Muitos espíritas estão desencarnando em situações deploráveis, recebendo socorro em sanatórios no Plano Maior da Vida em virtude das péssimas condições morais e psíquicas em que se encontram.
Este quadro é descrito com muita propriedade no livro Tormentos da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Pereira Franco, que traz informações edificantes para nós, espíritas, sobre a importância de um bom desempenho de nossas funções, assumidas ainda no Mundo Espiritual.
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda ressalta que as experiências narradas no livro permitem compreender que “a crença é muito importante, no entanto, a vivência dos postulados exarados na Codificação tem regime de urgência e não pode nem deve ser postergada”. E Bezerra de Menezes, logo no início da obra, lembra que “Jesus acentuou que mais se pedirá àquele a quem mais se deu, considerando-se o grau de responsabilidade pessoal, em razão dos fatores predisponentes e preponderantes para a conduta”.
Em adição, em No Mundo de Chico Xavier, consta informação interessante do Espírito Romeu do Amaral Camargo, tempos depois de sua desencarnação, comentando acerca da situação dos espíritas ao adentrar no Mundo Espiritual. Conta Chico Xavier que Romeu do Amaral “prosseguia trabalhando ativamente em organizações espíritas-cristãs do Plano Superior e que nós, os espíritas, carregamos enormes responsabilidades nos ombros, porque recebemos o conhecimento libertador de que as leis de Deus funcionam na consciência de cada um”. E o Espírito complementa que “não havia visto dentre os companheiros já desencarnados com os quais convivia, um só que não se queixasse de condições deficitárias para com a Doutrina Espírita. Tão grandes eram as bênçãos recolhidas, que todos admitiam terem saído da experiência física reconhecendo-se endividados para com o Espiritismo Cristão, pelo qual, segundo opinião deles mesmos, deviam ter trabalhado mais”.
Portanto, percebemos dos ensinamentos dos Espíritos que, embora façam referência mais detida às experiências dos espíritas após a morte, a condição de felicidade ou sofrimento destes guarda estreita relação com a vivência dos ensinamentos morais, e por isso, trata-se de possibilidade que acomete qualquer um que, de posse do conhecimento dos valores da Vida Eterna, estagna-se na marcha do progresso, independente de sua religião.
Neste sentido, Eurípedes Barsanulfo, em palestra educativa narrada por Manoel Philomeno de Miranda, alerta que “todo conhecimento superior que se adquire visa ao desenvolvimento moral e espiritual do ser. No que diz respeito às conquistas imortais, a responsabilidade cresce na razão direta daquilo que se assimila. Ninguém tem o direito de acender uma candeia e ocultá-la sob o alqueire, quando há o predomínio de sombras solicitando claridade” (Capítulo 22 do livro Tormentos da Obsessão).
A culpa e os pesares da consciência são maiores quanto melhor o homem sabe o que faz. Kardec conclui primorosamente este ensinamento, afirmando que “a responsabilidade é proporcional aos meios de que ele [o homem] dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos” (questão 637 de O Livro dos Espíritos).
Por fim, fiquemos com a exortação de Bezerra de Menezes, orientando para que “cuidemos-nos, todos nós, de nos preservar do mal, suplicando o divino socorro, conforme propôs o incomparável Mestre, na Sua oração dominical, buscando-Lhe o amparo e a inspiração, a fim de podermos transitar com equilíbrio pelos difíceis caminhos da ascensão espiritual” (Capítulo 1 do livro Tormentos da Obsessão).