareis desafios. Tornai-vos pontes que facilitam o acesso de uma para outra margem, neste mundo no qual existem tantos indivíduos que optam pela postura de obstáculos que dificultam o acesso.


Esquecei as vossas divergências e uni-vos nas concordâncias.


Deixai à margem o ego perturbador e assumi a situação de filhos do calvário que contemplam a cruz pensando na ressurreição gloriosa.


Espíritas, filhos da alma, aqui estão conosco dentre muitos, também confraternizando nesta noite que dá início à unificação decorrente da união de almas, os companheiros Carlos Jordão da Silva e Luiz Monteiro de Barros, que tanto lutaram pela edificação da identidade do Bem pelo serviço de amor.


A união multiplica os valores, a separação desarma as defesas e naturalmente vem a desagregação.


Não postergueis o Evangelho de Jesus, diz-nos o Apóstolo dos gentios.


Avante, dai-vos as mãos, uni-vos no amor com Jesus e com Allan Kardec.


Deixai de lado os melindres, para pensardes na felicidade indizível de glória da Doutrina Espírita e não na exaltação de quem quer que seja.


Espíritas, o tempo urge. Amai. Se não puderdes amar, perdoai; se for difícil perdoar, desculpai; e se encontrardes obstáculos para desculpa, tende compaixão, como nosso Pai tem-na em relação a nós todos, ensejando-nos a bênção da reencarnação para reeducarmo-nos, para recuperarmo-nos, para realizarmos a tarefa que ficou interrompida na retaguarda.


Que o Senhor de bênçãos nos abençoe, meus filhos, são os votos do servidor humílimo e paternal de sempre, Bezerra.


Bezerra de Menezes

(Mensagem transmitida pelo Espírito Bezerra de Menezes através de Divaldo Pereira Franco, no final da conferência realizada no Auditório Bezerra de Menezes, da Federação Espírita do Estado de São Paulo, na noite de 18 de abril de 2004, por ocasião da comemoração dos 140 anos do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo” - 1864/2004)



Consultar Espíritos...



Você pode consultar os espíritos para mim?


Esta pergunta é muitas vezes dirigida aos espíritas. Imaginam, os que desconhecem o Espiritismo, que os centros espíritas são autênticos consultórios do além. Meros equívocos.


Vamos por partes. Diz o codificador da Doutrina Espírita que toda pessoa que sente, em qualquer grau, a influência dos espíritos, é por esse fato, médium. Está correto, pois a mediunidade é um dom humano presente em todas as criaturas humanas e não exclusiva dos espíritas.


Ocorre que, por mera questão de entendimento, são considerados médiuns aqueles que ostensivamente são utilizados pelos espíritos como intermediários de suas manifestações.


Vale dizer que essas manifestações ocorrem de inúmeras formas (psicografia, psicofonia, vidência, audiência etc.) e que os espíritos nada mais são do que as criaturas humanas antes e depois da morte, guardando consigo suas conquistas morais e intelectuais. Este fato, por si só, já indica que os espíritos se apresentam nas manifestações de acordo com a moral e intelecto que possuem.


Portanto, o processo de consulta aos espíritos é algo que requer muita prudência, bom senso e redobrados cuidados. Afinal, eles não estão aí para satisfazer curiosidades ou resolver problemas materiais. Aconselham sim, sempre com muita reserva, atendem muitas vezes cuidados com a saúde, mas abstêm-se de informações de cunho material. Somente respondem a estas questões espíritos ignorantes, estouvados ou propensos a brincadeiras.


Por outro lado, é preciso sempre lembrar que os médiuns, espíritas ou não, são pessoas comuns, apenas dotados da faculdade de intercâmbio com o mundo espiritual.


A mediunidade é uma autêntica ferramenta de trabalho para o bem da coletividade. Seu uso independe da idade, sexo, crença ou condição social, mas o fator moral de seu portador é fator determinante para sua prática equilibrada e condizente com sua autêntica finalidade de auxílio aos seres humanos.


Seu desenvolvimento obedece a programação prévia estabelecida antes da reencarnação, mas é aqui mesmo, no plano terreno, que a dedicação, a disciplina, a fidelidade aos princípios humanitários e cristãos, a farão grandiosa e a constituirá em benção para seu portador e beneficiados de sua atuação.


Por estas razões todas, a consulta aos espíritos é questão absolutamente secundária. Já temos a teoria à disposição, para estudar e compreender. E ao mesmo tempo, o comportamento ético e moralizado dará guarida à sua expansão e uso correto.


Os espíritos vivem ajudando as criaturas humanas. Fazem-no pela intuição, através dos sonhos, pela presença constante ao nosso lado – desde que com eles estejamos sintonizados pelo bom comportamento e pelos bons pensamentos ou pela aquisição permanente de virtudes – e pelo próprio entendimento que já possuem (os esclarecidos), da importância da solidariedade.



