Todos os Espíritos, ao passarem pela morte, têm o dever de reintegrar-se na posse de sua consciência e dos seus deveres. Gozando do seu livre-arbítrio, apegados a condições que lhe parecem favoráveis para viverem à vontade, entregam- se a ilusões que devem ser desfeitas pela doutrinação. É para isso que são levados às sessões, e não para serem acocados em suas fantasias. Os Espíritos que os protegem recorrem ao ambiente mediúnico para que eles possam ser mais facilmente chamados à realidade, graças às condições humanas em que mergulham no fluido mediúnico das sessões. Tratados com amor e compreensão, esses Espíritos logo percebem a presença de entidades que na verdade já os socorriam e os levaram à sessão para facilitarem a sua percepção do socorro espiritual. Ninguém fica ao desamparo depois da morte.
Não estamos na vida para sofrer, mas para aprender. Cada dificuldade que nos desafia é uma experiência de aprendizado. O sofrimento é consequência da nossa incompreensão da finalidade da vida. Desenvolvendo a razão no plano humano, o ser se envaidece com a sua capacidade de julgar e comete os erros da arrogância, da prepotência, da vaidade, da insolência. Julga-se mais dotado que os outros e com mais direitos que eles. Essa é a fonte de todos os males humanos.
A doutrinação espírita, equilibrada, amorosa, modifica a nós mesmos e aos outros, abre as mentes para a percepção da realidade real que nos escapa, quando nos apegamos à ilusão das nossas pretensões individuais, geralmente mesquinhas. Foi isso o que Jesus ensinou ao dizer: “Os que se apegam à sua vida perdê-la-ão, mas os que a perderam por amor a mim, esses a encontrarão”.
A meditação sincera e desinteressada sobre essas coisas é o caminho da nossa libertação e da libertação dos outros. Só aquele que está livre pode libertar.
Este é um problema em que precisamos pensar, meditar a sério e a fundo para podermos adquirir a condição de doutrinar com eficiência, dando amor, compreensão e estímulo moral aos Espíritos inferiores. O Espiritismo, como acentuou Kardec, é uma questão de fundo e não de forma.
Do livro “Obsessão, o passe, a doutrinação”
J. Herculano Pires - Editora Paidéia