Os girassóis




Você já viu um girassol?


Trata-se de uma flor amarela, muito grande, que gira sempre em busca do sol. E é por essa razão que é, popularmente, chamada de girassol.


Quando uma pequena e frágil semente dessa flor brota em meio a outras plantas, procura imediatamente a luz solar.


É como se soubesse, instintivamente, que a claridade e o calor do sol lhe possibilitarão a vida.


E o que aconteceria à flor se a colocássemos em uma redoma bem fechada e escura?


Certamente, em pouco tempo, ela morreria.


* * *


Assim como os girassóis, nosso corpo físico também necessita da luz e do calor solar, da chuva e da brisa, para nos manter vivos.


Mas não é só o corpo físico que precisa de cuidados para prosseguir firme.


O Espírito igualmente necessita da Luz Divina para manter acesa a chama da esperança.


Precisa do calor do afeto, da brisa da amizade, da chuva de bênçãos que vem do alto.


Todavia, é necessário que façamos esforços para respirar o ar puro, acima das circunstâncias desagradáveis que nos envolvem.


Muitos de nós permitimos que os vícios abafem a nossa vontade de buscar a luz, e definhamos dia a dia como uma planta mirrada e sem vida.


Ou então, nos deixamos enredar nos cipoais da preguiça e do desânimo e ficamos a reclamar da sorte, sem fazer esforços para sair da situação que nos desagrada.


É preciso compreender os objetivos traçados por Deus para a elevação de Seus filhos, que somos todos nós.


E para que possamos crescer, de acordo com os planos divinos, o Criador coloca à nossa disposição tudo o de que necessitamos.


É o amparo da família, que nos oferece sustentação e segurança em todas as horas...


A presença dos amigos nos momentos de alegria ou de tristeza a nos amparar os passos e a nos impulsionar para a frente.


São as possibilidades de aprendizado, que surgem a cada instante da caminhada, tornando-nos mais esclarecidos e preparados para decidir qual o melhor caminho a tomar.


Mas, o que acontece conosco quando nos fechamos na redoma escura da depressão ou da melancolia e assim permanecemos por vontade própria?


É possível que, em pouco tempo, nossas forças esmoreçam e não nos permitam, sequer, gritar por socorro.


Por essa razão, devemos entender que Deus tem um plano de felicidade para cada um de nós e que, para alcançá-lo, é preciso buscar os recursos disponíveis.


É preciso imitar os girassóis.


Buscar sempre a luz, mesmo que as trevas insistam em nos envolver.


É preciso buscar o apoio da família, nos momentos em que nos sentimos fraquejar.


É preciso rogar o socorro dos verdadeiros amigos quando sentimos as nossas forças enfraquecendo.


É preciso, acima de tudo, buscar a Luz Divina que consola e esclarece, ampara e anima em todas as situações.


* * *


Quando as nuvens negras dos pensamentos tormentosos cobrirem com escuro véu o horizonte de tuas esperanças, e o convite da depressão rondar-te a alma, imita os girassóis e busca respirar o ar puro, acima das circunstâncias desagradáveis.


Quando as dificuldades e os problemas se fizerem insuportáveis, tentando sufocar-te a disposição para a luta, lembra-te dos girassóis e busca a Luz Divina através da oração sincera.


Redação do Momento Espírita, utilizando pensamentos finais extraídos do texto do Momento Espírita 'Na barca do coração'.



O suicídio de um ateu (Parte 2)



...CONTINUAÇÃO



O resultado dessas duas evocações, sendo transmitido à pessoa que nos pedira para fazê-las, recebemos dela a resposta seguinte:


Não podeis crer, senhor, o grande bem produzido pela evocação de meu sogro e de meu tio. Reconhecemo-los perfeitamente; sobretudo a escrita do primeiro tem uma analogia marcante com aquela que tinha quando vivo, tanto melhor que, durante os últimos meses que passou conosco, ela era brusca e indecifrável; nela se encontra a mesma forma das pernas das letras do parágrafo e de certas letras, principalmente os d, f, o, p, q, t.


Quanto às palavras, às expressões e ao estilo, é ainda mais surpreendente; para nós a analogia é perfeita, senão que está mais esclarecido sobre Deus, a alma e a eternidade que negava tão formalmente outrora.


Estamos perfeitamente convencidos de sua identidade; Deus nisso será glorificado pela vossa crença mais firme no Espiritismo e nossos irmãos, Espíritos ou viventes, com isso se tornarão melhores. A identidade de seu irmão não é menos evidente; com a diferença imensa do ateu ao crente, reconhecemos o seu caráter, o seu estilo, as suas formas de frases; uma palavra sobretudo nos surpreendeu, é a de panacéia; era a sua palavra habitual; ele a dizia e repetia a todos e a cada instante.


Comuniquei essas duas evocações a várias pessoas que se surpreenderam com a sua veracidade; mas os incrédulos, aqueles que partilham as opiniões de meus dois parentes, gostariam de respostas ainda mais categóricas; que o Sr. D..., por exemplo, precisasse o lugar onde foi enterrado, aquele onde se afogou, de qual maneira fez isso etc.


Para satisfazê-los e convencê-los, não poderíeis evocá-lo de novo, e, nesse caso, poderíeis dirigir-lhe as perguntas seguintes: Onde e quando se cumpriu o seu suicídio? Quanto tempo ele permaneceu sob a água? - Em que lugar seu corpo foi encontrado? - Em que lugar foi enterrado? – De que maneira, civil e religiosa, foi procedida a sua inumação? Etc.


