Alimentação Vegetariana e Espiritismo






A alimentação vegetariana é um tema que vem cada vez mais sendo alvo de discussões no meio espírita. Vários são os livros - psicografados ou não - que fazem alguma alusão a isso e antagônicas são as posições tomadas por diferentes pessoas com relação ao assunto. Mas o que realmente diz a doutrina espírita?





Analisando o Livro dos Espíritos, temos a seguinte passagem:


723.
A alimentação animal é, com relação ao homem, contrária à lei da Natureza?


Dada a vossa constituição física, a carne alimenta a carne, do contrário o homem perece. A lei de conservação lhe prescreve, como um dever, que mantenha suas forças e sua saúde, para cumprir a lei do trabalho. Ele, pois, tem que se alimentar conforme o reclame a sua organização.


Esse trecho serve de base aos espíritas que se colocam a favor de uma alimentação onde a carne tenha lugar garantido. Mas não há nada mais a ser considerado sobre a resposta acima? Por exemplo: quando foi escrita? Qual era a situação do homem em termos de conhecimentos nutricionais à época em comparação com os dias de hoje? Percebe-se claramente no trecho citado que é colocada a questão da necessidade: uma palavra de grande importância para se discutir o assunto.


O Livro dos Espíritos foi publicado há mais de 140 anos atrás. Muito o homem se desenvolveu cientificamente e tecnologicamente nesse intervalo de tempo. Hoje, por exemplos práticos e não por suposições teóricas, vê-se que a necessidade de comer carne não existe. É plenamente possível viver de forma saudável sem a sua ingestão. A despeito de várias publicações espíritas que se colocam a favor da alimentação vegetariana – psicografias de Chico Xavier junto a Emmanuel e André Luiz, de Yvonne Pereira, dentre vários outros – muitos se prendem à questão 723 do Livro dos Espíritos para justificar suas posições contrárias a ela.


Vejamos alguns trechos dos livros O Consolador (Emmanuel – Chico Xavier) e Missionários da Luz (André Luiz – Chico Xavier):


A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes conseqüências, do qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana.


É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esse valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e frigoríficos.


Temos a considerar, porém, a máquina econômica do interesse e da harmonia coletiva, na qual tantos operários fabricam o seu pão cotidiano. Suas peças não podem ser destruídas de um dia para o outro, sem perigos graves.


Consolemo-nos com a visão do porvir, sendo justo trabalharmos, dedicadamente, pelo advento dos tempos novos em que os homens terrestres poderão dispensar da alimentação os despojos sangrentos de seus irmãos inferiores
.”


(Trecho do livro O Consolador, psicografado por Chico Xavier junto a Emmanuel)


* * *


A pretexto de buscar recursos protéicos, exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis. Sugávamos os tecidos musculares, roíamos os ossos.


Não contentes em matar os pobres seres que nos pediam roteiros de progresso e valores educativos, para melhor atenderem a obra do Pai, dilatávamos os requintes da exploração milenária e infligíamos a muitos deles determinadas moléstias para que nos servissem ao paladar, com a máxima eficiência.


O suíno comum era localizado por nós, em regime de ceva, e o pobre animal, muita vez à custa de resíduos, devia criar para nosso uso, certas reservas de gordura, até que se prostrasse, de todo, ao peso de banhas doentias e abundantes.


Colocávamos gansos nas engordadeiras para que hipertrofiassem o fígado, de modo a obtermos pastas substanciosas destinadas a quitutes que ficaram famosos, despreocupados das faltas cometidas com a suposta vantagem de enriquecer valores culinários.


Em nada nos doía o quadro comovente das vacas-mães, em direção ao matadouro, para que nossas panelas transpirassem agradavelmente.


Encarecíamos, com toda a responsabilidade da ciência, a necessidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos protéicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte.


Esquecíamo-nos de que o aumento de laticínios para enriquecimento da alimentação constitui elevada tarefa, porque tempos virão, para a Humanidade terrestre, em que o estábulo, como o Lar, será também sagrado
.”


Não nos cabe condenar a ninguém. Abandonando as faixas de nosso primitivismo, devemos acordar a própria consciência para a responsabilidade coletiva.


A missão do superior é a de amparar o inferior e educá-lo. E os nossos abusos com a Natureza estão cristalizados em todos os países, há muitos séculos.


Não podemos renovar os sistemas econômicos dos povos de um momento para o outro, nem substituir os hábitos arraigados e viciosos de alimentação imprópria, de maneira repentina.


Refletem eles, igualmente, nossos erros multimilenários. Mas, na qualidade de filhos endividados para com Deus e a Natureza, devemos prosseguir no trabalho educativo, acordando os companheiros encarnados, mais experientes e esclarecidos, para a nova era em que os homens cultivarão o solo da Terra por amor e utilizar-se-ão dos animais, com espírito de respeito, educação e entendimento
.”


(Trechos do livro Missionários da Luz, psicografado por Chico Xavier junto a André Luiz)


É importante não existir o medo diante do novo. O próprio Allan Kardec, por várias vezes, colocou a importância da evolução das idéias. Não devemos pensar que tal evolução acabou na publicação de Obras Póstumas (último livro de sua autoria: uma coletânea de textos deixados por ele após sua morte física). A evolução continua. Quando surgem novas variáveis que permitam a análise de um ponto por novos prismas, assim deve ser feito. Aí está o caráter científico do Espiritismo se mantendo em equilíbrio com sua face religiosa, não permitindo que certos pontos sejam praticamente considerados como dogmas a serem aceitos.


Voltando à questão da necessidade de se comer carne, vejamos alguns fatos interessantes:


- Dave Scott é um triatleta de renome. Ele venceu o lendário Ironman no Hawaii, uma das provas mais extenuantes do planeta, por seis vezes (um recorde), entre os anos de 1980 e 1987. Esse triatlo consiste em 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida;


- Sixto Linares bateu o recorde mundial do triatlo de um dia nadando 7,72 km, pedalando por 297 km e então correndo por 86 km, sem intervalos, em 1985;


- Edwin Moses: medalhista de ouro em Olimpíada nos 400 metros com obstáculos. Passou oito anos sem uma única derrota nessa prova;


- Paavo Nurmi, o “Finlandês Voador”, conseguiu vinte recordes mundiais em corrida à distância e ganhou nove medalhas olímpicas;


- Bill Pickering estabeleceu um recorde mundial nadando no Canal da Mancha, mas a performance dessa ocasião foi pouco diante do fato de que com 48 anos, ele bateu um novo recorde mundial nadando no canal de Bristol.


O que há de comum entre as pessoas citadas acima? Todos são vegetarianos.


