Estranha crise




O mundo vem criando soluções adequadas para a generalidade das crises que o atormentam.


A carência do pão, em determinados distritos, é suprida, de imediato, pela superprodução de outras faixas de terra.


Corrige-se a inflação, podando a despesa.


O desemprego desaparece pela improvisação de trabalho.


A epidemia é sustada pela vacina.


Existe, porém, uma crise estranha - e das que mais afligem os povos - francamente inacessível à intervenção dos poderes públicos, tanto quanto aos recursos da ciência nas conquistas modernas.


Referimo-nos à crise da intolerância que, desde o travo de amargura, que sugere o desânimo, à violência do ódio, que impele ao crime, vai minando as melhores reservas morais do Planeta, com a destruição consequente de muitos dos mais belos empreendimentos humanos.


Para a liquidação do problema, que assume tremendo vulto em todas as coletividades terrestres, o remédio não se forma de quaisquer ingredientes políticos e financeiros, por ser encontrado tão-somente na farmácia da alma, a exprimir-se no perdão puro e simples.


O perdão é o único antibiótico mental suscetível de extinguir as infecções do ressentimento no organismo do mundo.


Perdão entre dirigentes e dirigidos, sábios e ignorantes, instrutores e aprendizes, benevolência entre o pensamento que governa e o braço que trabalha, entre a chefia e a subalternidade.


Consultem-se nos foros - autênticos hospitais de relações humanas - os processos por demandas, questões salariais, divórcios e desquites baseados na intransigência doméstica ou na incompatibilidade de sentimentos, reclamações, indenizações e reivindicações de toda ordem, e observe-se, para além dos tribunais de justiça, a animosidade entre pais e filhos, a luta de classes, as greves de múltiplas procedências, as queixas de parentela, os duelos de opinião entre a juventude e a madureza, as divergências raciais e os conflitos de guerra, e verificaremos que, ou nos desculpamos uns aos outros, na condição de espíritos frágeis e endividados que ainda somos quase todos, ou a nossa agressividade acabará expulsando a civilização dos cenários terrestres.


Eis por que Jesus, há quase vinte séculos, nos exortou perdoarmos aos que nos ofendam setenta vezes sete, ou melhor, quatrocentos e noventa vezes.


Tão-só nessa operação aritmética do Senhor, resolveremos a crise da intolerância, sempre grave em todos os tempos. Repitamos, no entanto, que a preciosidade do perdão não se adquire nos armazéns, por que, na essência, o perdão é uma luz que irradia, começando de nós.


Por: Emmanuel

(Do livro 'Mãos Unidas' - Francisco Cândido Xavier)


O Espiritismo e os Sonhos - Parte2/2


Martins Peralva, em seu livro 'Estudando a Mediunidade', no capítulo XVII, descreve três tipos de sonhos: comuns, reflexivos e espíritas. De acordo com Peralva, os sonhos comuns são “aqueles em que nosso Espírito, desligando-se parcialmente do corpo, vê-se envolvido e dominado pela onda de imagens e pensamentos seus e do mundo exterior, uma vez que vivemos num misterioso turbilhão das mais desencontradas ideias”. Neste caso, os sonhos seriam a resultante das atividades cerebrais do indivíduo.



Como sonhos reflexivos, Peralva categoriza aqueles em que “a alma, abandonando o corpo físico, registra as impressões e imagens arquivadas no subconsciente e plasmadas na organização perispiritual”. Este caso é uma variante do primeiro, com a diferença que os elementos constitutivos da recordação onírica são decorrentes das experiências do Espírito, independente das suas memórias orgânicas. Já nos sonhos espíritas, “a alma, desprendida do corpo, exerce atividade real e afetiva, facultando meios de nos encontrarmos com parentes, amigos, instrutores e, também, com nossos inimigos, desta e de outras vidas”.



Esta classificação está de acordo com as respostas dadas pelos Espíritos Benfeitores à Allan Kardec em 'O Livro dos Espíritos', além das próprias ponderações do Codificador. Logo na questão 401, a Espiritualidade informa que durante o sono, o Espírito “percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos, dando-nos conta da possibilidade dos sonhos espíritas. Esta possibilidade é ampliada na pergunta 402, quando afirmam ter o Espírito a capacidade de “lembrança do passado e às vezes a previsão do futuro”. E Kardec completa: “os sonhos são o produto da emancipação da alma (...) Daí também a lembrança que retraça na memória os acontecimentos verificados na existência presente ou nas existências anteriores” (comentários de Allan Kardec à questão 402).



