As influências espirituais



- “Influem os Espíritos em nosso pensamento, e em nossos atos?”.

- Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”

(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 459.)



A assertiva dos Espíritos a Allan Kardec demonstra que, na maioria das vezes, estamos todos nós - encarnados - agindo sob a influência de entidades espirituais que se afinam com o nosso modo de pensar e de ser, ou em cujas faixas vibratórias respiramos.


Isto não nos deve causar admiração, pois se analisarmos a questão sob o aspecto puramente terrestre chegaremos à conclusão de que vivemos em permanente sintonia com as pessoas que nos rodeiam, familiares ou não, das quais recebemos influenciações através das ideias que exteriorizam, dos exemplos que nos são dados, e também que influenciamos com a nossa personalidade e pontos de vista.


Quando acontece de não conseguirmos exercer influência sobre alguém de nosso convívio e que desejamos aja sob o nosso prisma pessoal, via de regra tentamos por todos os meios convencê-lo com argumentos persuasivos de diferente intensidade, a fim de lograrmos o nosso intento.


Natural, portanto, ocorra o mesmo com os habitantes do mundo espiritual, já que são eles os seres humanos desencarnados, não tendo mudado, pelo simples fato de deixarem o invólucro carnal, a sua maneira de pensar e as características da sua personalidade.


Assim, vamos encontrar desde a atuação benéfica de Benfeitores e Amigos Espirituais, que buscam encaminhar-nos para o bem, até os familiares que, vencendo o túmulo, desejam prosseguir gerindo os membros do seu clã familial, seja com bons ou maus intentos, bem como aqueles outros a quem prejudicamos com atos de maior ou menor gravidade, nesta ou em anteriores reencarnações, e que nos procuram, no tempo e no espaço, para cobrar a divida que contraímos.


Por sua vez, os que estão no plano extrafísico também se acham passíveis das mesmas influenciações, partidas de mentes que lhes compartilham o modo de pensar, ou de outras que se situam em planos superiores, e, no caso de serem ainda de evolução mediana ou inferior, de desafetos, de seres que se buscam intensamente pelo pensamento, num conúbio de vibrações e sentimentos incessantes.


Essa permuta é contínua e cabe a cada indivíduo escolher, optar pela onda mental com que irá sintonizar.


Portanto, a resposta dos Espíritos a Kardec nos dá uma noção exata do intercâmbio existente entre os seres humanos, seja ele inconsciente ou não, mas, de qualquer modo, real e constante.


Do livro “Obsessão e Desobsessão” - Suely Caldas Schubert


A dor nos animais


A ordem da Criação se divide em planos ou instâncias (filosoficamente em hipóstases). Há enorme distância, como se vê pelo item 597 de O Livro dos Espíritos, entre o plano animal e o plano hominal.


As plantas e os animais também sofrem, como os homens, também apresentam deformações e aleijões, mas essas coisas são diferentes nos três planos. A matéria é a mesma, mas o conteúdo espiritual (a essência) é diferente. A planta não tem consciência, o animal tem consciência rudimentar, o homem tem consciência definida e possui por isso o livre arbítrio.


A lei fundamental da Natureza é a evolução. Nas fases iniciais de processo evolutivo essa lei é soberana. O mineral, o vegetal e o animal evoluem “empurrados” pelas energias intrínsecas e extrínsecas, ou seja, orgânicas e mesológicas, que representam o que Bergson chamou de “energias criadoras”. O homem, que já tomou consciência de si mesmo e do Universo, sofre ainda o impulso dessas energias, mas já pode controlá-las pela sua vontade e orientá-las pela sua consciência. Torna-se então responsável pelos seus atos e enquadra-se na lei moral.


A planta monstruosa é um acidente material. O animal monstruoso é outra forma de acidente no processo criador, um desarranjo da “mecânica” da matéria. Mas a criatura humana tem a sua reencarnação controlada pelas inteligências que executam as ordens referentes às suas necessidades de evolução moral.


Assim, a criatura humana tem no seu corpo defeituoso ou monstruoso a aplicação das “deficiências da matéria” em favor da sua correção moral.


Não há expiação para os animais, como vemos no item 602 de O Livro dos Espíritos. A dor nos animais é um agente de excitação psíquica, auxiliando o despertar das faculdades do “princípio inteligente”. Nos homens é uma reação provocada pelos abusos de livre arbítrio.

Do livro “O Homem Novo” - Herculano Pires


* * *


A vida do animal não é propriamente missão, apresentando, porém, uma finalidade superior que constitui a do seu aperfeiçoamento próprio, através das experiências benfeitoras do trabalho e da aquisição, em longos e pacientes esforços, dos princípios sagrados da inteligência.”

Emmanuel - Livro “O Consolador” - Psicografia: Chico Xavier


Aborto não realizado


A gravidez veio na hora indesejada, lembrava-se Laura.

Veio na hora errada e ainda trazia riscos de várias ordens.

A saúde debilitada, problemas familiares, o desemprego...

