Um jovem de 18 anos estava atacado por uma doença do coração, declarada incurável. A ciência havia dito: ele pode morrer em oito dias, como em dois anos, mas não passará disso. O jovem o sabia; logo deixa todo o estudo e se entrega aos excessos de todos os gêneros.
Quando lhe ponderaram o quanto uma vida de desordem era perigosa na sua posição, ele respondeu:
“ - Que me importa, se não tenho senão dois anos para viver! De que me serviria fatigar meu espírito? Eu gozo o que me resta e quero me divertir até o fim. ”
Eis a conseqüência lógica do niilismo*.
Se esse jovem fosse espírita, ele teria dito: a morte não destruirá senão o meu corpo, que deixarei como uma veste usada, mas meu Espírito viverá sempre. Serei em minha vida futura, o que fiz de mim mesmo nesta; o que pude adquirir em qualidades morais e intelectuais não estará perdido, porque isso será igualmente aquisição para o meu adiantamento; toda imperfeição de que me despojar é um passo a mais para a felicidade; minha felicidade ou minha infelicidade futuras dependem da utilidade, ou da inutilidade, da minha existência presente. É, pois, do meu interesse aproveitar o pouco tempo que me resta, e evitar tudo o que poderia diminuir as minhas forças.
Qual dessas duas doutrinas é preferível?
*Niilismo: Descrença absoluta. Doutrina que defende a idéia de que nada existe de absoluto.
Texto retirado do livro “O Céu e o Inferno - A Justiça Divina Segundo o Espiritismo” – Allan Kardec