A situação atual apresenta diferenças muito favoráveis à alimentação vegetariana, aumentando consideravelmente as opções dessa dieta em comparação com outras épocas. Há hoje variedades vegetais com níveis produtivos mais altos, melhores processos de armazenamento e conservação, sistemas de distribuição mais eficazes. Além disso, o homem conhece mais sobre os mecanismos da digestão, as necessidades diárias alimentares e as propriedades dos alimentos. Uma dieta vegetariana bem planejada permite a qualquer pessoa viver com boa qualidade de nutrição. Isso pode ser afirmado por fatos.


Vendo-se, pelos últimos parágrafos, que na realidade a necessidade de se comer carne não existe para o homem atual, toda a questão deve ser analisada por um outro ponto de vista: é justo e correto sujeitar um animal aos sofrimentos (sim, por menor que seja a sua capacidade cognitiva, eles têm a capacidade de sofrer – fato inegável) de que é alvo e posteriormente à morte para satisfazer as preferências de nosso paladar?


O Espiritismo, em seu aspecto moral de bondade, amor e caridade em todas as relações, condena o excesso. A partir do momento que se comprova uma não-necessidade, tudo muda. A partir desse caráter moral da doutrina pode-se concluir com facilidade que a interrupção da matança que hoje é infligida aos animais será um dos passos dados pelo homem no futuro. Passo que não ocorrerá de um só instante, mas ao longo de um tempo, visto que mesmo hoje se vê o seu andamento.


Acompanhando-se a linha de evolução da humanidade, percebe-se que atualmente são considerados bárbaros – ou, no mínimo, errôneos - vários costumes tidos como absolutamente normais e corriqueiros em outras sociedades no passado: os sacrifícios animais e mesmo humanos, a escravidão, a poligamia e o canibalismo, dentre outros. Como disse Victor Hugo: “primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza e aos animais”.


Um ponto importante que deve, no entanto, ser ressaltado é o pretenso nível de intangibilidade moral que alguns podem querer se colocar por terem uma dieta vegetariana. De nada adianta não comer carne, mas também não perdoar, não praticar a caridade, não ser paciente, dentre várias outras coisas de alto grau de importância que estabelecem um bom nível de caráter moral no ser humano.


Apenas cumpre ao homem não cometer excessos e comer para viver, ao contrário de viver para comer. A partir da constatação que o ser mais fraco sofre por uma desnecessidade, o ato de causar tal sofrimento torna-se fútil e repugnante.



Retirado do site Saber Espírita


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Saiba mais:


www.vegetarianismo.com.br


www.sejavegetariano.com.br


Semeando...



Semear Esperança



Eles existem aos milhões.


Habitam casebres e palácios.


Muitos ocultam-se sob o verniz de posições transitórias.


São os desesperados do mundo.


Você os encontrará nas ruas, no local de trabalho, em seu próprio lar.


Criaturas que se viram colhidas pela provação e perderam o ânimo e o equilíbrio.


Este viu o afeto partir para o além, sem compreender que a vida continua.


Aquele foi alcançado pela enfermidade de longo curso.


Outro se viu ante decepções e passou a desacreditar de todos.


Diante deles, não critique nem questione.


Ajude. Ouça com interesse e auxilie com amor.


Cada espírito é um campo a ser cultivado.


Semear esperança é dever de todo aquele que já encontrou a luz da verdade.


Por certo, a Misericórdia Divina sabe como amparar os sofredores.


Entretanto, Jesus não dispensa a colaboração de todos os aprendizes do bem, para amenizar o sofrimento e recuperar a esperança para quem chora.


Scheilla
Psicografia de Clayton B. Levy
Do livro: “A Mensagem do Dia”


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Semear o Bem


Aquele que grafa uma página edificante, semeia um bom exemplo, educa uma criança, fornece um apontamento confortador, entretém uma palestra nobre ou estende uma dádiva, recolherá, cem por um, todos os grãos de amor que lançou na sementeira do Eterno Bem, laborando com a Vida para a alegria sem fim.


Eurípedes Barsanulfo
Psicografia de Chico Xavier

Do livro: “Caminho Espírita”


Entrevista com Divaldo Franco (Parte 3)



CONTINUAÇÃO...



Evangelização dos Jovens


O Consolador – Considerando-se que o Espiritismo é uma religião eminentemente educadora e que o Espírito reencarna para aperfeiçoar-se, você não acha que as atividades que visam à evangelização da criança não têm recebido o apoio na proporção da importância da tarefa?


Divaldo FrancoÉ de lamentar essa constatação em inúmeros Centros Espíritas. Acreditam os seus diretores que são imortais no corpo, sem a preocupação de preparar as novas gerações para os substituírem, tanto quanto trabalhar a criança, a fim de produzir uma sociedade feliz, sem vícios nem conflitos, que o Espiritismo dirime e equilibra.


Esse infeliz comportamento traduz a ignorância em torno da educação, que mereceu do insigne Allan Kardec, o nobre educador, páginas de relevante beleza.


Educar a criança de hoje, é dever inadiável, a fim de não se ter que punir o cidadão do futuro, conforme o pensamento de nobre filósofo grego...


O Consolador – Como despertar o interesse de jovens e adolescentes para o estudo da Doutrina Espírita?


Divaldo FrancoO Espiritismo é, essencialmente, uma doutrina para jovens e adolescentes, tendo em vista o seu conteúdo iluminativo, de fácil aplicação no cotidiano e libertador de tabus e influências perniciosas. Esclarecendo a mente e confortando o sentimento, o Espiritismo fascina as mentes juvenis, convidando-as a reflexões demoradas e a comportamentos saudáveis.


Infelizmente, o exemplo dos pais no lar, nem sempre compatível com as lições ministradas pela Doutrina Espírita, constitui um grande impedimento para o estudo e a vivência dos postulados espiritistas por esses candidatos juvenis.


Tomando conhecimento da filosofia espírita e da necessidade de aplicação em todos os momentos, os jovens decepcionam-se no lar, quando verificam a diferença de comportamento dos pais, no que se refere àquilo em que dizem crer e a maneira pela qual se conduzem.


Desse modo, o exemplo no lar é de fundamental importância para o despertamento dos jovens e adolescentes para o estudo e a vivência do Espiritismo, ao mesmo tempo em que instrutores jovens e sinceros tornem-se líderes em relação aos demais membros do grupo juvenil.


O Consolador – Quando gostamos muito de uma coisa, é natural que queiramos compartilhá-la. Por que evitarmos o proselitismo, se estamos plenamente convencidos de que o Espiritismo seria tão benéfico e consolador para todos?


