Curas de Obsessões (Parte 1 de 2)


Escrevera-nos de Cazères, em 7 de janeiro de 1866:


Eis um segundo caso de obsessão, que empreendemos e levamos a bom fim durante o mês de julho último. A obsidiada tinha a idade de vinte e dois anos; gozava de uma saúde perfeita; apesar disto, foi de repente vítima de acessos de loucura; seus pais afizeram cuidar por médicos, mas inutilmente, porque o mal, em lugar de desaparecer, tornava-se cada vez mais intenso, ao ponto que, durante as crises, era impossível contê-la.


Os pais, vendo isto, segundo o conselho dos médicos, obtiveram sua admissão em uma casa de alienados, onde seu estado não experimentou nenhuma melhora. Nem eles nem a doente jamais se ocuparam do Espiritismo, que mesmo não conheciam; mas tendo ouvido falar da cura de Jeanne R..., da qual convosco conversei, vieram nos procurar para nos pedir se poderíamos fazer alguma coisa por sua infeliz filha.


Respondemos que não poderíamos nada afirmar antes de conhecer a verdadeira causa do mal. Nossos guias, consultados em nossa primeira sessão, nos disseram que essa jovem estava subjugada por um Espírito muito rebelde, mas que acabaríamos por conduzi-lo a um bom caminho, e que a cura que se seguiria nos daria a prova da verdade desta afirmação.


Em consequência, escrevi aos pais, distantes de nossa cidade 35 quilômetros, que sua filha se curaria, e que a cura não demoraria muito tempo para chegar, sem, no entanto, poder precisar-lhe a época.


Evocamos o Espírito obsessor durante oito dias seguidos e fomos bastante felizes por mudar suas más disposições e fazê-lo renunciar a atormentar sua vítima. Com efeito, a doente sarou, como o haviam anunciado nossos guias.


Os adversários do Espiritismo repetem sem cessar que a prática desta Doutrina conduz ao hospital. Pois bem! Podemos dizer-lhes, nesta circunstância, que o Espiritismo de lá fez sair aqueles que a tinham feito entrar.”


Este fato, entre mil, é uma nova prova da existência da loucura obsessional, cuja causa é diferente daquela da loucura patológica, e diante da qual a ciência fracassará enquanto se obstinar a negar o elemento espiritual e sua influência sobre o organismo.


O caso aqui é bem evidente: eis uma jovem apresentando de tal modo os caracteres da loucura, que os médicos a desprezaram, e que está curada, a várias léguas de distância, por pessoas que jamais a viram, sem nenhum medicamento nem tratamento médico, e unicamente pela moralização do Espírito obsessor. Há, pois, Espíritos obsessores cuja ação pode ser perniciosa para a razão e a saúde.


Não é certo que se a loucura tivesse sido ocasionada por uma lesão orgânica qualquer, esse meio teria sido impotente? Se se objetasse que essa cura espontânea pode ser devida a uma causa fortuita, responderíamos que se não tivesse a citar senão um único fato, sem dúvida, seria temerário disso deduzir a afirmação de um princípio tão importante, mas os exemplos de curas semelhantes são muito numerosos; não são o privilégio de um indivíduo, e se repetem todos os dias em diversas regiões, sinais indubitáveis de que repousam sobre uma lei natural.


Citamos várias curas deste gênero, notadamente nos meses de fevereiro de 1864 e janeiro de 1865, que contêm duas relações completas eminentemente instrutivas. Eis um outro fato, não menos característico, obtido no grupo de Marmande:


Numa aldeia, a algumas léguas dessa cidade, tinha um camponês atacado de uma loucura de tal modo furiosa, que perseguia as pessoas a golpes de forcado para matá-las, e que na falta de pessoas, atacava os animais do galinheiro.


Ele corria sem cessar pelos campos e não voltava mais para sua casa. Sua presença era perigosa; assim, obteve-se sem dificuldade a autorização de interná-lo na casa dos alienados de Cadillac.


Não foi sem um vivo desgosto que a sua família se viu forçada a tomar essa decisão.


Antes de levá-lo, um de seus parentes tendo ouvido falar das curas obtidas em Marmande, em casos semelhantes, veio procurar o Sr. Dombre e lhe disse: “Senhor, me disseram que curais os loucos, é por isso que venho vos procurar.”