Consenti, eu vos peço, senhor, fazer responder categoricamente a estas perguntas que são essenciais para aqueles que ainda duvidam; estou persuadido do bem imenso que isso produzirá. Espero que a minha carta vos chegue amanhã, sexta-feira, a fim de que possais fazer essa evocação na sessão da Sociedade que deve ocorrer nesse dia... etc.”


Reproduzimos esta carta, por causa de um fato de identidade que ela constata; a ela juntamos a resposta que demos, para a instrução de pessoas que não estão familiarizadas com as comunicações de além-túmulo:


... As perguntas que pedis para serem dirigidas de novo ao Espírito de vosso sogro, são, sem dúvida, ditadas por uma louvável intenção, a de convencer incrédulos; porque, em vós não se mistura nenhum sentimento de dúvida e de curiosidade; mas, um mais perfeito conhecimento da ciência espírita vos faria compreender que elas são supérfluas.


Primeiro, pedindo-me para responder categoricamente ao senhor vosso padrasto, ignorais sem dúvida que não se governa os Espíritos à vontade; eles respondem quando querem, como querem, e, freqüentemente, como podem; a sua liberdade de ação é ainda maior do que quando vivos, e têm mais meios para escaparem ao constrangimento moral do que se poderia exercer sobre eles.


As melhores provas de identidade são aquelas que eles dão espontaneamente, por sua própria vontade, ou que nascem de circunstâncias, e é, na maioria do tempo, em vão que se procure provocá-los. Vosso parente provou a sua identidade de maneira irrecusável, segundo vós; é, pois, mais que provável que recusaria responder a perguntas que, com razão, pode olhar como supérfluas e tendo em vista satisfazer a curiosidade de pessoas que lhe são indiferentes.


Ele poderia responder, como freqüentemente fazem outros Espíritos em semelhante caso: “Por que me perguntar coisas que sabeis?” Acrescentarei mesmo que o estado de perturbação e de sofrimento, em que se encontra, deve lhe tornar mais penosas as procuras desse gênero; é absolutamente como se se quisesse constranger um enfermo que pode com dificuldade pensar e falar, a contar detalhes de sua vida; isso seria, seguramente, faltar à consideração que se deve em sua posição.


Quanto ao resultado que esperais, seria nulo, estejais disto persuadido. As provas de identidade que foram fornecidas têm um valor bem maior, por isso mesmo que são espontâneas e que nada podia colocar sobre o caminho; se os incrédulos com elas não estão satisfeitos, não o estariam mais, talvez menos ainda, por perguntas previstas e que poderiam suspeitar de conivência.


Há pessoas a quem nada pode convencer; elas veriam com seus olhos o Sr. vosso sogro em pessoa, e se diriam um joguete de alucinação. O que há de melhor a fazer com eles é deixá-los tranqüilos e não perder seu tempo com discursos supérfluos; não há senão que lamentá-los, porque não aprenderão senão muito depressa, às suas custas, o que custa por ter recusado a luz que Deus lhes enviava; é contra estes, sobretudo, que Deus faz manifestar-se a severidade.


Duas palavras ainda, senhor, sobre o pedido que me fazeis de fazer essa evocação, no mesmo dia em que recebesse a vossa carta. As evocações não se fazem assim com uma varinha; os Espíritos não respondem sempre ao nosso chamado; é necessário, para isso, que possam ou que queiram; é necessário, além do mais, um médium que lhes convenha e que tenha aptidão especial necessária; que esse médium esteja disponível no momento dado; que o meio seja simpático ao Espírito etc. Todas as circunstâncias pelas quais não se pode nunca responder, e que importa de conhecer quando se quer fazer a coisa seriamente.”


Fonte: Revista Espírita (Fevereiro de 1861) – Allan Kardec

(Conversas familiares de além-túmulo)


O suicídio de um ateu (Parte 1)



O Sr. J. B. D., evocado a pedido de um de seus pais, era um homem instruído, mas imbuído ao último grau de idéias materialistas, não crendo nem em sua alma nem em Deus. Afogou-se voluntariamente há dois anos.


1. Evocação.


R. Eu sofro! Sou condenado.


2. Fomos rogados a vos chamar, da parte de um de vossos parentes, que deseja conhecer a vossa sorte; quereis nos dizer se a nossa evocação vos é agradável ou penosa?


R. Penosa.


3. A vossa morte foi voluntária?


R. Sim.


Nota: O Espírito escreveu com extrema dificuldade; a escrita era muito grande, irregular, convulsiva e quase ilegível. No seu início, mostra cólera, quebra um lápis e rasga o papel.


4. Tende mais calma; todos nós rogamos a Deus por vós.


R. Eu sou forçado em acreditar em Deus.


5. Que motivo pôde vos levar a vos destruir?


R. Aborrecimento da vida sem esperança.


Nota: Concebe-se o suicídio quando a vida é sem esperança; quer-se escapar da infelicidade a todo preço; com o Espiritismo, o futuro se abre e a esperança se legitima; o suicida não tem, pois, mais objetivo: bem mais, reconhece-se que, por esse meio, não se escapa de um mal senão para cair em um outro que é cem vezes pior. Eis porque o Espiritismo já arrancou tantas vítimas à morte involuntária. Estão, pois, errados, e são sonhadores aqueles que procuram, antes de tudo, o fim moral e filosófico? São culpáveis aqueles que se esforçam em acreditar por sofismas científicos, e supostamente em nome da razão, essa idéia desesperadora, fonte de tantos males e de crimes, que tudo acaba com a vida! Serão responsáveis, não só pelos seus próprios erros, mas de todos os males dos quais tiverem sido a causa.