Divaldo FrancoO proselitismo, conforme vem sendo praticado por diversas seitas e doutrinas de variada denominação, tem sido mais prejudicial do que útil, porque faz adeptos inconscientes, fanáticos, presunçosos...


O Espiritismo não deverá realizar esse tipo de divulgação, arrastando multidões para as suas fileiras, considerando os diversos níveis psicológicos de consciência em que se situam os indivíduos, o que não permite uma aglutinação na horizontal dos interesses.


É válida a tentativa de elucidar e conquistar novos adeptos, isto porém se dará no momento quando houver maior amadurecimento espiritual e moral dos indivíduos, após saturar-se das paixões dissolventes a que se aferram.


Comportamento Cristão


O Consolador – A todo instante somos colocados diante de situações que exigem nossa imediata avaliação e inevitável julgamento. Que fazer, no âmbito profissional ou familiar, para adotar o princípio cristão sem correr o risco de falharmos por omissão?


Divaldo FrancoComo nos encontramos na Terra, torna-se inevitável que participemos dignamente das imposições vigentes no mundo, avaliando e julgando. Tenhamos como exemplo as autoridades que devem exercer as suas funções, os chefes de setores, os responsáveis por atividades que abrangem grupos humanos e sociais...


O não julgar a que se refere o Evangelho constitui uma advertência a não pensarmos mal dos outros, a não concluirmos apressadamente quando não conhecemos os fatos, a não atirarmos pedras em nosso próximo. Dispondo porém, de argumentos, de informações e dados, é-nos concedido o direito de avaliar e de julgar de maneira equilibrada, contribuindo para a regularização do que esteja errado, a fim de ser corrigido.


Não podemos concordar com tudo, o que nos pode empurrar para uma postura hipócrita, pusilânime ou conivente com o erro...


O Consolador – Qual o melhor caminho para que desenvolvamos dentro de nós o amor cristão pelo próximo, a bondade espontânea no coração e foquemos nossas vidas mais pelos caminhos da solidariedade, essa virtude ainda tão esquecida?


Divaldo FrancoConfesso não conhecer esse melhor caminho. Na minha experiência de uma longa existência e como decorrência da convivência com os Espíritos amigos aprendi a compreender o meu próximo, tentando ser melhor, mesmo que, com dificuldades, permitindo que os outros pensem de mim o que lhes aprouver, enquanto estarei procurando pensar o melhor de todos... Tenho aprendido a não revidar o mal com o mal, e embora sabendo que tenho inimigos – em ambos os planos da Vida – luto para não ser inimigo de ninguém, e venho buscando cumprir com o dever com que sou honrado na atual reencarnação.



Para ler a entrevista na íntegra, acesse o site ‘O Consolador


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Entrevista com Divaldo Franco (Parte 2)


CONTINUAÇÃO...



Terrorismo


O Consolador – O terrorismo vem causando muitos males em todos os cantos da Terra. Muitas vidas foram e continuarão sendo ceifadas em nome do fanatismo religioso. Como entender que alguém possa morrer e matar em nome de Deus?


Divaldo Franco – Infelizmente, o fanatismo de qualquer natureza responde pela predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual do ser (questão 742 de O Livro dos Espíritos), dando lugar a atrocidades inimagináveis. Entretanto, o suicídio através de bombas e de outras formas hediondas constitui o mais degradante processo de conduta em relação à dignidade humana, porque a vida física é sublime dom concedido por Deus, que ninguém tem o direito de interromper, porque faculta o desenvolvimento intelecto-moral do Espírito.


Tal comportamento demonstra o estágio primário em que ainda se reencarnam muitos Espíritos desvairados sem possibilidade de manter o equilíbrio...


Evolução da Terra


O Consolador – Se a Terra está em evolução, por que ainda tantos crimes hediondos acontecem, especialmente com crianças? Como explicar tantas atrocidades?


Divaldo Franco – Vivemos o momento da grande transição de mundo de provas e de expiações para mundo de regeneração, que ainda se demorará ocorrendo por algum tempo na Terra.


É natural que estejam reencarnando-se, neste período, Espíritos inferiores que estavam retidos em regiões punitivas desde há muito, em face da crueldade de que são portadores. Muitos deles fizeram parte das tribos bárbaras que invadiram a Europa: hunos, godos, visigodos, normandos e que, agora, estão sendo beneficiados pela oportunidade de optar pelo Bem. Permanecendo vinculados ao primarismo em que se comprazem, serão exilados para outros planetas na escala dos mundos inferiores, a fim de se depurarem, retornando oportunamente, porque “o Pai não deseja a morte do pecador mas sim a do pecado”, conforte acentuou Jesus.


As atrocidades que sucedem amiúde, especialmente com crianças – Espíritos velhos em reencarnação libertadora – são também um convite à reflexão das demais pessoas, que marcham indiferentes aos acontecimentos dolorosos em relação ao seu próximo...


Resgatando os seus graves delitos, esses Espíritos não necessitariam que outros fossem o instrumento da sua libertação, pois que a Divindade possui mecanismos especiais que dispensam o concurso desses infelizes, mas se utiliza do seu estado primitivo para que se executem as propostas do progresso.


O Consolador – Se é verdade que o advento do mundo de regeneração está tão próximo, qual será a situação dos nossos amigos terrenos que ainda vivem tão primitivamente em tribos existentes em muitos lugares do mundo?


Divaldo FrancoÉ verdade, sim, que o advento do mundo de regeneração está próximo, mas não imediato, e aqueles Espíritos que ainda se encontram em fase primitiva estão tendo a oportunidade de despertar para a realidade, dando continuidade ao processo evolutivo em outro planeta, caso não logrem fazê-lo aqui mesmo, qual ocorre periodicamente com as grandes migrações de um para outro sistema, conforme ensina a Doutrina.


Animais


O Consolador – Nossos animais de estimação ficam por algum tempo numa espécie de erraticidade, no chamado mundo espiritual, ou são de imediato encaminhados a uma nova encarnação?


Divaldo FrancoO egrégio Codificador do Espiritismo informa-nos que o período em que os animais se demoram na erraticidade é breve, logo retornando à reencarnação. Nada obstante, a mediunidade vem demonstrando que ocorrem períodos mais longos, conforme encontramos narrações nas obras ditadas pelo Espírito André Luiz ao venerando médium Francisco Cândido Xavier, assim como Charles à nobre médium Yvonne do Amaral Pereira. Essas informações não colidem com a palavra do mestre de Lyon, porque o desdobramento dos estudos doutrinários estava previsto por ele, ampliando as informações contidas nas obras básicas.


