Sessões Mediúnicas – Parte IV


Classificação - tipos de sessões mediúnicas


Sessões de cura — As sessões de cura distinguem-se das sessões de desobsessão por não tratarem apenas de problemas mentais e psíquicos, mas de todos os problemas da saúde. Os Espíritos exercem atividades curativas de todos os tipos e até mesmo realizam intervenções cirúrgicas em casos especiais.


Isso não parece estranho quando nos lembramos de que os Espíritos são simplesmente homens desencarnados que vivem numa dimensão física da realidade terrena, onde, como aqui, a mente opera sobre a matéria. Os planos espirituais mais próximos da crosta terrena são bastante semelhantes ao nosso.


As sessões de cura material seguem as normas da sessão de desobsessão, mas acrescidas de medidas de controle dos fenômenos, como os das sessões de ectoplasmia ou materializações. O ectoplasma é utilizado na recuperação de tecidos, na cicatrização muitas vezes imediata de incisões operatórias e no reequilíbrio de órgãos e funções.


Antecipando um século às práticas da medicina psicossomática, a terapêutica espírita mostrou que as doenças somáticas se originam no psiquismo. A descoberta do corpo-bioplásmico em nossos dias comprovou essa tese espírita. A Parapsicologia vem contribuindo bastante para o esclarecimento desse problema e hoje é grande o número de médicos que aceitam a contribuição espírita nesse campo.


Mas justamente por isso as sessões de cura não podem ser realizadas sem a participação de médicos-espíritas. A exigência da condição espírita dos médicos decorre da necessidade de conhecimentos da problemática espírita. Os médicos não-espíritas não dispõem de recursos para compreender o que então se passa, mas podem também participar dessas sessões, desde que acompanhados de colegas espíritas. É uma temeridade a aceitação do trabalho mediúnico de cura sem assistência médica ao médium.


As campanhas apaixonadas contra o Espiritismo criaram barreiras quase intransponíveis entre Espiritismo e Medicina, que só agora estão sendo derrubadas. Já existem, hoje, Sociedades de Medicina no Brasil e no Mundo. Essas instituições científicas se multiplicarão e ampliarão as suas atividades nos próximos anos. Os espíritas precisam colaborar para isso, evitando as práticas terapêuticas sem controle médico, que são arriscadas num ambiente de misticismo ingênuo como o nosso. Só assim ajudaremos a quebrar os tabus criados por mais de um século de calúnias assacadas contra os espíritas e o Espiritismo, em prejuízo evidente do progresso científico e do sofrimento humano.


As sessões de cura não passam de tentativas de auxílio, pois a cura espiritual não depende apenas dos fatores físicos da moléstia. Há fatores espirituais da doença que são quase sempre irremovíveis. São consequências de encarnações anteriores a que o espírito se submete de vontade própria a fim de libertar-se de pesadas angústias do passado. Mas há sempre algum benefício, mesmo nos casos incuráveis. E muitos casos que são incuráveis para a medicina terrena facilmente se curam com a intervenção das entidades espirituais através da mediunidade. Os Espíritos não são concorrentes dos médicos. Os próprios médicos desencarnados são os que mais se interessam em prestar a sua ajuda aos colegas terrenos, sem outro interesse que o de contribuir para o alívio possível do sofrimento humano.


Pessoas que não conhecem a doutrina costumam perguntar por que motivo os Espíritos não socorrem todos os enfermos e não curam todas as doenças, desde que dispõem de recursos superiores aos da medicina humana. É claro que tudo, no Universo, está sujeito a condições e leis. Um doente condicionado pela sua consciência profunda à necessidade de aliviá-la através das formas de sofrimentos que impôs a outras criaturas em vida anterior, tem nos sofrimentos atuais o seu próprio remédio e não uma doença. Passa por um doloroso processo de reajuste moral e espiritual, que reconhece necessário à sua tranquilidade futura. As leis morais da consciência o obrigam, em seu próprio benefício, a essas purgações dolorosas, mas benéficas. Não se trata de uma hipótese, mas de uma realidade comprovada nas pesquisas científicas sobre a memória profunda, em busca de provas sobre a reencarnação, hoje grandemente acumuladas. No Espiritismo predominam a razão e a prova. Como observou Richet, Kardec nunca aceitou um princípio que não fosse lógico e comprovado pela pesquisa. Graças a isso, a doutrina se mantém intacta em face de toda a espantosa evolução científica do nosso tempo. Os maiores avanços da Ciência nada mais fizeram, até agora, do que comprovar os princípios fundamentais do Espiritismo.


Os Espíritos Terapeutas, como os médicos terrenos, não dispõem de saber absoluto, mas relativo ao seu grau de evolução. Trabalham geralmente em equipe, auxiliando-se mutuamente. O mais sábio e experiente dirige a equipe, exatamente como entre os homens. Qualquer interpretação sobrenatural da atividade natural dessas criaturas humanas leva-nos aos delírios, do mito, impedindo-nos de compreender a realidade dos fatos.


Os Espíritos curadores ou terapeutas não fazem milagres, não têm o poder de violar as leis naturais. Mas conhecem melhor essas leis do que os homens e dispõem de recursos que ainda desconhecemos. Por isso Jesus advertiu que os que seguissem o seu ensino poderiam fazer os supostos milagres que ele fazia e até mais do que ele. O problema não é de mística, mas de razão e sobretudo de conhecimento. Todo conhecimento é facultado ao homem, dentro das possibilidades progressivas do seu desenvolvimento espiritual. Conhece mais o que mais avançou no desenvolvimento das suas potencialidades ônticas, ou, como afirmou Kant, na realização de sua perfectibilidade possível. No sentido espiritual essa atualização das potencialidades de perfeição está ao alcance de todos, pois é inerente à natureza humana. Mas no sentido existencial terreno, essa atualização está condicionada ao grau de evolução atingido pelos esforços de cada indivíduo.


Do livro “O Espírito e o Tempo” - Herculano Pires