Kardec trata também dos sonhos denominados "comuns", destacando que nem sempre lembramos daquilo que vimos durante o sono, apontando como causa deste esquecimento o pouco desenvolvimento de nossa alma. Em decorrência disso, com maior frequência temos sonhos desta natureza, resultado principalmente da “perturbação que acompanha a vossa partida e a vossa volta, a que se junta a lembrança do que fizestes ou do que vos preocupa no estado de vigília” (comentário de Kardec à questão 402).



Lembramos que esta classificação não é definitiva e apenas nos possibilita, didaticamente, compreender melhor este fenômeno tão importante. Cumpre ressaltar ainda que as lembranças que temos dos sonhos geralmente são fragmentárias, agregadas por cenas e situações vivenciadas durante a vigília. Mesmo os sonhos espíritas, resultado de nossa vivência no Mundo Espiritual, não são lembranças fiéis, uma vez que, mesmo dormindo, não nos desprendemos completamente de nossas ideias e preocupações.



Edição de textos retirados do site OSGEFIC:

Esclarecimentos sobre os Sonhos na Visão da Doutrina Espírita



O Espiritismo e os Sonhos - Parte1/2


O Espiritismo não faz interpretação de sonhos. Eles reproduzem as impressões que o Espírito recebeu nos momentos em que se libertou do corpo físico e podem expressar ou não o que aconteceu nesses momentos. Por outro lado, os sonhos possuem uma importância, seja como mensagens do nosso inconsciente - registros desta ou de existência anteriores - ou como lembranças de experiências de nosso Espírito fora do corpo, no contato com outros Espíritos. No entanto, muito cuidado. Os sonhos precisam ser considerados como probabilidades e não certezas, pois podem simbolizar algo muito diferente ou até mesmo oposto daquilo que aparenta.


Os sonhos têm muitas causas e podem ser entendidos de muitas formas. Eles não precisam ser encarados como negativos e podem ser acolhidos, não em busca de interpretações definitivas, mas promovendo reflexões construtivas. Em casos em que o tipo de sonhos ou a repetição dos mesmos estejam causando medos ou ansiedade para o indivíduo, o recomendável é procurar um analista ou um grupo psicoterápico especializado no assunto.



Ressaltamos o alerta com Allan Kardec, que dedica o capítulo 8 de 'O Livro dos Espíritos' ao fenômeno da emancipação da alma, onde desenvolve um estudo sobre o sono e os sonhos. Questionando a Espiritualidade Superior sobre o significado dos sonhos, foi informando que eles "não são verdadeiros como entendem os ledores de sorte, pelo que é absurdo admitir que sonhar com uma coisa anuncia outra. Eles são verdadeiros no sentido de apresentarem imagens reais para o Espírito, mas que frequentemente, não tem relação com o que se passa na vida corpórea. Muitas vezes, ainda são uma recordação, outras, um pressentimento do futuro, se Deus o permite, ou a visão do que se passa no momento em outro lugar, a que a alma se transporta" (questão 404). Os Benfeitores amigos vão além e distinguem dois tipos de sonhos: aqueles que resultam de uma perturbação decorrente da partida e volta do Espírito durante a emancipação pelo sono, que mescla elementos da vida de vigília e aqueles que são lembranças de nossas atividades espirituais. E alertam: "procurai distinguir bem essas duas espécies de sonho dentre os que vos lembrais; sem isso, caireis em contradições e erros que serão funestos à vossa fé”. (questão 402 de 'O Livro dos Espíritos').



André Luiz faz algumas considerações sobre o tema no livro 'Conduta Espírita' (psicografia de Waldo Vieira). No capítulo 30, com o título "Perante os Sonhos", alerta que devemos encarar com naturalidade os sonhos, sem nos preocupar aflitivamente com quaisquer fatos ou ideias que se reportem a eles. Ao invés de buscarmos interpretações complexas, identifiquemos sempre os objetivos edificantes das cenas e histórias percebidas nos sonhos. André Luiz alerta ainda que não devemos dar guarida às interpretações supersticiosas, principalmente àquelas que pretendam correlacionar os sonhos com jogos de azar e acontecimentos mundanos. Além disso, é preciso considerar que a grande maioria dos sonhos é resultado de reflexos psicológicos ou de transformações relativas ao próprio campo orgânico.