Orson Peter Carrara

Retirado do site Grupo Espírita Renascer



*** *** ***

Não viva pedindo orientação espiritual, indefinidamente. Se você já possui duas semanas de conhecimento cristão, sabe, à saciedade, o que fazer”. André Luiz

*** *** ***


152 anos de Doutrina Espírita


Amigos, no dia de hoje relembramos aquele que pode ser considerado o dia em que a Doutrina Espírita estava oficialmente lançada, visto que no dia 18 de Abril de 1857, Allan Kardec publicava a primeira edição do Livro dos Espíritos. Há 152 anos, portanto.


O Livro dos Espíritos foi o primeiro livro, organizado por Kardec, contendo os ensinamentos dos Espíritos Superiores, englobando a parte filosófica da Doutrina Espírita. Logo após surgiram outros livros: O Livro dos Médiuns, lançado em Janeiro de 1861, contendo ensinos relativos à parte experimental e científica da doutrina; O Evangelho Segundo o Espiritismo, lançado em Abril de 1864, concernente à parte moral da doutrina, baseado nos ensinamentos de Jesus; O Céu e o Inferno, lançado em Agosto de 1865 e A Gênese, lançado em Janeiro de 1868. Kardec trabalhou ainda em outras obras, com especial destaque para a Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos, com periodicidade mensal, que circulou entre 1858 e 1869 e podem ser encontrados hoje em formato de livros, editados pela FEB.


Trago aqui alguns trechos do belíssimo discurso realizado por Camille Flammarion no dia do enterro de Allan Kardec, no qual ele conta um pouquinho dessa história, e que eu considero um ótimo texto para comemorar esse dia. Vamos aproveitar para refletir sobre os rumos que estamos dando ao Espiritismo nos dias de hoje. Para quem quiser ler o discurso na íntegra, o mesmo está disponível no livro Obras Póstumas. Espero que gostem.


Aproveito para convidar os amigos leitores desse blog a parar por um momento, elevar seus pensamentos a Jesus e agradecer a todos os Espíritos de luz que colaboraram e colaboram ainda hoje na elaboração, propagação e prática dos ensinamentos dessa doutrina que tanto nos esclarece e consola. Que Jesus continue iluminando a todos.


* * *


Morto na idade de 65 anos, Allan Kardec consagrara a primeira parte de sua vida a escrever obras clássicas, elementares, destinadas, sobretudo, ao uso dos educadores da mocidade. Quando, pelo ano de 1855, as manifestações, novas na aparência, das mesas girantes, das pancadas sem causa ostensiva, dos movimentos insólitos de objetos e móveis começaram a prender a atenção pública, determinando mesmo, nos de imaginação aventureira, uma espécie de febre, devida à novidade de tais experiências, Allan Kardec, estudando ao mesmo tempo o magnetismo e seus singulares efeitos, acompanhou com a maior paciência e clarividência judiciosa as experimentações e as tentativas numerosas que então se faziam em Paris.


Recolheu e pôs em ordem os resultados conseguidos dessa longa observação e com eles compôs o corpo de doutrina que publicou em 1857, na primeira edição de O Livro dos Espíritos. Todos sabeis que êxito alcançou essa obra, na França e no estrangeiro.


Depois dessa primeira obra apareceram, sucessivamente, O Livro dos Médiuns, ou Espiritismo experimental; O que é o Espiritismo? ou resumo sob a forma de perguntas e respostas; O Evangelho Segundo o Espiritismo; O Céu e o Inferno; A Gênese.


Quantos corações já foram consolados por esta crença religiosa! Quantas lágrimas hão secado! Quantas consciências se abriram às irradiações da beleza espiritual! Nem toda a gente é ditosa neste mundo. Muitas afeições aí são despedaçadas! Muitas almas têm adormecido no cepticismo! Então, nada é o haver trazido ao espiritualismo tantos seres que flutuavam na dúvida e que já não amavam a vida, nem a vida física, nem a intelectual?


A maioria dos que se têm dado a estes estudos lembram-se de que na mocidade, ou em certas circunstâncias, foram testemunhas de manifestações inexplicadas. Poucas são as famílias que não contem na sua história provas desta natureza. O ponto de partida era aplicar-lhes a razão firme do simples bom-senso e examiná-las segundo os princípios do método positivo.


Conforme o seu próprio organizador previu, esse estudo, que foi lento e difícil, tem que entrar agora num período científico. Os fenômenos físicos, sobre os quais a princípio não se insistia, hão de tornar-se objeto da crítica experimental, a que devemos a glória dos progressos modernos e as maravilhas da eletricidade e do vapor. Esse método tem de tomar os fenômenos de ordem misteriosa a que assistimos para os dissecar, medir e definir.


