O que importa



Não importa:


que a ventania da incompreensão nos zurza o caminho;


que a ignorância nos apedreje;


que a injúria nos aponte ao descrédito;


que a maledicência nos receba a jarros de lama;


que a intriga nos envolva em sombra;


que a perseguição nos golpeie;


que a crítica arme inquisições para condenar-nos;


que os obstáculos se multipliquem, complicando-nos a jornada;


que a mudança de outrem nos relegue ao abandono;


ou que as trevas conspirem incessantemente, no objetivo de perder-nos.


Importa nos agasalhemos na paciência;


que nos apliquemos à desculpa incondicional;


que nos resguardemos na humildade, observando que só temos e conseguimos aquilo que a Divina Providência nos empreste ou nos permita realizar;


que nos cabe responder ao mal com o bem, sejam como sejam as circunstâncias;


e que devemos aceitar a verdade de que cada coração permanece no lugar em que se coloca e que, por isso mesmo, devemos, acima de tudo, conservar a consciência tranquila, trabalhar sempre e abençoar a todos, procurando reconhecer que todos somos de Deus e todos estamos em Deus, cujas leis nos julgarão a todos, amanhã e sempre, segundo as nossas próprias obras.


Emmanuel

In: 'Coragem' - Francisco Cândido Xavier


Paciência



Virtude que escasseia, a paciência é de relevante importância para os cometimentos expressivos a que te propões.


Sem ela, a irritação comanda os feixes nervosos, e de desequilíbrios imprevisíveis irrompem na máquina física, comprometendo toda e qualquer realização.


Não se considerando os casos de desarmonia procedente de matrizes patológicas, todo homem pode e deve cultivar a paciência.


E mesmo quando acoimado por enfermidades que o afetam no equilíbrio emocional, através de contínuos esforços consegue resignação ante a dor, que é uma das mais expressivas manifestações da paciência.


Mediante exercícios regulares de reflexão e contenção dos impulsos da personalidade inferior, plasmarás condicionamentos íntimos, que imprimem calma e equilíbrio, culminando em harmonia interior, geradora da paciência.


Indubitavelmente, realização tal não se lobriga num só passo, sob impulso momentâneo.


Surge o embrião, molécula a molécula.


Constrói-se a máquina, peça a peça.


Realiza-se a obra, tarefa a tarefa.


Da mesma forma, nos empreendimentos morais, só através da perseverança, num programa feliz de segura urdidura, realizarás os misteres a que te propões.


A paciência, assim conseguida, conferirá salutares recursos para o enobrecimento espiritual daquele que a cultiva.


Conseqüência do cansaço, do marasmo, da rotina, a irritabilidade significa sinal vermelho na tarefa que executas.


Indispensável vigiar-lhe o surgimento.


Sutil, explode, de quando em quando, repetindo-se o clima de irascibilidade, que toma as paisagens da ação, estabelecendo nefanda presença, contumaz e enfermiça.


A paciência, a contrário, resiste às más circunstâncias e às tediosas ocorrências.


É confiante, gentil, otimista, sem que deixe de ser responsável, séria, recatada.


Suporta vicissitudes com galhardia e não esmorece quando os resultados demoram a expressar-se.


Espera com coragem e não desfalece.


Dessa forma, policia as reações íntimas e observa como te encontras.


Caso te sintas portador da constante mau-humor, estás necessitando do auxílio da paciência, a fim de refundires o ânimo, renovares conceitos e atividades, orando, com a sede de quem, urgentemente, precisa da água da paz.


Não te deixes amargar pela revolta interior ou esmagar pela irritabilidade.


Recorre à paciência, sempre e em qualquer situação, e ela te ajudará a servir, amar e aguardar amanhã o que hoje se te afigure improvável ou irreversível...


A paciência é, também, irmã da fé, porquanto, todo aquele que crê, espera e confia tranqüilamente.



Joanna de Ângelis

In: ‘Celeiro de Bênçãos’ - Divaldo P. Franco

Guarda Paciência



“Porque Necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” ─ Paulo. (Hebreus, 10, 36)


                  

Provavelmente estarás retendo, há muito tempo, a esperança torturada.


Desejarias que a resposta do mundo aos teus anseios surgisse, imediata, agasalhando-te o coração; entretanto, que paz desfrutarias no triunfo aparente dos próprios sonhos, sem resgatares os débitos que te encadeiam ao problema e à dificuldade?


Como repousar, ante a exigência do credor que nos requisita?


Descansará o delinqüente, ante a justa reparação à falta cometida?


Sabes que o destino materializar-te-á os planos de ventura, que a vitória te coroará, enfim, a senda de luta, mas reconheces-te preso ao círculo de certas obrigações.


O lar convertido em forja de angústia...


A instituição a que serves, onde sofres a intromissão da calúnia ou o golpe da crueldade...


O parente a que deves respeito e carinho, do qual recolhes menosprezo e ingratidão.


A rede de obstáculos.


A conspiração das sombras...


A perseguição gratuita, a enfermidade do corpo, a imposição do ambiente...


Se as provas te encarceram nas grades constringentes do dever a cumprir, tem paciência e satisfaze as obrigações a que te enlaçaste!...


Não renuncies ao trabalho renovador!


Recorda que a Vontade de Deus se expressa, cada hora, nas circunstâncias que nos cercam! Paguemos nossas contas com a sombra, para que a Luz nos favoreça!


Em verdade, alcançaremos a concretização dos nossos projetos de felicidade, mas, antes disso, é necessário liquidar com paciência as dívidas que contraímos perante a Lei.



Emmanuel

Livro: “Fonte Viva” – Psicografia Francisco Cândido Xavier


A PACIÊNCIA


A dor é uma bênção que Deus envia aos seus eleitos. Não vos aflijais, portanto, quando sofrerdes, mas, pelo contrário, bendizei a Deus Todo-Poderoso, que vos marcou com a dor neste mundo, para a glória no céu.


Sede pacientes, pois a paciência é também caridade, e deveis praticar a lei de caridade, ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há uma bem mais penosa, e conseqüentemente bem mais meritória, que é a de perdoar os que Deus colocou em nosso caminho, para serem os instrumentos de nossos sofrimentos e submeterem à prova a nossa paciência.


A vida é difícil, bem o sei, constituindo-se de mil bagatelas que são como alfinetadas e acabam por nos ferir. Mas é necessário olhar para os deveres que nos são impostos e para as consolações e compensações que obtemos, pois então veremos que as bênçãos são mais numerosas que as dores. O fardo parece mais leve quando olhamos para o alto do que quando curvamos a fronte para a terra.


Coragem, amigos: O Cristo é o vosso modelo. Sofreu mais que qualquer um de vós e nada tinha de que se acusar, enquanto tendes a expiar o vosso passado e de fortalecer-vos para o futuro. Sede, pois, pacientes, sede cristãos: esta palavra resume tudo.


Um espírito amigo

Havre, 1862


Texto retirado do Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap.IX