Depois lhe contou do que se tratava, acrescentando: “É que, vede, isso nos dá tanta pena de nos separar desse pobre J... que gostaria antes de ver se não há um meio de impedi-lo.”


- “Meu bravo homem, disse-lhe o Sr. Dombre, não sei quem me deu essa reputação; triunfei algumas vezes, é verdade, em devolver a razão a pobres insensatos, mas isto depende da causa da loucura. Embora não vos conheça, vou ver, no entanto, se posso vos ser útil.”


Tendo ido imediatamente com o indivíduo à casa de seu médium habitual, obteve de seu guia a segurança de que se tratava de uma grave obsessão, mas que com a perseverança dela triunfaria. Sobre isto disse ao camponês: “Esperai ainda alguns dias antes de conduzir vosso parente a Cadillac; dele iremos nos ocupar; retornai a cada dois dias para dizer-me como ele se encontra.”


Desde esse dia se puseram à obra. O Espírito se mostrou, de início, como seus semelhantes, pouco tratável; pouco a pouco, acabou por humanizar-se, e, finalmente, por renunciar a atormentar esse infeliz.


Um fato bastante particular é que ele declara não ter nenhum motivo de ódio contra esse homem; que, atormentou por necessidade de fazer o mal, nisso se prendeu a ele como a qualquer outro; que reconhecia agora ter errado e disto pedia perdão a Deus.


O camponês retornou depois de dois dias, e disse que seu parente estava mais calmo, mas que não tinha ainda retornado para sua casa, e se escondia nas cercas vivas. Na visita seguinte, ele havia retornado à casa, mas estava sombrio, e se mantinha afastado; não procurava mais ferir ninguém. Alguns dias depois, ia à feira e fazia seus negócios, como de hábito.


Assim, oito dias tinham bastado para reconduzi-lo ao estado normal, e isto sem nenhum tratamento físico. É mais que provável que, se o tivesse encerrado com os loucos, teria perdido completamente a razão.


Fonte: Revista Espírita, 1866 – Allan Kardec


Culto Doméstico




Quando o culto do Evangelho

Brilha no centro do Lar,

A luta de cada dia

Começa a santificar.


Onde a língua tresloucada

Dilacera e calunia,

Brotam flores luminosas

De sacrossanta alegria.


No lugar em que a mentira

Faz guerra de incompreensão,

A verdade estabelece

O império do Amor cristão.


Onde a ira ruge e morde,

Qual rude e invisível fera,

Surge o silêncio amoroso

Que entende, respeita e espera,


A mente dos aprendizes,

Bebe luz em pleno ar,

Todos disputam contentes,

A glória do verbo dar.


Casimiro Cunha

Psicografia de Chico Xavier, em 16 de dezembro de 1948


* * *

(Casimiro Cunha nasceu na cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro, em 1880, e desencarnou em 1914, com apenas 34 anos. Um acidente cegou um de seus olhos quando tinha apenas 14 anos. Aos 16, ficou cego do outro. Não foi além da escola primária. Era forte, bem-humorado e cheio de fé. Após sua desencarnação, deu-nos dezenas de poemas pela psicografia de Chico Xavier, como o acima, constante do livro “Belos casos de Chico Xavier”.)


* * *

Para saber como realizar o evangelho no lar: CLIQUE AQUI.



Filhos com deficiência





A expectativa que toma conta do período de gestação da mulher é tão especial e admissível que se justifica a frustração ou a amargura que envolve tantos corações, quando constatam que seus rebentos, ansiosamente aguardados, são portadores de deficiência física ou mental ou a conjugação de ambas.


Compreensíveis a dor e a surpresa que se alojam nas almas paternas, ao começarem a pensar nas limitações e conflitos, agonias e enfermidades que acompanharão os seus filhos, marcados, irremediavelmente, para toda uma existência de dependências e limitações.


Quantos são os pais que, colhidos no amor próprio, fogem da responsabilidade de cooperar com os filhos debilitados!


Quantas são as mães que, transformadas em estátuas de dor ou de revolta, abandonam os filhos à própria sorte, relegando-os aos ventos do destino!


Entretanto, levanta-se um enorme contingente de pais e de mães que, ao identificarem os dramas em que se acham inseridos seus filhos, se enchem de ternura, de dedicação, vendo nas limitações físicas ou mentais desses, oportunidades de crescimento e enobrecida luta em prol do futuro feliz para todos.