Por fim, lembremos André Luiz, que nos informa da necessidade de “preparar um sono tranquilo pela consciência pacificada nas boas obras, acendendo a luz da oração, antes de entregarmo-nos ao repouso normal” (do livro 'Conduta Espírita', capítulo 30). Orientação semelhante nos traz Martins Peralva, afirmando que “o esforço de evangelização de nossas vidas e a luta incessante pela modificação dos nossos costumes, objetivando a purificação dos nossos sentimentos, dar-nos-ão, sem dúvida, o prêmio de sonhos edificantes e maravilhosos, expressando trabalho e realização” (capítulo 27 do livro 'Estudando a Mediunidade').


Fonte: Site OSGEFIC


A Resposta de Deus




É como mergulhar em um mar de águas geladas.


Por toda parte o frio, o abandono.


Ninguém à vista, nada de sorrisos calorosos, mãos amigas, solidariedade.


É assim quando o mundo nos vira as costas, os amigos fogem, e nada parece dar certo.


Nesses momentos temos vontade de perguntar:
Onde estão as pessoas gentis, os bons sentimentos? Onde se escondeu o amor, que todos louvamos?


Nos escaninhos da alma então cresce um sentimento infeliz: O de que não somos dignos de ser amados. E queremos tanto ser amados!


Queremos alegrias, carícias, gentilezas e sorrisos. Se isso nos falta, resta uma sombra cinzenta, um coração partido.


E é assim que da garganta parte um pedido de socorro, um grito que corta os céus e chega a Deus. E que diz, entre soluços:
Meu Pai, será que podes me ouvir? Estás aí? Deixa-me sentir Tua mão por um só instante.


E se a alma está atenta, o coração aberto, a luz abre caminho entre as sombras.


É como o sol surgindo após a chuva, seus raios dissipando nuvens pesadas, seu calor se espalhando pela Terra.


É a resposta de Deus.


Sua voz soa nos nossos ouvidos, sussurrando: Sim, Meu filho, estou aqui. Confia, espera, supera, aguarda. Estou aqui.


Somente essa voz divina tem o poder de restaurar nossa alma, de tornar cálida a água gelada que nos cerca.


Deus é alegria.


Estar unido a Ele é alcançar o permanente contentamento, Sua voz ecoando no coração, consolando, explicando. É como música feliz que leva para longe as mágoas, restaura a paz e devolve o sorriso.


Por isso, nas horas árduas, quando a solidão se instalar e as lágrimas chegarem, apenas silencie a voz na garganta.


Deixe apenas a alma falar.


E em vez de queixas, permita que a voz secreta busque Aquele que criou todas as coisas.


Dirija ao Pai Divino uma oração de reconhecimento e amor. Algo mais ou menos assim:

Na caminhada dos dias, nos caminhos do Mundo, na humildade de minha alma, eis-me aqui, meu Amigo, meu Amado.

Faz da minha vida o que for melhor para mim. Mesmo que meus pés sangrem, mesmo que meus lábios só emitam gemidos, confio em Ti.

Ouvir Tua voz na natureza é como recordar uma canção de infância. Violões em notas claras traduzindo brisas e risadas de criança. À Tua sombra existe serenidade e paz. A paz que sempre busquei.

És minha água, meu sol, o ar mais puro. Por isso meu único pedido é que me deixes apenas Te amar.


* * *


Deus está em toda parte, e, obviamente, em ti e contigo também.


Procura encontrá-Lo, não somente nas ocorrências ditosas, senão em todos os fatos e lugares.


Reserva-te a satisfação de ser cada dia melhor do que no anterior, de forma que Ele em ti habite e, sentindo-O, conscientemente, facultes que outros também O encontrem.


Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do cap. 33 do livro 'Episódios diários', do Espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.



Dupla Renovação...



"Época de transição", esta é a legenda que repetis frequentemente para definir a atualidade terrestre, em que surpreendeis, a cada passo, larga fieira de ocorrências inusitadas.


- Conflitos.

- Desencarnações em massa.

- Acidentes enlutando almas e lares.

- Desvinculações violentas.

- Dramas no instituto doméstico.

- Processos obsessivos, culminando com perturbações e lágrimas.

- Moléstias de etiologia obscura.

- Incompreensões...


Forçoso observar, no entanto, que o Plano Físico e o Plano Espiritual que se lhe segue reagem constantemente um sobre o outro. Criaturas desencarnadas atuam no ambiente dos companheiros desencarnados e vice-versa. E se vos reportais ao término do segundo milênio de civilização cristã em que vos achais, com a expectativa e o entusiasmo de quem se vê à frente de uma era nova, as mesmas circunstâncias se verificam na Espiritualidade, entre aqueles que aspiram a obter o retorno à Terra, expressando propósitos de auto burilamento em nível mais alto de evolução.