Seu primeiro impulso foi o aborto. Tomou uns chás que, em vez de “resolver, a debilitaram ainda mais.

Recuperada, buscou uma dessas pessoas que arrancam, ainda no ventre, o chamado problema das mães que não desejam levar adiante a gestação.

Naquele dia, a parteira havia adoecido e faltara.

Laura voltou para casa preocupada, mil situações lhe passavam pela mente.

À noite, deitou-se e custou a adormecer, mas foi vencida pelo sono. No sonho, viu um belo jovem pedindo-lhe algo que, na manhã seguinte não soube definir.

Durante todo o dia não conseguiu tirar aquela imagem da mente, de sorte que esqueceu a gravidez.

Na noite seguinte voltou a sonhar com o mesmo jovem, só que acordou com a agradável sensação de tão doce quanto agradável “Obrigado”.

Era como se ainda visse seus lábios pronunciando palavras de agradecimento, enquanto de seu coração irradiava uma paz indefinível.

Desistiu do aborto.

Enfrentou tudo, superou todos os riscos e saiu vitoriosa...

Hoje, passados 23 anos do episódio, ouve emocionada seu belo e jovem filho pronunciar, do púlpito da solenidade de sua formatura, ante uma extasiada multidão:

... Agradeço sobretudo à minha mãe, que me alimentou o corpo e o Espírito, dando-me não só comida, mas carinho, companhia, amor e, principalmente, vida.”

E, olhando-a nos olhos, o filho pronunciou, num tom inconfundível:

Obrigado!”

Ela não teve dúvidas. Foi o mesmo Obrigado, doce e agradável, de um sonho, há 23 anos...


* * *


A mulher que nega o ventre ao filho que Deus lhe confia, nega a si mesma a oportunidade de ouvir a cantiga alegre da criança indefesa a rogar-lhe carinho e proteção.

Perde a oportunidade de dar à luz um Espírito sedento de evolução, rogando-lhe uma chance de reencarnar, para juntos superarem dificuldades e estreitarem laços de amizade e afeto.

Se você mulher, está passando pela mesma situação de Laura, mire-se no seu exemplo e permita-se ser mãe.

Permita-se sentir, daqui alguns meses, o agradecimento no olhar do pequenino que lhe roga o calor do colo e uma chance de viver.

Conceda-se a alegria de, daqui alguns anos, ornamentar o pescoço com a jóia mais valiosa da face da Terra: os bracinhos frágeis da criança, num abraço carinhoso a lhe dizer:

Obrigado mamãe, por ter me permitido nascer e crescer, e fazer parte desse Mundo negado a tantos filhos de Deus.


* * *


Pense nisso!

Todos nós voltaremos a nascer um dia...

Se continuarmos negando oportunidades de reencarnação aos Espíritos com os quais nos comprometemos antes do berço, talvez estejamos negando a nós mesmos a chance de uma mãe ou pai, no futuro.

Pensemos nisso!


Redação do Momento Espírita, com base em história publicada no Jornal Caridade, de maio/junho 1997.


Doação de Órgãos




Como o Espiritismo encara os transplantes de órgãos?


O assunto não foi, evidentemente, tratado por Kardec, mas o Dr. Jorge Andréa, no seu livro Psicologia Espírita, págs. 42 e 43, examinando o tema, assevera que não há nenhuma dúvida de que, nas condições atuais da vida em que nos encontramos, os transplantes devem ser utilizados.


A conquista da ciência é força cósmica positiva que não deve ser relegada a posição secundária por pieguismos religiosos. Por isso, chegará o dia em que poderemos avaliar até que ponto as influências espirituais se encontram nesses mecanismos, a fim de que as intervenções sejam coroadas de êxito e pleno entendimento”.


Perguntaram a Chico Xavier se os Espíritos consideram os transplantes de órgãos prática contrária às leis naturais.


Chico respondeu: “Não. Eles dizem que assim como nós aproveitamos uma peça de roupa que não tem utilidade para determinado amigo, e esse amigo, considerando a nossa penúria material, nos cede essa peça de roupa, é muito natural, aos nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com segurança e proveito”.


Todos podemos doar nossos órgãos ou há casos em que isso não se recomenda?


É claro que todos podemos.


A extração de um órgão não produz reflexos traumatizantes no perispírito do doador.


O que lesa o perispírito, que é nosso corpo espiritual, são as atitudes incorretas perpetradas pelo indivíduo, e não o que é feito a ele ou ao seu corpo por outras pessoas.


Além disso, o doador desencarnado é, muitas vezes, beneficiado pelas preces e pelas vibrações de gratidão e carinho por parte do receptor e de sua família.


A integridade, pois, do perispírito está intimamente relacionada com a vida que levamos e não com o tipo de morte que sofremos ou com a destinação de nossos despojos.


Há casos, no entanto, que a doação ou a extração de órgãos não se recomenda.


