O Homem Novo


Para construir um mundo novo precisamos de um homem novo. O mundo está cheio de erros e injustiças porque é a soma dos erros e injustiças dos homens.


Todos sabemos que temos de morrer, mas só nos preocupamos com o viver passageiro da Terra. Por isso, a humanidade desencarnada que nos rodeia é ainda mais sofredora e miserável que a encarnada a que pertencemos. “As filas de doentes que eu atendia na vida terrena — diz a mensagem de um espírito — continuam neste lado.”


Muita gente estranha que nas sessões espíritas se manifestem tantos espíritos sofredores. Seria de estranhar se apenas se manifestassem espíritos felizes. Basta olharmos ao nosso redor — e também para dentro de nós mesmos — para vermos de que barro é feita a criatura humana em nosso planeta. Fala-se muito em fraude e mistificação no Espiritismo, como se ambas não estivessem em toda parte, onde quer que exista uma criatura humana. Espíritos e médiuns que fraudam são nossos companheiros de plano evolutivo, nossos colegas de fraudes cotidianas.


O Espiritismo está na Terra, em cumprimento à promessa evangélica do Consolador, para consolar os aflitos e oferecer a verdade aos que anseiam por ela. Sua missão é transformar o homem para que o mundo se transforme. Há muita gente querendo fazer o contrário: mudar o mundo para mudar o homem.


O Espiritismo ensina que a transformação é conjunta e recíproca, mas tem de começar pelo homem.


Enquanto o homem não melhora, o mundo não se transforma. Inútil, pois, apelar para modificações superficiais. Temos de insistir na mudança essencial de nós mesmos.


O homem novo que nos dará um mundo novo é tão velho quanto os ensinos espirituais do mais remoto passado, renovados pelo Evangelho e revividos pelo Espiritismo.


Sem amor não há justiça e sem verdade não escaparemos à fraude, à mistificação, à mentira, à traição.


O trabalho espírita é a continuação natural e histórica do trabalho cristão que modificou o mundo antigo. Nossa luta é o bom combate do apóstolo Paulo: despertar as consciências e libertar o homem do egoísmo, da vaidade e da ganância.


Do livro “O Homem Novo” - Herculano Pires


Bem-aventurados os pobres de espírito




Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.”

(São Mateus, V:3)


O que se deve entender por pobres de espírito


A incredulidade se diverte com esta máxima: Bem-aventurados os pobres de espírito, como com muitas outras coisas que não compreende. Por pobres de espírito, entretanto, Jesus não entende os tolos, mas os humildes, e diz que o Reino dos Céus é destes e não dos orgulhosos.


Os homens cultos e inteligentes, segundo o mundo, fazem geralmente tão elevada opinião de si mesmos e de sua própria superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de sua atenção. Preocupados somente com eles mesmos, não podem elevar o pensamento a Deus. Essa tendência a se acreditarem superiores a tudo leva-os muito frequentemente a negar o que, sendo-lhes superior, pudesse rebaixá-los, e a negar até mesmo a Divindade. E, se concordam em admiti-la, contestam-lhe um dos seus mais belos atributos: a ação providencial sobre as coisas deste mundo, convencidos de que são suficientes para bem governá-lo. Tomando sua inteligência como medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo compreender, não podem admitir como possível aquilo que não compreendem. Quando se pronunciam sobre alguma coisa, seu julgamento é para eles inapelável.


Se não admitem o mundo invisível e um poder extra humano, não é porque isso esteja fora do seu alcance, mas porque o seu orgulho se revolta à ideia de alguma coisa a que não possam sobrepor-se, e que os faria descer do seu pedestal. Eis porque só têm sorrisos de desdém por tudo o que não seja do mundo visível e tangível. Atribuem-se demasiada inteligência e muito conhecimento para acreditarem em coisas que, segundo pensam, são boas para os simples, considerando como pobres de espírito os que as levam a sério.


Entretanto, digam o que quiserem, terão de entrar, como os outros, nesse mundo invisível que tanto ironizam. Então seus olhos se abrirão, e reconhecerão o erro. Mas Deus, que é justo, não pode receber da mesma maneira aquele que desconheceu o seu poder e aquele que humildemente se submeteu às suas leis, nem aquinhoá-los por igual.


Ao dizer que o Reino dos Céus é para os simples. Jesus ensina que ninguém será nele admitido sem a simplicidade de coração e a humildade de espírito; que o ignorante que possui essas qualidades será preferido ao sábio que acreditar mais em si mesmo do que em Deus. Em todas as circunstâncias, ele coloca a humildade entre as virtudes que nos aproximam de Deus, e o orgulho entre os vícios que Dele nos afastam. E isso por uma razão muito natural, pois a humildade é uma atitude de submissão a Deus, enquanto o orgulho é a revolta contra Ele. Mais vale, portanto, para a felicidade do homem, ser pobre de espírito, no sentido mundano, e rico de qualidades morais.