O filho com deficiência geralmente é alguém que retorna aos caminhos humanos, após infelizes rotas de desrespeito à ordem geral da vida.


Os filhos lesados por carências corporais ou psíquicas estão em processo de ressarcimento, havendo deixado para trás, nas avenidas largas do livre-arbítrio, as marcas do uso da exorbitância, da insubmissão ou da crueldade.


Costumeiramente, os indivíduos que se valeram do brilho intelectual ou da sagacidade mental para induzir ao erro; para destruir vidas no mundo; para infelicitar, intrigando e maldizendo, reencarnam com os centros cerebrais lesados, em virtude de se haverem atormentado com suas práticas inferiores, provocando processos de desarranjo nas energias da alma, localizadas na zona da estrutura cerebral.


Não só intelectuais degenerados renascem com limitações psicocerebrais, mas, também, os que mergulharam nas valas suicidas, destroçando o cérebro e os seus núcleos importantes, sob graves distúrbios, que deverão ser recompostos por meio da reencarnação.


O despotismo implacável pode gerar neuroses ou epilepsias.


O domínio cruel de massas indefesas e desprotegidas pode produzir os mesmos efeitos.


Os homicídios cruéis podem acarretar infortunados quadros epilépticos, produzindo sobre a rede psiconervosa adulterações nas energias circulantes, provocando panes de frequência variada, de caráter simples ou crônico.


Seus filhos com deficiências podem estar em alguma dessas condições, necessitados da sua compreensão e assistência, para que sejam capazes de superá-las, com resignação e esforço íntimo, rumando para Deus, após atendidos os projetos redentores da Divindade.


Ame seus problematizados do corpo ou da mente, ou de ambos, cooperando com eles, com muita paciência e com ternura, para que possam sair vitoriosos da expiação terrena, avançando para mais altos vôos no rumo do nosso Criador.


Forre-se de carinho, de tranquilidade interior, vendo nesses filhos doentes as jóias abençoadas que o Pai confia às suas mãos para que as burile.


Por outro lado, vale considerar que se você os tem nos braços ou sob a sua assistência e seus cuidados, paternais ou maternais, é em razão dos seus envolvimentos e compromissos com eles.


Você poderá tê-los recebido por renúncia e elevado amor de sua parte.


Mas, pode ser que você esteja diretamente ligado às causas que determinaram os dramas dos seus filhos, cabendo-lhe não alimentar remorsos, mas, sim, auxiliá-los e impulsioná-los para a própria recomposição, enquanto você, igualmente, avança para o Criador.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 'Filhos com deficiência', do livro 'Nossas riquezas maiores', pelo Espírito Camilo, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter. Disponível no CD Momento Espírita, v. 3, ed. FEP.


* * *


Para saber mais, leia o livro:



Deficiente mental, porque fui um?

Ditado por diversos espíritos

Psicografia: Vera Lúcia Marinzeck Carvalho

Ed. Petit


O espiritismo e as religiões




A posição do Espiritismo, em face das religiões, foi definida desde o princípio, ou seja, desde a publicação de O Livro dos Espíritos. A terceira parte do livro tem o título de “Leis Morais”, e começa pela afirmação: “A lei natural é a lei de Deus”, que equivale ao reconhecimento da unidade divina de todas as leis que regem o Universo. Note-se que Kardec e os Espíritos referem-se à lei de Deus no singular, como lei única, e nela incluem as leis morais, no plural. Assim, as leis morais são espécies de um gênero, que é a lei natural. Mas como esta não é a lei da Natureza, e sim a lei de Deus, não estamos diante de uma concepção monista natural, mas de uma concepção monista de ordem ética. As religiões, como fenômenos éticos, formas de educação moral das coletividades humanas, nada mais são do que processos diferenciados, segundo as necessidades circunstanciais e temporais da evolução, pelos quais as leis morais se manifestam no plano social.


Vejamos a explicação de Kardec, no comentário que fez ao item 617 de O Livro dos Espíritos: “Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: essas são as leis físicas; seu estudo pertence ao domínio da ciência. As outras concernem especialmente ao homem em si mesmo, e às suas relações com Deus e com os seus semelhantes. Compreendem as regras da vida do corpo, tanto quanto as da vida da alma: essas são as leis morais.” Dessa maneira, o Espiritismo nos oferece a visão global do Universo, num vasto sistema de relações, que unem todas as coisas, desde a matéria bruta até à divindade, ou seja, desde o plano material até o espiritual. As religiões, nesse amplo contexto, são como fragmentações temporárias do processo único da evolução humana.


