O Vampirismo - Parte 4/4


A importância da doutrinação


O resultado desses trabalhos mediúnicos, quase sempre dolorosos, é o despertamento de homens e espíritos desencarnados para a necessidade e o valor de uma compreensão espiritual da vida.


A doutrinação de uma entidade perturbadora contagia muitas outras, as despertando para o sentimento de amor e dignidade humana.


Muitas pessoas entendem que o problema do vampirismo pertence aos Espíritos, não competindo aos homens cuidar desses casos. São criaturas comodistas, que só desejam participar de reuniões mediúnicas agradáveis, em que somente se manifestam Espíritos elevados.


Esquecem-se de que vivemos num mundo inferior, onde o mal predomina, como vemos ainda agora, com as atrocidades espantosas deste século de transição. Se voltassem os olhos para o passado, veriam que a História da Humanidade é suficiente para justificar todas as formas de obsessão e vampirismo que campeiam no planeta, desde as nações mais bárbaras às mais civilizadas.


Deus, que nos considera como filhos amados que amadurecem na carne para florirem no espírito, na integridade do ser, dando frutos de luz para os que sofrem nas trevas da ignorância, do crime e da ignomínia, espera de nós um pouco de boa-vontade em favor de nossos irmãos sofredores da população da Terra.


As sessões espíritas de desobsessão podem cansar e aborrecer os que só pensam em si mesmos, alegando dificuldades como as do vampirismo e do animismo, para justificarem sua preferência pelas sessões de elevada instrução espiritual.


Essa é ainda uma prova do nosso egoísmo, da nossa inferioridade e falta de compreensão da realidade terrena. Não temos o direito de suspirar por sessões angélicas, pois estamos muito distantes dos planos da Angelitude, característicos dos planos superiores, dos mundos felizes.


Temos ainda muito trabalho a enfrentar neste pequeno planeta que alvitamos ao invés de elevá-lo. E só pelo trabalho e a abnegação poderemos um dia merecer a nossa transferência para os mundos em que a Humanidade é realmente humana.


Basta olharmos de relance o noticiário dos jornais para vermos o que se passa em nosso mundo. Seremos tão tardos de raciocínio para não entendermos que somos os responsáveis por todas as calamidades que assolam o planeta?


O vampirismo nasceu e vive das nossas entranhas e das nossas mãos. No gigantesco processo da evolução dos milhões de seres que passaram pela Terra e ainda continuam passando, ao nosso lado, o papel que exercemos foi sempre o de vampiros. Os Espíritos que não mancharam suas mãos no crime de Caim há muito que deixaram o nosso mundo de provas e expiações.


Edição de trechos do livro “Vampirismo”, de José Herculano Pires


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O Vampirismo - Parte 3/4


Tratamento (Continuação)


Os estímulos espíritas agem com eficácia. E, ao mesmo tempo, as entidades interferentes e perturbadoras, que se ligaram a vítimas atraídas pela lei de afinidades espirituais, vão sendo esclarecidas e afastadas, aliviando a carga da vítima.


Mais do que estimulações morais, deve-se recorrer ao esclarecimento racional do problema. A criatura humana é sempre mais sensível às explicações lógicas do que às exortações puramente morais e geralmente piegas, desvalorizadas pela ação corrosiva da hipocrisia de pregadores que fazem o contrário do que ensinam.


A vítima de vampirismo e os seus algozes necessitam de estímulo racional, pois a prática vampiresca se funda sempre nos processos sensoriais e afetivos. São sempre criaturas que alegam carência de amor, de afetividade, como crianças mimadas que passam pelos traumatismos do abandono. Por isso mesmo são também inconstantes, inseguras, fugindo ao tratamento sempre que possível. Geralmente, quando os obsessores começam a deixá-las, inquietam-se e sofrem recaídas perigosas, nas quais pretendem reencontrar os afastados.


A viciação, seja de que tipo for, amolece a vontade humana e só com a ajuda enérgica de doutrinadores habilidosos e vigilantes, insistentes na decisão de salvá-las, poderão retê-las no tratamento necessário.


Mas, por outro lado, o sentimento da dignidade humana que permanece vivo na consciência, o desejo natural de consideração e respeito na vida social e até mesmo a vaidade – que nesses casos se transforma em excelente auxiliar do reequilíbrio – são fatores favoráveis que socorrem o trabalho de recuperação.