Porque, meus Senhores, o Espiritismo não é uma religião, mas uma ciência, da qual apenas conhecemos o abecê. Passou o tempo dos dogmas. A Natureza abrange o Universo, e o próprio Deus, feito outrora à imagem do homem, a moderna Metafísica não o pode considerar senão como um espírito na Natureza. O sobrenatural não existe. As manifestações obtidas com o auxílio dos médiuns, como as do magnetismo e do sonambulismo, são de ordem natural e devem ser severamente submetidas à verificação da experiência. Não há milagres. Assistimos ao alvorecer de uma ciência desconhecida. Quem poderá prever a que consequências conduzirá, no mundo do pensamento, o estudo positivo desta nova psicologia?


Que os que têm a vista restringida pelo orgulho ou pelo preconceito não compreendam absolutamente os anseios de nossas mentes ávidas de conhecer e lancem sobre este gênero de estudos seus sarcasmos ou anátemas, pouco importa. Colocamos mais alto as nossas contemplações!...”


Por: Camille Flammarion

In: Obras Póstumas


* * *


Para saber mais sobre as obras citadas no post – CLIQUE AQUI


* * *


As brochuras, os jornais, os livros, as publicações de toda a espécie são meios poderosos de introduzir a luz por toda a parte, mas o mais seguro, o mais íntimo e o mais accessível a todos é o exemplo da caridade, a doçura e o amor”.

Allan Kardec


Os Bons Espíritas




O Espiritismo bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, conduz forçosamente aos resultados acima, que caracterizam o verdadeiro espírita como o verdadeiro cristão, pois um e outro são a mesma coisa. O Espiritismo não cria uma nova moral, mas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo, ao dar uma fé sólida e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.

Muitos, porém, dos que crêem na realidade das manifestações, não compreendem as suas consequências nem o seu alcance moral, ou, se os compreendem, não os aplicam a si mesmos. Por que acontece isso? Será por uma falta de precisão da doutrina? Não, porque ela não contém alegorias nem figuras que possam dar lugar a falsas interpretações. A clareza é a sua própria essência, e é isso que lhe dá força, para que atinja diretamente a inteligência. Nada tem de misteriosa e seus iniciados não possuem nenhum segredo que seja oculto ao povo.

Seria necessária, então, para compreendê-la, uma inteligência fora do comum? Não, pois vêem-se homens de notória capacidade que não a compreendem, enquanto inteligências vulgares, até mesmo de jovens que mal saíram da adolescência, apreendem com admirável justeza as suas mais delicadas nuanças. Isso acontece porque a parte, de qualquer maneira, material da ciência, não requer mais do que os olhos para ser observada, enquanto a parte essencial exige um certo grau de sensibilidade, que podemos chamar de maturidade do senso moral, maturidade essa independente da idade e do grau de instrução, porque é inerente ao desenvolvimento, num sentido especial, do espírito encarnado.

Em algumas pessoas, os laços materiais são ainda muito fortes, para que o espírito se desprenda das coisas terrenas. O nevoeiro que as envolve impede-lhes a visão do infinito. Eis porque não conseguem romper facilmente com os seus gostos e os seus hábitos, não compreendendo que possa haver nada melhor do que aquilo que possuem. A crença nos Espíritos é para elas um simples fato, que não modifica pouco ou nada as suas tendências instintivas. Numa palavra, não vêem mais do que um raio de luz, insuficiente para orientá-las e dar-lhes uma aspiração profunda, capaz de modificar-lhes as tendências. Apegam-se mais aos fenômenos do que à moral, que lhes parece banal e monótona. Pedem aos Espíritos que incessantemente as iniciem em novos mistérios, sem indagarem se se tornaram dignas de penetrar os segredos do Criador. São, afinal, os espíritas imperfeitos, alguns dos quais estacionam no caminho ou se distanciam dos seus irmãos de crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem, ou porque preferem a companhia dos que participam das suas fraquezas ou das suas prevenções. Não obstante, a simples aceitação da doutrina em princípio é um primeiro passo, que lhes facilitará o segundo, numa outra existência.

Aquele que podemos, com razão, qualificar de verdadeiro e sincero espírita, encontra-se num grau superior de adiantamento moral. O Espírito já domina mais completamente a matéria e lhe dá uma percepção mais clara do futuro; os princípios da doutrina fazem vibrar-lhe as fibras, que nos outros permanecem mudas; numa palavra: foi tocado no coração, e, por isso, a sua fé é inabalável. Um é como o músico que se comove com os acordes; o outro, apenas ouve os sons. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações. Enquanto um se compraz no seu horizonte limitado, o outro, que compreende a existência de alguma coisa melhor, esforça-se para se libertar e sempre o consegue, quando dispõe de uma vontade firme.



