O Umbral (Parte 2 de 3)



Características do Umbral



Ambiente


O Umbral segue o ritmo da Terra, se na região dos encarnados é dia ou noite, se chove ou não, se faz frio ou calor, lá também acontece o mesmo. No Umbral, o odor é ruim, cheira a sujeira, lama podre e mofo. O ar é pesado e sufocante.


A natureza parece estar sempre carrancuda e revoltada, pois o dia nunca amanhece totalmente, e a penumbra é uma constante.


A vegetação no Umbral é sempre pouca e não é constituída de muitas espécies. A maioria das árvores são retorcidas, com troncos grossos, e não muito altas. Em alguns lugares, há vegetação rasteira que lembra ervas e capins da Terra. Servem de alimentação a muitos espíritos que lá vivem. Varia a vegetação pelos muitos pedaços do Umbral. Lá o solo é diversificado, ora com lama, ora escorregadio ou seco.


Existem diversas formas de cavernas, grutas e abismos no Umbral. Nas cavernas, grutas, não há vegetação e se houver é bem pouca. As pedras são escuras, sem beleza, é frio, lá dentro, tem um salão onde normalmente há espíritos presos. A escuridão é total.


Às vezes, violentas tempestades assolam essas regiões, num esforço supremo de aliviar, limpar acúmulos de miasmas e trevas criados pelo homem profundamente egoísta. As tempestades ocorrem no Umbral como ocorrem na Terra. Não são mandadas pelo Plano Maior, mas podem ser, às vezes, por necessidade. As tempestades fazem parte do dia-a-dia do Umbral.


A paisagem quando não totalmente escura, parece banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, que os raios de sol aquecessem de muito longe.


A noite no Umbral se mostra mais assustadora. Só se vê a lua, quando é cheia, sendo avermelhada. Lá é bem escura a noite.


Tudo isto existe porque tem quem os habite.


Espíritos que vivem no Umbral


Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação. Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados deles apenas por leis vibratórias.


Não é de estranhar, portanto, que semelhantes lugares se caracterizem por grandes perturbações. Lá vivem, agrupam-se, os revoltados de toda espécie. Formam, igualmente, núcleos invisíveis de notável poder, pela concentração das tendências e desejos gerais. Muita gente da Terra não recorda que se desespera quando o carteiro não vem, quando o comboio não aparece? Pois o Umbral está repleto de desesperados.


Por não encontrarem o Senhor à disposição dos seus caprichos, após a morte do corpo físico, e, sentindo que a coroa da vida eterna é a glória intransferível dos que trabalham com o Pai, essas criaturas se revelam e demoram em mesquinhas edificações.


Esses núcleos possuem infelizes, malfeitores e vagabundos de várias categorias. É zona de verdugos e vítimas, de exploradores e explorados. Quanto às lágrimas que vertem, recordemos que devem a si mesmos esses padecimentos. A vida do homem estará centralizada onde centralize ele o próprio coração.


Os diversos tipos de habitantes do Umbral podem ser divididos em grupos.


Os chefes, que são espíritos inteligentes, normalmente estudiosos de magia, ávidos de domínio, odeiam quase sempre o bem e os bons. São na maioria feiticeiros. Normalmente os grandes chefes têm aparência comum de humanos. Com formas extravagantes, só se apresentam os subchefes e os subordinados.


Entre eles sempre há a disputa pela chefia. Só quando apresentam sinais de cansaço é que existe oportunidade de mudança. Mas eles, como são inteligentes, sabem que um dia terão que mudar.


Há os que trabalham com os chefes, membros do grupo, do bando. Muitos dentre eles são também estudiosos, feiticeiros, conhecedores das leis naturais. Obedecem às normas do grupo. Embora considerados livres, não são realmente, pois não abandonam facilmente o bando e recebem castigos por desobediência. Dizem gostar do que são e do modo como vivem.


Encontram-se também pelo Umbral espíritos solitários, mas são poucos. A maioria deles vive nos grupos. Há os que vagam, em turmas de arruaceiros, entre o Umbral e a Terra.


Há os escravos, os que não servem para pertencer ao bando, trabalham, não recebem nada em troca, a não ser castigos, se não obedecerem.


Existem também os que são torturados e tratados assim, na maioria, por vingança. Assim como há os que dizem gostar de lá; há também os que consideram o Umbral o inferno, penam por vagar sem rumo, sofrendo pelos seus erros.


Muitos dos desencarnados que vagam pelo Umbral não têm idéia de outra forma de vida desencarnada e, ao conhecer, aceitam, querem essa mudança. Outros, indiferentes, querem mesmo é continuar como estão.


A zona inferior a que nos referimos é qual a casa onde não há pão: todos gritam e ninguém tem razão. O viajante distraído perde o comboio, o agricultor que não semeou não pode colher.



CONTINUA...