Com esses elementos íntimos reforçamos a nossa posição, ajudando a vítima em sua recuperação. Estas são apenas algumas indicações do que se tem a fazer, pois no desenvolvimento dos trabalhos os dirigentes, médiuns e doutrinadores vão se capacitando cada vez mais e adquirindo uma habilidade especial no trato dos processos vampirescos.


Com a prece, o passe e as sessões de manifestações mediúnicas, dirigidas por pessoas esclarecidas e bem integradas na doutrina, o reerguimento da moral da vítima não tarda a se manifestar.


Do livro “Vampirismo”, de José Herculano Pires


O Vampirismo - Parte 2/4


Tratamento


As medicações estimulantes e os tratamentos psicológicos raramente produzem os efeitos desejados. Mas a conjugação desses recursos habituais com o tratamento espiritual para a expulsão do parasita, que representa no organismo da vítima uma forma de subvida consumidora, geralmente produz efeitos surpreendentes.


O espírito parasitário é uma criatura humana com os direitos comuns da espécie humana e deve ser sempre encarado como parceiro dos sofrimentos do parasitado. Nesses tratamentos não se deve desprezar o concurso médico, pois os efeitos negativos do parasitismo espiritual, depauperando o organismo da vítima, propiciam também a infiltração dos parasitas do meio físico, que devem ser combatidos com os medicamentos específicos.


Embora a ação espiritual das entidades protetoras possa também ajudar o reequilíbrio orgânico, a presença de um médico, se possível espírita, se faz necessária. Enganam-se os que se voltam contra a Medicina nessas ocasiões, pois as leis e os recursos do meio físico são mais apropriados nesses casos.


Os recursos espirituais são os passes espíritas, a frequência regular a reuniões mediúnicas, o estudo e a leitura dos livros espíritas básicos, a prática da prece individual diária pelo parasitado em favor do parasita ou parasitas.


Todas essas providências devem ser orientadas por pessoas conhecedoras do Espiritismo, despretensiosas e dotadas de bom-senso, o que permitirá o controle do processo de cura. Todas as práticas exorcistas, queima de ingredientes, queima de defumadores, aplicação ginástica de passes formalizados, uso de plantas supostamente milagrosas ou objetos de magia só poderá agravar a situação.


No vampirismo, graças à exageração das tendências negativas da vítima, podemos ver com mais clareza, como um microscópio de alta potência, o outro lado da personalidade humana, com suas nuvens negras ocultando deformidades e desequilíbrios.


Conhecendo o problema das relações telepáticas e o das captações paranormais em geral, dominamos facilmente o panorama das perturbações. Temos assim os dados necessários para conseguir o restabelecimento do equilíbrio do vampirizado, submetendo-o à técnica espírita da doutrinação, que poderá estimular as suas reações, praticamente bloqueadas pela vampirização.


No caso do parasitismo e do vampirismo todo rigor é pouco, pois os erros e os enganos de interpretação podem levar os trabalhos de cura a descaminhos perigosos.


Se não encararmos o parasitismo e o vampirismo em termos rigorosamente doutrinários, no devido respeito ao método kardeciano, estaremos sujeitos a ser enganados por espíritos mistificadores que passarão a nos vampirizar.


Por tudo isso, a cura do vampirismo não é mais do que um processo de separação dos implicados, de afastamento do vampiro da órbita de sua vítima. Mas não basta esse primeiro passo. É necessária a persuasão dos implicados pela doutrinação espírita. A doutrinação é a transmissão do conhecimento doutrinário às duas partes. Sem essa transmissão o processo não se completa e a cura será apenas uma suspensão do vampirismo por algum tempo.


Como ensinou Jesus (e vemos nos Evangelhos) podemos afastar os valentões que se apossaram da casa, limpá-la e arrumá-la. Mas se ela ficar vazia os valentões convidarão outros parceiros e a retomarão. Nesse caso, o estado da habitação será pior do que antes. Conforme o grau de compromissos e responsabilidades mútuas entre os vampiros e suas vítimas, o tratamento será mais ou menos prolongado.


Os vampiros são teimosos, insistentes, pois o vampirismo é para eles o meio de se manterem na rotina de seus vícios. A vítima, por sua vez, está sovada no vampirismo e acostumada na entrega de si mesma sem relutância. A frequência regular da vítima aos passes e às sessões mediúnicas é o único meio possível de fortalecê-la para resistência necessária. Não nos iludamos com as melhoras instantâneas. Os vampiros não largam facilmente as suas vítimas. Afastam-se estrategicamente e voltam com mais fúria na primeira oportunidade favorável.