É por isto que legiões enormes de irmãos, domiciliados no Mais Além, vêm solicitando, desde algum tempo, reencarnações difíceis; testemunhos acerbos de aperfeiçoamento íntimo; tempo curto no veículo físico, de modo a complementarem tarefas inacabadas em diversos setores da experiência humana; presença ligeira, junto de seres queridos, a fim de chamá-los à consideração da Vida Superior; ou empreitadas de serviço moral para a liquidação de empreendimentos redentores, largados por eles nos caminhos do tempo.


Para isso, tentam aproveitar-se da última vigésima parte do segundo milênio, a que nos referimos, para encerrarem o balanço das experiências menos felizes que lhes dizem respeito nos séculos últimos.


Perante a Vida Maior, quase tudo aquilo que vedes, presentemente, em matérias de agitação ou desequilíbrio, nada mais significa que a movimentação mais intensa de vastas coletividades que retornam à Esfera Física, em regime de urgência, no intuito de conseguirem retoques e meios com que possam abordar os tempos novos em condições mais dignas de trabalho e progresso.


Mantenhamo-nos prudentes, abstenhamo-nos de agravar dificuldades, evitemos a formação de problemas, orando e construindo, seja nos obstáculos que nos atinjam, sejam nas inquietações que assaltem aos outros. Mas sejam quais forem as circunstâncias, estejamos atentos à fé para servir e compreender, reconhecendo que todas as provas de hoje são recursos e instrumentos de que se vale a Providência Divina a fim de conduzir-nos à Vida Melhor de amanhã.


Por: Emmanuel
(Do livro 'Diálogo dos Vivos' - Chico Xavier e Herculano Pires)


Sobre as reuniões espíritas



Uma reunião é um ser coletivo cujas qualidades e propriedades são as dos seus membros, formando uma espécie de feixe. Ora, esse feixe será tanto mais forte quanto mais homogêneo.


Se o Espírito for de qualquer maneira atingido pelo pensamento, como nós somos pela voz, vinte pessoas unidas numa mesma intenção terão necessariamente mais força que uma só. Mas para que todos os pensamentos concorram para o mesmo fim é necessário que vibrem em uníssono, que se confundam por assim dizer em um só, o que não pode se dar sem concentração.


A concentração e a comunhão de pensamentos sendo as condições necessárias de toda reunião séria, compreende-se que o grande número de assistentes é uma das causas mais contrárias à homogeneidade. Não há, é certo, nenhum limite absoluto para esse número. Compreende-se que cem pessoas, suficientemente concentradas a atentas, estarão em melhores condições do que dez pessoas distraídas e barulhentas. Mas é também evidente que quanto maior o número, mais dificilmente se preenchem essas condições.


Toda reunião espírita deve, pois, procurar a maior homogeneidade possível.


Fonte: O Livro dos Médiuns (Cap. 29 – Reuniões e Sociedades)


* * *


Mensagens dos Espíritos:


O silêncio e a concentração são as condições essenciais para todas as comunicações sérias. Jamais obtereis essas comunicações quando a atração para as vossas reuniões for apenas a curiosidade. Fazei, pois, que os curiosos vão se divertir em outro lugar, porque a sua distração seria a causa de perturbações.” (São Luís)


Sabeis realmente o que é uma reunião espírita? Não, porque no vosso zelo pensais que o melhor a fazer é reunir o maior número de pessoas, a fim de as convencer. Desenganai-vos disso. Quanto menos pessoas, mais obtereis. É sobretudo pela ascendência moral que encaminhareis os incrédulos, muito mais que pelos fenômenos. Se apenas os atrairdes por meio de fenômenos, eles irão vê-los por curiosidade e encontrareis curiosos que não acreditarão e rirão dos vossos esforços; se entre vós só existirem pessoas dignas, talvez não creiam imediatamente, mas vos respeitarão e o respeito inspira sempre confiança. Estais convencidos de que o Espiritismo deve produzir uma reforma moral.” (Fénelon)


Fonte: O Livro dos Médiuns (Cap. 31 – Dissertações Espíritas)



Estudo da mediunidade – Parte 4/4


- O médium é responsável por toda e qualquer comunicação mediúnica?


Divaldo Franco – Deve sê-lo, porque não é um autômato. Quaisquer comunicações que lhe ocorram são através do seu psicossoma ou perispírito. A conduta do médium é de sua responsabilidade e, graças a essa conduta, ele responde pela aplicação de suas forças mediúnicas.