Recordo-me, por exemplo, de Sultão, o cão que acompanhava o padre Germano, conforme narrado nas Memórias do Padre Germano, de Amália Domingo Soler, e da vida de Dom Bosco, que era defendido por um cão, nas diversas vezes em que atentaram contra a sua vida.


Pessoalmente, já tive diversas experiências com animais, especialmente cães desencarnados, que permanecem na erraticidade desde há algum tempo.


CONTINUA...


Entrevista com Divaldo Franco (Parte 1)


Entrevista de Divaldo Franco à Revista ‘O Consolador




Sexualidade - Gestação

O Consolador – Como você vê a oficialização do casamento entre homossexuais e a adoção de filhos por parte deles?


Divaldo Franco – A questão é momentosa, em face das ocorrências desse gênero que não mais podem permanecer ignoradas pela sociedade. O homossexualismo sempre esteve presente no processo histórico, aceito em um período, noutro combatido, desprezado em uma ocasião e noutra ignorado, mas sempre presente... Penso que se trata de uma conquista em relação aos direitos humanos a legalização de algo que permanecia à margem, dando lugar a situações graves e embaraçosas.


Quanto à adoção de filhos, penso que, do ponto de vista psicológico, será gerado algum conflito na prole em relação à imagem do pai ou da mãe, conforme o caso, que se apresentará confusa e perturbadora. O tempo demonstrará o acerto ou o equívoco de tal comportamento.


O Consolador – Para haver gravidez, independentemente do desejo dos pais e do reencarnante, existe necessidade de autorização das autoridades espirituais?


Divaldo FrancoCertamente que sim, porquanto no mapa da reencarnação dos futuros pais já se encontram delineados os filhos que devem, que podem ou que queiram ter. Graças a isso, ocorrem as facilidades na concepção ou os grandes impedimentos que vêm sendo vencidos pela ciência, através dos tempos, facultando a ocorrência sempre sob supervisão espiritual.


O Consolador – Como deve posicionar-se um casal espírita diante do diagnóstico de anencefalia no filho que se encontra na fase de gestação?


Divaldo FrancoEspírita ou não, o casal que gera um filho anencéfalo e cuja anomalia é detectada ainda na vida fetal, deve amar a esse Espírito que irá reencarnar-se com a problemática a que faz jus em razão de atos praticados anteriormente e que lhe modelaram a forma atual. A vida fetal não pode ser interrompida, senão quando a gestante encontra-se ameaçada...


Diversos anencéfalos, mesmo diante dos prognósticos médicos de que não sobreviveriam ao nascimento, demoram-se despertando mais amor até o momento em que concluem o período de que necessitam para a libertação.


O Consolador – Qual deve ser, à luz do Espiritismo, a posição de uma jovem e sua família diante de uma gravidez originada de um estupro?


Divaldo FrancoEmbora lamentável e dolorosa a circunstância traumática da ocorrência, é dever da jovem e dos seus familiares manterem a gravidez, auxiliando o Espírito que se reencarna em situação aflitiva e angustiante. Compreende-se a dor da vítima e dos seus familiares, no entanto, não se tem o direito de matar o ser reencarnante que necessita do retorno naquela maneira, a fim de crescer para Deus. Não raro, esses seres que renascem nessa conjuntura tornam-se amorosos e profundamente agradecidos àqueles que lhe propiciaram o recomeço terrestre: a mãe e os familiares.


O Consolador – Em sua opinião, os Espíritos desencarnados mantêm relações sexuais tal qual se verifica na crosta?


Divaldo FrancoConforme a questão nº 200 de O Livro dos Espíritos, o Espírito é, em si mesmo, assexuado, sendo-lhe a anatomia uma contribuição para o fenômeno da procriação. Ao desencarnar, no entanto, o Espírito mantém as suas tendências, especialmente aquelas de natureza inferior às quais aferrou-se em demasia, prosseguindo com as construções mentais que lhe eram habituais. Como resultado, acreditam-se capazes de intercursos sexuais nas regiões inferiores onde se encontrem, como efeito da condensação das energias viciosas no perispírito. Frustrantes e perturbadoras, essas relações são degradantes e afligentes, porquanto são mais mentais que físicas, dando lugar a processos de loucura e de perversão...


Células Tronco


O Consolador – Qual deve ser o posicionamento dos espíritas em relação às pesquisas com células-tronco embrionárias?


Divaldo Franco – A reencarnação, conforme nos ensina a Doutrina Espírita, tem início no momento da fecundação do óvulo, a partir de cujo momento passa a existir vida, seja pelo processo biológico natural, seja in vitro. Qualquer tentativa de interrupção do desenvolvimento do futuro zigoto, que é o ser humano em formação, constitui um crime.


As pesquisas com as células-tronco embrionárias são de resultado ainda incerto, embora se apresentem teoricamente positivas, porquanto não está comprovado que os resultados sejam os anelados, mesmo porque existe alto risco como a geração de tumores, provável rejeição...


Em face dos bons resultados conseguidos com as células-tronco adultas, é mais válido que se prolonguem as experiências, com menores riscos e excelentes resultados em doenças como as leucemias, os Acidentes Vasculares Cerebrais, etc.


Continuando os esforços dos pesquisadores, certamente hão de surgir outras alternativas tão benéficas como as que se esperam das células-tronco embrionárias.


CONTINUA...


Se soubéssemos...


Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.
JESUS (Lucas, capítulo 23, versículo 34.)



Se o homicida conhecesse, de antemão, o tributo de dor que a vida lhe cobrará, no reajuste do seu destino, preferiria não ter braços para desferir qualquer golpe.


Se o caluniador pudesse eliminar a crosta de sombra que lhe enlouquece a visão, observando o sofrimento que o espera no acerto de contas com a verdade, paralisaria as cordas vocais ou imobilizaria a pena, a fim de não se confiar à acusação descabida.


Se o desertor do bem conseguisse enxergar as perigosas ciladas com que as trevas lhe furtarão o contentamento de viver, deter-se-ia feliz, sob as algemas santificantes dos mais pesados deveres.


Se o ingrato percebesse o fel de amargura que lhe invadirá, mais tarde, o coração, não perpetraria o delito da indiferença.


Se o egoísta contemplasse a solidão infernal que o aguarda, nunca se apartaria da prática infatigável da fraternidade e da cooperação.


Se o glutão enxergasse os desequilíbrios para os quais encaminha o próprio corpo, apressando a marcha para a morte, renderia culto invariável à frugalidade e à harmonia.


Se soubéssemos quão terrível é o resultado de nosso desrespeito às Leis Divinas, jamais nos afastaríamos do caminho reto.


Perdoa, pois, a quem te fere e calunia...