Essa compreensão histórica permite ao Espiritismo encarar as religiões, não como adversárias, mas como formas progressivas do esclarecimento espiritual do homem, que atinge na atualidade um momento crítico, de passagem para um plano superior. Daí a afirmação de Kardec, feita em O Livro dos Espíritos e repetida em outras obras, particularmente em O que é o Espiritismo, de que este, na verdade, é o maior auxiliar das religiões. Auxiliar em que sentido? Primeiro, no sentido de fornecer às religiões, entrincheiradas em seus dogmas de fé, as armas racionais de que necessitam, para enfrentar o racionalismo materialista, e especialmente as armas experimentais, com que sustentar os seus princípios espirituais diante das ciências. Depois, no sentido de que o Espiritismo não é nem pretende ser uma religião social, pelo que não disputa um lugar entre as igrejas e as seitas, mas quer apenas ajudar as religiões a completarem a sua obra de espiritualização do mundo. A finalidade das religiões é arrancar o homem da animalidade e levá-lo à moralidade. O Espiritismo vem contribuir para que essa finalidade seja atingida.


Nisto se repete e se confirma o que o Cristo declarou, a propósito de sua própria missão, ao dizer que não vinha revogar a lei e os profetas, mas dar-lhes cumprimento. Como desenvolvimento natural do Cristianismo, o Espiritismo prossegue nesse mesmo rumo. Sua finalidade não é combater, contrariar, negar ou destruir as religiões, mas auxiliá-las. Para auxiliá-las, porém, não pode o Espiritismo endossar os seus erros, o seu apego aos formalismos religiosos, a sua aderência às circunstâncias. Porque tudo isso diminui e enfraquece as religiões, expondo-as ao perigo do fracasso, diante das próprias leis evolutivas, que impulsionam o homem para além das suas convenções circunstanciais. O Espiritismo, assim, não condena as religiões. Considera que todas elas são boas — o que é sempre contestado com violência pelo espírito de sectarismo — mas pretende que, para continuarem boas, não estacionem nos estágios inferiores, já superados pela evolução humana.


Justamente por isso, o Espiritismo se apresenta, aos espíritos formalistas e sectários, como um adversário perigoso, que parece querer infiltrar-se nas estruturas religiosas e miná-las, para destruí-las. Era o que parecia o Cristianismo primitivo, para os judeus, gregos e romanos. Não obstante, os ensinos de Jesus não visavam à 'destruição', mas ao esclarecimento e à libertação do pensamento religioso da época. Podem alegar os religiosos atuais que os espíritas os combatem, às vezes com violência. O mesmo faziam os cristãos primitivos, em relação às religiões antigas. Mas essa atitude agressiva não decorre dos princípios doutrinários, e sim das circunstâncias sociais em que se encontram os inovadores, diante da tradição. Por outro lado, é preciso considerar que a agressividade das religiões para com o Espiritismo é uma constante histórica, determinada pela própria natureza social das religiões organizadas ou positivas. Nada mais compreensível que o revide dos espíritas, quando ainda não suficientemente integrados nos seus próprios princípios.


No capítulo segundo da terceira parte de O Livro dos Espíritos, item 653, temos a explicação e a justificação da existência das religiões formalistas. Kardec estuda, através de perguntas aos Espíritos, a lei de adoração, que é o fundamento e a razão de ser de todo o processo religioso. Desse diálogo resulta a posição espírita bem definida: “A verdadeira adoração é a do coração.” Não obstante, a adoração exterior, através do culto religioso, por mais complicado e material que este se apresente, desde que praticada com sinceridade, corresponde a uma necessidade evolutiva dos espíritos a ela afeiçoados. Negar a esses espíritos a possibilidade de praticarem a adoração exterior, seria tão prejudicial, quanto admitir que os espíritos que já superaram essa fase continuassem apegados a cultos materiais. A cada qual, segundo as suas condições evolutivas.


