O Umbral (Parte 3 de 3)



Organização das cidades espirituais dentro do Umbral


Para muitas criaturas, é difícil compreender a arregimentação inteligente dos Espíritos perversos. Entretanto, é lógica e natural. Se ainda nos situamos distantes da santidade, não obstante os propósitos superiores que já nos orientam, que dizer dos irmãos infelizes que se deixaram prender sem resistência, às teias da ignorância e da maldade?


Não conhecem região mais elevada que a esfera carnal, a que inda se ajustam por laços vigorosos. Enleados em forças de baixo padrão vibratório, não apreendem a beleza da vida superior e, enquanto mentalidades frágeis e enfermiças se dobram humilhadas, os gênios da impiedade lhes traçam diretrizes, enfileirando-as em comunidades extensas e dirigindo-as em bases escuras de ódio aviltante e desespero silencioso.


Organizam, assim, verdadeiras cidades, em que se refugiam falanges compactas de almas que fogem envergonhadas de si mesmas, ante quaisquer manifestações da divina luz. Filhos da revolta e da treva aí se aglomeram, buscando preservar-se e escorando-se, aos milhares, uns nos outros...


Agrupam-se em cidades, pequenas vilas ou núcleos.


O melhor prédio é para o chefe, há o local para as festas e o salão de julgamento ou audiências. A maioria delas tem biblioteca com livros de magia e obscenos. Livros e revistas em sua maioria também editados na Terra. Só que os encarnados têm livros e revistas bons e maus, e lá só há os ruins.



Núcleos


Núcleos são agrupamentos de espíritos. Alguns núcleos, como o dos suicidas, ficam quase sempre em vales e são visitados tanto por socorristas como pelos maus, que vão atormentar mais ainda os que lá vivem.


A maioria deles tem denominação dada por seus habitantes. Algumas são interessantes, outras ridículas ou obscenas. Existe um núcleo de alcoólatras que se chama ‘Barril Grande’. Possui algumas casas emendadas umas nas outras. Há o chefe, e ali vivem outros escravos, mas não há torturados. Seus moradores também gostam de vagar entre os encarnados e embriagar-se com eles.


Núcleos de drogados constituem-se quase sempre em pequenas cidades. Em certas localidades são cidades grandes, fechadas e movimentadas, onde fazem grandes festas. Existe um local de drogados chamado ‘Vale das Bonecas’. Nele há casas e um grande laboratório.


Semelhantes se afinam e se constituem em núcleos de ladrões, de assassinos etc.



Trevas / Abismos


Chamamos Trevas às regiões mais inferiores que conhecemos.


Considere as criaturas como itinerantes da vida. Alguns poucos seguem resolutos, visando ao objetivo essencial da jornada. São os espíritos nobilíssimos, que descobriram a essência divina em si mesmos, marchando para o alvo sublime, sem vacilações. A maioria, no entanto, estaciona. Temos então a multidão de almas que demoram séculos e séculos, recapitulando experiências. Os primeiros seguem por linhas retas. Os segundo caminham descrevendo grandes curvas. Nessa movimentação, repetindo marchas e refazendo velhos esforços, ficam à mercê de inúmeras vicissitudes. Assim é que muitos costumam perder-se em plena floresta da vida, perturbados no labirinto que tracejam para os próprios pés. Classificam-se, aí, os milhões de seres que perambulam no Umbral. Outros, preferindo caminhar às escuras, pela preocupação egoísta que os absorve, costumam cair em precipícios, estacionando no fundo do abismo por tempo indeterminado.


Às densas trevas em torno somente aportam as consciências que se entenebreceram nos crimes deliberados, apagando a luz do equilíbrio em si mesmas. Nestas regiões inferiores não transitam as almas simples, em qualquer aflição purgativa, situadas que se encontram nos erros naturais das experiências primárias. Cada ser está jungido, por impositivos da atração magnética, ao círculo de evolução que lhe é próprio.


O Umbral das Américas é mais ameno, se comparado com da Europa e Ásia. O Umbral do velho mundo é mais fechado, com abismos enormes e horripilantes.



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Certamente, o Umbral não é um lugar agradável. Se a maioria dos encarnados tivesse idéia do que é viver nele, mesmo que por determinado tempo, aproveitaria mais o período da encarnação para aprender, viver no
bem e modificar-se interiormente, fazendo-se merecedor de moradas melhores, ao desencarnar.


Uma certeza, porém, posso dar-lhe: não obstante as sombras e angústias do Umbral, nunca faltou lá a proteção divina. Cada espírito lá permanece o tempo que se faça necessário. Para isso, meu amigo, permitiu o Senhor se erigissem muitas colônias consagradas ao trabalho e ao socorro espiritual. É necessária muita coragem e muita renúncia para ajudar a quem nada compreende do auxílio que se lhe oferece.


Umbral não é sinônimo nem de sofrimento nem de felicidade, é um lugar transitório. É um ambiente criado pelo mau uso da mente humana. Nem todos acham o Umbral triste e feio, muitos gostam de viver ali. Gostos diferem-se, a uns agrada a limpeza, a outros agrada a sujeira. Uns preferem a verdade, outros, a ilusão e a mentira. Depois, ninguém está ali por punição, e sim por vibrar igual ao ambiente. Os que sofrem não ficam lá para sempre, há o socorro.


Oh! Amigos da Terra! Quanto de vós podereis evitar o caminho da amargura com o preparo dos campos internos do coração? Acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade, antes que a verdade vos surpreenda. Suai agora para não chorardes depois.




Fonte: Resumos de textos extraídos dos livros:


“Nosso Lar” – Pelo Espírito André Luiz / Psicografia de Chico Xavier / FEB


“Libertação” – Pelo Espírito André Luiz / Psicografia de Chico Xavier / FEB


“Ação e Reação” – Pelo Espírito André Luiz / Psicografia de Chico Xavier / FEB


“Vivendo no Mundo dos Espíritos” – Pelo Espírito Patrícia / Psicografia de Vera Lúcia M. Carvalho / Petit


“O Vôo da Gaivota” – Pelo Espírito Patrícia / Psicografia de Vera Lúcia M. Carvalho / Petit




“A questão mais aflitiva para o espírito no Além é a consciência do tempo perdido.” Chico Xavier