No dia 6 de fevereiro de 1996, atendemos um Espírito em sofrimento, que recebera o coração de um jovem morto num acidente, o qual, sem haver compreendido que desencarnara, o atormentava no plano espiritual, reclamando o coração de volta. Curiosamente, o Espírito que recebera o órgão sabia estar desencarnado e lembrava até haver doado as córneas a outra pessoa.


Indagaram a Chico Xavier: “Chico, você acha que o espírita deve doar as suas córneas? Não haveria nesse caso repercussões para o lado do perispírito, uma vez que elas devem ser retiradas momentos após a desencarnação do indivíduo?”.


Respondeu o bondoso médium mineiro (“Folha Espírita”, nov/82, apud “Chico, de Francisco”, pág. 84):


Sempre que a pessoa cultive desinteresse absoluto em tudo aquilo que ela cede para alguém, sem perguntar ao beneficiado o que fez da dádiva recebida, sem desejar qualquer remuneração, nem mesmo aquela que a pessoa humana habitualmente espera com o nome de compreensão, sem aguardar gratidão alguma, isto é, se a pessoa chegou a um ponto de evolução em que a noção de posse não mais a preocupa, esta criatura está em condições de dar, porque não vai afetar o perispírito em coisa alguma.


No caso contrário, se a pessoa se sente prejudicada por isso ou por aquilo no curso da vida, ou tenha receio de perder utilidades que julga pertencer-lhe, esta criatura traz a mente vinculada ao apego a determinadas vantagens da existência e com certeza, após a morte do corpo, se inclinará para reclamações descabidas, gerando perturbação em seu próprio campo íntimo. Se a pessoa tiver qualquer apego à posse, inclusive dos objetos, das propriedades, dos afetos, ela não deve dar, porque ela se perturbará
”.


Anos depois dessa resposta, registrou-se o caso Wladimir, o jovem suicida que foi aliviado em seus sofrimentos post-mortem graças às preces decorrentes da doação de córneas por ele feita, mostrando que, mesmo em mortes traumáticas como essa, a caridade da doação, quando praticada pelo próprio desencarnante, é largamente compensada pelas leis de Deus.


(O caso Wladimir é narrado no livro “Quem tem medo da morte?”, de Richard Simonetti.)


Do site “O Consolador” - Estudos Espíritas






Lançamento do livro “Espiritismo e Ecologia”


O jornalista André Trigueiro, da Globonews, lançou seu novo livro “Espiritismo e Ecologia”, dia 12 de Setembro, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Em seu livro, Trigueiro identifica como a preservação ecológica se identifica com o espiritismo, e com a espiritualidade, em um sentido mais amplo. “Se equilíbrio é sinônimo de sustentabilidade, quem busca o equilíbrio através da religião precisa ser sustentável”, diz. Trigueiro explica isso em detalhes na entrevista que concedeu à Época:


Época: O que o espiritismo diz sobre ecologia?


André Trigueiro: A expressão “ecologia” foi cunhada na Alemanha apenas nove anos depois de a primeira edição de o “Livro dos Espíritos” ter sido lançada na França , no inspiradíssimo século XIX do evolucionismo, do positivismo, do comunismo, da psicanálise, e de outras correntes de pensamento referenciais para parcela expressiva da humanidade. Espiritismo e ecologia explicam, cada qual ao seu modo, um universo sistêmico e interligado, o uso racional dos recursos naturais baseado no princípio da necessidade - e não da opulência -, uma nova ética solidária que leve em conta os interesses de todos e não de uma minoria, o respeito a todos os seres viventes. Espíritas e ecologistas também reconhecem a existência de mecanismos de autoproteção da Terra, embora expliquem isso de formas distintas. E estudam os efeitos colaterais da poluição nos dois planos da vida: enquanto a ecologia investiga o impacto dos poluentes na matéria (ar, água, solo), o espiritismo desdobra-se na investigação dos impactos de outros gêneros de poluentes (formas-pensamento, miasmas, etc) no campo sutil, no plano atral, também chamado de psicosfera.


Época: Como a ética religiosa pode ajudar a preservar a natureza?


Trigueiro: Onde se aceita a idéia de Deus, a natureza é entendida como obra divina, onde o sagrado se manifesta de forma rica e exuberante. Depredar a natureza significa macular um sistema em equilíbrio que dispõe de tudo o que nos é necessário para que possamos viver bem. De uns tempos para cá, diversas tradições vem descobrindo a riqueza da teologia ambiental para explicar, cada qual a seu modo, como as leis que regem a vida e o universo precisam ser respeitadas em favor de nós mesmos. Não estamos desconectados do meio que nos cerca. Na verdade, essa ligação é intrínseca e visceral. Se equilíbrio é sinônimo de sustentabilidade, quem busca o equilíbrio através da religião precisa ser sustentável.


Época: Você acha que se as pessoas tivessem mais espiritualidade, cuidariam melhor do ambiente?