O princípio da tolerância substitui, portanto, no Espiritismo, o sistema de intolerância que marca estranhamente a tradição religiosa. As religiões, pregando o amor, promoveram a discórdia. Ainda hoje podemos sentir a agressividade do chamado espírito-religioso, na intolerância fanática das condenações religiosas. Por isso Kardec esclareceu, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, que o princípio religioso da doutrina não era o de salvação pela fé, e nem mesmo pela verdade, mas pela caridade. A fé é sempre interpretada de maneira particular, como a dogmática de determinada igreja a apresenta. A verdade é sempre condicionada às interpretações sectárias. Mas a caridade, no seu mais amplo sentido, como a fórmula do amor ao próximo ensinada pelo Cristo, supera todas as limitações formais. A salvação espírita não está na adesão a princípios e sistemas, mas na prática do amor.


Do livro “O Espírito e o Tempo” (Cap. IV) - Herculano Pires

(Faça o download do livro: CLIQUE AQUI)



Não desista do bem




Por vezes nos sentimos impotentes diante das próprias limitações.


Gostaríamos de fazer tanta coisa, de mudar as situações que nos infelicitam e fazem sofrer aqueles que nos rodeiam, mas não logramos sequer dar o primeiro passo.


Os problemas do mundo são tantos que temos a impressão de que não há nada que possamos fazer, considerando a nossa pequenez.


Talvez você também já tenha pensado em desistir do bem e deixar que as coisas sigam ao sabor dos ventos...


Talvez você desejasse ser tanta coisa e muito pouco consiga ser... Mas mesmo assim, nunca desista do bem.


Há dias em que você desejaria ser um grande e produtivo pomar...


Ante a dificuldade de consegui-lo, torne-se uma árvore frondosa e acolhedora, que produza flores e frutos.


Por vezes, você gostaria de ser uma fonte cristalina.


Não o logrando, transforme-se num vaso de água fresca e aplaque a sede de alguém.


Você desejaria ser uma montanha altaneira a apresentar horizontes infinitos ao homem que a conquistasse.


Diante da impossibilidade, seja um degrau humilde para a ascensão de quem ambiciona a glória estelar.


Você pretenderia ter um sol emboscado no coração, a fim de clarear os viajantes da noite.


Em face do impedimento, acenda uma lâmpada de esperança no caminho de um desalentado.


Você almejaria ser um jardim de bênçãos para o enriquecimento da paisagem dos homens.


Não o conseguindo, converta-se numa flor, abençoando com seu perfume, a estrada dos desesperados.


Você ambicionava as gemas preciosas do seio generoso da terra, a fim de diminuir a dor e a miséria dos caminhantes da aflição.


Não as possuindo, distenda a palavra de renovação como pérola de inigualável valor, soerguendo quem se recusa a levantar para prosseguir na luta.


Você pensava em escrever poemas de engrandecimento à vida, enriquecendo as mentes e os corações com painéis de luz e sabedoria.


Na impossibilidade de fazê-lo por lhe faltarem os requisitos essenciais, redija uma carta singela com expressões de amor, a quem se encontra na curva da queda e perdeu a confiança na afeição dos outros.


Você esperava a melhoria das criaturas e do mundo...


Decepcionado por não poder alcançar essa difícil meta, erija no altar dos sentimentos um santuário à fraternidade e ao dever superior.


Não desista do bem, não desfaleça no bem, não duvide da vitória do bem.


Agasalhe-o no imo da alma e seja uma expressão do bem em triunfo, mesmo convertido num grão de mostarda que, todavia, produzirá estímulos vigorosos para o bem de todos.


Seja qual for a situação, jamais desista de fazer o bem.


Jamais duvide da força do bem, porque o mal não tem vida própria, ele só se insinua quando o bem não está presente.


O mal, assim como a sombra, bate em retirada aos primeiros raios de luz.


Faze o bem em toda parte com as mãos e com o coração, orando e esclarecendo, a fim de que o trabalho da verdade fulgure em teus braços como estrelas luminescentes em forma de mãos.


(Redação do Momento Espírita)


Os Sonhos




O que fazemos quando dormimos?


Há tantas teorias a respeito do sono e dos sonhos...


Perguntado aos Benfeitores Espirituais, em O Livro dos Espíritos, sobre o assunto, estes responderam que o “sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono.”