Quando os obsessores começam a ceder, temos de tomar cuidado com as ciladas da astúcia, aumentando a nossa confiança nos espíritos protetores e na essência espiritual do homem.


É necessário que as vítimas curadas estejam convencidas disso e preparadas para repeli-los em suas investidas manhosas. Apesar dessas dificuldades, em trabalhos bem dirigidos conseguem-se não raro resultados relativamente rápidos, que permitem maiores possibilidades na consolidação da cura.


Do livro “Vampirismo”, de José Herculano Pires


O Vampirismo - Parte 1/4



O que é

Entre os vários elementos, coisas e seres que agem sobre o comportamento humano, o mais perturbador e o que mais profundamente ameaça as estruturas físicas e espirituais do ser humano é o vampirismo, porque é a atuação consciente de um ser sobre o outro, para deformar-lhe os sentimentos e as ideias, conturbar-lhe a mente e levá-lo a práticas e atitudes contrárias ao seu equilíbrio orgânico e psíquico.


O vampirismo é um fenômeno típico das relações interpessoais. Na vida material como na vida espiritual o vampirismo é um processo comum e universal do relacionamento afetivo e mental das criaturas.


É vampiro o sacerdote que fanatiza um crente e o submete às suas exigências para explorá-lo com a promessa do Céu, como é vampiro o demagogo político que fascina os adeptos de suas ideias e os leva ao sacrifício inútil e brutal da revolta e do terrorismo. É vampiro o espírita ou o médium que fascina os ingênuos com a falsificação de poderes que não possui, revelando-lhes supostas reencarnações deslumbrantes e conduzindo-os ao delírio das suas ambições de grandeza. É vampiro o negocista esperto que suga as economias de seus clientes com falsas promessas para um futuro improvável. É vampiro o galanteador donjuanesco que se apossa da afeição das mulheres inseguras para explorá-las. É vampiro o alcoólatra ou o toxicômano que semeia desgraça em seu redor. É vampiro o espírito sagaz ou vingativo que suga as energias das criaturas humanas e subjuga outros espíritos para agir na conquista e dominação de outras, e assim por diante, na imensa e variada pauta do vampirismo material e espiritual.


No parasitismo, mesmo no espiritual, há uma tendência de acomodação do parasita na vítima. A lei é a mesma do parasitismo vegetal e animal. A entidade espiritual parasitária procura ajustar-se ao parasitado, na posição de uma subpersonalidade afim.


Ambos vivem em sintonia, mas o parasita às custas das energias do parasitado, cujo desgaste naturalmente aumenta de maneira progressiva. Ambos ganham e perdem nessa conjugação nefasta. O parasitado sofre duplo desgaste de suas energias mentais e vitais e o parasita cai na sua dependência, perdendo a sua capacidade individual de sobrevivência e conservação.


A morte do parasitado afeta o parasita, que morre sugestivamente com ele, pois perdeu a capacidade de viver, sentir e pensar por si mesmo. Os casos de pessoas dependentes, excessivamente tímidas, desanimadas, inaptas para a vida normal, essas de que se diz “passaram pela vida, mas não viveram”, são tipicamente casos de parasitismo.


As próprias condições orgânicas dessas pessoas, que não reagem devidamente aos socorros medicamentosos, à alimentação e aos estímulos do meio, de práticas espirituais ou físicas, decorrem de deficiências orgânicas, mas também da sobrecarga invisível do parasitismo espiritual.


Causas


As causas dessa situação mórbida decorrem de processos kármicos originados por associações criminosas em vidas anteriores dos comparsas.


Do livro “Vampirismo”, de José Herculano Pires


A Divina Visão



Muitos anos orara certa devota, implorando uma visão do Senhor.

Mortificava-se. Aflitivas penitências alquebraram-lhe o corpo e a alma. Exercitava não somente rigorosos jejuns. Confiava-se a difícil adestramento espiritual e entesourara no íntimo preciosas virtudes cristãs. Em verdade, a adoração impelira-a ao afastamento do mundo. Vivia segregada, quase sozinha. Mas a humildade pura lhe constituía cristalina fonte de piedade. A oração convertera-se-lhe na vida em luz acesa. Renunciara às posses humanas. Mal se alimentava. Da janela ampla de seu alto aposento, convertido em genuflexório, fitava a amplidão azul, entre preces e evocações. Muitas vezes notava que largo rumor de vozes vinha de baixo, da via pública.

Não se detinha, porém, nas tricas dos homens. Aprazia-lhe cultivar a fé sem mácula, faminta de integração com o Divino Amor.