Trigueiro: Quem cuida do lado espiritual - e realiza essa busca solitária e persistente de Deus em si mesmo - tende a ser menos dependente dos bens materiais - portanto menos consumista - e mais atento ao legado, aos impactos de ordem material e moral de sua passagem por este planeta. Mas cada vivência espiritual é pessoal e intransferível. A espiritualidade contém todas as religiões, mas uma única religião não contém toda a espiritualidade. A religião também não salva ninguém, mas antes, a disposição de cada um em ser alguém melhor, mais solidário e amoroso. Também é verdade que muita gente que não acredita em Deus - ou na vida após a morte - realiza importantes trabalhos na área da sustentabilidade. Não importa em que se crê, mas naquilo que se faz de verdade em prol dos outros e do planeta que nos acolhe.


Época: Como você descobriu o espiritualismo?


Trigueiro: Em 1987, tive uma curiosidade irrefreável de investigar os livros de cabeceira de minha mãe, onde estavam as obras básicas da Doutrina Espírita. Então iniciei uma aproximação que não teve mais freios nem pudores. Já na juventude, fazendo questionamentos enormes de ordem existencial e procurando respostas que não encontrei em outras religiões, me senti muito bem amparado pelo Espiritismo. Foi um processo natural.


Época: Como você começou a relacionar a espiritualidade com a preservação ambiental?


Trigueiro: Há seis anos, fui convidado para fazer uma palestra em um centro espírita do Rio de Janeiro pelo saudoso escritor, musicoterapeuta e médium Luiz Antônio Millecco, fundador da Sociedade Pró-Livro Espírita em Braile (SPLEB). O tema era “Ecologia e Paz”. Creio que o livro começou a nascer nesta palestra. De lá para cá, através de minhas pesquisas, descobri que o pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (que usou o pseudônimo de Allan Kardec ao assinar as obras básicas do espiritismo) e o naturalista alemão Ernst Haeckel, tido como o Pai da Ecologia, eram homens de ciência que deixaram um legado importantíssimo para os dias de hoje, em que tentamos entender melhor a origem de múltiplas crises (econômica, social, ética, ambiental) e os caminhos para resolvê-las.


(Por Alexandre Mansur - Blog do Planeta)





Livro “Espiritismo e Ecologia”

Autor: André Trigueiro Mendes

Editora: FEB


* * *

A Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades , é que ele a emprega no supérfluo o que poderia ser empregado no necessário”.

(Livro dos Espíritos; Allan Kardec, capítulo V, da Lei de Conservação)


A história de Júlio (Final)


Como sou grato a eles!”, exclamei após recordar tudo.


Tia” Suely sorriu e olhando-me fixamente elucidou-me:


Aprende com eles, Júlio, a maior lição que tentaram lhe dar. Amar! E seja grato, muito grato, a gratidão é uma demonstração do amor. Ingrato, pode perder a ligação com os seus benfeitores, ficando mais difícil receber benefícios. Grato, fortifica o laço de carinho que esses dois espíritos nutrem por você.”


Será que um dia poderei retribuir a eles um décimo do que fizeram por mim?”, indaguei-a.


Creio que os dois não necessitam da ajuda que você pode lhes dar. Seus pais são espíritos bondosos que em muitas encarnações têm seguido o caminho do bem e do conhecimento. Para eles só sua gratidão, seu amor, é o suficiente. Mas, Júlio, a vida lhe dará muitas outras oportunidades de fazer o bem, fazendo a outros, faz a si mesmo e consequentemente àqueles que nos amam, que querem nosso progresso.”


Sou muito inferior a eles para ajudá-los...


Não faça comparações!”, continuou Suely a elucidar-me. “Todas me parecem injustas. Pense neles como alguém que ama e que quer vê-lo bem. Quando você, socorrido, necessitou encarnar, eles se ofereceram para serem seus pais novamente. Não precisariam eles passar pelo que passaram, ter um filho doente e sofrer com a sua desencarnação precoce. Mas o amaram tanto que não quiseram você num lar estranho. Preferiram passar tudo, mas com você junto deles.”


Abaixei a cabeça, senti muito ter sido ingrato. Almejei seguir seus exemplos. Suely, lendo meus pensamentos, concluiu:


Isso, Júlio, faça do exemplo deles a meta da sua vida. E não pense que esse período em que você esteve com eles lhes foi tão sacrificial. Aqueles que amam não vêem sacrifícios. Tiveram que modificar um pouco a vida deles quando você nasceu. Seus pais eram professores universitários e programaram horários diferentes de trabalho para que sempre um deles pudesse estar com você. Fizeram de tudo para melhorar seu estado e lhe dar conforto. São adeptos do Budismo, conhecem a reencarnação. Viram em você um espírito reencarnante necessitado de carinho e amor. Aproveitaram esse período difícil por que passaram, aprenderam muito, tornaram-se mais religiosos e estudiosos espirituais. Não tiveram sofrimentos-débito, mas crédito diante das Leis Divinas. Quando você desencarnou recentemente, tudo fizeram para ajudá-lo. Hoje, estão tranquilos em relação a você, sabem que está bem e, se quiser fazer algo por eles, seja o que eles lhe desejam.”