O sono liberta, parcialmente, a alma do corpo permitindo-lhe entrar em relação com o Mundo dos Espíritos.


Através dos sonhos, poderemos visitar entes queridos já desencarnados, ir à países distantes, entrar em contato com pessoas vivas.


A alma, independente durante o sono, procura sempre seus interesses. Busca as orgias junto aos Espíritos inferiores ou vai em busca de luz e esclarecimetos em companhia de Espíritos elevados.


Mesmo quando dorme, a alma mantém seu livre-arbítrio, sua livre vontade.


Mas por que nem sempre nos lembramos dos sonhos? Será por que não sonhamos?


Sendo o corpo físico constituído de matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais.


Em outras palavras, as vibrações do Espírito parcialmente liberto pelo sono são distintas das vibrações do Espírito revestido do corpo físico.


Isso explica porque, muita vezes, o sonho é lúcido, repleto de cores, sons, imagens, e quando acordamos perdemos totalmente a lembrança. Ficamos apenas com as sensações no fundo da alma.


O cérebro, que é o instrumento pelo qual a mente se expressa em nível físico, é ainda muito grosseiro para registrar as impressões sutis que a mente liberta é capaz de registrar. É como se o cérebro não conseguisse decodificar as informações que lhe chegam durante o desprendimento pelo sono.


Por esse motivo é que alguns sonhos nos parecem truncados, sem nexo, ou com grandes lacunas.


É por isso, também, que misturamos coisas e fatos do dia-a-dia com outros que não dizem respeito o nosso mundo físico.


Pessoas há que sonham com determinada situação e essa situação se concretiza no decorrer dos dias. São os chamados sonhos premonitórios. O Espírito antevê, durante o sonho, o que irá ocorrer no dia seguinte, nos próximos dias, ou em futuro distante.


Como disse um Santo, nós morremos todas as noites através do sono.


Quando, pelo processo de desencarnação, se romperem em definitivo os laços que unem o corpo à alma, esta estará liberta.


Você sabia?


Que é no sonho que muitos gênios vão buscar inspiração para suas invenções?


Isso explica por que uma mesma idéia, não raro, surge em diversos pontos do Planeta.


E você sabia que, durante o sono, homens perversos entram em contato com Espíritos que ainda se comprazem no mal, e buscam idéias para seus crimes?


Dessa forma, antes de nos entregarmos ao sono, é conveniente que façamos uma prece, rogando a Deus Sua proteção para que possamos ter sonhos instrutivos e saudáveis.


Do livro: Momento Espírita, Volume 1

Retirado do blog Plenitude do Ser



O Remédio



É possível haja você caído em profundo desânimo, por estar sofrendo:


- A falta de alguém;

- A incompreensão de amigos;

- O frio da solidão;

- O conflito de ideias;

- Acusações indébitas;

- Desajustes no trabalho;

- Dívidas agravadas;

- Prejuízo em negócios;

- Doenças no próprio corpo;

- Moléstias em família;

- Complexos de culpa;

- Reprovações e críticas;

- Sensações de abandono;

- Lutas e desafetos;

- Deserções de entes caros;

- Obsessões ocultas...


Seja qual for, porém, a sua prova em si, erga a própria cabeça, ponha os olhos no Alto e retome a tarefa em que deva servir, confiando-se a Deus, porque Deus proverá e em Deus qualquer problema achará solução.



André Luiz
Mensagem “Remédio de Base”
(Do livro “Busca e Acharás” - Chico Xavier)


ESPIRITISMO




Espiritismo é uma luz

Gloriosa, divina e forte,

Que clareia toda a vida

E ilumina além da morte.


É uma fonte generosa

De compreensão compassiva,

Derramando em toda parte

O conforto d'Água Viva.


É o templo da Caridade

Em que a Virtude oficia,

E onde a bênção da Bondade

É flor de eterna alegria.


É árvore verde e farta

Nos caminhos da esperança,

Toda aberta em flor e fruto

De verdade e de bonança.


É a claridade bendita

Do bem que aniquila o mal,

O chamamento sublime

Da Vida Espiritual.


Se buscas o Espiritismo,

Norteia-te em sua luz:

Espiritismo é uma escola,

E o Mestre Amado é Jesus.


Casimiro Cunha

No livro: Parnaso de Além-Túmulo

Psicografia: Francisco Cândido Xavier


* * *

O Espiritismo será no futuro o que dele os espíritas fizerem. Léon Denis


Partida e Chegada



Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.