6. Quisestes escapar às vicissitudes da vida; com isso ganhastes alguma coisa? Sois mais feliz agora?


R. Por que o nada não existe?


7. Quereis ser bastante bom para nos descrever a vossa situação, o melhor que puderdes.


R. Eu sofro por estar obrigado a crer em tudo o que negava. A minha alma está como num braseiro; ela está horrivelmente atormentada.


8. De onde vos vieram as idéias materialistas que tínheis quando vivo?


R. Numa outra existência, eu fui mau, e o meu Espírito estava condenado a sofrer os tormentos da dúvida durante a minha vida; também me matei.


Nota: Há aqui toda uma ordem de idéias. Pergunta-se, freqüentemente, como pode haver materialista, uma vez que tendo já passado pelo mundo espírita dever-se-ia ter dele a intuição; ora, é precisamente essa intuição que é recusada, como castigo a certos Espíritos que conservaram o seu orgulho, e não se arrependeram de suas faltas. A Terra, é preciso que não se esqueça, é um lugar de expiação; eis porque ela encerra tantos maus Espíritos encarnados.


9. Quando vos afogastes, que pensáveis que vos adviria? Que reflexões fizestes naquele momento?


R. Nenhuma; era o nada para mim. Vi depois que não tendo cumprido a minha pena, sofri toda a minha condenação, e a irei ainda muito sofrer.


10. Agora estais bem convencido da existência de Deus, da alma e da vida futura?


R. Ai de mim! Não sou senão muito atormentado por isso!


11. Tornastes a ver a vossa mulher e o vosso irmão?


R. Oh! Não.


12. Por que isso?


R. Por que reunir os nossos tormentos? Exila-se na infelicidade, não se reúne senão na felicidade; ai de mim!


13. Ficaríeis satisfeito em rever o vosso irmão, que poderíamos chamar aqui, ao vosso lado?


R. Não, não; eu estou muito baixo.


14. Por que não quereis que o chamemos?


R. É que ele não é feliz, ele não mais do eu.


15. Temeis a sua visão; entretanto, isso poderia vos fazer bem?


R. Não; mais tarde.


16. Vosso parente me pede para vos perguntar se assististes ao vosso enterro, e se ficastes satisfeito com o que ele fez nessa ocasião?


R. Sim.


17. Desejais lhe dizer alguma coisa?


R. Que se ore um pouco por mim.


18. Parece que na sociedade que freqüentáveis, algumas pessoas partilham as opiniões que tínheis quando vivo; teríeis alguma coisa a lhes dizer a esse respeito?


R. Ah! Os infelizes! Possam crer em uma outra vida! É o que posso desejar-lhes de mais feliz; poderiam compreender a minha triste posição, isso os faria refletir muito.


Evocação do irmão do precedente, professando as mesmas idéias, mas que não se suicidou. Embora infeliz, é mais calmo; sua escrita é limpa e legível.


19. Evocação.


R. Possa o quadro de nossos sofrimentos vos ser uma lição útil, e vos persuadir de que existe uma outra vida, onde se expiam as suas faltas, a sua incredulidade!


20. Vós e o vosso irmão que acabamos de chamar vos vedes reciprocamente?


R. Não, ele me foge.


21. Estais mais calmo do que ele; poderíeis nos dar uma descrição mais precisa dos vossos sofrimentos?


R. Sobre a Terra não sofreis em vosso amor-próprio, em vosso orgulho, quando sois obrigado a convir com os vossos erros? O vosso Espírito não se revolta ao pensamento de vos humilhar diante daquele que vos demonstrou que estais no erro? Pois bem! O que credes que sofre o Espírito que, durante toda uma existência, persuadiu-se de que nada existe depois dele, que ele tem razão contra todos? Quando de repente se encontra em face da estrondosa verdade, ele é aniquilado, humilhado. A isso vem se juntar o remorso por ter podido, por tanto tempo, esquecer a existência de um Deus tão bom, tão indulgente. Seu estado é insuportável; não encontra nem calma, nem repouso; não reencontrará um pouco de tranqüilidade senão no momento em que a graça santa, quer dizer, o amor de Deus, o tocar, porque o orgulho se apodera de tal modo do nosso Espírito, que o envolve inteiramente, e é preciso ainda muito tempo para se desfazer dessa vestimenta fatal; o que não é senão as preces de nossos irmãos que pode nos ajudar a dele nos desembaraçarmos.


22. Quereis falar dos vossos irmãos vivos ou em Espírito?


R. De uns e de outros.


23. Enquanto conversávamos com o vosso irmão, uma pessoa aqui presente orou por ele; essa prece lhe foi útil?


R. Ela não estará perdida. Se ele recusa a graça agora, isso lhe virá, quando estiver em estado de recorrer a esta divina panacéia.


Fonte: Revista Espírita (Fevereiro de 1861) – Allan Kardec

(Conversas familiares de além-túmulo)


CONTINUA...

A Mediunidade, por Léon Denis


Chama-se Mediunidade, o conjunto de faculdades que permitem ao ser humano comunicar-se com o Mundo Invisível.


O médium desfruta, por antecipação, dos meios de percepção e de sensação que pertencem mais à vida do espírito que à do homem, por isso tem o privilégio de servir de traço de união entre eles.