Em verdade, quantos se rendem às sugestões perturbadoras do mal, não sabem o que fazem.



Emmanuel

Livro: ‘Fonte Viva’ - Psicografia: Chico Xavier

Comunicação com parentes desencarnados

“Quando podemos nos comunicar com nossos entes queridos? Com quanto tempo um Espírito, com a permissão de Deus, pode mandar mensagem?”



Não podemos precisar, em termos temporais, quando será possível receber mensagens dos entes queridos que nos precederam no desencarne. Alguns fatores influem decisivamente na capacidade dos Espíritos se comunicarem com seus parentes na Terra. Entre eles, destacamos o estado de perturbação do Espírito após a morte, o merecimento dos envolvidos, as condições do médium e a utilidade providencial desta comunicação.


Em O Livro dos Espíritos, no capítulo que trata sobre a volta do Espírito à vida espiritual finda a vida corpórea, os Benfeitores da Codificação orientam que, após deixar o corpo, a alma experimenta um estado de perturbação que varia em grau e em duração, de acordo com a elevação do Espírito: “aquele que já está purificado, se reconhece quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria (questão 164).


Esta perturbação se dá pela necessidade que tem a alma de entrar em conhecimento de si mesma, para que a lucidez das idéias e as memórias lhe voltem. Allan Kardec afirma: “muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos (comentário à questão 165, de O Livro dos Espíritos). Logo, este é um fator preponderante ao se avaliar a possibilidade de comunicação destes Espíritos com os parentes encarnados.


Outra questão a ser considerada é a do merecimento. No ensaio que desenvolveu sobre a pluralidade das existências (Parte Segunda - Capítulo V - O Livro dos Espíritos), Allan Kardec afirma que cada um será recompensado segundo o seu merecimento real. Neste caso, devemos não somente avaliar o merecimento dos entes que ficaram na Terra em receber mensagens, mas também o merecimento dos que desencarnaram em se dirigirem aos seus entes queridos, informando-lhes sobre sua situação no Plano Espiritual.


Podem interferir ainda na possibilidade de comunicação as condições dos médiuns. Orienta-nos Kardec que “alguns médiuns recebem mais particularmente comunicações de seus Espíritos familiares, que podem ser mais ou menos elevados; outros se mostram aptos a servir de intermediários a todos os Espíritos (item 275 de O Livro dos Médiuns). Há de se levar em consideração, portanto, as relações de simpatia e antipatia entre médium e Espírito comunicante.


A utilidade das comunicações é outro ponto importante. Em várias circunstâncias, nas Obras Básicas, encontramos a justa colocação dos Espíritos para que observemos se há um fim útil naquilo que desejamos. Nesta mesma lógica, somente teremos a possibilidade de receber uma mensagem de entes queridos se for necessário, e não para atender a curiosidade ou outras motivações que não revelem grandeza de alma.


Como podemos perceber, há uma série de fatores a serem considerados. Porém, isso não é impedimento para que as comunicações aconteçam. Os próprios Espíritos narram a felicidade que sentem por serem lembrados por nós e a alegria em se comunicar, situação em que podem informar sobre sua nova situação no Plano Espiritual. “A possibilidade de nos pormos em comunicação com os Espíritos é uma dulcíssima consolação, pois que nos proporciona meio de conversarmos com os nossos parentes e amigos, que deixaram antes de nós a Terra. (...) A Doutrina Espírita nos oferece suprema consolação, por ocasião de uma das mais legítimas dores. Com o Espiritismo, não mais solidão, não mais abandono: o homem, por muito insulado que esteja, tem sempre perto de si amigos com quem pode comunicar-se (comentário de Allan Kardec à questão 935 de O Livro dos Espíritos).


As mensagens de entes queridos desencarnados, pois, funcionam como uma prova incontestável da realidade da vida após a morte do corpo físico, demonstrando de forma inequívoca que os laços de afetividade persistem no Mundo Espiritual. Além disso, servem como consolação àqueles que permanecem no campo da vida, estimulando-os às conquistas dos valores da eternidade, para o breve reencontro com os que lhe precederam no Plano Maior da Vida.


Por fim, lembramos que não somente as mensagens mediúnicas possibilitam estas bênçãos. Uma situação muito oportuna para entrarmos em relação com nossos entes queridos é durante o desprendimento da alma pelo sono. Afirmam-nos os Espíritos da Codificação que “é tão habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conheceis e que vos podem ser úteis, que quase todas as noites fazeis essas visitas (questão 414 de O Livro dos Espíritos). No entanto, para que isso aconteça, mais do que o simples fato de querer, quando desperto, é preciso evitar que as paixões nos escravizem e nos conduzam, durante o sono, a campos menos felizes da experiência espiritual.


Retirado do site OSGEFIC


Urgência para você



Ontem você estava irritado.


Hoje você despertou insatisfeito.


Agora você se encontra cansado.


Na multidão você se perturba.


Na solidão você sente melancolia.


No silêncio você experimenta tédio.


Na algazarra você fica atordoado.


Se alguém o busca para uma palestra você se enfada.


Se ninguém o procura você se frustra.


No trabalho você constata que está com os nervos “à flor da pele”.


No repouso você experimenta inquietação.


Não sabe o que deseja.


As coisas boas enfastiam-no, as más infelicitam-no.


Você passa facilmente do sorriso à melancolia, da ansiedade ao desencanto.


Urgência para você, meu amigo.


Parte, no torvelinho das atividades, para um meticuloso exame do que lhe vem ocorrendo.


Não é o mundo que está pior nem a vida que se apresenta má.


Não são as pessoas que ficaram diferentes nem as circunstâncias que deixaram de ser propiciatórias.


O problema está em você.


Cansaço ou enfermidade, saturação ou desequilíbrio, a questão é sua.


Cuidado!


Use de urgência para você.


Refaça a sua programação.


Revise as suas atitudes.


Reestude seus objetivos.


Restabeleça seus contatos com as fontes emuladoras dos ideais que esposa.


Recomece com calma e fraternidade.


Renove os clichês e paisagens mentais.


Recomponha-se primeiro, intimamente, através do otimismo.


Refugie-se na prece e refrigere-se na meditação.


Cansaço após o trabalho é como fruto depois da flor, desde que se transforme em satisfação de serviço, como pródromo para novas realizações após o repouso.


Enfado contumaz, pessimismo constante, irritação contínua, tédio persistente, impaciência demorada, desejo de “não ver ninguém”, exaustão prolongada decorrem de erros graves no mecanismo dos seus serviços e da sua vida...