Em muitas ocasiões, olhos lavados em lágrimas, inquiria, súplice, ao Alto: – Mestre, quando virás?

Findo o colóquio sublime, voltava aos afazeres domésticos. Sabia consagrar-se ao bem das pessoas que lhe eram queridas. Carinhosamente distribuía a água e o pão à mesa. Em seguida, entregava-se a edificante leitura de páginas seráficas. Mentalizava o exemplo dos santos e pedia-lhes força para conduzir a própria alma ao Divino Amigo.

Milhares de dias alongaram-lhe a expectação.

Rugas enormes marcavam-lhe, agora, o rosto. A cabeleira, dantes basta e negra, começava a encanecer.

De olhos pousados no firmamento, meditava sempre, aguardando a Visita Celestial.

Certa manhã ensolarada, sopitando a emoção, viu que um ponto luminoso se formara no Espaço, crescendo... crescendo... até que se transformou na excelsa figura do Benfeitor Eterno.

O Inesquecível Amado como que lhe vinha ao encontro.

Que preciosa mercê lhe faria o Salvador? Arrebatá-la-ia ao paraíso? Enriquecê-la-ia com o milagre de santas revelações?

Extática, balbuciando comovedora súplica, reparou, no entanto, que o Mestre passou junto dela, como se lhe não percebesse a presença. Entre o desapontamento e a admiração, viu que Jesus parara mais adiante, na intimidade com os pedestres distraídos.

Incontinenti, contendo a custo o coração no peito, desceu até a rua e, deslumbraria, abeirou-se dele e rogou, genuflexa:

– Senhor, digna-Te receber-me por escrava fiel!... Mostra-me a Tua vontade! Manda e obedecerei!...

O Embaixador Divino afagou-lhe os cabelos salpicados de neve e respondeu:

- Ajuda-me aqui e agora!... Passará, dentro em pouco, pobre menino recém-nascido. Não tem pai que o ame na Terra e nem lar que o reconforte. Na aparência, é um rebento infeliz de apagada mulher. Entretanto, é valioso trabalhador do Reino de Deus, cujo futuro nos cabe prevenir. Ajudemo-la, bem como a tantos outros irmãos necessitados, aos quais devemos amparar com o nosso amor e dedicação.

Logo após, por mais se esforçasse, ela nada mais viu.

O Mestre como que, se fundira na neblina esvoaçante...

De alma renovada, porém, aguardou o momento de servir. E, quando infortunada mãe apareceu, sobraçando um anjinho enfermo, a serva do Cristo socorreu-a, de pronto, com alimentação adequada e roupa agasalhante.

Desde então, a devota transformada não mais esperou por Jesus, imóvel e zelosa, na janela do seu alto aposento. Depois de prece curta, descia para o trabalho à multidão desconhecida, na execução de tarefas aparentemente sem importância, fosse para lavar a ferida de um transeunte, para socorrer uma criancinha doente ou para levar uma palavra de ânimo ou consolo.

E assim procedendo, radiante, tornou a ver, muitas vezes, o Senhor que lhe sorria reconhecido...


Irmão X

Extraída de “Contos e Apólogos”

Recebida por Francisco Cândido Xavier


Sobre o adultério e a prostituição



Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado, disse Jesus. Esta sentença faz da indulgência um dever para nós outros porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência. Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de profligarmos a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita. Do item 13, do Cap. X, de O Evangelho Segundo o Espiritismo.


É curioso notar que Jesus, em se tratando de faltas e quedas, nos domínios do espírito, haja escolhido aquela da mulher, em falhas do sexo, para pronunciar a sua inolvidável sentença: “aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Dir-se-ia que no rol das defecções, deserções, fraquezas e delitos do mundo, os problemas afetivos se mostram de tal modo encravados no ser humano que pessoa alguma da Terra haja escapado, no cardume das existências consecutivas, aos chamados “erros do amor”.


Penetre cada um de nós os recessos da própria alma, e, se consegue apresentar comportamento irrepreensível, no imediatismo da vida prática, ante os dias que correm, indague-se, com sinceridade, quanto às próprias tendências. Quem não haja varado transes difíceis, nas áreas do coração, no período da reencarnação em que se encontre, investigue as próprias inclinações e anseios no campo íntimo, e, em sã consciência, verificará que não se acha ausente do emaranhado de conflitos, que remanescem do acervo de lutas sexuais da Humanidade.


