Pergunta: A inteligência é um atributo do princípio vital?
Resposta dos Espíritos — Não; pois as plantas vivem e não pensam, tendo apenas a vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, pois um corpo pode viver sem inteligência; mas a inteligência não pode manifestar-se senão por meio dos órgãos materiais: somente a união com o espírito dá a inteligência à matéria animalizada.
Comentário de Allan Kardec: A inteligência é uma faculdade especial, própria de certas classes de seres orgânicos, aos quais dá, com o pensamento, a vontade de agir, a consciência de sua existência e de sua individualidade, assim como os meios de estabelecer relações com o mundo exterior e de prover às suas necessidades.
Podemos fazer a seguinte distinção:
l.°) os seres inanimados, formados somente de matéria, sem vitalidade nem inteligência: são os corpos brutos;
2.°) os seres animados não-pensantes, formados de matéria e dotados de vitalidade, mas desprovidos de inteligência;
3.°) os seres animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo ainda um princípio inteligente que lhes dá a faculdade de pensar.
Pergunta: Qual é a fonte da inteligência?
Resposta — Já dissemos: a inteligência universal.
Pergunta: Poderíamos dizer que cada ser tira uma porção de inteligência da fonte universal e a assimila, como tira e assimila o princípio da vida material?
Resposta — Isto não é mais do que uma comparação, mas não é exata, porque a inteligência é uma faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral. De resto, bem o sabeis, há coisas que não é dado ao homem penetrar, e esta, por enquanto, é uma delas.
Pergunta: O instinto é independente da inteligência?
Resposta — Precisamente, não, porque é uma espécie de inteligência. O instinto é uma inteligência não racional; é por ele que todos os seres provêm às suas necessidades.
Pergunta: Pode-se assinalar um limite entre o instinto e a inteligência, ou seja, precisar onde acaba um e onde começa a outra?
Resposta — Não, porque eles freqüentemente se confundem; mas podemos muito bem distinguir os atos que pertencem ao instinto dos que pertencem à inteligência.
Pergunta: É acertado dizer que as faculdades instintivas diminuem, à medida que crescem as intelectuais?
Resposta — Não. O instinto existe sempre, mas o homem o negligencia. O instinto pode também conduzir ao bem; ele nos guia quase sempre, e às vezes, mais seguramente que a razão; ele nunca se engana.
Pergunta: Por que a razão não é sempre um guia infalível?
Resposta — Ela seria infalível se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite ao homem escolher, dando-lhe o livre-arbítrio.
Comentário de Allan Kardec: O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita, em que são quase sempre espontâneas as suas manifestações, enquanto as da inteligência são o resultado de apreciações e de uma deliberação.
O instinto varia em suas manifestações, segundo as espécies e suas necessidades. Nos seres dotados de consciência e de percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, o que quer dizer, à vontade e à liberdade.
Texto retirado do ‘Livro dos Espíritos’ – Allan Kardec / Livro 1 – As Causas Primárias / Cap. 4 – Princípio Vital / Item III – Inteligência e Instinto / Questões 71 a 75(a)