O livre arbítrio e a lei de causa e efeito



Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém.” Paulo (I Cor., 6:12)





Ao semear o que o nosso arbítrio escolheu, precisamos estar conscientes de que determinamos, simultaneamente, qual será a colheita. Logo, o determinismo compulsório de hoje é o corolário da livre escolha de ontem, da mesma forma que as nossas opções hodiernas estarão desenhando, inexoravelmente, o nosso destino amanhã...


As Leis Divinas prescrevem que a cada erro corresponde uma cobrança, a cada desvio um reajuste, a cada pecado uma dor... Esse mecanismo da Lei que será acionado pelos nossos equívocos e continuará sendo ativado enquanto esses persistirem, é um dispositivo universal, natural, irrevogável, retificador, flexível, mas inexorável.


Em verdade a Lei pode adiar a cobrança, mas não deixará jamais de ser cumprida nas penitenciárias da dor, sob a pedagogia do sofrimento para rebeldes renitentes – ou no campo do amor ao próximo, para os humildes que se arrependeram e marcham sob os camartelos das provas adredemente escolhidas.


Isso quer dizer que não será forçosamente necessário que alguém seja assassinado porque, no passado, cometeu assassinato. Não é preciso que alguém cometa contra ele crime semelhante ao seu para que o antigo criminoso se liberte do seu erro, o que seria incongruente, isto é, o resgate do crime pela prática de outro. Não apenas pode ele sofrer um acidente, aparentemente fortuito, como pode ele, devotando-se ao próximo, cuidar de que outros não cometam desatinos ou sejam aliviados de dores físicas e morais. O resgate também se faz na dinâmica do amor.


Por conseguinte, tudo nos é permitido, mas, antes da ação equivocada, um segundo de pausa para pensar nos prós e contras, pesando bem, na balança do discernimento, a carga que pesará em nossos ombros em toneladas de angústia e remorsos por séculos infindáveis e tenebrosos...


Há, pois, um quadro esboçado com as cores do determinismo e embora não as possamos ignorar ou modificá-las ao nosso arbítrio, continuaremos com direito de escolha sobre a maneira de resolver certos aspectos particulares.


Conseguindo superar nossas deficiências e resgatando, resignados, o acervo de débitos que ainda temos e não nos comprometendo com novos e graves equívocos, não teremos de futuro o que ressarcir.



Publicado no Jornal ‘O Espírita Mineiro’
(Edição de Julho/Agosto de 2008 - Ano 100 - Número 304)


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