Desses embates multimilenares, restam, ainda, por feridas sangrentas no organismo da coletividade, o adultério que, de futuro, será classificado na patologia das doenças da alma, extinguindo-se, por fim, com remédio adequado, e a prostituição que reúne em si homens e mulheres que se entregam às relações sexuais, mediante paga, estabelecendo mercados afetivos. Qual ocorre aos flagelos da guerra, da pirataria, da violência homicida e da escravidão que acompanham a comunidade terrestre, há milênios, diluindo-se, muito pouco a pouco, o adultério e a prostituição ainda permanecem, na Terra, por instrumentos de prova e expiação, destinados naturalmente a desaparecer, na equação dos direitos do homem e da mulher, que se harmonizarão pelo mesmo peso, na balança do progresso e da vida.


Note-se que o lenocínio de hoje, conquanto situado fora da lei, é o herdeiro dos bordéis autorizados por regulamentação oficial, em muitas regiões, como sucedia notadamente na Grécia e na Roma antigas, em que os estabelecimentos dessa natureza eram constantemente nutridos por levas de jovens mulheres orientais, direta ou indiretamente adquiridas, à feição de alimárias, para misteres de aluguel. Tantos foram os desvarios dos Espíritos em evolução no Planeta – Espíritos entre os quais muito raros de nós, os companheiros da Terra, não nos achamos incluídos – que decerto Jesus, personalizando na mulher sofredora a família humana, pronunciou a inesquecível sentença, convocando os homens, supostamente puros em matéria de sexualidade, a lançarem sobre a companheira infeliz a primeira pedra.


Evidentemente, o mundo avança para mais elevadas condições de existência. Fenômenos de transição explodem aqui e ali, comunicando renovação. E, com semelhantes ocorrências, surge para as nações o problema da educação espiritual, para que a educação do sexo não se faça irrisão com palavras brilhantes mascarando a licenciosidade. Quando cada criatura for respeitada em seu foro íntimo, para que o amor se consagre por vínculo divino, muito mais de alma para alma que de corpo para corpo, com a dignidade do trabalho e do aperfeiçoamento pessoal luzindo na presença de cada uma, então os conceitos de adultério e prostituição se farão distanciados do cotidiano, de vez que a compreensão apaziguará o coração humano e a chamada desventura afetiva não terá razão de ser.


Do livro “Vida e Sexo” - Pelo Espírito Emmanuel - Psicografia: Chico Xavier



Materialização de Espíritos



(Espírito materializado Katie King, junto ao cientista Sir William Crookes)


Fenômeno mediúnico de efeitos físicos


As ações desenvolvidas pelos efeitos dessa mediunidade afetam o ambiente material e, por isso, são denominados de efeitos físicos. Os fenômenos de efeitos físicos resultam da ação dos espíritos sobre os fluidos até chegar a produzir resultados perceptíveis no mundo material. Os efeitos dessa mediunidade são percebidos por qualquer pessoa que os possa presenciar.


O efeito físico é o resultado da combinação dos fluidos do espírito, do o ectoplasma do médium e os fluidos do ambiente. Com esses três elementos o espírito gera o fenômeno, o anima e controla pelo pensamento.


Fluidos


André Luiz, no livro Domínios da Mediunidade, afirma que o fluido é um material leve e plástico, necessário para a materialização. Podemos dividi-lo em três elementos essenciais: fluidos A, representando as forças superiores e sutis da esfera espiritual (são, geralmente, os mais puros); fluidos B, nascidos da atuação dos companheiros encarnados e, muito notadamente, do médium; e fluidos C, constituindo energias tomadas à Natureza terrestre (são os mais dóceis).


Os Espíritos agem sobre os fluidos, intencionalmente ou não, conforme o esclarecimento e a evolução.


As formações fluídicas são geradas pelo pensamento e dependem da capacidade de cada um ter mais ou menos potencialidade de criar formas através da manipulação de fluidos.


Podem aglomerar, dirigir, modificar e até combinar entre si para obter resultados ou conferir-lhes propriedades.


É assim que, no campo espiritual, as “coisas” são plasmadas (formadas).


(Para saber mais sobre fluidos - CLIQUE AQUI)


Materialização (ou Ectoplasmia)


Fenômeno pelo qual os espíritos constroem algo material (objeto ou corpo) a partir da manipulação do ectoplasma, em combinação com os fluidos do ambiente e do espírito.


Para que o fenômeno de materialização de espíritos aconteça, é necessário a presença do médium de efeitos físicos e a presença de um componente especial denominado de ectoplasma.


