EMBORA IMPERFEITOS






Há quem, a pretexto de imperfeição, silencie o verbo edificante nos lábios, enjaulando a mensagem consoladora.

Há quem, em nome da imperfeição, paralise os braços no ministério da saúde moral, encarcerando a ação salvadora.

Há quem, justificando a própria imperfeição, mobilize a preguiça, espalhando a inutilidade.

Há quem diga que, imperfeito, nada pode fazer pelo próximo, considerando estar arrojado nos mesmos sítios de infelicidade e afeição...

Unge-te, porém, de amor e levanta-te da iniqüidade para socorrer outros iníquos.

O amor é árvore que, para produzir, necessita ser plantada.

A doutrina Espírita ensina que ninguém renasce na Terra para o cultivo dos miasmas do pretérito nem preservação dos males dos tempos idos...

Reencarnação é bênção.

Bondade é luz.

Antes de mergulhar na carne, todos rogamos os títulos da dor e do sofrimento para compreendermos melhor as dores e os sofrimentos dos que seguem ao nosso lado.

Ninguém falará com precisão do que ignora, por falta de experiência pessoal.

É por essa razão que, muitas vezes, ensinarás resignação, embora avassalado pela inquietude;

falarás da enfermidade com a alma enferma;

consolarás, necessitado de consolação;

acenderás luz de entendimento, carecendo de compreensão; pregarás justiça para os outros, esmagado pela impiedade alheia;

colocarás bálsamo em feridas, guardando úlceras não cicatrizadas no cerne do ser.

Enquanto alguns aguardam sublimação para se disporem ao auxílio, ajuda tu.

Todos carregamos agonias nos íntimos tecidos da alma.
E o trabalho de auxílio aos outros é medicação colocada em nossa própria dor.


Enquanto ensinas a paz, e sentes a ausência dela em teu coração, ou preconizas luta contra as tentações, perseguido pelas tenazes do mal, aprimoras-te, exercitando o espírito no dever claro e digno que se transforma, lentamente, em escada de ascensão libertadora.

E, crucificado na imperfeição, avança intimorato, recordando o Mestre que, amargurado e esquecido por quase todos os amigos, aparentemente vencido, numa Cruz de vergonha e impiedade, alçou a alma dorida ao pai Misericordioso, pensando as feridas do coração humano de todos os tempos, e ainda pediu, amoroso:

- "Perdoai, meu Pai! Eles não sabem o que fazem."

Perdoa, também tu, e ama, ajudando sempre.



Joanna de Ângelis - Psicografia de Divaldo P. Franco - Livro: Messe de Amor