As Questões Sociais



Poderão os homens resolver sem atritos as chamadas questões proletárias?



Emmanuel
- Sim, quando se decidirem a aceitar e aplicar os princípios sagrados do Evangelho.


Os regulamentos apaixonados, as greves, os decretos unilaterais, as ideologias revolucionárias, são cataplasmas inexpressivas, complicando a chaga da coletividade.


O socialismo é uma bela expressão de cultura humana, enquanto não resvala para os pólos do extremismo.


Todos os absurdos das teorias sociais decorrem da ignorância dos homens relativamente à necessidade de sua cristianização. Conhecemos daqui os maus dirigentes e os maus dirigidos, não como homens ricos e pobres, mas como avarentos e a revoltados. Nessas duas expressões, as criaturas operaram o desequilíbrio de todos os mecanismos do trabalho natural.


A verdade é que todos os homens são proletários da evolução e nenhum esforço de boa realização na Terra é indigno do espírito encarnado.


Cada máquina exige uma direção especial, e o mecanismo do mundo requer o infinito de aptidões e de conhecimentos.


Sem a harmonia de cada peça na posição em que se encontra, toda produção é contraproducente e toda boa tarefa, impossível.


Todos os homens são ricos pelas bênçãos de Deus e cada qual deve aproveitar, com êxito, os “talentos” recebidos, porquanto, sem exceção de um só, prestarão um dia, alem-túmulo, contas de seus esforços.


Que os trabalhadores da direção saibam amar, e que os da realização nunca odeiem. Essa é a verdade pela qual compreendemos que todos os problemas do trabalho, na Terra, representam uma equação de Evangelho.



Reconhecendo-se o Estado como aparelhamento de leis convencionais, é justificável a sua existência, bem como a das classes armadas, que o sustentam no mundo?



Emmanuel
- Na situação (ou condição) atual do mundo e considerando a heterogeneidade dos caracteres e das expressões evolutivas das criaturas, examinadas isoladamente, justifica-se a necessidade dos aparelhos estatais nas convenções políticas, bem como das classes armadas que os mantêm no orbe, como institutos de ordem para a execução das provas individuais, nas contingências humanas, até que o homem perceba o sentido de concórdia e fraternidade dentro das leis do Criador, prescindindo então da obrigatoriedade de certas determinações das leis humanas, convencionais e transitórias.



Como devemos encarar a política do racismo?



Emmanuel
- Se é justo observarmos nas pátrias o agrupamento de múltiplas coletividades, pelos laços afins da educação e do sentimento, a política do racismo deve ser encarada como erro grave, que pretexto algum justifica, porquanto não pode apresentar base séria nas suas alegações, que mal encobrem o propósito nefasto de tirania e separatividade.



Como conceituar o estado de espírito do homem moderno, que tanto se preocupa com o “estar bem na vida”, “ganhar bem” e “trabalhar para enriquecer”?



Emmanuel
- Esse propósito do homem viciado, dos tempos atuais, constitui forte expressão de ignorância dos valores espirituais na Terra, onde se verifica a inversão de quase todas as conquistas morais.


Foi esse excesso de inquietação, no mais desenfreado egoísmo, que provocou a crise moral do mundo, em cujos espetáculos sinistros podemos reconhecer que o homem físico, da radiotelefonia e do transatlântico, necessita de mais verdade que dinheiro, de mais luz que de pão.



A desigualdade verificada entre as classes sociais, no universo dos bens terrenos, perdurará nas épocas do porvir?



Emmanuel
- A desigualdade social é o mais elevado testemunho da verdade da reencarnação, mediante a qual cada espírito tem sua posição definida de regeneração e resgate. Nesse caso, consideramos que a pobreza, a miséria, a guerra, a ignorância, como outras calamidades coletivas, são enfermidades do organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em Jesus-Cristo, a moléstia coletiva estará eliminada dos ambientes humanos.



Com a difusão da luz espiritual, alargará o homem a noção de pátria, de modo a abranger no mesmo nível todas as nações do mundo?



Emmanuel
- A luz espiritual dará aos homens um conceito novo de pátria, de maneira a proscrever-se o movimento destruidor pelos canhões e balas homicidas.


Quando isso se verifique, o homem aprenderá a valorizar o berço em que renasceu, pelo trabalho e pelo amor, destruindo-se concomitantemente as fronteiras materiais e dando lugar à era nova da grande família humana, em que as raças serão substituídas pelas almas e em que a pátria será honrada, não com a morte, mas com a vida bem aplicada e bem vivida.



Da obra “O Consolador” (Parte I) – Pelo Espírito Emmanuel – Psicografia de Francisco Cândido Xavier – Ed. FEB