Chama-se de médium de efeito físico aquele que tem a faculdade que permite ceder ectoplasma em quantidade suficiente para possibilitar aos espíritos o seu uso em combinação com outros fluidos (os do espírito e do ambiente), visando produzir ações e resultados sobre o mundo material.


O Ectoplasma


O ectoplasma é uma substância que se acredita que seja força nervosa e tem propriedades de interagir com o mundo físico. É um elemento amorfo, mas de grande potência e vitalidade, servindo de alavanca para interagir os planos físicos e espiritual. Infinitamente plástico, dá forma parcial ou total às entidades que se fazem visíveis.


É uma substância delicadíssima, que se situa entre o perispírito e o corpo físico, assim como um produto de emanações da alma pelo filtro do corpo, e é recurso peculiar não somente ao homem, mas a todas as formas da Natureza.


Pode ser usado pelo ser humano para liberá-lo, produzindo vários fenômenos. É de difícil manipulação, exige treinamento e técnicas para que os espíritos possam se utilizar desse fluido.


O médium em transe fornece o ectoplasma necessário para o fenômeno. O ectoplasma flui para fora do corpo do médium pelos orifícios naturais do organismo humano. Os espíritos combinam este ectoplasma com os fluidos retirados do ambiente (plantas, animais etc) e moldam as formas e os corpos desejados.


No processo de materialização, o corpo físico do médium, prostrado, sob o domínio dos técnicos do plano espiritual, expele o ectoplasma, qual pasta flexível, à maneira de uma geléia viscosa e semiliquida, através de todos os poros e, com mais abundância, pelos orifícios naturais - particularmente da boca, das narinas e dos ouvidos - com elevada percentagem a exteriorizar-se igualmente do tórax e das extremidades dos dedos.


Durante o fenômeno o médium apresenta sensível perda de peso (matéria) e sensações de frio. É desgastante e requer muito cuidado para que a experiência não afete a saúde do médium. Deve ser realizado em um ambiente escuro (a luz afeta o ectoplasma) e tranquilo, e não deve-se tocar no médium durante o transe.


Ao final da manifestação o corpo ou objeto materializado se dissolve e os seus elementos retornam aos corpos de origem.


Sugestão de livros que tratam sobre ectoplasma e materialização:


  • Análise das Coisas - Paul Gibier

  • A alma é Imortal- Gabriel Delane

  • Mediunidade - J. Herculano Pires

  • Libertação - André Luiz / Chico Xavier
  • Pensamento e Vontade - Ernesto Bozzano
  • Parapsicologia Hoje e Amanhã - J. Herculano Pires

  • Curso Dinâmico de Espiritismo - J. Herculano Pires

  • Domínios da Mediunidade - André Luiz / Chico Xavier

  • Evolução em Dois Mundos - André Luiz / Chico Xavier

  • Espirito, Perispírito e Alma - Hernani Guimarães Andrade


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(Materialização de Meimei)


Uma noite sentimos um delicioso perfume. Intimamente, achei que era o mesmo que Meimei costumava usar. Surpreendi-me quando subitamente percebi que o corredor ia se iluminando aos poucos, como se alguém caminhasse por ele portando uma lanterna. Subitamente a luminosidade extinguiu-se. Momentos depois a sala iluminou-se novamente. No centro dela havia como que uma estátua luminescente. Um véu cobria-lhe o rosto. Ergueu ambos os braços, e elegantemente, etereamente, o retirou, passando as mãos pela cabeça, fazendo cair uma linda cascata de cabelos pretos até a cintura. Era Meimei. Olhou-me, cumprimentou-me e dirigiu-se até onde eu estava sentado. Sua roupagem era de um tecido leve e transparente. Estava linda e donairosa. Levantei-me para abraçá-la e senti bater o seu coração espiritual. Beijamo-nos fraternalmente e ela acariciou meu rosto e brincou com minhas orelhas, como não podia deixar de ser. Ao elogiar sua beleza, a fragrância que emanava, a elegância dos trajes e sua tênue feminilidade, disse-me: “Ora, Meu Meimei, aqui também nos preocupamos com nossa apresentação pessoal. A ajuda aos nossos semelhantes, o trabalho fraterno faze-nos mais belos, e afinal de contas, eu sou sua mulher. Preparei-me para você, seu moço. Não iria gostar de uma Meimei feia!”


Texto de Arnaldo Rocha (viúvo de Meimei)

Trecho do livro “Chico Xavier - Mandato de Amor” (União Espírita Mineira - Belo Horizonte, 1992)