Eles desejam que eu seja feliz!”, exclamei.


Simples?”, indagou Suely, sorrindo.


Não posso ter dó de mim nem remorso, isso gera inquietude e insatisfação. Quero ser útil, aprender e fazer o que eles querem, o que desejam para mim.”


Suely apertou minha mão e retirou-se, fiquei sozinho e fiz um propósito de melhorar, de ser como eles, e tenho conseguido. O amor deles me sustenta!


* * *

Ter um filho deficiente mental pode parecer sofrimento a muitas pessoas. Creio que é trabalhoso. Mas para muitos pais não é uma coisa nem outra. É estar perto daquele que amam. Encontrei muitos que agiram, agem como os pais de Júlio. Que amam tanto o espírito que necessita desse aprendizado que reencarnam para ajudá-lo, fortalecendo os laços desse afeto verdadeiro.


O personagem deste capítulo teve uma paralisia. É o nome que se dá a uma sequela de doença neurológica. Pode ser paralisia total ou parcial, com ou sem outros distúrbios de fala, audição, visão etc. A causa pode ser trauma de parto, congênito ou genético.


Júlio aprendeu a ser grato e, quando cultivamos a gratidão, nada nos parece injusto, e as ingratidões não nos atingem, porque tudo o que fazemos é por amor e sem esperar recompensas. Devemos lembrar só o que de bom recebemos e esquecer todo o mal. Os pais de Júlio não só devem ser exemplo a ele, mas a todos nós.


Vimos na história real de Júlio uma infeliz reação das muitas que podem acontecer aos que abusam do corpo perfeito, danificando-o com tóxicos, envenenando até seu perispírito, gerando muito sofrimento.


Há tempos atrás, quando Júlio em sua encarnação anterior desencarnou pelas drogas, elas não eram tão influentes como hoje. Tenho visto muitos imprudentes se viciarem, comprometendo-se muito espiritualmente. Os tóxicos existem, e ai de quem deles abusar.


(Comentários do Espírito Antônio Carlos)


Retirado do livro “Deficiente mental, porque fui um?” (Cap. 2) - Ditado por diversos espíritos - Psicografia de Vera Lúcia Marinzeck Carvalho - Editora Petit


A história de Júlio (Parte 2)


Na minha encarnação anterior tive por pais os mesmos espíritos que o foram nesta última.


Eles formavam uma família feliz. Meus pais, casados há anos, viviam harmoniosamente, tinham duas filhas casadas e netos, quando mamãe engravidou. Embora surpresos, achando-se velhos, me receberam como presente de Deus. Foram excelentes pais, me amaram, cuidaram de mim, me educaram, dando ótimos exemplos. Cresci forte, sadio e inteligente.


Espírito inquieto, não dei valor a nada que recebia. Achava meus pais velhos, “caretas” e me envergonhava deles. Era respondão, às vezes bruto com eles. Achava que me enchiam.


Estudava numa universidade e comecei a consumir drogas. Não tinha motivos como desculpas. Não existem motivos para entrar no vício, mas alguns viciados arriscam algum fator para se justificar. Quis sensações novas e achei que nunca ia me tornar dependente delas. Das leves às pesadas, me viciei, porém achava que as largaria quando quisesse. Comecei a gastar mais dinheiro e mentia aos meus pais, dizendo que era para o estudo. Não desconfiavam e me davam, privando-se até de remédios.


Foi então que ocorreu o acidente. Numa viagem de fim de semana, meus pais desencarnaram juntos num acidente de trem.


Senti a falta deles, mais ainda do que eles faziam por mim. Não quis morar com minhas irmãs, fiquei sozinho na nossa casa. Formei-me dois meses depois e arrumei um emprego. Mas passei a me drogar cada vez mais. E agora não escondia e as usava em casa.


- Júlio, por favor, pare com isso! Pense em nossos pais! — diziam minhas irmãs, preocupadas.


- Não sou um viciado! Uso-as porque quero e paro quando quiser — respondia rudemente.


Minhas irmãs, cunhados e até sobrinhos, ao saberem, tentaram me ajudar. Passei a ser violento, não aceitei a intromissão deles.


Não produzia no trabalho e, como faltava muito, fui demitido e passei a consumir cada vez mais tóxicos; me tornei um farrapo humano. Fui vendendo tudo o que era de valor em casa, não comprei mais alimentos, minhas irmãs que os traziam, como também passaram a pagar as despesas da casa e alguns débitos meus. Mesmo assim, não gostava dos meus familiares, não queria vê-los, os evitava e quando vinham em casa os expulsava violentamente. Senti que eles planejavam me internar. Então, achando que a vida estava insuportável, resolvi me suicidar. Tomei uma overdose. Mas não morri, passei mal. Quando melhorei, levantei-me; estava deitado no tapete da sala. A casa estava uma anarquia. Tomei remédios, todos que encontrei, o resto de heroína e uma bebida alcoólica, deitei de novo, certo de que dessa vez ia morrer.