O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.


Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remoto e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.


Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: “já se foi”.

Terá sumido? Evaporado?

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós.

Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.

O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver.

Mas ele continua o mesmo.

E talvez, no exato instante em que alguém diz: já se foi, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: “lá vem o veleiro”.

Assim é a morte.

Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: “já se foi”.

Terá sumido? Evaporado?

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu.


Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.

Conserva o mesmo afeto que nutria por nós.

Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.

E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: “já se foi”, no mais além, outro alguém dirá feliz: “já está chegando”.

Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.

A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.

Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.

A vida é feita de partidas e chegadas.

De idas e vindas.

Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da imortalidade que somos todos nós.



Pensamentos de Victor Hugo (Espírito)

Do livro “A reencarnação através dos séculos” - Lair Lacerda



Sobre o sexo...




Pergunta o jovem:


E aí, Chico? Sexo antes do casamento é proibido?


Responde o médium:


– Meu filho, nada é proibido. No entanto, sem amor, nada vale a pena, nem o sexo, nem o casamento.


Notável observação!


A Doutrina Espírita, proverbialmente, enfatiza a consciência livre.


Não há proibições, considerando-se que a responsabilidade é uma planta frágil que só cresce em regime de liberdade.


Isso não consagra a idéia do liberou geral, já que tudo o que fizermos, dentro dos princípios de causa e efeito que nos regem, terá uma consequência.


Tenho a liberdade de fazer o que me aprouver, mas sempre responderei por minhas iniciativas.


Digamos, caro leitor, que desfrutamos todos de uma liberdade vigiada.


Os deslizes de comportamento fatalmente resultarão em cobranças, não na forma de punições divinas, mas de reações de nossa própria consciência, considerando que fomos programados para o que é certo, justo, verdadeiro.


O mal será sempre um desvio transitório de rota, com retorno obrigatório aos caminhos do Bem.


Em última instância, temos a liberdade de fazer exatamente… o que Deus espera de nós!


Tudo o que não for compatível com os desígnios divinos resultará em males tendentes a corrigir nossa rota.


Detalhe importante: as cobranças serão tanto mais severas quanto mais desenvolvido o Espírito em conhecimento, quanto mais amadurecido, mais capaz de distinguir o certo do errado, o Bem do mal.


Com relação à vida sexual, operou-se na década de sessenta, no século passado, uma revolução nos países ocidentais.


Vão longe os tempos em que sexo era considerado algo de pecaminoso, a ser exercitado apenas para a procriação, conforme ensinavam os manuais religiosos.


Vale lembrar que o dogma da virgindade perene de Maria foi inspirado nessa ideia. Como, argumentavam os teólogos, poderia a mãe de Jesus, personificação da pureza, ter se dado ao desfrute de uma relação sexual?


A forma de contornar essa dificuldade foi o dogma da virgindade perene de Maria. Não teria coabitado com José, mantendo-se casta.


Havia um problema: nos Evangelhos há referência aos irmãos de Jesus. Resolveu-se a pendência com a idéia de que José tivera filhos de um casamento anterior, ou seriam apenas primos seus.


Não há limites para a fantasia quando renunciamos à lógica e ao bom senso.


Para o Espiritismo a atividade sexual não tem nada de pecaminosa. É por ela que viemos ao Mundo. É graças a ela que as espécies subsistem.


O problema para os teólogos estaria no prazer. Sem prazer não haveria excessos, viciações, desajustes, paixões avassaladoras, traições...


Em contrapartida, estaria ameaçada a sobrevivência humana!


Já pensou, leitor amigo: sexo burocrático, frio, apenas para perpetuar a espécie? Na realidade, o que compromete o relacionamento sexual são os excessos.


Sexo, na atualidade, deixou de ser parte do amor, convertendo-se em sinônimo dele. Quando o jovem fala em fazer amor, expressão lamentável, está se referindo à prática sexual, como se o amor fosse sexo e não parte dele apenas.


E sem amor, como diz Chico, nada vale a pena, nem mesmo o sexo!