Do 'Evangelho Segundo o Espiritismo' – Allan Kardec (Capítulo 7)


Aniversário do blog



Amigos, hoje o blog Espírita na Net completa 2 anos!


Para mim é um dia especial, dia de agradecer a Deus por mais um ano de blog e por todas as oportunidades de aprendizado que a Doutrina Espírita nos oferece, tão importantes para todos nós.


Desde que criei o blog a intenção foi sempre tentar divulgar, com seriedade, e da maneira mais simples possível, os mais diversos temas comuns à Doutrina Espírita, bem como a visão espírita para certos assuntos do nosso dia-a-dia. Espero estar conseguindo. Aqueles que possuem um blog espírita sabem que não é tarefa fácil, é uma grande responsabilidade. Faço tudo com muito carinho, pois minha intenção é ajudar quem passar por aqui, mas também aprendo bastante e me sinto muito feliz e realizada com isso.


Aprendo muito fazendo o blog, mas penso especialmente em cada pessoa que passa por aqui e que poderá ser beneficiada por qualquer um dos textos publicados, essa é a minha principal motivação. Como já disse aqui antes, se este espaço conseguir levar um pouco de luz a quem quer que seja, vou me sentir muito satisfeita!


Aproveito para fazer um agradecimento especial a todos vocês, visitantes do blog:


- às pessoas de todos os lugares do Brasil (e do mundo) que acessam o blog todos os dias (um abraço especial aos irmãos de Portugal);

- aos amigos (blogueiros ou não) que sempre deixam comentários;

- aos que passam silenciosamente, mas deixam sua energia positiva;

- àqueles que recebem as mensagens via e-mail;

- aos que me enviam e-mails, compartilhando seus problemas, suas dúvidas, dando-me a oportunidade de (tentar) auxiliar e aprender mais;

- aos que não compartilham as mesmas ideias, mas respeitam;

- aos que tentam mostrar que o espiritismo é um 'erro', e acabam oferecendo a oportunidade de reflexão e exercício da tolerância, paciência e perdão;

- aos que sempre têm uma palavra de apoio e incentivo...


A todos vocês, enfim, meu MUITO OBRIGADA.


A Doutrina Espírita em muito nos ajuda, tira nossas dúvidas e nos dá consolo nos momentos de dificuldade; é sempre muito bom estudar e aprender cada vez mais; mas o melhor mesmo é aproveitar todos os momentos de nossa vida para colocar em prática o que ela nos ensina, especialmente a prática da caridade e do amor ao próximo, como Jesus nos recomendou, e é isso que eu desejo a todos nós: a prática do bem, acima de todas as coisas, independente de 'grau de conhecimento' e religião.


Que Deus nos ilumine sempre.


Para ler a mensagem do primeiro aniversário do blog - CLIQUE AQUI.



ORAÇÃO



Senhor Jesus!


Agradecendo-te o amparo de todos os dias, eis-nos aqui, de espírito, ainda em súplica, no campo em que nos situaste.


Ensina-nos a procurar na vida eterna a beleza e o ensinamento da temporária vida humana!


Apesar de amadurecidos para o conhecimento, muitas vezes somos crianças pelo coração.


Ágeis no raciocínio, somos tardios no sentimento.


Em muitas ocasiões, dirigimo-nos à tua infinita Bondade, sem saber o que desejamos.


Não nos deixes, assim, em nossas próprias fraquezas!


Nos dias de sombra, sê nossa luz!


Nas horas de incerteza, sê nosso apoio e segurança!


Mestre Divino!


Guia-nos o passo na senda reta.


Dá-nos consciência da responsabilidade com que nos enriqueces o destino.


Auxilia-nos para que o suor do trabalho nos alimente o lume da fé.


Não admitas que o verme do desalento nos corroa o ideal e ajuda-nos para que a ventania da perturbação não nos inutilize a sementeira.


Educa-nos para que possamos converter os detritos do temporal em adubo que nos favoreça a tarefa.


Ao redor da leira que nos confiaste, rondam aves de rapina, tentando instilar-nos desânimo e discórdia...


Não longe de nós, flores envenenadas deitam capitoso aroma, convidando-nos ao repouso inútil, e aves canoras da fantasia, através de melodias fascinantes, concitam-nos a ruinosa distração...


Fortalece-nos a vigilância para que não venhamos a cair.


Dá-nos coragem para vencer a hesitação e o erro, a sombra e a tentação que nascem de nós.


Faze-nos compreender os tesouros do tempo, a fim de que possamos multiplicar os créditos de conhecimento e de amor que nos emprestaste.


Divino Amigo!


Sustenta-nos as mãos no arado de nossos compromissos, na verdade e no bem, e não permitas, em tua misericórdia, que os nossos olhos se voltem para trás.