É muito comum a pessoa assumir comportamentos contrários ao bom-tom e depois dizer que foram as entidades perniciosas que agiram dessa forma. Isso é uma evasão da responsabilidade, porque os espíritos somente atuam pelo médium, nele encontrando receptividade para as suas induções. É importante saber que o médium é responsável pela manifestação que ocorra através dele. Para que se torne um médium seguro, um instrumento confiável, é necessário que evolua moral e intelectualmente, na razão em que exercita a faculdade.


- O endeusamento do médium constitui perigo para a mediunidade? Por quê?


Raul Teixeira – Evidentemente que tudo aquilo que constitui motivo de tropeço na estrada de qualquer criatura naturalmente poderá levá-la à queda. Em se tratando de médium e de mediunidade, todo e qualquer endeusamento é plenamente dispensável, mesmo porque entendemos que o médium não fala por si próprio. O que ele apresenta de positivo, de nobre, de engrandecedor, deve-se à assistência e à misericórdia dos Espíritos do Senhor, não havendo motivo, portanto, para que se vanglorie de uma virtude, de uma grandeza que ainda não lhe pertencem.


Por outro lado, se o fenômeno ao qual ele serve de intermediário não constitui essa grandiosidade, se são fenômenos modestos, ou se houve algum equívoco ou alguma fragilidade nas colocações que alguma entidade apresentou, também não é motivo para que o médium se atormente, se entristeça, porque terá sido apenas o filtro. Necessita, sim, a partir de então, de ter o cuidado de estar cada dia mais vigilante, para que esse empobrecimento não se amplie, para que não seja co-participante dessa deficiência e para que ele, cada vez mais, se dê conta de que a vaidade poderá ser-lhe prejudicial.


Por isso, qualquer endeusamento é desnecessário, é improfícuo. Isso não dispensa que os companheiros, que estejam lidando com o médium, o possam incentivar para que ele cresça, para que ele se desenvolva cada vez mais e melhor, para que estude, para que sirva, para que trabalhe. Assim afirmamos porque temos visto oculta por trás desse broquel do não-endeusamento uma parte muito considerável de um personalismo infeliz, de um despeito torturante.


Muitas vezes, diz-se que não se deve elogiar o médium, porque não haveria necessidade para tanto. Porém, não se lhe diz nenhuma palavra que o impulsione para a frente, determinando uma posição de despeito, ou de indiferença. Se não precisamos dizer à criatura que ela é um médium melhor que Chico Xavier, e todos saberão que é uma inverdade, poderemos dizer: prossiga, meu irmão ou minha irmã, vá adiante... O Chico também começou nas lutas das suas experiências iniciais, claro que estamos deixando de lado aquela continuidade de tarefas que ele vem fazendo desde reencarnações anteriores, mas, de qualquer maneira, mesmo em encarnações anteriores ele iniciou pelo simples, pelas coisas mais modestas, e se hoje ele é esse filão de grandiosa mediunidade, é porque esforçou-se, devotou-se nesse anelo da perfeição espiritual.


O endeusamento, então, será sempre dispensável, mormente para aqueles médiuns que estejam começando, mas não deveremos deixar de incentivá-los, doutrinariamente, para que não sejam desanimados pela onda terrível que agride médiuns e mediunidades, nesses dias, que lança descrédito e tenta jogar desdouro por sobre a tarefa mediúnica.


Retirado do livro “Diretrizes de Segurança”

Por Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira


* * *


Sugestão de leitura:


A Mediunidade e a Obsessão (Parte 1/2)

A Mediunidade e a Obsessão (Parte 2/2)


Estudo da mediunidade – Parte 3/4


- Existe mediunidade inconsciente?


Divaldo Franco – Sem dúvida. Kardec classificava os médiuns, genericamente, em dois tipos: seguros e inseguros. Dentro dessa classificação, os seguros são aqueles que filtram com fidelidade a mensagem, aqueles que são automáticos, sonambúlicos, inconscientes, portanto, por meio dos quais o fenômeno ocorre dentro de um clima de profundidade, sem que a consciência atual tome conhecimento.


Podem ser os médiuns conscientes, semiconscientes e inconscientes. Quanto às suas aptidões e qualidades morais, eles têm vasta classificação.


- Tem o médium inconsciente responsabilidade pelo que ocorra durante as comunicações?


Divaldo Franco – O fenômeno é sonambúlico, mas a comunicação está relacionada com a conduta moral do médium. Este é sempre responsável pelas ocorrências, assim como em muitas obsessões, quando o indivíduo entra numa faixa de subjugação e perde a consciência, ele parece não ser responsável pelo que se passa; no entanto, o é por haver sintonizado com aquele espírito que o dominou temporariamente.


