Por causa da natureza da mediunidade e do envolvimento dos desencarnados, o Espiritismo não recomenda que a atividade mediúnica seja exercida profissionalmente. Pelo contrário, sua utilização deve ser única e exclusivamente para fins humanitários, quando o médium terá oportunidade de doar-se em serviços de caridade, conforme a recomendação de Jesus: “dai de graça o que de graça recebeste”. Não se recomenda, por conseguinte, que o médium receba honorários ou qualquer outro pagamento material, mesmo em forma de presentes, a fim de que não seja estimulado a exercer a mediunidade em troca de favores.
Mediunidade e Obsessão
No Espiritismo, damos o nome de obsessão à ação perniciosa de espíritos sobre seres humanos. Qualquer pessoa pode ser obsediada, porque todos estamos sujeitos às influências dos espíritos. Assim, não é só o médium que pode ser obsediado. Não podemos dizer, também, que a mediunidade é que provoca a obsessão; esta tem como causa nossos desvios de comportamento e somente pela mudança de comportamento podemos combatê-la de verdade.
Muita gente, por desconhecimento do assunto, toma por médium todos os obsediados e teimam em “desenvolver suas mediunidades”, o que constitui grave erro. Mesmo entre os obsediados, muito poucos são médiuns. Por isso, quando a pessoa perturbada chega ao centro, apresentando sintomas de mediunidade (visões, audições, sensações estranhas e desagradáveis e outros tipos de percepções) devemos primeiramente ampará-la com espírito cristão, envolvendo também sua família, no tratamento, através do esclarecimento, do passe e da prece. Seria imprudente encaminhá-la nesse momento para a sessão mediúnica. Devemos tentar integrá-la num grupo de prece e serviço e, ao lado da assistência espiritual, recomendar-lhe tratamento médico para garantir-lhe o equilíbrio orgânico, que pode estar comprometido a esta altura. E mais: observá-la cuidadosamente, ouvir e ponderar com os espíritos orientadores dos trabalhos a seu respeito, verificando se os sintomas apresentados na obsessão perduram ou não. A maioria dos obsediados só esporadicamente apresentam esses sintomas, o que significa que não tem mediunidade para serviço. Logo que se vêem livres da obsessão, esses sintomas desaparecem. Contudo, inadvertidamente, muitos se vêem constrangidos a “desenvolver a mediunidade” e, por não serem portadores da faculdade adequada para o mediunato, acabam caindo no animismo e na mistificação.
Damos o nome de animismo à manifestação de conteúdos mentais do próprio médium, quando em estado de transe, porém, sem a participação de espíritos, ainda que o médium não tenha consciência do que ocorra. Mistificação é a manifestação fraudulenta em que o médium finge estar recebendo mensagem do espírito. Resta considerar que nem todas as pessoas, mesmo apresentando sintomas mediúnicos, estão aptas para o exercício do mediunato. Poucos dirigentes de sessões se dão conta disso. Em “O LIVRO DOS MÉDIUNS” de Allan Kardec, no capitulo referente aos “Inconvenientes e Perigos da Mediunidade”, encontramos uma questão dizendo que “há pessoas às quais é necessário evitar toda causa de excitação” e a essas pessoas o exercício da mediunidade não é recomendável. Nesse grupo estão as pessoas excessivamente nervosas e impressionáveis.
Mediunidade e Estudo
Não se pode entender que um médium desenvolva sua mediunidade sem conhecimento: primeiro, da Doutrina Espírita e, depois, da própria mediunidade. É conhecendo os recursos de que dispõe e a forma como os espíritos atuam sobre ele (e ele sobre os espíritos), que o médium, aos poucos, pode ir adquirindo um domínio crescente sobre sua mediunidade e melhorando a qualidade de seu serviço. Esse conhecimento deve ser adquirido pelo estudo permanente, ao lado da prática, em centro bem orientado, num grupo de pessoas sérias e responsáveis.
Há uma extensa bibliografia para o estudo da mediunidade. Citemos algumas obras: “O Livro dos Médiuns” e “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec; “Nos Domínios da Mediunidade” e “Mecanismos da Mediunidade” de André Luiz/Francisco Cândido Xavier; “Mediunidade” de Herculano Pires; “Seara dos Médiuns” de Emmanuel/Francisco Cândido Xavier.
Função da Mediunidade
É sempre bom lembrar que a mediunidade pode ser bem ou mal empregada, como qualquer instrumento que é colocado nas mãos do homem. Por isso, o Espiritismo pretende que o médium espírita esteja bem formado moralmente para dar à mediunidade o seu verdadeiro papel na sociedade. Bom médium não é aquele que apenas recebe os espíritos com facilidade ou que só produz fenômenos extraordinários que encantam os sentidos, mas aquele que está consciente de sua responsabilidade perante a coletividade humana e o mundo dos espíritos, aquele que se esforça para servir sempre, não apenas no campo mediúnico, mas em qualquer outro setor de sua atividade, mesmo o profissional. Quem é capaz de se sensibilizar ante a necessidade do próximo, seja essa necessidade de natureza material ou espiritual, quem está pronto a dar de si em favor do outro, este, podemos assegurar, está verdadeiramente apto a trabalhar pelas grandes causas da humanidade.
Finalizando
A par destas informações, você passa a ter uma idéia geral de como o Espiritismo vê e trata a mediunidade. Mas esta simples leitura não lhe dá o conhecimento suficiente para um domínio sobre o assunto. Apenas o encaminha para o estudo. Se você deseja, realmente, conhecê-lo melhor e dirimir suas dúvidas, deve seguir as orientações aqui contidas e começar a estudar pelas obras citadas.
Centro Espírita “Caminho de Damasco”
Garça – São Paulo
Retirado do blog O Diário Espírita
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“Há médiuns e mediunidade, doutrinadores e doutrina, como existem a enxada e os trabalhadores. Pode a enxada ser excelente, mas, se falta espírito de serviço no cultivador, o ganho da enxada será inevitavelmente a ferrugem.”
(André Luiz – “Os Mensageiros” – Chico Xavier)
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