Que a tua vontade, Senhor, seja a nossa vontade, agora e para sempre.


Assim seja.


Emmanuel

09 de junho de 1955


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Do livro “Instruções Psicofônicas”

Por diversos espíritos

Médium (psicofonia): Francisco Cândido Xavier

Editora FEB


O ponto culminante



Você é um Espírito imortal que temporariamente enverga uma veste de carne.


Já teve infinitas experiências em incontáveis vidas.


Já foi rico e pobre, homem e mulher, saudável e enfermo, a cor de sua pele variou grandemente.


Errou, acertou, errou de novo para acertar com mais propriedade logo depois.


O ato de sua criação perde-se na noite dos tempos.


Entretanto, você se constrói a cada nova experiência.


Embora nem sempre seja feliz em suas escolhas, de cada vida sai mais forte e preparado.


Houve ocasiões em que terminou a trajetória carnal insatisfeito consigo mesmo.


Após cessarem as ilusões da matéria, compreendeu que poderia ter utilizado melhor seu tempo e seus recursos.


Mas também já atravessou vidas sofridas, nas quais resgatou graves débitos e fez importantes aprendizados.


A Lei do Progresso é um imperativo universal.


Ela impede que um Espírito perca virtudes e inteligência.


É possível nascer em situações mais complicadas e sucumbir a tentações.


Mas ninguém regride em sua evolução.


Uma vez conquistado determinado valor, ele jamais se perde.


A inteligência cada vez mais se abrilhanta, sem possibilidade de retrocesso.


Desse modo, hoje você está no ponto culminante de sua trajetória milenar.


Jamais foi tão inteligente e virtuoso.


Sabedoria, bondade, capacidade de renúncia e de trabalho, tudo em seu ser se encontra no zênite.


Está no exato ponto da evolução para o qual se preparou e dispõe dos recursos mais adequados à solução de seus problemas.


Sua atual existência foi carinhosamente preparada.


Considerando seus compromissos, erros e acertos, ela retrata uma possibilidade de real elevação.


A título de aprendizado e progresso, ou de provações retificadoras, você possui amplas condições de se sair maravilhosamente bem.


Não importa quão difícil lhe pareça dada exigência da vida, você pode dar conta dela.


Seus familiares são os mais adequados às suas necessidades.


As condições de sua vida são as ideais, conforme a Lei de merecimento que rege o Universo.


Você não é vítima e nem privilegiado.


Recebeu o necessário para ser um agente do progresso e espargir o bem em seu derredor.


À vista disso, importa compreender que a base de sua tranquilidade reside na integridade da consciência.


Todos os problemas que surgem em seu caminho são uma oportunidade bendita de retificação e aprendizado.


As carências são um auxílio a mais, um convite para compreender as tristezas do próximo.


Os recursos são generosos empréstimos da vida maior, em favor de sua felicidade.


Está em suas mãos converter todos esses fatores em luz e paz em seu caminho, mediante uma sábia e digna aplicação.


Pense nisso.


(Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXX, do livro 'Coragem', pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)


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Deus dá a oportunidade de aprender e evoluir. Os ensinamentos são importantes para a evolução de cada um. Aceite tudo o que Deus coloca na estrada da vida, e compreenderá que não estamos aqui por acaso.


(Mensagem recebida pelo Grupo de Estudos de Psicografia da Fraternidade Francisco de Assis - Em 06/07/2009)



Significado do sofrimento na vida


Para melhor expressar-se, o amor irrompe de formas diferentes, convidando à reflexão em torno dos valores existenciais. Muito do significado que se caracteriza pelo poder — mecanismo dominante da realização do ego — desaparece, quando o amor não está presente, preenchendo o vazio existencial. Essa ânsia de acumular, de dominar, que atormenta enquanto compraz, torna-se uma projeção da insegurança íntima do ser que se mascara de força, escondendo a fragilidade pessoal, em mecanismos escapistas injustificáveis que mais postergam e dificultam a auto-realização.


A perda da tradição é como um puxar do tapete no qual se apoiam os pés de barro do indivíduo que se acreditava como o rei da criação e, subitamente se encontra destituído da força de dominação, ante o desaparecimento de alguns instintos básicos, que vêm sendo substituídos pela razão. O discernimento que conquista é portador de mais vigor do que a brutalidade dos automatismos instintivos, mas somente, a pouco e pouco, é que o inconsciente assimilará essa realidade, que partirá da consciência para os mais recônditos refolhos da psique.


Nesta transformação — a metamorfose que se opera do rastejar no primarismo para a ascese do raciocínio — o sofrimento se manifesta, oferecendo um novo tipo de significado e de propósito para a vida.