Sinais de urgência para você hoje, que devem ser considerados, atendidos, retificados, sanados, a fim de que amanhã, quando você necessitar de emergência, não seja tarde demais, com reais prejuízos para você, em face da feliz oportunidade que haverá perdido.



(Pelo Espírito Carneiro de Campos – Psicografia de Divaldo Pereira Franco – No livro: Sementes de Vida Eterna)


Por que os animais sentem dor?

Há uma questão que deixa vários irmãos e irmãs espíritas intrigados, por mais que sejam estudiosos dedicados da Codificação. É o porquê de animais, particularmente os domésticos que convivem com o homem, passarem às vezes por tanto sofrimento.

Nem os estudiosos espíritas nem os cientistas que estudam os animais viram até hoje qualquer evidência apontando para a existência neles de consciência moral. Os animais superiores, aqueles que estão mais adiantados na senda evolutiva, já possuem uma forma de consciência do ‘eu’, segundo as experiências feitas com algumas espécies de primatas, cetáceos e aves têm demonstrado. Mesmo essa consciência do eu, no entanto, talvez não seja tão complexa quanto a do homem, que possui a chamada “teoria da mente”, que, em poucas palavras, é essa habilidade que temos de reconhecer nos outros a mesma consciência que sabemos existir em nós, permitindo que nos comportemos de modo compatível com aquilo que nossa mente informa sobre a mente alheia. Os estudiosos não dizem que os animais superiores por eles estudados não possuam tal estágio de consciência do eu, mas reconhecem ainda não ter idéia de como fazer tal avaliação.


Um terceiro estágio da evolução da consciência é a consciência moral, a capacidade de julgar se determinada ação é certa ou errada de acordo com as leis de Deus, também entendidas como as leis da natureza. Segundo se depreende da Codificação e de obras subsidiárias, a conquista da consciência moral ocorre quando a alma entra no reino hominal, o que está de acordo com o estágio de conhecimento da ciência, apesar do uso de linguagens diferentes usadas para descrever o fato. Na Bíblia, a conquista da consciência moral é descrita no mito de Adão e Eva, quando o casal primevo come do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Ora, consciência moral é justamente a ciência do bem e do mal. A alegoria bíblica pode ser entendida, portanto, como um relato de como as almas que habitavam o Éden da ingenuidade alcançaram a consciência moral, ingressando no reino hominal e, assim, se sujeitaram à Lei da Causalidade.


Ora, partindo-se da premissa de que os animais não têm consciência moral, isto é, o conhecimento do bem e do mal, é forçoso concluir que eles não são responsáveis pelos seus atos. Sendo assim, eles não estão sujeitos à Lei da Causalidade (Causa e Efeito) e, por conseguinte, um deles não pode estar, ao sofrer, resgatando, por exemplo, a morte que causou em outros animais para se alimentar.


Antes de nos aprofundarmos na questão, gostaríamos de deixar claro uma diferença que passa despercebida por muita gente. Que os animais na natureza sintam dor, no sentido restrito do termo, disso não há a menor dúvida. Dor, em seu sentido restrito, é um efeito físico que serve para alertar o animal de que algo está errado em alguma parte do seu corpo, exigindo dele cuidados especiais com essa parte que é a fonte da dor. A dor incomoda e todo animal faz o possível para se livrar dela. Sofrimento, por sua vez, é um efeito emocional. Por outro lado, quando falamos de dor em um ser humano, sempre associamos à dor a idéia de sofrimento, dando ao termo dor um sentido mais amplo. Na verdade, porém, o único “animal” que conhecemos um pouco melhor é o ser humano e, por isso, temos a tendência de interpretar o comportamento das espécies animais com base naquilo que conhecemos de nós mesmos. Quando sentimos dor, nosso rosto se contrai, nosso corpo se contorce, nossa testa se enruga, os olhos se entristecem. Esses mesmos sintomas sendo por nós percebidos em um animal, imediatamente nos fazem concluir que o mesmo está sofrendo. Mas será que ele sofre do mesmo modo que nós? Saber se um animal sofre ou não é uma questão complexa e que os profissionais que estudam as diversas espécies animais pesquisam com interesse, sem terem, até hoje chegado a qualquer conclusão definitiva.


Mesmo sem estarmos certos quanto ao que sente o animal com a dor, ainda nos resta entender a razão da dor sofrida por um animal. A única resposta que nos vem à mente é aprendizado, a eterna resposta para as dificuldades da vida.


Tendo em mente que o objetivo da dor é aprendizado, podemos daí depreender que, ao sentir dor ou ao ter uma parte do corpo inabilitada, o animal está desenvolvendo suas emoções, aprendendo a lidar com limitações, preparando-se para seu porvir no reino hominal. Uma comparação que nos ocorre é com a vida profissional como a conhecemos. Seria justo que o CRM (Conselho Regional de Medicina), por exemplo, cobrasse responsabilidade profissional ao estudante do primeiro ou segundo ano do curso de Medicina ou que o CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo) o fizesse ao estudante do primeiro ou segundo ano de Engenharia? É certo que não. Com base nessa comparação, é fácil ver que não é justo que as Leis de Deus cobrem responsabilidade aos animais, que estão apenas aprendendo a lidar com suas emoções. Por melhores e mais adiantados que sejam, ainda são alunos e, como tal devem ser tratados.


Levando adiante nossa comparação, veremos que, ao estudante de Medicina ou Engenharia é dada a oportunidade de estágio onde, sem responsabilidade profissional pelo que faz, lhe é dado exercer algumas funções dos profissionais formados, sob a supervisão destes, a fim de se preparar para o exercício pleno e responsável que se espera dele após a formatura. Assim como nenhum profissional liberal se forma sem ter feito estágio, não é de se esperar que uma alma entre no reino hominal sem ter antes estagiado em experiências similares às que viverá mais tarde, desenvolvendo habilidades básicas de como se comportar durante elas.


O amigo leitor pode perguntar, nesse ponto, porque um animal específico pode ser submetido à dor mais que um outro da mesma espécie e da mesma raça, às vezes mesmo da mesma família nuclear. A resposta é simples: porque as espécies animais mais evoluídas já estão individualizadas. Cada cão, gato ou cavalo é um indivíduo, em estágio específico de evolução, necessitando, portanto, de experiências próprias, não necessariamente iguais às de que necessitam seus pares.


Por ora, cremos ser o que se pode afirmar sobre o assunto. Esperemos os avanços da ciência em seus estudos sobre o comportamento animal para que novas informações nos permitam melhor entendimento sobre a questão em pauta. Até lá, estejamos certos de que nada, absolutamente nada, na natureza ocorre sem um propósito. Desse modo, onde quer que vejamos uma ocorrência cuja razão de ser nos escape, saibamos que isso se deve apenas à nossa ignorância.