Está no Evangelho de Jesus o assunto colocado de uma maneira brilhante pelo Mestre quando diz aos recém-liberados: “Vai e não tornes a pecar, para que te não aconteça algo pior”. Porque o indivíduo que não se modifica permanece numa faixa vibratória negativa e sintoniza com as entidades mais inditosas, portanto, semelhantes.


Colocando-nos no plano da mediunidade, a nossa vivência moral digna interdita o intercâmbio com as entidades frívolas.


As entidades malévolas dificilmente se adentram na Casa Espírita que tem um padrão vibratório nobre, porque as defesas impedem que tais espíritos rompam as barreiras magnéticas. Mas, a pessoa que se adentra sem o perseguidor deverá reformar-se enquanto está no ambiente espiritual. O que ocorre então? Tal indivíduo, ao invés de acompanhar o doutrinador, de observar e meditar a respeito das lições que lhe são ministradas, por uma viciação mental continua com os mesmos clichês que trouxe lá de fora, ficando dentro do Centro, porém ligado aos espíritos com os quais se afina, mantendo vinculação hipnótica, telepática.


Há pessoas que não conseguem orar, e, quando vão orar, ocorrem-lhes pensamentos de teor vibratório muito baixo. Na hora da prece são assistidas essas pessoas por lembranças de coisas desagradáveis vulgares, sensuais, e não sabem compreender como isso lhes sucede. É resultado de hábito mental.


Se nós, a vida inteira, jogamos para o inconsciente idéias depressivas, vulgaridades, criamos ideoplastias perniciosas. A nossa memória anterior ou subconsciente fica encharcada daquelas fixações. Na hora em que vamos exercitar um pensamento ao qual não estamos habituados, é lógico que, primeiro, aflorem os que são frequentes.


Ilustraremos melhor:


Imaginemos aqui um vaso comunicante em forma de letra “U”. De repente vamos orar ou sintonizar com os espíritos nobres. Pelo superconsciente vem a ideia, passa pelo consciente e desce ao inconsciente. Ao passar por ali recebe o enxerto das ideias arquivadas e chega novamente à razão, influenciada pela mescla do que está em depósito. Se pegamos um vaso que está com fuligem, com poeira e colocamos água limpa, ela entra cristalina, porém sai suja, até que, se perseverarmos e continuarmos colocando água limpa, ela irá assear aquele depósito e sairá, por fim, como entrou. É necessário, então, porfiar na ideia, insistir nos planos positivos, permanecer nos pensamentos superiores.


Somos sempre responsáveis por quaisquer comunicações, desde que somos o fator que atrai a entidade que se vai apresentar, graças às nossas vibrações e conduta intelecto-moral.


- Há médiuns inconscientes que, após a manifestação do espírito, não se recordam do que o comunicante disse ou fez por seu intermédio?


Divaldo Franco – Sim. Há e ocorre com uma boa parcela dos sensitivos. À medida que a faculdade se torna maleável, que os filtros se fazem mais fiéis, o médium não se recorda através da consciência plena, mas ele sabe algo, porque todo fenômeno mediúnico se dá mediante uma co-participação do espírito encarnado.


- Essa co-participação seria um controle remoto do subconsciente?


Divaldo Franco – Exatamente. O espírito encarnado é quem côa a mensagem da entidade desencarnada. Então, ao mesmo tempo, exerce a fiscalização, o controle, e coíbe, quando devidamente educado, quaisquer abusos, preservando o instrumento de sua reencarnação, que é o corpo.


- Quer dizer que, no fundo, é sempre o médium o responsável, mesmo que tenha faculdade inconsciente, por aquilo que vem através dele?


Divaldo Franco – Daí dizer-se que “em todo fenômeno mediúnico há um efeito anímico, assim como em todo fenômeno anímico há uma expressão mediúnica”. Por melhor que seja o pianista, o som é sempre do piano.


Retirado do livro “Diretrizes de Segurança”

Por Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira


* * *


Imagem: Blog Espitirinhas

Para visualizar em tamanho grande, clique na imagem


Estudo da mediunidade – Parte 2/4


- Que utilidade tem a mediunidade de vidência?


Divaldo Franco – A utilidade é a de desvelar os painéis do mundo espiritual, sabendo observá-los, e, melhor ainda, mantendo discrição ao traduzi-los, para não a transformar num informativo de leviandades.