Impossível de ser evitado, torna-se imperioso ser compreendido e aceito, porquanto o seu aguilhão produz efeitos correspondentes à forma porque se deva aceitá-lo.


Quando explode, a rebeldia torna-se uma sensação asselvajada, dilaceradora, que mortifica sem submeter, até o momento em que, racionalmente aceito, faz-se instrumento de purificação, estímulo para o progresso, recurso de transformação interior.


O desabrochar da flor, rompendo o claustro onde se ocultam o perfume, o pólen, a vida, é uma forma de despedaçamento, que ocorre, no entanto, no momento próprio para a harmonia, preservando a estrutura e o conteúdo, a fim de repetir a espécie.


O parto que propicia vida é também doloroso processo que faculta dilaceração.


O sofrimento, portanto, seja ele qual for, demonstra a transitoriedade de tudo e a respectiva fragilidade de todos os seres e de todas as coisas que os cercam, alterando as expressões existenciais, aprimorando-as e ampliando-lhes as resistências, os valores que se consolidam. Na sua primeira faceta demonstra que tudo passa, inclusive, a sua presença dominante, que cede lugar a outras expressões emocionais, nada perdurando indefinidamente. Na outra vertente, a aquisição da resistência somente é possível mediante o choque, a experiência pela ação.


O ser psicológico sabe dessa realidade, O Self identifica-a, porém o ego a escamoteia, fiel ao atavismo ancestral dos seus instintos básicos.


O sofrimento constitui, desse modo, desafio evolutivo que faz parte da vida, assim como a anomalia da ostra produzindo a pérola. Aceitá-lo com resignação dinâmica, através de análise lúcida, e bem direcioná-lo é proporcionar-se um sentido existencial estimulante, responsável por mais crescimento interior e maior valorização lógica de si mesmo, sem narcisismo nem utopias.


Todos os indivíduos, uma ou mais vezes, são convidados ao enfrentamento, em enfermidades graves ou irreversíveis, com dramas familiares inabordáveis, com situações pessoais quase insuportáveis, defrontando o sofrimento.


A reação irracional contra a ocorrência piora, alucina ou entorpece os centros da razão, enquanto que a compreensão natural, a aceitação tranquila, propiciam a oportunidade de conseguir o valor supremo de oferecer-se para a conquista do sentimento mais profundo da existência.


A morte, a enfermidade, os desastres econômicos, os dramas morais, os insucessos afetuosos, a solidão e tantas outras ocorrências perturbadoras, porque inevitáveis, produzindo sofrimento, devem ser recebidas com disposição ativa de experienciá-las. Para alguns desses acontecimentos palavra alguma pode diluir-lhe os efeitos. Somente a interação moral, a confiança em Deus e em si mesmo para a convivência feliz com os seus resultados.


Esta disposição nasce da maturidade psicológica, do equilíbrio entre compreender, aceitar e vivenciar. Aqueles que não os suportam, entregando-se a lamentações e silícios íntimos, permanecem em estado de infância psicológica, sentindo a falta da mãe superprotetora que os aliviava de tudo, que tudo suportava em vãs tentativas de impedir-lhes a experiência de desenvolvimento evolutivo.


A aceitação, porém, do sofrimento como significado existencial e propósito de vida, não se torna uma cruz masoquista, mas se transforma em asas de libertação do cárcere material para a conquista da plenitude do ser.


Do livro “Amor, Imbatível Amor”

Pelo Espírito 'Joanna de Ângelis'

Psicografia Divaldo Pereira Franco





Resumo da Doutrina Espírita




- Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. É eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.

- A prece é um ato de adoração a Deus. Está na lei natural e é o resultado de um sentimento inato no homem, assim como é inata a ideia da existência do Criador.

- Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais.

- Deus criou o Universo, que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.

- Os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.

- Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo.

- Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem, intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade.

- O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo. O mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita.

- No Universo, além da Terra, há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: mais evoluídos e menos evoluídos.

- Entre as diferentes espécies de seres corpóreo, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a certo grau de desenvolvimento, dando-lhe superioridade moral e intelectual sobre as outras.

- O homem tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas consequências de suas ações. A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatíveis com o procedimento de respeito ou não à Lei de Deus.

- O homem é um Espírito encarnado em um corpo material. Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material perecível, cuja destruição pela morte lhes restitui a liberdade. O perispírito é o corpo semimaterial que une o Espírito ao corpo material.

- A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.

- Há no homem três coisas: 1°, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2°, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3°, o perispírito, laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.

- Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.

- O laço ou perispírito, que prende o corpo ao Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições.

- O Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato.

- Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: são os anjos ou Espíritos puros. Os das outras classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria, eivados das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho etc. Comprazem-se no mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito maus, antes perturbadores e enredadores, do que perversos. A malícia e a inconsequência parecem ser o que neles predomina. São os Espíritos estúrdios ou levianos.

- Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros como missão. A vida material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta perfeição moral.

- Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espíritos, donde saíra, para passar por nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece em estado de Espírito errante.

- Os Espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação. A alma possuía sua individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de se haver separado do corpo. Na sua volta ao mundo dos Espíritos, encontra ela todos aqueles que conhecera na Terra, e todas as suas existências anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança de todo bem e de todo mal que fez.

- Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aprimoramento. Tendo o Espírito que passar por muitas encarnações, segue-se que todos nós temos tido muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na Terra, quer em outros mundos.

- Os Espíritos evoluem sempre. As diferentes existências corpóreas do Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; podem estacionar, mas nunca regridem. Mas, a rapidez do seu progresso intelectual e moral depende dos esforços que façam para chegar à perfeição.

- As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós; assim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, o homem perverso a de um Espírito impuro.

- O Espírito encarnado se acha sob a influência da matéria; o homem que vence esta influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos, em cuja companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros, dando preponderância à sua natureza animal.

- Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo. Os não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e circunscrita; estão por toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos de contínuo. É toda uma população invisível, a mover-se em torno de nós.

- Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo.

- As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos e assemelhar-nos a eles. As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre pelos médiuns que lhes servem de instrumentos.

- Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou mediante evocação. Podem evocar-se todos os Espíritos: os que animaram homens obscuros, como os das personagens mais ilustres, seja qual for a época em que tenham vivido; os de nossos parentes, amigos, ou inimigos, e obter-se deles, por comunicações escritas ou verbais, conselhos, informações sobre a situação em que se encontram no Além, sobre o que pensam a nosso respeito, assim como as revelações que lhes sejam permitidas fazer-nos. Os Espíritos são atraídos na razão da simpatia que lhes inspire a natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde predominam o amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores que, inversamente, encontram livre acesso e podem obrar com toda a liberdade entre pessoas frívolas ou impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos. Longe de se obterem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem esperar futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, pois que muitas vezes tomam nomes venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.

- Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os Espíritos superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade, escoimada de qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria lhes transparece dos conselhos, que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da Humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é inconsequente, amiúde trivial e até grosseira. Se, por vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito mais vezes dizem falsidades e absurdos, por malícia ou ignorância. Zombam da credulidade dos homens e se divertem à custa dos que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade, alimentando-lhes os desejos com falazes esperanças. Em resumo, as comunicações sérias, na mais ampla acepção do termo, só são dadas nos centros sérios, onde intima comunhão de pensamentos, tendo em vista o bem.

- A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores ações. Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para experimentá-lo; que o Forte e o Poderoso devem amparo e proteção ao Fraco, porquanto transgride a Lei de Deus aquele que abusa da força e do poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam, finalmente, que, no mundo dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita será desmascarado e patenteadas todas as suas torpezas, que a presença inevitável, e de todos os instantes, daqueles para com quem houvermos procedido mal constitui um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e superioridade dos Espíritos correspondem penas e gozos desconhecidos na Terra. Mas, ensinam também não haver faltas irremissíveis, que a expiação não possa apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conformemente aos seus desejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é o seu destino final.

- Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade. E a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus. A moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos os homens, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela Humanidade.

- Este o resumo da Doutrina Espírita, como resulta dos ensinamentos dados pelos Espíritos superiores.


Da obra: 'O Livro dos Espíritos' - Allan Kardec


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Para conhecer as principais obras da codificação espírita – CLIQUE AQUI


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"Todos falam de Espiritismo, bem ou mal. Mas ninguém o conhece. Geralmente o consideram como uma seita religiosa comum carregada de superstições. Pensam quase todos que se aprende a doutrina ouvindo os espíritos. Não obstante, o Espiritismo é uma doutrina moderna, perfeitamente estruturada por um grande pensador, escritor e pedagogo francês, homem de letras e ciências, famoso por sua cultura e seus trabalhos científicos e que assinou suas obras espíritas com o pseudônimo de Allan Kardec. Saber isso já é saber alguma coisa a respeito, mas está muito longe de ser tudo."

(Herculano Pires - Filósofo Espírita)


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"Estudar o Espiritismo na sua limpidez cristalina e sabedoria incontestável é dever que não nos é lícito postergar, seja qual for a justificativa em que nos apoiemos."

(Espírito Joanna de Ângelis. Do Livro 'Estudos Espíritas' - Divaldo Franco)


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"Digerir primeiramente as obras fundamentais do Espiritismo, para entrar em seguida nos setores práticos, em particular no que diga respeito à mediunidade. Teoria meditada, ação segura."

(Espírito André Luiz. Do Livro 'Conduta Espírita' - Waldo Vieira)

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"Quem quiser conhecer bem a Doutrina Espírita deve estudar Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne e Ernesto Bozzano."