Renato Costa



Artigo publicado originalmente em Aurora – Revista de Cultura Espírita, Ano XXVI, N° 102 – 2006


Retirado do site Espiritualidade e Sociedade


Trabalhador Espírita e Tatuagens



Tatuagens são permitidas ao trabalhador espírita?


Em princípio, cabe lembrar que a Doutrina Espírita nada proíbe. No entanto, dota os indivíduos de elementos para reflexão para que decidam conscientemente. Não é a utilização de tatuagens que desmerecerá o caráter de uma pessoa. No entanto, alguns tipos de tatuagens, com motivos funestos, classificam-se como inconvenientes e impróprias para um trabalhador espírita.


Segundo Divaldo Pereira Franco, respeitado médium e orador espírita, pessoas que tatuam o corpo inteiro ou o enchem de piercings, são almas que ainda trazem reminiscências vivas de encarnações em épocas bárbaras, quando guerreiros sanguinários se utilizavam desses meios para se impor frente aos adversários.


Necessário sairmos da superficialidade. A questão cultural é muito importante para entendermos porque alguns povos adotam certos costumes estranhos a outras culturas. Na Tailândia, fronteira com Myanmar, antiga Birmânia, existe uma tribo isolada onde as mulheres cultuam pescoços longos. Para tal, utilizam argolas no pescoço, desde a infância, para provocar o aumento do pescoço.


Para os integrantes da tribo, todo este procedimento é muito natural, pois faz parte de suas crenças e seus costumes. Trata-se de culto ao corpo e a beleza, sem conotação de auto-agressão.


Nota-se que a compreensão espiritual dos nativos dessa tribo é bastante diferenciada do restante do mundo. Essas particularidades de entendimento implicam em conseqüências diferentes no mundo espiritual, pois cada qual está na situação de elevação espiritual que já tenha conquistado.


É necessário compreender o indivíduo de forma integral. As reações expressas no corpo são conseqüências de seus pensamentos e estes resultados das crenças, experiências e visão de mundo. Tudo é muito relativo até que se descubra como funcionam determinadas Leis Divinas. A Doutrina dos Espíritos não proíbe - esclarece. Não condena - conscientiza. Não se coloca ‘em cima do muro’, mas mostra como construir e trilhar o melhor caminho.


Uma tatuagem por si só não faz ninguém melhor ou pior. No entanto, perguntemos o que está por trás dessa tatuagem? Quais sãos os sentimentos, os anseios, as crenças daqueles que cobrem seus corpos com tais símbolos?


É preciso compreender as razões de alguém tatuar todo o corpo, camuflando-se de si mesmo. Grande parte o faz conduzido pelo modismo. Outros tantos ainda se encontram presos a hábitos de outras encarnações, que transitam do inconsciente para o consciente do indivíduo, resultando na transfiguração do indivíduo.


O Espiritismo não julga, porém compreende que, com o amadurecimento, o Espírito cultivará apenas os valores que nortearão sua verdadeira vida. Tatuagens, piercings, são todas práticas transitórias. Convém perceber, contudo, se tais pessoas estão abaladas, desequilibradas emocional e espiritualmente. O que as faz quebrar a barreira do bom senso e do discernimento? Por que provocam para si as dores e sofrimentos?


Frente a tais perguntas, a Doutrina Consoladora busca no íntimo do ser o seu real problema. Convida-o ao auto-conhecimento e ao exercício do auto-aprimoramento. Recomenda bom senso, amor a si mesmo, equilíbrio e a busca incessante ao Pai Criador, o único que poderá nos preencher de alegria e felicidade.


Hoje a moda cobre o corpo de desenhos e objetos. Amanhã o mundo será coberto de almas verdadeiramente engajadas no trabalho de servir, deixando de lado o culto exterior – superficial – para as conquistas de valores espirituais duradouros.


Analisemos a alma para descobrir o porquê do estado do corpo. Compreendamos o profundo para entender claramente o superficial. O certo e o errado, o bem e o mal nada mais são que experiências condizentes ou não com as Leis Naturais. Valorizar o corpo e a alma é ensinamento que todos os homens compreenderão e, então, já não discutiremos assuntos superficiais, mas assuntos da alma. Deixando do lado o embrulho para valorizar o conteúdo.



(Retirado do site OSGEFIC)



A imagem que ilustra este post foi retirada do blog ‘Glaucia de Barros

Doações Espirituais



Feliz daquele que destaca uma parcela do que possui, a benefício dos semelhantes!


Bem-aventurado aquele que dá de si próprio!


Através de todos os filtros do bem, o amor é sempre o mesmo, mas, enquanto as dádivas materiais, invariavelmente benditas, suprimem as exigências exteriores, as doações de espírito interferem no íntimo, dissipando as trevas que se acumulam no reino da alma.


Dolorosa a tortura da fome, terrível a calamidade moral.


Divide o teu pão com as vítimas da penúria, mas estende fraternas mãos aos que vagueiam mendigando o esclarecimento e o consolo que desconhecem.


Não precisas procurá-los, de vez que te cercam em todos os ângulos do caminho...


São amigos e por vezes te ferem com supostas atitudes de crueldade, quando apenas te esmolam conforto, comunicando-te, em forma de intemperança mental, as chamas de sofrimento que lhes calcinam os corações; categorizam-se por adversários e criam-te problemas, não por serem perversos, mas porque lhes faltam ainda as luzes do entendimento; aparecem por pessoas entediadas, que dispõem de todas as vantagens humanas para serem felizes, mas a quem falta uma voz verdadeiramente amiga, capaz de induzi-las a descobrir a tranqüilidade e a alegria, através da sementeira das boas obras; surgem na figura de criaturas consideradas indesejáveis e viciosas, cujo desequilíbrio nada mais é que a expectativa frustrada do amparo afetivo que suplicaram em vão!...


Para atender aos que carecem de apoio físico, é preciso bondade; no entanto, para arrimar os que sofrem necessidades da alma, é preciso bondade com madureza.


Se já percebes que nem todos estamos no mesmo degrau evolutivo, auxilia com a tua palavra ou com o teu silêncio, ou com o teu gesto ou com a tua decisão no plantio da união e da concórdia, da esperança e do otimismo, no terreno em que vives!...


Compreender e compreender para a sustentação da lavoura do bem que se cobrirá de frutos para a felicidade geral.


Não te digas em solidão para fazer tanto...


Refletindo em nossos deveres, antes as doações espirituais, lembremo-nos de Jesus.


