Não é aconselhável estimular a prática da mediunidade na criança. Isto porque o organismo da criança não está completamente desenvolvido, seus órgãos, sobretudo o sistema nervoso; estão em fase de maturação. Além do mais, a criança talvez não possua discernimento necessário para evitar as influências dos maus Espíritos.
Kardec, perguntando aos Espíritos orientadores da Codificação sobre se haveria inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças, obteve de um deles a seguinte resposta: “(...) Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobre-excitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas idéias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto, senão do ponto de vista das conseqüências morais.” (01 )
No exame do assunto, há que se observar o problema do desenvolvimento sob duplo sentido, físico e mental. Há crianças bem desenvolvidas fisicamente, mas de recursos mentais e intelectuais deficientes. Existem crianças fisicamente pouco desenvolvidas, porém mental e intelectualmente bem dotadas. Em ambos os casos a prudência aconselha seja evitado, junto à criança, o trabalho mediúnico.
Desenvolver a mediunidade, ou seja, educá-la, significa colocar-nos em relação e dependência magnética, mental e moral com entidades dos mais variados tipos evolutivos.
O frágil organismo infantil e sua inexperiência podem sofrer os efeitos de uma aproximação obsidiante.
A imaginação da criança é, sobremodo, excitável, o que pode ocasionar conseqüências perigosas sob o ponto de vista do equilíbrio, da estabilidade espiritual.
São negativos todos os aspectos do desenvolvimento mediúnico das crianças.
O Codificador, missionário escolhido, estava certo ao desaconselhar tal proceder.
Há recursos de amparo às crianças que revelam mediunidade:
- Prece em seu favor e dos Espíritos que delas tentam acercar-se;
- Passes ministrados por companheiros responsáveis;
- Freqüência às aulas espíritas de Evangelho, a fim de que possam, a pouco e pouco, ir assimilando noções doutrinárias compatibilizadas com sua idade.(05)
Devemos considerar, porém, que há crianças cuja mediunidade ocorre naturalmente, sem causar-lhes transtornos. Estas crianças são médiuns naturais e, “(...) quando numa criança a faculdade se mostra espontânea, é que está na sua natureza e que a sua constituição se presta a isso. O mesmo não acontece quando é provocada e sobre-excitada. (...) a criança, que tem visões, geralmente não se impressiona com estas, que lhe parecem coisa naturalíssima, a que dá muito pouca atenção e quase sempre esquece. (...)” (02)
Para o início da prática mediúnica “Não há idade precisa, tudo dependendo inteiramente do desenvolvimento físico e, ainda mais, do desenvolvimento moral. Há crianças de doze anos a quem tal coisa afetará menos do que a algumas pessoas já feitas. Falo da mediunidade, em geral; porém, a de efeitos físicos é mais fatigante para o corpo; a da escrita tem outro inconveniente, derivado da inexperiência da criança, dado o caso de ela querer entregar-se a sós ao exercício da sua faculdade e fazer disso um brinquedo.” (03)
“A prática do Espiritismo (...) demanda muito tato, para a inutilização das tramas dos Espíritos enganadores. Se estes iludem a homens feitos, claro é que a infância e a juventude mais expostas se acham a ser vítimas deles. Sabe-se, além disso, que o recolhimento é uma condição sem a qual não se pode lidar com Espíritos sérios. As evocações feitas estouvadamente e por gracejo constituem verdadeira profanação, que facilita o acesso aos Espíritos zombeteiros, ou malfazejos. Ora, não se podendo esperar de uma criança a gravidade necessária a semelhante ato, muito de temer é que ela faça disso um brinquedo, se ficar entregue a si mesma. Ainda nas condições mais favoráveis, é de desejar que uma criança dotada de faculdade mediúnica não a exercite, senão sob a vigilância de pessoas experientes, que lhe ensinem, pelo exemplo, o respeito devido às almas dos que viveram no mundo. Por aí se vê que a questão de idade está subordinada às circunstâncias, assim de temperamento, como de caráter. (...)” (04)
Fontes de Consulta
(01) KARDEC, Allan. Dos Incovenientes e Perigos da Mediunidade. In. ‘O Livro dos Médiuns’. Trad. De Guillon Ribeiro. 61. Ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995. Item 221 (subitem 6º pág. 265).
(02). Item 221 (subitem 7º). Pág.265.
(03) Item 221 (subitem 8º). Pág. 266.
(04) Item 222. Pág. 266.
(05) PERALVA Martins. Mediunidade nas crianças. In. ‘Mediunidade e Evolução’. 7.ed. 7.ed. Rio [de janeiro]:FEB. 1995. Pág. 137.
- Retirado do site www.lardefreiluiz.org.br