Desencarnei logo, mas era de noite. No outro dia minha irmã veio com a ambulância para me levar e acharam meu corpo morto.


Perturbei-me extremamente. Quando saí do torpor, senti-me preso, no escuro, com cheiro insuportável. Meu corpo estava enterrado e eu ligado a ele. Somos espíritos revestidos do perispírito e encarnados no corpo físico. Quando o corpo carnal morre, o deixamos e este parece somente uma roupa usada. Continuamos a viver espiritualmente revestidos com o corpo perispiritual. Isso é o que normalmente acontece. Mas há os que abusam e imprudentemente, como eu, danificam o corpo físico, a abençoada roupa que nos é dada para nos manifestarmos no campo material. Não fui desligado e fiquei junto ao corpo, sofrendo atrozmente.


Lembrei-me dos meus pais, do amor deles por mim e chorei; chamei por eles:


Mamãe! Papai! Acudam-me!”


Senti-me tirado dali, parecia que fiquei ali séculos e não meses.


Não consegui me recuperar. Internado num hospital para suicidas, estava perturbado demais. Não tinha desculpa e não quis me perdoar. Que havia feito do meu corpo perfeito? Danifiquei-o com as drogas. Não merecia outro perfeito.


Faço uma ressalva, esta é minha história, que ocorreu comigo. Isso não acontece com todos que foram viciados nem com todos os suicidas. Mas normalmente estes sofrem muito, se os encarnados tivessem consciência disso, não se drogariam nem se suicidariam.


Meus pais preocuparam-se comigo. Amavam-nos muito, a mim e a todos os familiares.


Tiveram uma desencarnação violenta num acidente brutal. Foram socorridos pelos seus merecimentos. Sentiram que eu estava mal, então souberam que era viciado. Tentaram me ajudar, porém essa ajuda é restrita ao livre-arbítrio do necessitado. Pediram auxílio mentalmente às outras filhas, elas tentaram, ignoraram as ofensas e tudo fizeram, até se sacrificaram financeiramente, venderam bens para pagar meus débitos e para ter dinheiro para me internar.


Meus pais viram tristemente meu suicídio. Só quando me comovi ao lembrar deles é que puderam desligar-me da matéria podre e me socorrer.


Entenderam que só melhoraria na matéria. Estava tão perturbado, me desorganizei tanto que só me recuperaria no corpo físico. Com o esquecimento, me organizaria, encarnado recuperaria o que por livre vontade desordenei, danifiquei.


Meus pais reencarnaram unidos por um carinho profundo, casaram novamente e me receberam alegremente por filho.


Do livro “Deficiente mental, porque fui um?” (Cap. 2) - Ditado por diversos espíritos - Psicografia de Vera Lúcia Marinzeck Carvalho - Editora Petit



A história de Júlio (Parte 1)


Fui muito amado! Meus pais se desdobravam em atenção e cuidado para comigo. Fui o segundo filho deles. O primeiro, meu único irmão, Júnior, era perfeito e muito bonito.


Não tenho muitas lembranças do período em que estive encarnado com deficiência.


Fixo minha mente para recordar, sinto a sensação de que estava preso num saco de carne mole e disforme. Parecia que, ao estar encarnado, estava restrito a uma situação desconfortável e sofrida, porém sabia ser melhor que meu estado anterior, o de desencarnado.


Realmente estava restrito, era deficiente físico e mental. Tive paralisia cerebral.


Lembro que cuidaram de mim com ternura imensa, gostava quando falavam comigo, me acariciavam.


Meus pais tentaram de tudo para que eu melhorasse, fisioterapias, especialistas e cuidados especiais.


Vivi três anos e seis meses nesse corpo que agora bendigo, que serviu para que me organizasse do tremendo desajuste em que eu me encontrava. Não andei, não falei, ouvia e enxergava pouco e era portador de muitas doenças no aparelho digestivo.


Uma pneumonia me fez desencarnar.


Recordo pouco essa minha permanência na carne. É como recordar adulto a primeira infância, O desconforto muito me marcou, como também o imenso amor que meus pais tiveram e têm por mim.


Socorrido ao desencarnar por socorristas, fui levado a um hospital de uma colônia.


Estive internado numa ala especializada em crianças e deficientes. Lembro-me que lá sentia a falta da presença física de meus pais. Eles foram levados muitas vezes para me ver. Alegrava-me com essas visitas.


Meus pais, pessoas boas e com alguns conhecimentos espirituais, puderam, enquanto dormiam, ser desligados do corpo físico e vir me ver. Foram encontros emocionantes. Isso é possível acontecer com muitos pais saudosos. Infelizmente poucos recordam esses comovidos encontros.


Recuperei-me. Com o carinho dos tios, trabalhadores do hospital, sarei das minhas deficiências. Retornei à aparência que tinha na encarnação anterior, antes de ter começado com meu vício e danificado meu corpo sadio.