Toda extensão das percepções da alma é uma preparação para uma vida mais ampla e mais elevada, uma saída aberta a um horizonte mais vasto. Sob este ponto de vista, as mediunidades, em conjunto, representam uma fase transitória entre a vida terrestre e a vida livre do espaço.


O primeiro fenômeno desse gênero, que chamou a atenção dos homens, foi o da visão. Por ela se revelaram, desde a origem dos tempos, a existência do mundo do Além e a intervenção, entre nós, das almas dos mortos. Estas manifestações, ao se repetirem, deram nascimento ao culto dos espíritos, ponto de partida e base de todas as religiões. Depois, as relações entre os habitantes da Terra e do Espaço se estabeleceram das mais diversas e variadas formas, que se foram desenvolvendo através dos tempos, sob diferentes nomes, mas todas partem de um único princípio.


Por meio da mediunidade sempre existiu um laço entre ambos os mundos, uma via traçada pela qual a alma humana recebia revelações, gradualmente mais elevadas, acerca do bem e do dever, luzes cada vez mais vivas sobre seus destinos imortais.


Os grandes espíritos, por motivo de sua evolução, adquirem conhecimentos progressivamente mais amplos e se convertem em instrutores, em guias dos humanos cativos na matéria.


Por todos os procedimentos medianímicos, os espíritos superiores se esforçam em trazer a alma humana das profundidades da matéria para as altas e sublimes verdades que regem o Universo, para que se revistam dos altos fins da vida e encarem a morte sem terror, para que aprendam a desprender-se dos bens passageiros da Terra e prefiram os bens imperecíveis do espírito.


A autoridade e o prestígio de seus ensinamentos ficam realçados ainda mais pelas profecias, pelas previsões que os precedem ou os acompanham.


Aos espíritos superiores se unem as almas amigas dos parentes mortos, cuja solicitude continua estendendo-se sobre nós, assistindo-nos em nossas dolorosas lutas contra a adversidade e contra o mal.


Então pode-se ver como se estabeleceu a comunicação dos vivos e dos mortos; como se constitui essa fronteira ideal onde as duas humanidades, uma visível e a outra invisível, entram em contato; como, graças a essa penetração, se estende e se esclarece nosso conhecimento da vida futura, a noção que possuímos das leis morais que a regem, com todas as suas conseqüências e suas sanções.


Assim, a mediunidade bem exercida se converte em um manancial de luzes e consolos. Por seu intermédio, as vozes do Alto nos dizem:


Escutai nossas chamadas; vós que buscais e chorais não estais abandonados... Temos sofrido para lograr estabelecer um meio de comunicação entre o vosso mundo esquecido e o nosso mundo de recordações.


A mediunidade já não se verá enxovalhada, menosprezada, maldita, porque os homens já não poderão desconhecê-la. Ela é o único laço possível entre os vivos e nós, a quem nos chamam mortos.


Esperai, não deixaremos fechar-se a porta que temos entreaberta para que, em meio às vossas dúvidas e vossas inquietudes, possais entrever as claridades celestes.”


A alma não pode achar harmonia senão no conhecimento e na prática do bem, e somente dessa harmonia é que flui, para ela, a felicidade.


Retirado do livro ‘Espíritos e Médiuns’ - Léon Denis


As Colônias Espirituais




Não existem muitas diferenças entre os mundos do além e os lugares que encontramos aqui na Terra. Da mesma forma que aqui na Terra, lá você encontra lugares bonitos e lugares feios, lugares agradáveis povoados por gente boa e lugares desagradáveis povoados pela pior espécie de pessoas.


Lá do outro lado as pessoas se reúnem de acordo com suas afinidades ou vibrações. Pessoas positivas, alegres, de boas vibrações viverão em uma colônia repleta de pessoas semelhantes. Uma pessoa má, negativa e pessimista se sentirá melhor em companhia de pessoas iguais e será levada a viver numa colônia construída e administrada por pessoas semelhantes. Existem casos em que os seus sentidos só funcionam diante de pessoas que vibram igual a você. Um espírito bom e de vibrações elevadas pode ser invisível aos olhos de espíritos de baixa vibração.


E isso faz a diferença entre as diversas colônias e regiões do mundo espiritual. Não é dificil imaginar que deve haver diferenças entre um lugar criado e administrado por pessoas boas e por espírito elevado e um local administrado por pessoas ruins de espírito baixo.


Sobre todas as cidades do planeta Terra existem universos paralelos, regiões espirituais invisíveis para nossos sentidos limitados, indetectáveis a partir dos instrumentos e tecnologias que possuimos hoje. Sobre a cidade onde você mora certamente existem uma ou mais colônias habitadas por pessoas que não se encontram mais nesta dimensão onde vivemos.


As colônias são verdadeiras cidades de grande, medio ou pequeno porte. Não existe nada mágico, não é um mundo de fadas cheio de efeitos especiais. Tudo que temos aqui na Terra temos lá. Afinal de contas as cidades da Terra e as cidades do além foram construídas por nós mesmos. Desta forma são semelhantes. Lá você encontra casas, prédios, escolas, hospitais, praças, jardins, lagoas, rios, animais, fábricas, alimentos, máquinas, veículos para transporte, instituições governamentais, hierarquia. As colônias ocupam um área delimitada cercada por muralhas e sistema de proteção para evitar a invasão de espíritos vindos das regiões sombrias.


Sobre a cidade do Rio de Janeiro encontramos uma colônia chamada Nosso Lar, a primeira descrita por um espírito chamado André Luiz. Na época do livro existiam mais de 1 milhão de almas que lá habitavam. Sobre a cidade de São Paulo encontramos 3 grandes colônias. Existem referências sobre colônias localizadas na região de Brasília e Ribeirão Preto/SP devido à sua beleza.


