Como ocorrem
As manifestações dos Espíritos são de duas naturezas: os efeitos físicos e as manifestações inteligentes. Os primeiros são os fenômenos materiais e ostensivos, tais como os movimentos, os ruídos, os transportes de objetos etc.; as outras consistem na permuta regular de pensamentos com a ajuda de sinais, da palavra e, principalmente, da escrita.
As manifestações espontâneas ocorrem inopinadamente e de improviso; elas se produzem, freqüentemente, nas pessoas desprovidas de idéias espíritas e que, por isso mesmo, não podendo compreendê-las, as atribuem a causas sobrenaturais. Aquelas que são provocadas ocorrem pela intervenção de certas pessoas dotadas, para esse efeito, de faculdades especiais e que se designam pelo nome de médiuns.
Os Espíritos podem se manifestar de muitas maneiras diferentes: pela visão, pela audição, pelo tato, pelos ruídos, o movimento dos corpos, a escrita, o desenho, a música etc.
Os Espíritos se manifestam algumas vezes espontaneamente por ruídos e pancadas; é, freqüentemente, para eles um meio de atestar sua presença e chamar a atenção sobre si, absolutamente como quando uma pessoa bate para advertir que há alguém. Há os que não se limitam a ruídos moderados, mas que vão até à produção de um barulho parecido com o da louça que se quebra, de portas que se abrem e se fecham, ou de móveis que se derrubam; alguns causam mesmo uma perturbação real e verdadeiros estragos.
Os Espíritos que se tornam visíveis se apresentam, quase sempre, sob a aparência que tiveram em sua vida e que pode fazê-los reconhecer.
A visão permanente e geral dos Espíritos é muito rara, mas as aparições isoladas são bastante freqüentes, sobretudo no momento da morte; o Espírito liberto parece apressar-se em rever seus parentes e amigos, como para os advertir que acaba de deixar a Terra e lhes dizer que vive sempre.
Que cada um medite suas lembranças e se verá quantos fatos autênticos desse gênero, dos quais não se apercebeu, ocorreram não só à noite, durante o sono, mas em plena luz do dia, no estado de vigília mais completo.
Outrora, consideravam-se esses fatos como sobrenaturais e maravilhosos, e se os atribuía à magia e à feitiçaria; hoje os incrédulos os atribuem à imaginação; mas, desde que a ciência espírita lhes deu a chave, sabe-se como eles se produzem e que não saem da ordem dos fenômenos naturais.
Finalidade
O fim providencial das manifestações é de convencer os incrédulos de que tudo não termina para o homem com a vida terrestre, e de dar aos crentes idéias mais justas sobre o futuro.
Os bons Espíritos vêm nos instruir para nossa melhoria e nosso progresso, e não para nos revelar o que não devemos ainda saber, ou aquilo que não devemos aprender senão pelo nosso trabalho.
Se bastasse interrogar os Espíritos para obter a solução de todas as dificuldades científicas, ou para fazer descobertas ou invenções lucrativas, todo ignorante poderia tornar-se sábio gratuitamente, e todo preguiçoso poderia se enriquecer sem trabalhar; é o que Deus não quer. Os Espíritos ajudam o homem de gênio pela inspiração oculta, mas não o isentam do trabalho e da pesquisa, a fim de deixar-lhe o mérito deles.
Seria ter uma idéia bem falsa dos Espíritos, ver neles apenas auxiliares de adivinhos; os Espíritos sérios recusam se ocupar de coisas fúteis. Os Espíritos levianos e zombeteiros se ocupam de tudo, respondem a tudo, predizem a tudo o que se quer, sem se importarem com a verdade, e sentem um prazer maligno em mistificarem para as pessoas muito crédulas; por isso, é essencial estar perfeitamente fixado sobre a natureza das questões que se podem dirigir aos Espíritos. (Ver o ‘Livro dos Médiuns’, nº 286: Questões que se podem dirigir aos Espíritos.)
Fora do que pode ajudar ao progresso moral, não há senão incerteza nas revelações que se podem obter dos Espíritos. A primeira conseqüência deplorável para aquele que desvia sua faculdade do seu fim providencial, é de ser mistificado pelos Espíritos enganadores, que pululam ao redor dos homens. A segunda é de cair sob o domínio desses mesmos espíritos que podem, por meio de conselhos pérfidos, conduzir a infelicidades reais e materiais sobre a Terra. A terceira é de perder, depois da vida terrestre, o fruto do conhecimento do Espiritismo.
As manifestações não estão, pois, destinadas a servir aos interesses materiais; sua utilidade está nas conseqüências morais que delas decorrem. Todavia, não tivessem elas por resultados senão fazer conhecer uma nova lei da Natureza, demonstrar materialmente a existência da alma e sua sobrevivência, isso já seria muito, porque seria um largo e novo caminho aberto à filosofia.
Texto retirado do livro “O que é o Espiritismo” – Allan Kardec
(Capítulo II - Noções Elementares de Espiritismo)
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A imagem que ilustra o post representa a materialização do Espírito Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier. Retirado do site do Instituto André Luiz.