Dessa vez gostei de estar desencarnado e mais ainda do hospital.


Normalmente em todas as colônias há no hospital uma parte onde são abrigados os que foram deficientes mentais quando encarnados, isso para que recebam tratamento especial para se recuperarem.


Ressalvo que muitos ao desencarnarem não têm o reflexo da doença ou das doenças e ao serem desligados da matéria morta são perfeitos, nem passam pelos hospitais. Infelizmente não foi o meu caso. Necessitei me recuperar, após um ano e dois meses estava tendo alta e fui para uma ala no Educandário para jovens.


Vou descrever a parte do hospital em que fui abrigado.


Os quartos são grandes, ficam juntos muitos internos. Não é bom ficar sozinho, é deprimente. Gostava de ter companhia, de ficar com os outros. Logo me tornei amigo deles.


As colônias não são todas iguais. Tudo nelas é visando o bem-estar de seus abrigados. Mas em todas há lugares básicos, como nas cidades dos encarnados, que têm escolas, hospitais, praças, ruas etc. Nas colônias também, só que com mais conforto, bem-estruturados, grandes e bonitos. Visitando tempos depois hospitais em outras colônias, vi que todas são aconchegantes, diferenciando-se nas repartições, no tamanho e nos adornos.


Você, Júlio, não é mais doente. É sadio! Tem de se sentir sadio! Vamos tentar?”, dizia para mim Suely, uma das “tias”, sorrindo encantadoramente.


A deficiência estava enraizada em mim, necessitei entender muitas coisas para sanar seus reflexos.


Quando comecei a falar, passei a escutar e a enxergar normalmente e logo a andar.


O quarto em que estava, como todos os outros, tem a porta grande, sempre aberta, que dá para um jardim-parque com muitas árvores, flores, brinquedos e animais dóceis e lindos.


Nesse jardim há sempre muita claridade e brincadeiras organizadas. Ali há um palco onde há danças, aulas de canto, música e teatro. Do outro lado dos quartos estão as salas de aula. Gostei muito de ficar ali, naquela parte do hospital. Foi meu lar no período em que estive internado. Encantava-me com o jardim-parque e foi me divertindo sadiamente que me recuperei com certa facilidade. As brincadeiras fazem parte da recuperação. Não existem medicamentos como para os encarnados. Não senti mais dores nem desconforto.


O interno é transferido dali quando quer ou quando se sente apto. Sentindo-me bem, fui transferido, mudei para a ala jovem do Educandário, como já mencionei, onde estudei e passei a fazer tarefas.


Quando meu curso terminou, pedi para trabalhar na ala do hospital para recuperação de desencarnados que na carne foram viciados em tóxicos. Esse meu pedido tinha razão de ser. Fiquei contente por ter sido aceito e passei a trabalhar com toda a dedicação.


Na minha penúltima encarnação tive meu corpo físico perfeito. Que fiz dele? Recordei.


Quando estava me recuperando no hospital, as lembranças vieram normalmente. Como “tia” Suely explicou-me, recordar não acontece com todos. Muitos recuperados voltam a reencarnar sem lembrar de nada do passado.


Lembrei-me sozinho, sem forçar o meu passado, e “tia” Suely me ajudou a entendê-lo e não “encucar”, pois o passado ficou para trás e só podemos tirar lições para o presente.


Principalmente no meu caso, tentar acertar e não repetir os mesmos erros.


(Do livro “Deficiente mental, porque fui um?” (Cap. 2) - Ditado por diversos espíritos - Psicografia de Vera Lúcia Marinzeck Carvalho - Editora Petit)


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Para saber mais sobre hospitais em colônias espirituais, leia o livro:



Três Arco-íris – Uma Colônia de Luz

Ditado pelo Espírito Josué

Psicografia: Eurípedes Kühl

Editora Petit



Texto Antidepressivo




Quando você se observar, à beira do desânimo, acelere o passo para frente, proibindo-se parar.


Ore, pedindo a Deus mais luz para vencer as sombras.


Faça algo de bom, além do cansaço em que se veja.


Leia uma página edificante, que lhe auxilie o raciocínio na mudança construtiva de ideias.


Tente contato de pessoas, cuja conversação lhe melhore o clima espiritual.


Procure um ambiente, no qual lhe seja possível ouvir palavras e instruções que lhe enobreçam os pensamentos.


Preste um favor, especialmente aquele favor que você esteja adiando.


Visite um enfermo, buscando reconforto naqueles que atravessam dificuldades maiores que as suas.


Atenda às tarefas imediatas que esperam por você e que lhe impeçam qualquer demora nas nuvens do desalento.


Guarde a convicção de que todos estamos caminhando para adiante, através de problemas e lutas, na aquisição de experiência, e de que a vida concorda com as pausas de refazimento das nossas forças, mas não se acomoda com a inércia em momento algum.