As colônias espirituais do Brasil foram criadas há pouco tempo, tendo início com a colonização do país. Antes já existiam núcleos menores ocupados por indígenas. Existem colônias no oriente com milhares de anos de existência. As maiores e mais belas se localizam sobre a Índia e o Tibet. As colônias possuem intenso intercâmbio entre si e com os postos de socorro que são locais subordinados a elas e que se encontram em planos espirituais mais baixos (inclusive na Terra) para ajudar e resgatar almas perdidas nas regiões de sombra (Umbral).


Algumas colônias possuem Escolas de Regeneração e grandes Hospitais para onde são levados os espíritos resgatados em regiões do Umbral. Estas pessoas passam por ensinamentos e tratamento para se recuperarem dos problemas morais e sentimentos negativos que ainda as preendem em níveis mais baixos.


Fonte: Site Vida e Morte


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O mundo dos invisíveis é como o vosso; em lugar de ser material e grosseiro, é fluídico, etéreo, da natureza do perispírito, que é o verdadeiro corpo do Espírito, haurido nesses meios moleculares, como o vosso se forma de coisas mais palpáveis, tangíveis, materiais.


O mundo dos Espíritos não é o reflexo do vosso; é o vosso que é uma grosseira e muito imperfeita imagem do reino de além-túmulo.


As relações desses dois mundos existiram sempre. Mas hoje o momento é chegado em que todas essas afinidades vão vos ser reveladas, demonstradas e tornadas palpáveis.


Quando compreenderdes as leis das relações entre os seres fluídicos e aqueles que conheceis, a lei de Deus estará perto de ser posta em execução; porque cada encarnado compreenderá a sua imortalidade, e desse dia se tornará não só um ardente trabalhador da grande causa, mas ainda um digno servidor de suas obras.”


MESMER

(Sociedade de Paris, 14 de outubro de 1864 – Médium: Sr. Delanne)

Revista Espírita – Ano 8 – Maio/1865


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Para saber mais sobre Colônias Espirituais: CLIQUE AQUI



Os Espíritos


O que é o Espírito?


- É uma substância imaterial, indivisível, imortal, princípio inteligente do universo.


Podemos nós ver e compreender o Espírito?


- Não. Sua natureza íntima nos é desconhecida; não conhecemos ainda a essência dos seres nem das coisas; mas nós a chamamos espírito por oposição à matéria.


Que são os Espíritos?


- São os seres inteligentes, vivendo de uma vida pessoal e consciente, destinados a progredir indefinidamente para a Verdade, o Belo, o Bem eternos.



Como vivem os Espíritos no espaço?


- Os Espíritos superiores vivem de uma vida puramente fluídica, isto é, desprendida da matéria, na proporção de seu grau de adiantamento espiritual; os Espíritos inferiores, ainda entorpecidos pelo peso da materialidade, erram nas esferas mais baixas, esperando que seu desprendimento completo se realize.



Um espírito desencarnado pode, então, estar ainda ligado à matéria?


- Sim. Porque o perispírito permanece impregnado dos fluidos pesados, que o impedem de deslocar-se no espaço, como a asa de um pássaro, que se arrastou na lama, o impede de se elevar para o céu.


Cada homem tem um Espírito protetor ligado à sua pessoa?


- Ordinariamente, temos muitos. São parentes, amigos que nos conheceram ou amaram; ou ainda Espíritos cuja missão consiste em proteger os homens, guiá-los na senda do bem, e que progridem, eles próprios, trabalhando pelo adiantamento dos outros.


Os homens, neste mundo, e os Espíritos, no outro, trabalham de comum acordo?


- Certamente. Tudo se liga e se encadeia no universo: os corpos, por suas irradiações, atuam uns sobre os outros; o mesmo acontece no domínio dos Espíritos. Tudo que os homens fazem de bem, de belo, de grande na Terra lhes é inspirado, muitas vezes, por influências invisíveis: é por essa lei de solidariedade moral que Deus governa o universo.


Assim, a história humana é ditada pelo mundo invisível?


- Sim. Deus a dita, os Espíritos a traduzem e os homens a cumprem. Toda a filosofia dos séculos está encerrada nesses três termos. Mas é preciso levar em conta a liberdade humana que, muitas vezes, entrava as vistas de mais alto. Daí vêm as contradições aparentes da história.



Retirado do livro 'Síntese Doutrinária' – Léon Denis



Volte-se para outra janela


A menina debruçada na janela, trazia nos olhos grossas lágrimas e o peito oprimido pelo sentimento de dor causado pela morte do seu cão de estimação.


Com pesar, observava atenta o jardineiro a enterrar o corpo do amigo de tantas brincadeiras. A cada pá de terra jogada sobre o animal, sentia como se sua felicidade estivesse sendo soterrada também.


O avô que observava a neta, aproximou-se, envolveu-a num abraço e falou-lhe com serenidade: 'Triste a cena, não é verdade?'


A netinha ficou ainda mais triste e as lágrimas rolaram em abundância.


No entanto, o avô, que sinceramente desejava confortá-la, chamou-lhe a atenção para outra realidade. Tomou-a pela mão e a conduziu até uma janela opostamente localizada na ampla sala.


Abriu as cortinas e permitiu que ela visse o imenso jardim florido à sua frente, e lhe perguntou carinhosamente:

Está vendo aquele pé de rosas amarelas, bem ali à frente?