Do Livro “Rindo e Refletindo com Chico Xavier”

Por: Richard Simonetti


* * *

O sexo se define por atributo não apenas respeitável, mas profundamente santo da Natureza, exigindo educação e controle. Através dele dimanam forças criativas, às quais devemos, na Terra, o instituto da reencarnação, o templo do lar, as bênçãos da família, as alegrias revitalizadoras do afeto e o tesouro inapreciável dos estímulos espirituais.

É irracional subtrair-lhe as manifestações aos seres humanos, a pretexto de elevação compulsória, de vez que as sugestões da erótica se entranham na estrutura da alma, ao mesmo tempo que seria absurdo deslocá-lo de sua posição venerável, a fim de arremessá-lo ao campo da aventura menos digna, com a desculpa de se lhe garantir a libertação.

Sexo é espírito e vida, a serviço da felicidade e da harmonia do Universo. Consequentemente, reclama responsabilidade e discernimento, onde e quando se expresse.

Por isso mesmo, nossos irmãos e nossas irmãs precisam e devem saber o que fazem com as energias genésicas, observando como, com quem e para que se utilizam de semelhantes recursos, entendendo-se que todos os compromissos na vida sexual estão igualmente subordinados à Lei de Causa e Efeito; e, segundo esse exato princípio, de tudo o que dermos a outrem, no mundo afetivo, outrem também nos dará.


Por: Emmanuel

Livro: Vida e Sexo - Francisco Cândido Xavier



Crises e Você...




Detestai o mal, apegai-vos ao bem. (Paulo - Romanos - 12:9)


Justificando as suas problemáticas aflitivas, você relaciona as crises que enxameiam o mundo, sobrecarregando as criaturas de angústias.

E anota:

crise entre as nações, que se entregam a lutas encarniçadas;

crise nas finanças, que sustentam a balança das trocas internacionais;

crise nos negócios, que padecem ágios superlativos;

crise na saúde dos homens, que se decompõe sob a inspiração de estupefacientes, agressões e permissividades;

crise de trabalho, em que multidões de cidadãos cruzam os braços, ora superados pela tecnologia, ora vitimados pelas contingências sócio-econômicas vigentes nos diversos países;

crise na compreensão dos direitos e deveres humanos, nos quais os Organismos Mundiais se debatem, sem encontrar solução satisfatória;

crise de alimentos, ante a diminuição da fertilidade dos solos;

crise ambiental, que a poluição de variada nomenclatura ameaça de extinção a Natureza, conseguintemente, o homem;

crise de natalidade humana, em que as opiniões se dividem e se disputam predominância;

crise de confiança, uma vez que a civilização não logrou uma ética de fraternidade entre os homens;

crise de amor, porque as explosões da sensualidade enxovalham as elevadas expressões da beleza e da alegria...

* * *

Há muita crise, no entanto, você pode modificar a paisagem que lhe parece anárquica, em marcha para a desagregação.


Não acuse o caído - levante-o.


Não exorbite dos seus direitos - cumpra com os seus deveres.


Não exprobre o errado - vença o erro.


Não afira valores por meio de medidas exteriores - conceda a todos a oportunidade de crescer.


Não dissemine o pessimismo - faça claridade onde você esteja.


Não disperse o tempo na inutilidade - produza alguma coisa de positivo.


Cultive a compaixão pelos irmãos combalidos e conceda-lhes um pouco de você.


Terapêutica eficiente para a crise moral que você constata na Terra: exercício do amor, em que o Cristo viveu.


Quanto às demais crises, as generalizadas, não se preocupe com elas demasiadamente.


Realize sua parte.


Saia da crise interior em que você se debate sem rumo, iniciando, agora, um programa dignificante em favor de você mesmo, e perceberá que o mundo está miniaturizado em você, sendo você, em razão disso, uma célula importante do organismo universal que deverá permanecer sadia a benefício geral.


E, conforme asseverou Paulo, “deteste o mal e apegue-se ao bem”, sempre e invariavelmente.


Marco Prisco
(Da obra “Sementes de Vida Eterna” - Psicografia de Divaldo Franco)


* * *


Agradeço a todos que participaram de alguma forma da campanha Recife contra a Carrocinha, divulgada aqui no blog. Um agradecimento especial aos amigos , Sandra, Juca, Carol e Du pela divulgação em seus blogs. Parabéns pela sensibilidade, é sempre válido lutar pelos direitos dos animais, que são nossos irmãos menores e merecem nosso respeito e consideração! Boa semana a todos!