(Yvonne Pereira. Médium e escritora espírita. Autora da obra-prima espírita 'Memórias de um Suicida'. Extraído da Revista Reformador, abril de 2001)


A Cidade de Nossos Sonhos



Guerra no Oriente Médio, violência nas cidades, presídios superlotados, pessoas sem teto, sem trabalho, sem comida e sem esperança! Quando não ouvimos estas e outras notícias terríveis nos noticiários de rádio e televisão, presenciamos esta deprimente realidade em nosso dia-a-dia, o que talvez seja ainda pior.


Fugindo à estes fatos, podemos conduzir nossos pensamentos para outras paragens, e por que não Nosso Lar(1). Quem não lembra da descrição do Parque das Águas, do aeróbus, das alamedas arborizadas, dos ministérios... Tudo tão bem descrito pelo irmão André Luiz, que temos a impressão de estarmos vendo um belo filme. É a cidade dos nossos sonhos.


Mas, quando voltamos a si e retornamos às ruas de nossa realidade atual (especialmente grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo), que diferença. São sujeira e buracos espalhados por toda parte. Some-se a isto um congestionamento no trânsito que é capaz de enlouquecer até o mais manso dos motoristas. As pessoas passam apressadamente de um lado para outro sem se notarem, nem mesmo se cumprimentarem.


No meio de tanta confusão e, por que não dizer, de uma certa depressão, a imagem de Nosso Lar volta-nos à mente em breves instantes, como uma ponta de esperança, uma luz em meio à escuridão. Suportamos a dura realidade porque, ao desencarnar, iremos para lá. Umbral, nem pensar! Nosso sonho é morar em Nosso Lar. Lá é que seremos realmente felizes.


Reflitamos um pouco...


O que torna Nosso Lar tão diferente? A cidade em que vivemos agora, enquanto encarnados, não pode ser tão boa quanto a espiritual? Há algo de físico ou científico que impeça a felicidade no mundo material? Seria o plano material destinado ao sofrimento dos que aqui se encontram?


Infelizmente, parece-nos que as únicas diferenças somos nós mesmos, nossa maneira de pensar e agir. A matéria por si só não impede a construção de uma sociedade mais equilibrada e feliz. As pessoas que não conseguem conviver em harmonia aqui na crosta terrestre, também não o fazem quando desencarnam, somando-se às multidões que vagam perdidas no Umbral.


Não há nada de diferente entre as praças daqui e as de Nosso Lar, a não ser o lixo que nós mesmos jogamos ou os bancos que destruímos. A diferença entre as límpidas águas da represa de lá e a imundície de nossos rios e lagoas está no esgoto e nos dejetos industriais que despejamos continuamente sem o tratamento adequado, não por ignorância, pois já se sabe como tratá-los, mas por egoísmo e avareza.


Se vivemos mal, é porque assim queremos ou nada fazemos para mudar.


Enquanto em Nosso Lar todos vibram, pensam e agem no bem,aqui isto é bem menos comum. Se lá todos trabalham em benefício da coletividade, aqui vive-se a supervalorização da individualidade. O que importa é o “Eu”, é a minha felicidade, custe o que custar. O coletivo aqui é sinônimo de sem dono, sem cuidado.


Estamos sempre fazendo preces e enviando mensagens de um mundo melhor, mas para que isto aconteça não bastam palavras ou anseios, é necessário agir.


Trata-se da ação política ao escolhermos os governantes e representantes que estejam realmente engajados num esforço de melhoria da situação atual. Votar em alguém simplesmente por ser nosso amigo ou para obter algum tipo de vantagem pessoal nada mais é que egoísmo.


Trata-se da ação cívica de zelarmos pelo bem comum, pelo bem público, e de respeitarmos os direitos dos demais cidadãos, assim como queremos ter os nossos direitos respeitados.


Trata-se da ação educadora, de ensinarmos nossos filhos o que é viver em coletividade; ensiná-los o respeito ao próximo, a dividir, a ajudar.


Cabe-nos ainda, orientar os irmãos que, por não terem uma educação consistente em casa e na escola, não sabem o que é uma sociedade de bem e não aprenderam a viver em harmonia.


Trata-se da ação cristã básica de fazermos ao próximo, e a todos indistintamente, aquilo que gostaríamos que nos fizessem, amando nossos irmãos assim como Jesus nos ama.


Se queremos uma vida melhor, não bastam apenas sonhos e esperanças passivas. Temos que contribuir ativamente no processo de renovação, a começar pela nossa transformação moral, dever primeiro de todo espírita.


Deixemos de lado o egoísmo, a vaidade, o orgulho e a prepotência. Vivamos de maneira simples mas feliz, assim como nosso Mestre o fez. Sejamos bons, mas sejamos ativos.


