Memórias de um Suicida (2/2)




NOTAS DA AUTORA


Após a morte, antes que o Espírito se oriente, gravitando para o verdadeiro “lar espiritual” que lhe cabe, será sempre necessário o estágio numa “ante-câmara”, numa região cuja densidade e aflitivas configurações locais corresponderão aos estados vibratórios e mentais do recém-desencarnado. Aí se deterá até que seja naturalmente “desanimalizado”, isto é, que se desfaça dos fluídos e forças vitais de que são impregnados todos os corpos materiais.


Por aí se verá que a estada será temporária nesse umbral do Além, conquanto geralmente penosa. Tais sejam o caráter, as ações praticadas, o gênero de vida, o gênero de morte que teve a entidade desencarnada – tais serão o tempo e a penúria no local descrito.


Existem aqueles que aí apenas se demoram algumas horas. Outros levarão meses, anos consecutivos, voltando à reencarnação sem atingirem a Espiritualidade.


Em se tratando de suicidas o caso assume proporções especiais, por dolorosas e complexas. Estes aí se demorarão, geralmente, o tempo que ainda lhes restava para conclusão do compromisso da existência que prematuramente cortaram. Trazendo carregamentos avantajados de forças vitais animalizadas, além das bagagens das paixões criminosas e desorganização mental, nervosa e vibratória completas, é fácil entrever qual será a situação desses infelizes para quem um só balsamo existe: - a prece das almas caritativas!


Se, por muito longo, esse estágio exorbite das medidas normais ao caso – a reencarnação imediata será a terapêutica indicada, embora acerba e dolorosa, o que será preferível a muitos anos em tão desgraçada situação, assim se completando, então, o tempo que faltava ao término da existência cortada.


Às impressões e sensações penosas, oriundas do corpo carnal, que acompanham o Espírito ainda materializado, chamaremos repercussões magnéticas, em virtude do magnetismo animal, existente em todos os seres vivos, e suas afinidades com o perispírito.


Trata-se de fenômeno idêntico ao que faz a um homem que teve o braço ou a perna amputados sentir coceiras na palma da mão que já não existe com ele, ou na sola do pé, igualmente inexistente. Conhecemos em certo hospital um pobre operário que teve ambas as pernas amputadas senti-las tão vivamente consigo, assim como os pés, que, esquecido de que já não os possuía, procurou levantar-se, levando, porém, estrondosa queda e ferindo-se. Tais fenômenos são fáceis de observar.



Retirado do livro: “Memórias de um Suicida” – Yvonne A. Pereira

(1ª parte – O Vale dos Suicidas)



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O livro “Memórias de um Suicida” foi escrito pelo Espírito do escritor português Camilo Castelo Branco (sob o pseudônimo de ‘Camilo Cândido Botelho’), através da psicografia de Yvonne A. Pereira, sendo corrigida doutrinariamente por Léon Denis (Espírito). Nele, Camilo conta a própria história, o que acontece após o seu suicídio, quando, cego, deu um tiro de pistola contra seu próprio ouvido.



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