Lembra que você me ajudou a plantá-lo? Foi num dia de sol como o de hoje, que nós dois o plantamos. Era apenas um pequeno galho cheio de espinhos, e hoje... veja como está lindo, carregado de flores perfumadas e botões como promessa de novas rosas...


A menina enxugou as lágrimas que ainda teimavam em permanecer em suas faces e abriu um largo sorriso, mostrando as abelhas que pousavam sobre as flores e as borboletas que faziam festa entre uma e outra, das tantas rosas de variados matizes, que enfeitavam o jardim.


O avô, satisfeito por tê-la ajudado a superar o momento de dor, falou-lhe com afeto:


Veja, minha filha, a vida nos oferece sempre várias janelas. Quando a paisagem de uma delas nos causa tristeza, sem que possamos alterar-lhe o quadro, voltemo-nos para outra, e certamente nos depararemos com uma paisagem diferente.


Tantos são os momentos felizes que se desenrolam em nossa existência. Tantas oportunidades de aprendizado nos visitam no dia-a-dia, que não vale a pena chorar e sofrer diante de quadros que não podemos alterar.


São experiências valiosas das quais devemos tirar as lições oportunas, sem nos deixarmos tragar pelo desespero e a revolta, que só infelicitam e denotam falta de confiança em Deus.


A nossa visão do mundo ainda é muito limitada, não temos a capacidade de perceber os objetivos da divindade, permitindo-nos os momentos de dor e sofrimento.


Mas Deus tem sempre objetivos nobres e uma proposta de felicidade a nos aguardar, após cada dificuldade superada.


* * *


Se hoje você está a observar um quadro desolador, lembre-se que existem outras tantas janelas, com paisagens repletas de promessas de melhores dias.


Não se permita contemplar a janela da dor. Aproveite-lhe a lição e siga em frente com ânimo e disposição.

O sofrimento que hoje nos parece eterno, não resiste à força das horas que a tudo modifica.


A luz sempre vence as trevas, basta que tenhamos disposição íntima e coragem de voltar-nos para ela.


Agindo assim, o gosto amargo do sofrimento logo cede lugar ao sabor agradável de viver, e saber que Deus nos ampara em todos os momentos da nossa vida.


Redação do Momento Espírita


Mais Deus



Se alguém nos perguntasse pelo material de que mais necessitamos para cooperar com os homens, nossos irmãos no Plano Físico na construção da Era da Paz e Amor que todos aguardamos, não hesitaríamos em responder que precisamos, em qualquer parte da Terra:


De mais amor para reaquecimento da vida.


De mais trabalho que de idéias novas.


De mais entendimento que de observação.


De mais cooperação que de críticas.


De mais coragem para servir que de inclinação para censurar.


De mais esforço no bem que de promessas.


De mais perdão que de conselhos.


De mais simplicidade que de apelações.


De mais vozes que abençoem e fortaleçam as criaturas na prática do bem que de exortações ao aperfeiçoamento espiritual imediato, baseadas na aspereza de trato.


De mais atividade que de advertências.


De mais dedicação ao próximo que de reprovações.


De mais desprendimento da posse que de suposta segurança, acobertando a sovinice.


De mais caridade que de ciência.


É indispensável salientar, sobretudo, que todos nós, os espíritos em evolução, ainda vinculados à Terra, precisamos de menos mundo e mais Deus.


(Por Emmanuel - In: Recados da Vida - Francisco Cândido Xavier)


O milagre da água



Roberto era alcoólatra e a doença se agravou depois que se separou da esposa e, de quebra, dos filhos. Foi morar com Marisa, sua irmã mais velha, que já não sabia mais como convencê-lo a se tratar. Deprimido, ele costumava dizer que já não tinha mais motivos para viver, que não procuraria ajuda porque melhor seria mesmo morrer.


Marisa, religiosamente, trazia água fluidificada do centro espírita que frequentava, confiante de que aquela energia ajudaria seu irmão e usava de alguns artifícios para fazê-lo ingeri-la.


A mãe deles zombava da “ingenuidade” de Marisa, que cria piamente estar Roberto sendo beneficiado. Aquela senhora não fazia idéia de como se pode beneficiar a água e, então, revoltada com o caminho trilhado pelo filho, descarregava na filha o seu inconformismo.


Passaram-se sete anos e numa manhã fria de inverno, Marisa encontrou seu irmão morto. Um enfarto fulminante agilizara a desencarnação. Da outra dimensão, espíritos amigos dessa família abençoavam Marisa, envolvendo-a em energia suficiente para lidar com os trâmites necessários ao funeral. Um pouco antes do velório, sua mãe, desconsolada lhe disse: “E você por sete anos lhe dando aquela água, como se fora um remédio... como pode ser tão tola e acreditar que o salvaria?” Marisa respondeu-lhe com o silêncio. O silêncio que só as criaturas que conhecem o poder da caridade podem fazer. O silêncio que é prece, que é amor, que é gratidão, que é perdão.


Na outra dimensão, Roberto ainda estava desacordado. Imediatamente socorrido, foi levado por seres encarregados de cuidá-lo para uma espécie de hospital de uma cidade espiritual que fica “próxima” da cidade de Turim, na Itália, não por coincidência, cidade de seus antepassados.


Um senhor, de nome Pietro, acompanhava a investigação do perispírito feita pelo médico, que o informava que seriam necessários o tratamento do corpo semimaterial e uma nova experiência terrena para sanar os efeitos do álcool naquele espírito. Essa seria uma boa oportunidade de Roberto aprender a abençoar a própria vida: renascendo.