- Qual a colaboração que um médium vidente pode dar no transcurso de uma sessão mediúnica?


Divaldo Franco – Fazendo observações, anotando pontos capitais e colaborando com o médium doutrinador, para que ele esteja informado da qualidade dos espíritos que ali se comunicam.


- É sempre segura e permanente essa faculdade?


Divaldo Franco – Como toda faculdade mediúnica, ela é transitória e oscilante, dependendo muito do estado moral do médium.


- Por que dois médiuns enxergam, ao mesmo tempo, quadros diferentes?


Divaldo Franco – Porque as percepções visuais são em faixas vibratórias, que oscilam de acordo com o grau de adiantamento do espírito do médium. Um registra uma faixa, na qual se manifestam os espíritos, e outro registra um tipo de faixa diversa.


Ocorre, também, que a maioria dos médiuns videntes é clarividente e, nesse caso, a imaginação, quando indisciplinada, elabora construções e imagens que ele não sabe traduzir, perturbando-se com aquilo que capta.


- Podem, simultaneamente, dois médiuns, em se referindo à mesma entidade, fazer descrições diferentes e serem verídicas, ambas?


Divaldo Franco – Seria o mesmo que duas pessoas de graus de cultura diversos descrevendo uma tela. Cada uma informará os detalhes que lhe chamem a atenção, com as possibilidades da sua capacidade descritiva. Mas o conjunto geral será o mesmo.


- Deverá ser?


Divaldo Franco – Deve ser.


Retirado do livro “Diretrizes de Segurança”

Por Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira


* * *


Sobre a mediunidade de cura, leia os textos:


O Médium Curador

Sobre os médiuns curadores


Estudo da mediunidade – Parte 1/4


- Qual a finalidade da mediunidade na Terra?


Divaldo Franco – A mediunidade é, antes de tudo, uma oportunidade de servir, bênção de Deus, que faculta manter o contato com a vida espiritual. Graças ao intercâmbio, podemos ter aqui, não apenas a certeza da sobrevivência da vida após a morte, mas também o equilíbrio para resgatarmos com proficiência os débitos adquiridos nas encarnações anteriores. É graças à mediunidade que o homem tem a antevisão do seu futuro espiritual e, ao mesmo tempo, o relato daqueles que o precederam na viagem de volta à erraticidade, trazendo-lhe informes de segurança, diretrizes de equilíbrio e a oportunidade de refazer o caminho pelas lições que ele absorve do contato mantido com os desencarnados.


Assim, a mediunidade tem uma finalidade de alta importância, porque é graças a ela que o homem se conscientiza das suas responsabilidades de Espírito imortal. Conforme afirmava o Apóstolo Paulo, se não houvesse a ressurreição do Cristo, para nos trazer a certeza da vida espiritual, de nada valeria a mensagem que Ele nos deu.


- Há mediunidades mais importantes que outras? E médiuns mais fortes que outros?


Raul Teixeira – Verdadeiramente não pode haver mediunidades mais importantes que outras, nem médiuns mais fortes do que outros. Existem médiuns e mediunidades. Segundo Paulo de Tarso, existem os "dons" e ele se refere à visão, à audição, à cura, à palavra, ao ensino, mas disse que um só é o Senhor. Eles provêm da mesma fonte. Os indivíduos que psicografam, que psicofonizam, que materializam, poderão todos realizar um trabalho apostolar, na realidade em que se encontram.


Não é o número de possibilidades que dá importância ao médium. O que engrandece espiritualmente o médium é aquilo que ele faz com os dons que possua. Verificamos que a importância do médium se localiza na honra que tem de poder servir.


Não existem, na Doutrina Espírita, médiuns mais fortes que outros, mas, sim, os que são mais dedicados que outros, mais afervorados que outros, que estão renunciando à matéria e efetuando o esforço do auto-aprimoramento mais que outros. Isso ocorre. E é esse esforço para algo mais alto que confere ao médium, ou a outro servidor qualquer, melhores condições de estar à frente na lide. Mas isso não significa que o que venha na retaguarda não poderá alcançá-lo, realizando os mesmos esforços.


Conversando, oportunamente, com um grupo de amigos, o nosso venerável Chico Xavier dizia para os companheiros que o questionavam que o dia em que não chora, não viveu. Depreendemos disso que quanto mais se alteia a mediunidade, colocando aquele que dela é portador numa posição de destaque, numa posição de claridade, naturalmente, os que não desejam a luz mais atirarão pedras à “lâmpada”, tentando quebrá-la, quando não desejam derrubar o “poste” que a sustenta.