Retirado do 'Evangelho Segundo o Espiritismo'

(Cap. XVII – Sede Perfeitos)



Prática Espírita






Que é praticar o Espiritismo?


- Praticar o Espiritismo é:


1) invocar os Espíritos e se pôr em comunicação com o mundo invisível;

2) frequentar assiduamente as reuniões espíritas;

3) desenvolver os dons de mediunidade que estão em germe em cada um de nós.


Que é invocar os Espíritos?


- E dirigir-lhes preces e lhes pedir luz, inspiração, ajuda e proteção.


A prece é então ouvida no mundo invisível?


- A prece é um transporte da alma, que abre um caminho fluídico no espaço; ela pode atingir os mais elevados Espíritos e chegar até Deus.


Qual é a melhor das orações?


- Toda oração é boa quando é uma elevação da alma e um apelo sincero do coração.


Que é uma reunião espírita?


- É um grupo composto de diversas pessoas unidas pela comunhão dos pensamentos, a afinidade dos fluidos e a concordância das vontades.


Como deve ser organizada uma reunião espírita?


- De um grupo de pesquisadores esclarecidos, de um presidente, de um ou vários médiuns, sob a proteção dos bons Espíritos.


Onde devem realizar-se essas reuniões?


- Não importa onde, porque o Espírito se manifesta onde quer, mas de preferência em lugar reservado, pois os bons Espíritos não gostam de se manifestar na confusão.


Deve-se reunir de dia ou de noite?


- Tanto de dia, como de noite, conforme os Espíritos decidirem; entretanto a noite é mais propícia às comunicações com o mundo invisível.


Por que?


- Porque a atmosfera noturna é mais calma; a atividade do dia não interfere mais nas correntes das ondas magnéticas; nessas condições, é mais fácil estabelecer o caminho fluídico entre este mundo e o além. É, aliás, o que significa o provérbio antigo: “O dia é dos homens, a noite é dos deuses”, isto é, dos Espíritos.


Todas as reuniões espíritas produzem as mesmas revelações e os mesmos fenômenos?


- Não. Cada reunião tem sua característica, cada grupo sua fisionomia. Tudo depende da elevação dos Espíritos que se comunicam, das disposições íntimas dos assistentes e, sobretudo, do valor dos médiuns.


Num grupo espírita, os membros assistentes têm igualmente certos deveres a cumprir?


- Sim, e o primeiro de todos é de se unirem pela afinidade simpática dos fluidos e a concordância unânime das vontades. Uma única vontade discordante ou hostil neutraliza o fluido coletivo e pode impedir a comunicação. Não se deve jamais introduzir numa reunião um elemento novo, sem ter pedido antes a opinião do Espírito protetor do grupo, porque só ele julgará das afinidades fluídicas do recém-vindo.


Se os assistentes são movidos por simples sentimento de curiosidade ou de ceticismo, o que sucederá?


- Os assistentes têm a companhia dos Espíritos que merecem. Se eles são levianos, terão Espíritos levianos e mistificadores; se são corrompidos terão espíritos impuros e perversos, cujo contato, embora momentâneo, nunca é inofensivo.


Os grupos espíritas devem ser limitados quanto ao número de pessoas que os compõem?


- Não de uma forma absolutamente matemática; mas, como regra geral, os grupos menos numerosos são os mais unidos e, por consequência, os melhores.


Por que?


- Se já é difícil harmonizar os fluidos de cinco ou seis pessoas com os do Espírito, torna-se mais difícil ainda, quando os membros são mais numerosos. É bom não ser menos de três, nem mais de doze. Acrescentemos que é preferível reunir-se, tanto quanto possível, no mesmo local, nos mesmos dias e à mesma hora. Esses hábitos regulares favorecem sensivelmente a influência e a ação dos Espíritos.


A prática do Espiritismo não leva também algumas vezes ao suicídio ou à loucura?


- De maneira alguma. Se alguns casos de exaltação foram produzidos, é preciso observar que a ciência e a religião, que são duas coisas necessárias e muito elevadas, têm também, no curso dos séculos, uma, arruinado muitos cérebros; outra, produzido casos de loucura religiosa e cometido crimes odiosos. Não é, no entanto, uma razão para renunciar à religião que tem feito grandes almas, nem a ciência, que tem produzido grandes espíritos. Seria ilógico e injusto ver as coisas elevadas somente por seus pequenos e maus aspectos. Pelo fato de o cérebro humano não poder suportar o peso de certas revelações, só se pode concluir uma coisa: é que o invisível não tem limites e o homem é bem limitado diante do infinito.



Retirado do livro 'Síntese Doutrinária' – Léon Denis