Pietro agradeceu ao médico e “viajou” para a Terra, para a dimensão onde o corpo de Roberto estava sendo velado, onde encontrou muitos de seus descendentes, a quinta geração de sua última vida terrena. Um misto de gratidão e orgulho lhe envolveu o coração e ele orou, fervorosamente, pedindo o concurso amigo de Maria de Nazaré para aquela hora dolorosa, que no geral não era bem aceita pela maioria das pessoas. O ambiente foi iluminado por minúsculas flores perfumadas, resultado certo e certeiro para uma oração sincera. As pessoas mais sensíveis sentiram uma ação benfazeja, mas não souberam explicá-la.


Ao lado do corpo velado, a ex-esposa de Roberto teatralizava uma dor que não sentia, incapaz de imaginar que outros olhos existem que lhe podiam ler a alma. Ciara conseguia com isso impressionar alguns, mas seu coração não sossegava com a cena. Era preferível poder ser franca e contar para todos que estava aliviada com aquela morte, que estava livre para não mais lidar com as dificuldades que o alcoolismo traz.


Enquanto isso, Pietro se acercava de Marisa e lhe falava, como se estivesse ali de “corpo presente”: “Não permita que outras pessoas enfraqueçam sua crença no Bem. A água fluidificada impediu uma ação mais nefasta do que a própria morte; impediu que o Roberto causasse mais dor, mais sofrimento, impediu que ele se suicidasse. Os fluidos da água formaram um escudo protetor que foi enfraquecendo o desejo que ele tinha de pôr fim à própria vida.” Marisa nada ouvia, mas se sentia fortalecida; chegou a pensar que “intuiu” sobre a verdadeira ação da água na vida do Roberto.


Depois do enterro, Marisa saiu do cemitério com sua sobrinha Mirna, que sem delongas foi logo dizendo:


- Tia, eu vi quando um homem parecido com o vovô, na realidade, um espírito, se aproximou de você para contar sobre o milagre da água.


Mirna reproduziu as palavras de Pietro, acentuando a importância da fé da tia no processo que coibiu o suicídio. Marisa empalideceu. Estava acostumada com o Espiritismo, mas nunca fora testemunha de um acontecimento deste gênero. Para ela estava claro que Mirna não podia ter inventado algo que ela mesma acreditava ter intuído. Agora sabia que tinha “mais ou menos ouvido”.


Pietro as envolvia num gostoso abraço e Marisa, embasbacada com a atuação de sua sobrinha, alegrava-se por vislumbrar um mundo melhor, feito pelos jovens de boa vontade. Abandonou seus pensamentos com a chegada de outra sobrinha, que havia se atrasado para a cerimônia. Lucinda trazia nos braços sua filha Nádia, um lindo bebê.


Pietro emocionou-se ao olhar aquela pequena criatura: “Se tudo caminhar como planejado, Nádia será sua avó e bisavó de Roberto. Nádia será apresentada ao Espiritismo por sua tia Mirna e, já na adolescência passará a manifestar amor e gratidão, ensinando pelo exemplo, que a vida deve ser vivida e abençoada. Aos 22 anos reencontrará Aulius (que já havia reencarnado há cinco anos) e, juntos, formarão uma sólida e feliz família. Terão dois filhos, um dos quais será pai de Pietro.Todos juntos estarão, novamente, reconstruindo laços de afeto, através da compreensão e do exercício do amor fraternal. Formam um grande grupo de seres que haviam vivido muitas experiências terrenas juntos, que haviam usado algumas em vão, mas agora, conscientes, saberiam colaborar com o Cristo, promovendo a ascensão de todos. Reunirão em seu seio afetos e desafetos e juntos caminharão rumo à Luz Infinita.”


Mirna beijou o bebê e disse para Marisa: “Olha tia, como ela é a cara do tio Roberto!”


Todas sorriram. A pequena Nádia que olhava para Pietro e o enxergava claramente, para ele sorriu. Marisa, Mirna e Lucinda, acreditando que o bebê entendia a observação da tia, riram mais ainda.


Por Merit Rabanés

Retirado do site Somos Todos Um


Oração pelo Amor




Senhor,


Estamos exaustos pelos descaminhos por que optamos.


Escolhemos o desamor e tombamos na decepção e na revolta.


Assegura-nos rumos novos.


Ante o convite da ilusão, fortifica-nos para fugirmos dos atalhos e aderirmos à Verdade.


Falta-nos força e coragem para amar como deveríamos. Por isso Te rogamos que supra nossas inibições.


Encoraja-nos a zelar com carinho por aqueles que deliberadamente não nos querem bem.


Amplia-nos o discernimento no uso do equilíbrio com quantos fortalecem com amor Tua participação em nossos passos.


Jesus, ensina-nos o amor para que vivamos no coração os sublimes sentimentos que há muito louvamos na palavra e esquecemos ou não sabemos como aplicar.


Permita-nos aprender a gostar da vida e amar a nós mesmos, enaltecendo o mundo com a cooperação na Obra Excelsa do Pai e celebrando a dádiva da vida em nossos caminhos de cada dia.


Pela súplica sincera que brota de nossa alma nesta hora, de nós receba, hoje e sempre, a gratidão de quantos te devem tanto por receber mais que merecemos do Teu inesgotável amor.


Obrigada, Senhor!