André Luiz

(Da obra “Busca e Acharás” - Chico Xavier)


* * *


Tudo tem seu apogeu e seu declínio... É natural que seja assim; todavia, quando tudo parece convergir para o que supomos o nada, eis que a vida ressurge, triunfante e bela!... Novas folhas, novas flores, na indefinida bênção do recomeço!...” Chico Xavier



A Eutanásia


Aguardávamos com ansiedade os fins de semana, ou melhor dizendo, as sextas-feiras para irmos a Uberaba, o que acontecia a cada quinze dias, para visitar e buscar lições de vida do querido médium Chico Xavier.


A chegada era sempre de alegria pelos encontros com os companheiros das diversas partes de cidades ou até mesmo de estados, que dirigiam Casas Espíritas e também buscavam orientações para as mesmas. E tudo se completava com a entrada a Comunhão Espírita Cristã, pela luz radiosa desse servidor de Jesus, Chico Xavier.


A aglomeração de imediato se fazia sobre ele. Todos queriam abraçá-lo, mas em seguida havia uma alma bondosa, um jovem que, com educação, pedia a todos que fizessem fila para ordenar os cumprimentos. E Chico sempre surpreendia aos presentes, pois muitas vezes ele, erguendo a cabeça, chamava uns e outros pelo nome, o que deixava as pessoas assombradas, porque em muitas ocasiões ouvíamos as pessoas dizerem: "Como ele me chama, se eu nunca estive aqui?!..." E era sempre assim. Surpresas nas colocações que ele fazia em torno de acontecimentos das vidas daquelas muitas pessoas que ali se encontravam, que nem abriam a boca e recebiam o conforto que vinham buscar.


E Chico, para manter um ambiente espiritual favorável aos benfeitores daquela casa, levantava conversações que eram verdadeiras elucidações doutrinárias.


Houve uma ocasião em que o assunto ali mencionado era sobre o suicídio ou mortes prematuras. Todos opinávamos e ouvíamos a conclusão feita pelas sábias palavras do médium, quando um vozerio tomou conta do local.


Era a chegada de uma ambulância, que logo após deu lugar a um enfermeiro descendo uma maca acompanhada por um médico. Abriu-se de imediato a passagem, e todos vimos a paciente sendo conduzida até a presença de Chico. O que nos impressionou era ver seu corpo todo chagado e seu rosto também ulcerado num tom arroxeado, numa expressão de dor.


Chico aproximou-se da maca e, olhando fixamente para a doente, levantou as mãos e numa atitude de bênçãos, falou-lhe mansamente:


- Minha filha, tenha fé, essa sua reencarnação é também o momento de sua redenção junto a Deus.


O médico, puxando o médium pelo braço, para ficar mais distante da doente, disse calmamente:


- Chico, viemos até aqui, porque precisamos ouvi-lo por causa de um problema muito grave, que a família dessa paciente nos colocou em mãos. Você vê que esse caso para a medicina não tem cura. Os familiares, sabedores desse sofrimento terrível que passou a ser de todos, pediram-nos para abreviar-lhe a vida.


Chico olhou espantado para o médico e, numa reação espontânea, exclamou:


- Como?! Pedem-lhe para que seja praticada a eutanásia?! É essa a preocupação dos familiares?!


O médico, sem mais delongas, prosseguiu:


- Sim, Chico, é justamente isso. Querem que a morte seja mais rápida. Mas como sou temente a Deus, pedi-lhes mais alguns dias, porque precisava ouvi-lo a respeito.


O médium, olhando a paciente e sentindo as lágrimas a correr-lhe dos olhos, falou piedosamente:


- Doutor, quem somos nós para decidir sobre a vida humana! Que bom que o senhor é temente a Deus. Mas lembre-se que seu dever é salvar vidas. Não foi esse o seu juramento ao receber seu diploma? Mas, que bom, repito, que veio até aqui, porque nosso Emmanuel, ao nosso lado, explica algo muito importante...


E Chico, aproximando-se da doente que não podia falar pelas dores internas que sentia, transmitiu o recado de Emmanuel para que ela e todos pudéssemos ouvir...


Disse-nos o benfeitor:


- Diga ao nosso caro doutor que a nossa irmã nunca esteve tão bem como agora, porque nas suas três últimas reencarnações ela fora suicida. E nessa quarta reencarnação, apesar dessa prova expiatória, Deus lhe concedeu a misericórdia de vir com o corpo aprisionado em chagas, desde seu retorno à Terra, e ela até agora não pensou em suicídio, pois quer viver para vencer seu processo obsessivo e alcançar perante Deus o perdão por querer justiçar-se por si própria.


Estávamos todos mudos pelo exemplo vivo que Jesus nos enviara, a respeito da lição preparatória.


E a mulher chagada num gesto de carinho e reconhecimento ao médium, com dificuldade, pegou-lhe a mão, beijando-a por ajudá-la a continuar viver até que Deus determinasse seu retorno à pátria espiritual.


- Retirado do blog Espirinauta -