Allan Kardec, em O Livro do Espíritos(2), na pergunta 932, questiona os irmãos desencarnados sobre a razão pela qual o mal parece prevalecer sobre o bem na Terra e a resposta dos espíritos resume-se a: os bons são tímidos.


Não podemos mais ter vergonha de fazermos as coisas certas. Mesmo sabendo de nossas atuais imperfeições e dos muitos erros que ainda cometemos, devemos nos alegrar com nossos acertos.


Devolver o troco recebido a mais, ou algum objeto encontrado, não é atitude de um tolo, mas sim de gente honesta.


Não deixar as crianças beberem, fumarem, assistirem programas nocivos que passem na televisão ou vestirem roupas excessivamente sensuais não é coisa de pai (ou mãe) chato(a), quadrado(a) ou opressor(a), mas sim de pessoas conscientes de sua função educadora nesta encarnação.


Ter uma religião, fazer o evangelho no lar (mesmo quando há visitas) e levar os filhos para a evangelização não é coisa de fanático, mas sim de espíritos preocupados com o aprimoramento próprio e de sua família.


Fugir de conversas infrutíferas sobre a vida alheia não é um comportamento anti-social, mas um excelente exemplo de disciplina mental ao não compactuar com a maledicência.


Na pergunta 799 de
O Livro dos Espíritos, Kardec questiona: - “De que maneira o Espiritismo pode contribuir para o progresso?”; e os irmãos desencarnados respondem: - “Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro. Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a grande solidariedade que os há de unir como irmãos”.


A Doutrina Espírita é, portanto, uma alavanca para o progresso, uma excepcional ferramenta, mas a obra é daquele que a manuseia corretamente, e não da ferramenta em si. O pentateuco Kardequiano e as centenas de obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco, entre muitos outros, devem sair das prateleiras das estantes para os nossos corações, mentes e braços.


Ir ao grupo espírita deve passar a ser uma oportunidade de trabalho, de fazermos algo por alguém, e não somente um momento para orarmos, tomarmos passe e bebermos água fluidificada.


Há inúmeros irmãos precisando de um ombro amigo, de um ouvido atento, um abraço fraterno.


Há milhares de pessoas que desconhecem a Doutrina Espírita, que não sabem ou não compreendem o que é a reencarnação, que nunca ouviram falar em perispírito.


Há tantas coisas que podemos fazer que não custam nada além de uns poucos minutos e da nossa disposição.


Repetindo uma vez mais as palavras do Codificador em
O Livro dos Espíritos (comentários após a pergunta 789): “A Humanidade progride, por meio de indivíduos que pouco a pouco se melhoram e instruem. Quando estes preponderam pelo número, tomam a dianteira e arrastam os outros”.


O milênio já mudou, mas o mundo ainda não.


Vós sois o sal da Terra!” disse o Mestre Jesus no alto do monte(3).


Que possamos todos nós espíritas ser uma pequenina pitada de sal a temperar o nosso planeta, ajudando a acabar com o gosto amargo do sofrimento, e sejamos felizes pelos próprios méritos, construindo uma sociedade melhor.


(1) Cidade existente no plano espiritual e retratada magistralmente pelo irmão André Luiz (desencarnado), em obra que recebe o mesmo nome, Nosso Lar, psicografia de Francisco Cândido Xavier, edição da FEB.

(2) Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos; Traduzido do original francês (1857) e editado pela FEB.

(3) Evangelho de Mateus - 5:13.



Marcelo Silva Bortolini de Castro

O autor é Cap QEM e Diretor da CME


Retirado do site CME – Cruzada dos Militares Espíritas


Aos espíritas




Aos espíritas cumpre a grande tarefa de viver o amor.


Aos espíritas está destinada a grande tarefa de exemplificar o amor em atos, não em palavras.


Através da ação por intermédio da vivência, porque o mundo está cansado de ouvir, mas necessitado de estímulo que decorre do exemplo daqueles que vivem o que ensinam.


A união dá-nos o sinal de Jesus, fortalecendo os nossos sentimentos e a unificação dos espíritas.


Sejamos as forças morais e doutrinárias para expansão da mensagem libertadora.


Certamente enfrentareis desafios. Tornai-vos pontes que facilitam o acesso de uma para outra margem, neste mundo no qual existem tantos indivíduos que optam pela postura de obstáculos que dificultam o acesso.


Esquecei as vossas divergências e uni-vos nas concordâncias.


Deixai à margem o ego perturbador e assumi a situação de filhos do calvário que contemplam a cruz pensando na ressurreição gloriosa.


Espíritas, filhos da alma, aqui estão conosco dentre muitos, também confraternizando nesta noite que dá início à unificação decorrente da união de almas, os companheiros Carlos Jordão da Silva e Luiz Monteiro de Barros, que tanto lutaram pela edificação da identidade do Bem pelo serviço de amor.