Pelo Espírito: Ermance Dufaux
Do livro: Escutando Sentimentos
Psicografia: Wanderley Soares de Oliveira


A Fé e o Raciocínio




Poder-se-á definir o que é ter fé?


Emmanuel - Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da personalidade.


Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer: “eu creio”, mas afirmar: “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido.


Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a humildade redentora que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera do discípulo, relativamente ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor”.



A dúvida racionada, no coração sincero, é uma base para a fé?


Emmanuel - Toda dúvida que se manifesta na alma cheia de boa-vontade, que não se precipita em definições apriorísticas dentro de sua sinceridade, ou que não busca a malícia para contribuir em suas cogitações, é um elemento benéfico para a alma, na marcha da inteligência e do coração rumo à luz sublimada da fé.



Será fé acreditar sem raciocínio?


Emmanuel - Acreditar é uma expressão de crença, dentro da qual os legítimos valores da fé se encontram embrionários.


O ato de crer em alguma coisa demanda a necessidade do sentimento e do raciocínio, para que a alma edifique a fé em si mesma. Admitir as afirmativas mais estranhas, sem um exame minucioso, é caminhar para o desfiladeiro do absurdo, onde os fantasmas dogmáticos conduzem as criaturas a todos os despautérios. Mas também interferir nos problemas essenciais da vida, sem que a razão esteja iluminada pelo sentimento, é buscar o mesmo declive onde os fantasmas impiedosos da negação conduzem as almas a muitos crimes.



Nas cogitações da fé, o Espírito encarnado deve restringir suas divagações ao limite necessário às suas experiências na Terra?


Emmanuel - Pelo menos, é justo que somente cogite das expressões transcendentes ao seu meio, depois de realizar todo o esforço de iluminação que o mundo lhe pode proporcionar nos seus processos de depuração e aperfeiçoamento.



Para os Espíritos desencarnados, que já adquiriram muitos valores em matéria de fé, qual o melhor bem da vida humana?


Emmanuel - A vida humana, nas suas características de trabalho pela redenção espiritual, apresenta muitos bens preciosos aos nossos olhos, na sequência das lutas, esforços e sacrifícios de cada espírito. Para nós outros, porém, o tesouro maior da existência terrestre reside na consciência reta e pura, iluminada pela fé e edificada no cumprimento de todos os deveres mais elevados.



Do livro "O Consolador" - Pelo Espírito Emmanuel - Psicografia de Francisco Cândido Xavier - Ed. FEB.


Consultar Espíritos...



Você pode consultar os espíritos para mim?


Esta pergunta é muitas vezes dirigida aos espíritas. Imaginam, os que desconhecem o Espiritismo, que os centros espíritas são autênticos consultórios do além. Meros equívocos.


Vamos por partes. Diz o codificador da Doutrina Espírita que toda pessoa que sente, em qualquer grau, a influência dos espíritos, é por esse fato, médium. Está correto, pois a mediunidade é um dom humano presente em todas as criaturas humanas e não exclusiva dos espíritas.


Ocorre que, por mera questão de entendimento, são considerados médiuns aqueles que ostensivamente são utilizados pelos espíritos como intermediários de suas manifestações.


Vale dizer que essas manifestações ocorrem de inúmeras formas (psicografia, psicofonia, vidência, audiência etc.) e que os espíritos nada mais são do que as criaturas humanas antes e depois da morte, guardando consigo suas conquistas morais e intelectuais. Este fato, por si só, já indica que os espíritos se apresentam nas manifestações de acordo com a moral e intelecto que possuem.


Portanto, o processo de consulta aos espíritos é algo que requer muita prudência, bom senso e redobrados cuidados. Afinal, eles não estão aí para satisfazer curiosidades ou resolver problemas materiais. Aconselham sim, sempre com muita reserva, atendem muitas vezes cuidados com a saúde, mas abstêm-se de informações de cunho material. Somente respondem a estas questões espíritos ignorantes, estouvados ou propensos a brincadeiras.


Por outro lado, é preciso sempre lembrar que os médiuns, espíritas ou não, são pessoas comuns, apenas dotados da faculdade de intercâmbio com o mundo espiritual.


A mediunidade é uma autêntica ferramenta de trabalho para o bem da coletividade. Seu uso independe da idade, sexo, crença ou condição social, mas o fator moral de seu portador é fator determinante para sua prática equilibrada e condizente com sua autêntica finalidade de auxílio aos seres humanos.


Seu desenvolvimento obedece a programação prévia estabelecida antes da reencarnação, mas é aqui mesmo, no plano terreno, que a dedicação, a disciplina, a fidelidade aos princípios humanitários e cristãos, a farão grandiosa e a constituirá em benção para seu portador e beneficiados de sua atuação.


Por estas razões todas, a consulta aos espíritos é questão absolutamente secundária. Já temos a teoria à disposição, para estudar e compreender. E ao mesmo tempo, o comportamento ético e moralizado dará guarida à sua expansão e uso correto.


Os espíritos vivem ajudando as criaturas humanas. Fazem-no pela intuição, através dos sonhos, pela presença constante ao nosso lado – desde que com eles estejamos sintonizados pelo bom comportamento e pelos bons pensamentos ou pela aquisição permanente de virtudes – e pelo próprio entendimento que já possuem (os esclarecidos), da importância da solidariedade.



Orson Peter Carrara

Retirado do site Grupo Espírita Renascer



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Não viva pedindo orientação espiritual, indefinidamente. Se você já possui duas semanas de conhecimento cristão, sabe, à saciedade, o que fazer”. André Luiz

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