O Espiritismo na Antiguidade





Pergunta: Os sacerdotes do antigo Egito tinham conhecimento da Doutrina Espírita?


Resposta: Era a deles.


Pergunta: Recebiam manifestações?


Resposta: Sim.


Pergunta: As manifestações que obtinham os sacerdotes egípcios tinham a mesma fonte das que Moisés obtinha?


Resposta: Sim, ele foi iniciado por aqueles.


Pergunta: Pensais que a doutrina dos sacerdotes Egípcios tinha qualquer relação com a dos Indianos?


Resposta: Sim; todas as religiões mães estão ligadas entre si por laços quase invisíveis; decorrem de uma mesma fonte.



Diálogo de Allan Kardec com Méhémet-Ali, antigo paxá do Egito.

(Comunicação em 16 de março de 1858, presente na Revista Espírita - Abril/1858)


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A rapidez com a qual se propagaram, em todas as partes do mundo, os fenômenos estranhos das manifestações espíritas, é uma prova do interesse que causam. Simples objeto de curiosidade, a princípio, não tardaram em despertar a atenção dos homens sérios que entreviram, desde o início, a influência inevitável que devem ter sobre o estado moral da sociedade. As idéias novas que deles surgem, se popularizam cada dia mais, e nada poderia deter-lhes o progresso, pela razão muito simples de que esses fenômenos estão ao alcance de todo mundo, ou quase todo, e que nenhuma força humana pode impedi-los de se produzirem.


Se bem que tudo prova que (os fenômenos) ocorreram desde os tempos mais recuados. Não se trata de fenômenos naturais nas invenções que seguem o progresso do espírito humano; desde que estão na ordem das coisas, sua causa é tão velha quanto o mundo e os efeitos devem ter-se produzido em todas as épocas. O que, pois, testemunhamos hoje não é uma descoberta moderna: é o despertar da antiguidade, mas, da antiguidade liberta da companhia mística que engendrou as superstições, da antiguidade esclarecida pela civilização e o progresso nas coisas positivas.


O fato das comunicações com o mundo invisível se encontra em termos inequívocos nos relatos bíblicos; mas, de um lado, para certos céticos, a Bíblia não tem uma autoridade suficiente; por outro lado, para os crentes, são fatos sobrenaturais, suscitados por um favor especial da Divindade. Não haveria aí, pois, para todo o mundo, uma prova da generalidade dessas manifestações, se não as encontrássemos em milhares de outras fontes diferentes.


A existência dos Espíritos, e a sua intervenção no mundo corporal, está atestada e demonstrada, não mais como um fato excepcional, mas como princípio geral, em Santo Agostinho, São Jerônimo, São Crisóstomo, São Gregório de Nazianzeno e muitos outros Pais da Igreja Essa crença forma, por outro lado, a base de todos os sistemas religiosos. Os mais sábios filósofos da antiguidade a admitiram: Platão, Zoroastro, Confúcio, Apuleio, Pitágoras, Apolônio de Tiana e tantos outros.


Nós a encontramos nos mistérios e nos oráculos, entre os Gregos, os Egípcios, os Hindus, os Caldeus, os Romanos, os Persas, os Chineses. Vemo-la sobreviver a todas as vicissitudes dos povos, a todas as perseguições, desafiar todas as revoluções físicas e morais da Humanidade. Mais tarde, encontramo-la nos adivinhos e feiticeiros da Idade Média, nos Willis e nas Walkirias dos Escandinavos, nos Elfos dos Teutões, nos Leschios e nos Domeschnios Doughi dos Eslavos, nos Ourisks e nos Brownies da Escócia, nos Poulpicans e nos Ten-sarpoulicts dos Bretões, nos Cemis dos Caraíbas, em uma palavra, em toda a falange de ninfas, de gênios bons e maus, de silfos, de gnomos, de fadas, de duendes, com os quais todas as nações povoaram o espaço. Encontramos a prática das evocações entre os povos da Sibéria, no Kamtchatka, na Islândia, entre os índios da América do Norte, entre os aborígenes do México e do Peru, na Polinésia e mesmo entre os selvagens da Oceania.


A consequência capital, que ressalta desses fenômenos, é a comunicação, que os homens podem estabelecer, com os seres do mundo incorpóreo, e os conhecimentos que podem, em certos limites, adquirir sobre seu estado futuro. Ora, uma doutrina não se torna universal, e nem sobrevive a milhares de gerações, nem se implanta, de um pólo ao outro, entre os povos mais dessemelhantes, e em todos os graus da escala social, sem estar fundada em alguma coisa de positiva. O que é essa alguma coisa? É o que nos demonstram as recentes manifestações. Procurar as relações que podem e devem ter entre essas manifestações e todas essas crenças, é procurar a verdade. A história da Doutrina Espírita, de alguma forma, é a do espírito humano.


A Doutrina Espírita nos oferece, enfim, a única solução possível e racional de uma multidão de fenômenos morais e antropológicos, dos quais, diariamente, somos testemunhas, e para os quais se procuraria, inutilmente, a explicação em todas as doutrinas conhecidas.


Edição de textos retirados da Revista Espírita – Allan Kardec (Ano I – 1858)


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A doutrina hoje ensinada pelos Espíritos nada tem de novo; seus fragmentos são encontrados na maior parte dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia, e se completam nos ensinos de Jesus Cristo. A que vem, pois, o Espiritismo ? Vem confirmar com novos testemunhos e demonstrar com os fatos, verdades desconhecidas ou mal compreendidas e restabelecer em seu verdadeiro sentido aquelas que foram mal interpretadas ou deliberadamente alteradas.


O que é certo é que nada de novo ensina o Espiritismo. Mas será pouco provar de modo patente e irrecusável a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo, sua individualidade após a morte, sua imortalidade, e as penas e recompensas futuras?”


(Allan Kardec – No livro: 'O que é o Espiritismo' – Introdução)