A união multiplica os valores, a separação desarma as defesas e naturalmente vem a desagregação.


Não postergueis o Evangelho de Jesus, diz-nos o Apóstolo dos gentios.


Avante, dai-vos as mãos, uni-vos no amor com Jesus e com Allan Kardec.


Deixai de lado os melindres, para pensardes na felicidade indizível de glória da Doutrina Espírita e não na exaltação de quem quer que seja.


Espíritas, o tempo urge. Amai. Se não puderdes amar, perdoai; se for difícil perdoar, desculpai; e se encontrardes obstáculos para desculpa, tende compaixão, como nosso Pai tem-na em relação a nós todos, ensejando-nos a bênção da reencarnação para reeducarmo-nos, para recuperarmo-nos, para realizarmos a tarefa que ficou interrompida na retaguarda.


Que o Senhor de bênçãos nos abençoe, meus filhos, são os votos do servidor humílimo e paternal de sempre, Bezerra.


Bezerra de Menezes

(Mensagem transmitida pelo Espírito Bezerra de Menezes através de Divaldo Pereira Franco, no final da conferência realizada no Auditório Bezerra de Menezes, da Federação Espírita do Estado de São Paulo, na noite de 18 de abril de 2004, por ocasião da comemoração dos 140 anos do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo” - 1864/2004)



O que te faz melhor...




Narra-se que Leonardo Boff, num intervalo de uma conversa de mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, perguntou ao Dalai Lama:


Santidade, qual a melhor religião?


O teólogo confessa que esperava que ele dissesse: É o budismo tibetano. Ou são as religiões orientais, muito mais antigas que o cristianismo.


O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, olhou seu inquiridor bem nos olhos, desconcertando-o um pouco, como se soubesse da certa dose de malícia na pergunta, e afirmou:


A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor.


Para quem sabe sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, Boff voltou a perguntar:


O que me faz melhor?


Aquilo que te faz mais compassivo; aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável...


A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião...


Boff confessa que calou, maravilhado, e até os dias de hoje ainda rumina a resposta recebida, sábia e irrefutável.


O Dalai Lama foi ao cerne da questão: a religião deve nos ser útil para a vida, como promotora de melhorias em nossa alma.


Não haverá religião mais certa, mais errada, mas sim aquela que é mais adequada para as necessidades deste ou daquele povo, desta ou daquela pessoa.


Se ela estiver promovendo o Espírito, impulsionando-o à evolução moral e estabelecendo este laço fundamental da criatura com o Criador – independente do nome que este leve – ela será uma ótima religião.


Ao contrário, se ela prega o sectarismo, a intolerância e a violência, é óbvio que ainda não cumpre adequadamente sua missão como religião.


O eminente Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, quando analisou esta questão, recebeu a seguinte resposta dos Espíritos de luz:


Toda crença é respeitável quando sincera, e conduz à prática do bem. As crenças censuráveis são as que conduzem ao mal.


Desta forma, fica claro mais uma vez que a religião, por buscar nos aproximar de Deus, deve, da mesma forma, nos aproximar do bem, e da sua prática cotidiana.


Nenhum ritual, sacrifício, nenhuma prática externa será proveitosa, se não nos fizer melhores.


Deveríamos empreender nossos esforços na vida para nos tornarmos melhores.


Investir em tudo aquilo que nos faz mais compreensivos, mais sensíveis, mais amorosos, mais responsáveis.


A melhor doutrina é a que melhor satisfaz ao coração e à razão, e que mais elementos tem para conduzir o homem ao bem.


Gandhi afirmava que uma vida sem religião é como um barco sem leme.


Certamente todos precisamos de um instrumento que nos dirija. Assim, procuremos aquela religião que nos fale à alma, que nos console e que nos promova como Espíritos imortais que somos.


Transmitamos às nossas crianças, desde cedo, esta importância de manter contato com o Criador, e de praticar o bem, acima de tudo.


Redação do Momento Espírita com base no item 838 de 'O Livro dos Espíritos' e no item 302 de 'O livro dos Médiuns', ambos de Allan Kardec (Ed. FEB) e no livro 'Espiritualidade, um caminho de transformação', de Leonardo Boff (Ed. Sextante)

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Pergunta - Por que indícios se poderá reconhecer, entre todas as doutrinas que alimentam a pretensão de ser a expressão única da verdade, a que tem o direito de se apresentar como tal?


Resposta - “Será aquela que mais homens de bem e menos hipócritas fizer, isto é, pela prática da lei de amor na sua maior pureza e na sua mais ampla aplicação. Esse é o sinal por que reconhecereis que uma doutrina é boa, visto que toda doutrina que tiver por efeito semear a desunião e estabelecer uma linha de separação entre os filhos de Deus não pode deixar de ser falsa e perniciosa.”


(O Livro dos Espíritos, questão 842)