Daí, o médium mais importante ser aquele que mais disposto esteja para enfrentar essas lutas em nome do Cristo, Médium de Deus por excelência, e o mais importante Senhor da mediunidade que conhecemos.


Não caberá nenhum desânimo a nenhum de nós outros que ainda nos localizamos numa faixa singela de mediunidade, galgando os primeiros passos. Isto porque já ouvimos companheiros que gostariam de receber mensagens como o Chico recebe, desejariam receber obras daquele talante, desejariam ser médiuns da envergadura desse ou daquele companheiro que se projeta na sociedade, mas desconhecem a cota de sacrifícios diários, de lutas, de lágrimas, de renúncias a que eles têm de se predispor e se dispor. Por isso, em Espiritismo, não há médiuns superiores a outros, nem mediunidades mais importantes que outras; existem oportunidades para que todos nós tomemos a charrua da evolução sem olharmos para trás, crescendo sempre.


- Quais são os requisitos necessários aos médiuns que militam na tarefa mediúnica?


Raul Teixeira – Percebendo que a mediunidade é uma faculdade mental, ela independe de o indivíduo ser nobre ou devasso. Sendo a mediunidade essa luz do espírito que se projeta através da carne, admitiremos também poder encontrá-la representando a treva do espírito que escorre através do soma. E exatamente por isso, percebemos que o médium deverá ajustar-se, quando deseje servir com o Cristo. Atrelado às forças do bem, ajustar-se-á ao esforço de vivenciar as lições evangélicas, renovando, gradativamente, os panoramas da própria existência, domando as inclinações infelizes, inferiores, elevando o padrão mental para que sua mentalização se dirija para o sentido nobre, fazendo-o cada vez mais vibrátil nas mãos das Entidades felizes.


Logo, os requisitos para o exercício da mediunidade no enfoque espírita serão o exercício da humildade, da humildade que não se converte em subserviência, mas que é a atitude de reconhecimento da grandeza da vida em face da nossa pequenez pessoal; o espírito de estudo, de apercebimento continuado das leis que nos regem, que nos governam. O médium espírita deverá estar sempre voltado para aumentar o seu patrimônio de conhecimento das coisas, dando-nos conta de que o Espírito da Verdade nos disse ser necessário o amor que assiste, que guarda, que renuncia, que serve, e, ao mesmo tempo, a instrução que de maneira alguma representará apenas o diploma acadêmico, mas que é esse engrandecimento do caráter, da inteligência, esse amadurecimento que, muitas vezes, o diploma não confere. Exatamente aí o médium deverá ater-se ao estudo, ao trabalho, à abnegação ao semelhante, e nesse esforço estará logrando também subir a ladeira para conquistar a humildade.


Numa colocação feita pelo espírito Albino Teixeira, através de Chico Xavier, no livro Paz e Renovação, diz ele que o melhor médium para o mundo espiritual não é o que seja portador de múltiplas faculdades, mas é aquele que esteja sempre disposto a aprender e sempre pronto a servir.


Retirado do livro “Diretrizes de Segurança”

Por Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira


Uso e Abuso



O uso é o bom-senso da vida e o metro da caridade.
Vida sem abuso, consciência tranquila.


Uso é moderação em tudo.
Abuso é desequilíbrio.


O uso exprime alegria.
Do abuso nasce a dor.


Existem abusos de tempo, conhecimento e emoção.
Por isso, muitas vezes, o uso chama-se “abstenção”.


O uso cria a reminiscência confortadora.
O abuso forja a lembrança infeliz.


Saber fazer significa saber usar. Todos os objetos ou aparelhos, atitudes ou circunstâncias exigem uso adequado, sem o que surge o erro.


Doença – abuso da saúde.

Vício – abuso do hábito.

Supérfluo – abuso do necessário.

Egoísmo – abuso do direito.


Todos os aspectos menos bons da existência constituem abusos.


O uso é a lei que constrói.
O abuso é a exorbitância que desgasta.


Eis por que progredir é usar bem os empréstimos de Deus.


André Luiz

(Do livro “Estude e Viva” - Francisco Cândido Xavier)


* * * * * * * * *


Pensamentos positivos em matéria de consciência tranquila, limpeza de intenções, reajuste de maneiras e supressão de hábitos inferiores são suportes indispensáveis para a edificação de vida melhor. Pense e fará o que pensa. Faça e você será aquilo que faz.


André Luiz

(Do livro “Buscas e Acharás” - Francisco Cândido Xavier)