Nos dias de fome da turba inquieta, reunia-se o Divino mestre com os amigos para beneficiar a milhares; entretanto, na hora do extremo sacrifício, quando lhe cabia socorrer as vítimas da ignorância e do ódio, da violência e do fanatismo, ele sozinho fez o donativo de si mesmo, em favor de milhões.



André Luiz
(Do livro "Estude e Viva" – Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira – Espíritos: Emmanuel e André Luiz)

Lugar depois da morte



Muitas vezes perguntas, na Terra, para onde seguirás, quando a morte venha a surgir…


Anseias, decerto, a ilha do repouso ou o lar da união com aqueles que mais amas…


Sonhas o acesso à felicidade, à maneira da criança que suspira pelo colo materno…


Isso, porém, é fácil de conhecer.


Toda pessoa humana é aprendiz na escola da evolução, sob o uniforme da carne, constrangida ao cumprimento de certas obrigações:


Nos compromissos no plano familiar;
Nas responsabilidades da vida pública;
No campo dos negócios materiais;
Na luta pelo próprio sustento…


O dever, no entanto, é impositivo da educação que nos obriga a parecer o que ainda não somos, para sermos, em liberdade, aquilo que realmente devemos ser.


Não olvides, assim, enobrecer e iluminar o tempo que te pertence.


Não nos propomos nivelar homens e animais, contudo, numa comparação reconhecidamente incompleta, imaginemos seres outros da natureza trazidos ao regime do espírito encarnado na esfera física.


O cavalo atrelado ao carro, quando entregue ao descanso, corre à pastagem, onde se refocila na satisfação dos próprios impulsos.


A serpente, presa para cooperar na fabricação de soro antiofídico, se for libertada, desliza para a toca, onde reconstituirá o próprio veneno.


O corvo, detido para observações, quando solto, volve à imundice.


A abelha, retida em observação de apicultura, ao desembaraçar-se, torna, incontinenti, à colméia e ao trabalho.


A andorinha engaiolada para estudo, tão logo se veja fora da grade, voa no rumo da primavera.


Se desejas saber quem és, observa o que pensas, quando estás sem ninguém; e se queres conhecer o lugar que te espera, depois da morte, examina o que fazes contigo mesmo nas horas livres.



Emmanuel

Livro ‘Justiça Divina’ - Chico Xavier


A Encarnação dos Espíritos



O Espiritismo ensina de que maneira se opera a união do Espírito com o corpo, na encarnação.



O Perispírito


Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. É semimaterial esse envoltório, isto é, pertence à matéria, pela sua origem, e à espiritualidade, pela sua natureza etérea. Como toda matéria, ele é extraído do fluido cósmico universal, que, nessa circunstância, sofre uma modificação especial. Esse envoltório, denominado perispírito, faz de um ser abstrato, o Espírito, um ser concreto, definido, apreensível pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível, conforme se dá com todos os fluidos imponderáveis, que são, como se sabe, os mais poderosos motores.


O fluido perispirítico constitui, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-lhe ele de veículo ao pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações que os agentes exteriores produzam. Servem-lhe de fios condutores os nervos como, no telégrafo, ao fluido elétrico serve de condutor o fio metálico.


O Nascimento


Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vital-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.


Um fenômeno particular, que a observação igualmente assinala, acompanha sempre a encarnação do Espírito. Desde que este é apanhado no laço fluídico que o prende ao gérmen, entra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que o laço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhes hão de servir às manifestações.


Mas, ao mesmo tempo em que o Espírito recobra a consciência de si mesmo, perde a lembrança do seu passado, sem perder as faculdades, as qualidades e as aptidões anteriormente adquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado de latência e que, voltando à atividade, vão ajudá-lo a fazer mais e melhor do que antes. Ele renasce qual se fizera pelo seu trabalho anterior; o seu renascimento lhe é um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. Ainda aí a bondade do Criador se manifesta, porquanto, adicionada aos amargores de uma nova existência, a lembrança, muitas vezes aflitiva e humilhante, do passado, poderia turbá-lo e lhe criar embaraços. Ele apenas se lembra do que aprendeu, por lhe ser isso útil. Se às vezes lhe é dado ter uma intuição dos acontecimentos passados, essa intuição é como a lembrança de um sonho fugitivo. Ei-lo, pois, novo homem, por mais antigo que seja como Espírito. Adota novos processos, auxiliado pelas suas aquisições precedentes. Quando retorna à vida espiritual, seu passado se lhe desdobra diante dos olhos e ele julga como empregou o tempo, se bem ou mal.


Não há, portanto, solução de continuidade na vida espiritual, sem embargo do esquecimento do passado. Cada Espírito é sempre o mesmo eu, antes, durante e depois da encarnação, sendo esta, apenas, uma fase da sua existência. O próprio esquecimento se dá tão-só no curso da vida exterior de relação. Durante o sono, desprendido, em parte, dos liames carnais, restituído à liberdade e à vida espiritual, o Espírito se lembra, pois que, então, já não tem a visão tão obscurecida pela matéria.


A Morte


Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em conseqüência da desorganização do corpo. Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito.


O Espiritismo, pelos fatos cuja observação ele faculta, dá a conhecer os fenômenos que acompanham essa separação, que, às vezes, é rápida, fácil, suave e insensível, ao passo que doutras é lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do Espírito, e pode durar meses inteiros.


Considerações Gerais


Normalmente, a encarnação não é uma punição para o Espírito, conforme pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do Espírito e um meio de ele progredir. A obrigação que tem o Espírito encarnado de prover o alimento ao corpo, à sua segurança, ao seu bem-estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento é a sua união com a matéria. Daí o constituir uma necessidade a encarnação. Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e o progresso material do globo que lhe serve de habitação. É assim que, progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente.


Todavia, a encarnação do Espírito não é constante, nem perpétua: é transitória. Deixando um corpo, ele não retoma imediatamente outro. Durante mais ou menos considerável lapso de tempo, vive da vida espiritual, que é a sua vida normal, de tal sorte que insignificante vem a ser o tempo que lhe duram as encarnações, se comparado ao que passa no estado de Espírito livre.


No intervalo de suas encarnações, o Espírito progride igualmente, no sentido de que aplica ao seu adiantamento os conhecimentos e a experiência que alcançou no decorrer da vida corporal; examina o que fez enquanto habitou a Terra, passa em revista o que aprendeu, reconhece suas faltas, traça planos e toma resoluções pelas quais conta guiar-se em nova existência, com a idéia de melhor se conduzir. Desse jeito, cada existência representa um passo para frente no caminho do progresso, uma espécie de escola de aplicação.



Retirado do livro A Gênese – Allan Kardec